Fusão de Simon & Schuster com Penguin fracassa e quebra padrão de consolidação no mercado editorial


Se o acordo desse certo, teria reduzido o número de grandes editoras nos Estados Unidos para quatro; especialistas questionavam o negócio

Por Elizabeth A. Harris, Alexandra Alter e Benjamin Mullin

THE NEW YORK TIMES - Após dois anos de escrutínio regulamentar e especulação acalorada no mundo editorial, depois de uma árdua batalha judicial e centenas de milhões de dólares em despesas, o acordo da Penguin Random House para comprar a Simon & Schuster fracassou oficialmente na segunda-feira, 28.

A dissolução desse acordo impediu que a maior editora dos Estados Unidos crescesse substancialmente. Também interrompeu a consolidação em um setor que foi profundamente reformulado por fusões e aquisições, com pouca intervenção regulatória.

A implosão do negócio ocorreu três semanas depois que um juiz federal decidiu contra a Penguin Random House em um julgamento antitruste, impedindo a venda de prosseguir com o argumento de que a fusão seria ruim para a concorrência e prejudicial aos autores. Para apelar da decisão de 31 de outubro, a Penguin Random House precisou que a Paramount Global, empresa controladora da Simon & Schuster, estendesse o contrato de compra, que era terça-feira. Em vez disso, a Paramount decidiu encerrar o negócio, deixando a Penguin Random House fora das opções legais e obrigada a pagar a eles uma taxa de rescisão de US$ 200 milhões.

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A Paramount, proprietária da Simon & Schuster, preferiu cancelar o acordo de fusão da editora com a Penguin Random House nesta segunda, 28. Foto: Jenny Kane/AP

“A Penguin Random House continua convencida de que é o melhor lar para os funcionários e autores da Simon & Schuster”, disse a Penguin Random House em um comunicado. “Acreditamos que a decisão do juiz está errada e planejamos recorrer da decisão, confiantes de que poderíamos apresentar um argumento convincente e persuasivo para reverter a decisão do tribunal de primeira instância. No entanto, temos que aceitar a decisão da Paramount de não seguir em frente.”

O resultado do julgamento foi um choque para muitos no mercado editorial, que viram o número de grandes empresas cair para cinco, mesmo quando essas cinco - Penguin Random House, HarperCollins, Macmillan, Hachette e Simon & Schuster - cresceram comprando editoras pequenas e de médio porte. Muitos temiam que a redução adicional no número de grandes editoras para quatro deixaria os autores e agentes literários com menos compradores para seus livros e tornaria ainda mais difícil que as editoras menores competissem.

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Muitos estavam especialmente preocupados com a Penguin Random House - já de longe a maior editora dos Estados Unidos - ficando ainda maior ao absorver uma rival. A Penguin Random House tem cerca de 100 selos editoriais; juntos, eles publicam mais de 2.000 títulos por ano. A fusão teria dado a ela aproximadamente 50 selos da Simon & Schuster, bem como a vasta e valiosa lista de títulos antigos da empresa.

Como se verificou, o Departamento de Justiça e o juiz que ouviu o caso tinham preocupações semelhantes e bloquearam o acordo, um resultado que alguns autores e organizações do setor celebraram como uma análise necessária da consolidação.

“O mercado já está muito consolidado”, disse Mary Rasenberger, CEO do The Authors Guild, um grupo de defesa de escritores que se opôs à compra. “Um ecossistema editorial saudável é aquele que tem muitos editores com diferentes gostos e interesses e graus de risco que estão dispostos a assumir.”

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Isso aumenta um período de incerteza na Simon & Schuster, mas é um período em que eles estão em uma boa posição para navegar. O desempenho recente da empresa tem sido muito bom, mesmo com os resultados caindo em outras grandes editoras. Seus lucros nos primeiros nove meses do ano aumentaram 29% em comparação com o mesmo período do ano passado, colocando-a a caminho de um ano recorde.

Entre seus sucessos estão vários romances de Colleen Hoover, que dominou as listas de best-sellers de ficção, e um surpreendente best-seller de memórias, I’m Glad My Mom Died, de Jennette McCurdy, que vendeu 1 milhão de cópias desde que foi publicado em agosto, disse a empresa.

“A Simon & Schuster nunca foi tão lucrativa e valiosa quanto hoje”, disse Jonathan Karp, CEO da Simon & Schuster, em carta aos funcionários na segunda-feira. “Como observei antes, celebraremos nosso 100º aniversário em abril de 2024, independentemente de quem seja nosso proprietário - e teremos muito o que comemorar.”

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Em um comunicado divulgado na tarde de segunda-feira, a Paramount indicou que vê a Simon & Schuster como não adequada para sua estratégia mais ampla. “A Simon & Schuster é um negócio altamente valioso com um histórico recente de alto desempenho, no entanto, não é baseado em vídeo e, portanto, não se encaixa estrategicamente no portfólio mais amplo da Paramount”, afirmou.

Até que o acordo com a Penguin Random House expirasse na terça-feira, a Paramount estava proibida de discutir a venda da Simon & Schuster com outros pretendentes. Mas a Paramount provavelmente explorará uma potencial venda da Simon & Schuster no ano que vem, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto, que disse que a empresa vai esperar uma oferta que reflita seu melhor desempenho financeiro e que não estava autorizada a discutir assuntos confidenciais oficialmente.

A lista de pretendentes pode incluir empresas que manifestaram interesse na Simon & Schuster da última vez, incluindo o conglomerado de mídia francês Vivendi e a proprietária da HarperCollins, News Corp, de acordo com duas pessoas familiarizadas com o assunto que também estavam discutindo assuntos confidenciais e falaram anonimamente. A Simon & Schuster também deve atrair o interesse de licitantes financeiros, de acordo com um executivo de uma empresa de private equity que falou anonimamente para discutir a estratégia de negociação.

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Não está claro, no entanto, se a dor de cabeça e as despesas legais do julgamento poderiam diminuir o entusiasmo de outras editoras. Durante o julgamento, executivos de duas outras grandes editoras, Hachette e HarperCollins, testemunharam que gostariam que suas próprias empresas comprassem a Simon & Schuster. Também não está claro como o Departamento de Justiça veria tal aquisição. As preocupações com a participação de mercado seriam menos acentuadas - particularmente para a Hachette, que é significativamente menor que a Penguin Random House -, mas o número de editoras grandes o suficiente para competir com os livros mais caros ainda cairia de cinco para quatro.

Alguns especialistas antitruste disseram que qualquer acordo para vender a Simon & Schuster para outra editora entre as cinco maiores provavelmente enfrentaria intenso escrutínio dos reguladores.

“Se alguém quiser fazer uma oferta, deve incluir em seu cálculo o custo do litígio com o governo”, disse Erik Gordon, professor de negócios da Universidade de Michigan.

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O fim do acordo também sinaliza um período de incerteza para a Penguin Random House. A Penguin Random House revelou em julgamento que vem perdendo participação de mercado nos últimos anos. Esperava-se que a compra da Simon & Schuster compensasse essa perda. Agora, ela terá que encontrar outro caminho. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

THE NEW YORK TIMES - Após dois anos de escrutínio regulamentar e especulação acalorada no mundo editorial, depois de uma árdua batalha judicial e centenas de milhões de dólares em despesas, o acordo da Penguin Random House para comprar a Simon & Schuster fracassou oficialmente na segunda-feira, 28.

A dissolução desse acordo impediu que a maior editora dos Estados Unidos crescesse substancialmente. Também interrompeu a consolidação em um setor que foi profundamente reformulado por fusões e aquisições, com pouca intervenção regulatória.

A implosão do negócio ocorreu três semanas depois que um juiz federal decidiu contra a Penguin Random House em um julgamento antitruste, impedindo a venda de prosseguir com o argumento de que a fusão seria ruim para a concorrência e prejudicial aos autores. Para apelar da decisão de 31 de outubro, a Penguin Random House precisou que a Paramount Global, empresa controladora da Simon & Schuster, estendesse o contrato de compra, que era terça-feira. Em vez disso, a Paramount decidiu encerrar o negócio, deixando a Penguin Random House fora das opções legais e obrigada a pagar a eles uma taxa de rescisão de US$ 200 milhões.

A Paramount, proprietária da Simon & Schuster, preferiu cancelar o acordo de fusão da editora com a Penguin Random House nesta segunda, 28. Foto: Jenny Kane/AP

“A Penguin Random House continua convencida de que é o melhor lar para os funcionários e autores da Simon & Schuster”, disse a Penguin Random House em um comunicado. “Acreditamos que a decisão do juiz está errada e planejamos recorrer da decisão, confiantes de que poderíamos apresentar um argumento convincente e persuasivo para reverter a decisão do tribunal de primeira instância. No entanto, temos que aceitar a decisão da Paramount de não seguir em frente.”

O resultado do julgamento foi um choque para muitos no mercado editorial, que viram o número de grandes empresas cair para cinco, mesmo quando essas cinco - Penguin Random House, HarperCollins, Macmillan, Hachette e Simon & Schuster - cresceram comprando editoras pequenas e de médio porte. Muitos temiam que a redução adicional no número de grandes editoras para quatro deixaria os autores e agentes literários com menos compradores para seus livros e tornaria ainda mais difícil que as editoras menores competissem.

Muitos estavam especialmente preocupados com a Penguin Random House - já de longe a maior editora dos Estados Unidos - ficando ainda maior ao absorver uma rival. A Penguin Random House tem cerca de 100 selos editoriais; juntos, eles publicam mais de 2.000 títulos por ano. A fusão teria dado a ela aproximadamente 50 selos da Simon & Schuster, bem como a vasta e valiosa lista de títulos antigos da empresa.

Como se verificou, o Departamento de Justiça e o juiz que ouviu o caso tinham preocupações semelhantes e bloquearam o acordo, um resultado que alguns autores e organizações do setor celebraram como uma análise necessária da consolidação.

“O mercado já está muito consolidado”, disse Mary Rasenberger, CEO do The Authors Guild, um grupo de defesa de escritores que se opôs à compra. “Um ecossistema editorial saudável é aquele que tem muitos editores com diferentes gostos e interesses e graus de risco que estão dispostos a assumir.”

Isso aumenta um período de incerteza na Simon & Schuster, mas é um período em que eles estão em uma boa posição para navegar. O desempenho recente da empresa tem sido muito bom, mesmo com os resultados caindo em outras grandes editoras. Seus lucros nos primeiros nove meses do ano aumentaram 29% em comparação com o mesmo período do ano passado, colocando-a a caminho de um ano recorde.

Entre seus sucessos estão vários romances de Colleen Hoover, que dominou as listas de best-sellers de ficção, e um surpreendente best-seller de memórias, I’m Glad My Mom Died, de Jennette McCurdy, que vendeu 1 milhão de cópias desde que foi publicado em agosto, disse a empresa.

“A Simon & Schuster nunca foi tão lucrativa e valiosa quanto hoje”, disse Jonathan Karp, CEO da Simon & Schuster, em carta aos funcionários na segunda-feira. “Como observei antes, celebraremos nosso 100º aniversário em abril de 2024, independentemente de quem seja nosso proprietário - e teremos muito o que comemorar.”

Em um comunicado divulgado na tarde de segunda-feira, a Paramount indicou que vê a Simon & Schuster como não adequada para sua estratégia mais ampla. “A Simon & Schuster é um negócio altamente valioso com um histórico recente de alto desempenho, no entanto, não é baseado em vídeo e, portanto, não se encaixa estrategicamente no portfólio mais amplo da Paramount”, afirmou.

Até que o acordo com a Penguin Random House expirasse na terça-feira, a Paramount estava proibida de discutir a venda da Simon & Schuster com outros pretendentes. Mas a Paramount provavelmente explorará uma potencial venda da Simon & Schuster no ano que vem, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto, que disse que a empresa vai esperar uma oferta que reflita seu melhor desempenho financeiro e que não estava autorizada a discutir assuntos confidenciais oficialmente.

A lista de pretendentes pode incluir empresas que manifestaram interesse na Simon & Schuster da última vez, incluindo o conglomerado de mídia francês Vivendi e a proprietária da HarperCollins, News Corp, de acordo com duas pessoas familiarizadas com o assunto que também estavam discutindo assuntos confidenciais e falaram anonimamente. A Simon & Schuster também deve atrair o interesse de licitantes financeiros, de acordo com um executivo de uma empresa de private equity que falou anonimamente para discutir a estratégia de negociação.

Não está claro, no entanto, se a dor de cabeça e as despesas legais do julgamento poderiam diminuir o entusiasmo de outras editoras. Durante o julgamento, executivos de duas outras grandes editoras, Hachette e HarperCollins, testemunharam que gostariam que suas próprias empresas comprassem a Simon & Schuster. Também não está claro como o Departamento de Justiça veria tal aquisição. As preocupações com a participação de mercado seriam menos acentuadas - particularmente para a Hachette, que é significativamente menor que a Penguin Random House -, mas o número de editoras grandes o suficiente para competir com os livros mais caros ainda cairia de cinco para quatro.

Alguns especialistas antitruste disseram que qualquer acordo para vender a Simon & Schuster para outra editora entre as cinco maiores provavelmente enfrentaria intenso escrutínio dos reguladores.

“Se alguém quiser fazer uma oferta, deve incluir em seu cálculo o custo do litígio com o governo”, disse Erik Gordon, professor de negócios da Universidade de Michigan.

O fim do acordo também sinaliza um período de incerteza para a Penguin Random House. A Penguin Random House revelou em julgamento que vem perdendo participação de mercado nos últimos anos. Esperava-se que a compra da Simon & Schuster compensasse essa perda. Agora, ela terá que encontrar outro caminho. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

THE NEW YORK TIMES - Após dois anos de escrutínio regulamentar e especulação acalorada no mundo editorial, depois de uma árdua batalha judicial e centenas de milhões de dólares em despesas, o acordo da Penguin Random House para comprar a Simon & Schuster fracassou oficialmente na segunda-feira, 28.

A dissolução desse acordo impediu que a maior editora dos Estados Unidos crescesse substancialmente. Também interrompeu a consolidação em um setor que foi profundamente reformulado por fusões e aquisições, com pouca intervenção regulatória.

A implosão do negócio ocorreu três semanas depois que um juiz federal decidiu contra a Penguin Random House em um julgamento antitruste, impedindo a venda de prosseguir com o argumento de que a fusão seria ruim para a concorrência e prejudicial aos autores. Para apelar da decisão de 31 de outubro, a Penguin Random House precisou que a Paramount Global, empresa controladora da Simon & Schuster, estendesse o contrato de compra, que era terça-feira. Em vez disso, a Paramount decidiu encerrar o negócio, deixando a Penguin Random House fora das opções legais e obrigada a pagar a eles uma taxa de rescisão de US$ 200 milhões.

A Paramount, proprietária da Simon & Schuster, preferiu cancelar o acordo de fusão da editora com a Penguin Random House nesta segunda, 28. Foto: Jenny Kane/AP

“A Penguin Random House continua convencida de que é o melhor lar para os funcionários e autores da Simon & Schuster”, disse a Penguin Random House em um comunicado. “Acreditamos que a decisão do juiz está errada e planejamos recorrer da decisão, confiantes de que poderíamos apresentar um argumento convincente e persuasivo para reverter a decisão do tribunal de primeira instância. No entanto, temos que aceitar a decisão da Paramount de não seguir em frente.”

O resultado do julgamento foi um choque para muitos no mercado editorial, que viram o número de grandes empresas cair para cinco, mesmo quando essas cinco - Penguin Random House, HarperCollins, Macmillan, Hachette e Simon & Schuster - cresceram comprando editoras pequenas e de médio porte. Muitos temiam que a redução adicional no número de grandes editoras para quatro deixaria os autores e agentes literários com menos compradores para seus livros e tornaria ainda mais difícil que as editoras menores competissem.

Muitos estavam especialmente preocupados com a Penguin Random House - já de longe a maior editora dos Estados Unidos - ficando ainda maior ao absorver uma rival. A Penguin Random House tem cerca de 100 selos editoriais; juntos, eles publicam mais de 2.000 títulos por ano. A fusão teria dado a ela aproximadamente 50 selos da Simon & Schuster, bem como a vasta e valiosa lista de títulos antigos da empresa.

Como se verificou, o Departamento de Justiça e o juiz que ouviu o caso tinham preocupações semelhantes e bloquearam o acordo, um resultado que alguns autores e organizações do setor celebraram como uma análise necessária da consolidação.

“O mercado já está muito consolidado”, disse Mary Rasenberger, CEO do The Authors Guild, um grupo de defesa de escritores que se opôs à compra. “Um ecossistema editorial saudável é aquele que tem muitos editores com diferentes gostos e interesses e graus de risco que estão dispostos a assumir.”

Isso aumenta um período de incerteza na Simon & Schuster, mas é um período em que eles estão em uma boa posição para navegar. O desempenho recente da empresa tem sido muito bom, mesmo com os resultados caindo em outras grandes editoras. Seus lucros nos primeiros nove meses do ano aumentaram 29% em comparação com o mesmo período do ano passado, colocando-a a caminho de um ano recorde.

Entre seus sucessos estão vários romances de Colleen Hoover, que dominou as listas de best-sellers de ficção, e um surpreendente best-seller de memórias, I’m Glad My Mom Died, de Jennette McCurdy, que vendeu 1 milhão de cópias desde que foi publicado em agosto, disse a empresa.

“A Simon & Schuster nunca foi tão lucrativa e valiosa quanto hoje”, disse Jonathan Karp, CEO da Simon & Schuster, em carta aos funcionários na segunda-feira. “Como observei antes, celebraremos nosso 100º aniversário em abril de 2024, independentemente de quem seja nosso proprietário - e teremos muito o que comemorar.”

Em um comunicado divulgado na tarde de segunda-feira, a Paramount indicou que vê a Simon & Schuster como não adequada para sua estratégia mais ampla. “A Simon & Schuster é um negócio altamente valioso com um histórico recente de alto desempenho, no entanto, não é baseado em vídeo e, portanto, não se encaixa estrategicamente no portfólio mais amplo da Paramount”, afirmou.

Até que o acordo com a Penguin Random House expirasse na terça-feira, a Paramount estava proibida de discutir a venda da Simon & Schuster com outros pretendentes. Mas a Paramount provavelmente explorará uma potencial venda da Simon & Schuster no ano que vem, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto, que disse que a empresa vai esperar uma oferta que reflita seu melhor desempenho financeiro e que não estava autorizada a discutir assuntos confidenciais oficialmente.

A lista de pretendentes pode incluir empresas que manifestaram interesse na Simon & Schuster da última vez, incluindo o conglomerado de mídia francês Vivendi e a proprietária da HarperCollins, News Corp, de acordo com duas pessoas familiarizadas com o assunto que também estavam discutindo assuntos confidenciais e falaram anonimamente. A Simon & Schuster também deve atrair o interesse de licitantes financeiros, de acordo com um executivo de uma empresa de private equity que falou anonimamente para discutir a estratégia de negociação.

Não está claro, no entanto, se a dor de cabeça e as despesas legais do julgamento poderiam diminuir o entusiasmo de outras editoras. Durante o julgamento, executivos de duas outras grandes editoras, Hachette e HarperCollins, testemunharam que gostariam que suas próprias empresas comprassem a Simon & Schuster. Também não está claro como o Departamento de Justiça veria tal aquisição. As preocupações com a participação de mercado seriam menos acentuadas - particularmente para a Hachette, que é significativamente menor que a Penguin Random House -, mas o número de editoras grandes o suficiente para competir com os livros mais caros ainda cairia de cinco para quatro.

Alguns especialistas antitruste disseram que qualquer acordo para vender a Simon & Schuster para outra editora entre as cinco maiores provavelmente enfrentaria intenso escrutínio dos reguladores.

“Se alguém quiser fazer uma oferta, deve incluir em seu cálculo o custo do litígio com o governo”, disse Erik Gordon, professor de negócios da Universidade de Michigan.

O fim do acordo também sinaliza um período de incerteza para a Penguin Random House. A Penguin Random House revelou em julgamento que vem perdendo participação de mercado nos últimos anos. Esperava-se que a compra da Simon & Schuster compensasse essa perda. Agora, ela terá que encontrar outro caminho. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

THE NEW YORK TIMES - Após dois anos de escrutínio regulamentar e especulação acalorada no mundo editorial, depois de uma árdua batalha judicial e centenas de milhões de dólares em despesas, o acordo da Penguin Random House para comprar a Simon & Schuster fracassou oficialmente na segunda-feira, 28.

A dissolução desse acordo impediu que a maior editora dos Estados Unidos crescesse substancialmente. Também interrompeu a consolidação em um setor que foi profundamente reformulado por fusões e aquisições, com pouca intervenção regulatória.

A implosão do negócio ocorreu três semanas depois que um juiz federal decidiu contra a Penguin Random House em um julgamento antitruste, impedindo a venda de prosseguir com o argumento de que a fusão seria ruim para a concorrência e prejudicial aos autores. Para apelar da decisão de 31 de outubro, a Penguin Random House precisou que a Paramount Global, empresa controladora da Simon & Schuster, estendesse o contrato de compra, que era terça-feira. Em vez disso, a Paramount decidiu encerrar o negócio, deixando a Penguin Random House fora das opções legais e obrigada a pagar a eles uma taxa de rescisão de US$ 200 milhões.

A Paramount, proprietária da Simon & Schuster, preferiu cancelar o acordo de fusão da editora com a Penguin Random House nesta segunda, 28. Foto: Jenny Kane/AP

“A Penguin Random House continua convencida de que é o melhor lar para os funcionários e autores da Simon & Schuster”, disse a Penguin Random House em um comunicado. “Acreditamos que a decisão do juiz está errada e planejamos recorrer da decisão, confiantes de que poderíamos apresentar um argumento convincente e persuasivo para reverter a decisão do tribunal de primeira instância. No entanto, temos que aceitar a decisão da Paramount de não seguir em frente.”

O resultado do julgamento foi um choque para muitos no mercado editorial, que viram o número de grandes empresas cair para cinco, mesmo quando essas cinco - Penguin Random House, HarperCollins, Macmillan, Hachette e Simon & Schuster - cresceram comprando editoras pequenas e de médio porte. Muitos temiam que a redução adicional no número de grandes editoras para quatro deixaria os autores e agentes literários com menos compradores para seus livros e tornaria ainda mais difícil que as editoras menores competissem.

Muitos estavam especialmente preocupados com a Penguin Random House - já de longe a maior editora dos Estados Unidos - ficando ainda maior ao absorver uma rival. A Penguin Random House tem cerca de 100 selos editoriais; juntos, eles publicam mais de 2.000 títulos por ano. A fusão teria dado a ela aproximadamente 50 selos da Simon & Schuster, bem como a vasta e valiosa lista de títulos antigos da empresa.

Como se verificou, o Departamento de Justiça e o juiz que ouviu o caso tinham preocupações semelhantes e bloquearam o acordo, um resultado que alguns autores e organizações do setor celebraram como uma análise necessária da consolidação.

“O mercado já está muito consolidado”, disse Mary Rasenberger, CEO do The Authors Guild, um grupo de defesa de escritores que se opôs à compra. “Um ecossistema editorial saudável é aquele que tem muitos editores com diferentes gostos e interesses e graus de risco que estão dispostos a assumir.”

Isso aumenta um período de incerteza na Simon & Schuster, mas é um período em que eles estão em uma boa posição para navegar. O desempenho recente da empresa tem sido muito bom, mesmo com os resultados caindo em outras grandes editoras. Seus lucros nos primeiros nove meses do ano aumentaram 29% em comparação com o mesmo período do ano passado, colocando-a a caminho de um ano recorde.

Entre seus sucessos estão vários romances de Colleen Hoover, que dominou as listas de best-sellers de ficção, e um surpreendente best-seller de memórias, I’m Glad My Mom Died, de Jennette McCurdy, que vendeu 1 milhão de cópias desde que foi publicado em agosto, disse a empresa.

“A Simon & Schuster nunca foi tão lucrativa e valiosa quanto hoje”, disse Jonathan Karp, CEO da Simon & Schuster, em carta aos funcionários na segunda-feira. “Como observei antes, celebraremos nosso 100º aniversário em abril de 2024, independentemente de quem seja nosso proprietário - e teremos muito o que comemorar.”

Em um comunicado divulgado na tarde de segunda-feira, a Paramount indicou que vê a Simon & Schuster como não adequada para sua estratégia mais ampla. “A Simon & Schuster é um negócio altamente valioso com um histórico recente de alto desempenho, no entanto, não é baseado em vídeo e, portanto, não se encaixa estrategicamente no portfólio mais amplo da Paramount”, afirmou.

Até que o acordo com a Penguin Random House expirasse na terça-feira, a Paramount estava proibida de discutir a venda da Simon & Schuster com outros pretendentes. Mas a Paramount provavelmente explorará uma potencial venda da Simon & Schuster no ano que vem, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto, que disse que a empresa vai esperar uma oferta que reflita seu melhor desempenho financeiro e que não estava autorizada a discutir assuntos confidenciais oficialmente.

A lista de pretendentes pode incluir empresas que manifestaram interesse na Simon & Schuster da última vez, incluindo o conglomerado de mídia francês Vivendi e a proprietária da HarperCollins, News Corp, de acordo com duas pessoas familiarizadas com o assunto que também estavam discutindo assuntos confidenciais e falaram anonimamente. A Simon & Schuster também deve atrair o interesse de licitantes financeiros, de acordo com um executivo de uma empresa de private equity que falou anonimamente para discutir a estratégia de negociação.

Não está claro, no entanto, se a dor de cabeça e as despesas legais do julgamento poderiam diminuir o entusiasmo de outras editoras. Durante o julgamento, executivos de duas outras grandes editoras, Hachette e HarperCollins, testemunharam que gostariam que suas próprias empresas comprassem a Simon & Schuster. Também não está claro como o Departamento de Justiça veria tal aquisição. As preocupações com a participação de mercado seriam menos acentuadas - particularmente para a Hachette, que é significativamente menor que a Penguin Random House -, mas o número de editoras grandes o suficiente para competir com os livros mais caros ainda cairia de cinco para quatro.

Alguns especialistas antitruste disseram que qualquer acordo para vender a Simon & Schuster para outra editora entre as cinco maiores provavelmente enfrentaria intenso escrutínio dos reguladores.

“Se alguém quiser fazer uma oferta, deve incluir em seu cálculo o custo do litígio com o governo”, disse Erik Gordon, professor de negócios da Universidade de Michigan.

O fim do acordo também sinaliza um período de incerteza para a Penguin Random House. A Penguin Random House revelou em julgamento que vem perdendo participação de mercado nos últimos anos. Esperava-se que a compra da Simon & Schuster compensasse essa perda. Agora, ela terá que encontrar outro caminho. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

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