Irã protesta contra presença de Salman Rushdie na Feira de Frankfurt


País desmobilizou comitiva que estaria presente no evento

Por Redação

FRANKFURT  - Quando o Irã anunciou o boicote à Feira do Livro de Frankfurt, as autoridades do país realmente acreditaram que os organizadores fossem retirar o convite feito para que Salman Rushdie falasse na coletiva de imprensa de abertura do evento. “Esperamos até o último minuto e lamentamos a decisão. Se tem que ter liberdade de expressão, ela tem que valer para os dois lados”, disse Mohsen Amoushahi, conselheiro do Instituto Iraniano de Feiras Culturais, ao Estado. Ele era um dos responsáveis pela organização do estande, que foi montado, mas permaneceu quase vazio durante toda a feira. Nas prateleiras, não havia livro, mas foram espalhados cartazes com os dizeres: “A caneta deveria ajudar a aumentar o afeto e a amizade, não o ódio e a hostilidade”, “Ferindo os sentimentos de mais de um bilhão de muçulmanos, a liberdade de expressão não poderá ser alcançada”, “Liberdade de expressão: insultando a crença sagrada dos outros” e “Eu amo Maomé” (este, em maior quantidade). O espaço estava lacrado, mas à vista do visitante curioso foram deixados alguns volumes sobre a vida do profeta. “Ninguém pode insultá-lo. Trouxemos o livro para que as pessoas conheçam sua história”, disse. Fora os gastos com a montagem do espaço de 240 m2, o Irã perdeu o dinheiro pago pelo visto das 300 pessoas que viriam na comitiva oficial. Alguns representantes permaneceram ali para explicar o ocorrido. Amoushahi garante que o governo iraniano não forçou os editores a aderirem ao boicote, mas “orientou” com relação à posição oficial. Ao redor desse estande, outros menores estavam abandonados. Quanto aos independentes, as autoridades não puderam fazer nada, e eles tampouco fizeram muito alarde de sua presença no evento. 

Salman Rushdie na Feira do Livro de Frankfurt, nesta terça-feira, 13. Foto:AFP PHOTO / DANIEL ROLAND Foto: Salman Rushdie na Feira do Livro de Frankfurt, nesta terça-feira, 13. Foto: AFP PHOTO / DANIEL ROLAND

Na coletiva da discórdia, Juergen Boos, presidente da Feira do Livro de Frankfurt, disse que a liberdade de expressão é “inegociável”. Vale lembrar que a Europa vive tempos delicados. Ao mesmo tempo em que recebe refugiados, ela tem medo de represálias. Fora o atentado ao Charlie Hebdo, o crescente radicalismo islâmico e por aí vai. A segurança foi visivelmente reforçada nesta edição da feira. Estranhamento. No geral, essas entrevistas de abertura da feira reúnem apenas os organizadores e representantes do país homenageado. O iraniano estranhou a presença do escritor, já que ele teria sido chamado para divulgar seu novo livro o que, na opinião dele, por se tratar de um evento privado, deveria ter ocorrido no estande da editora, ou em algum outro espaço, mas não na frente de toda a imprensa. Versos Satânicos, o livro que enfureceu os muçulmanos, já tem quase 30 anos e, como se vê, a polêmica não acaba. “Ele insultou a pessoa mais importante para nós. Não podemos nos esquecer porque ele é sempre convidado a falar sobre esses assuntos. Ele é um brinquedinho da mídia para nos insultar. Então, não nos esquecemos porque ficam trazendo o assunto de volta”, disse. “Somos a favor da liberdade de expressão, mas contra Salman Rushdie. Não estamos aqui para matar ninguém”, completou. O Irã voltou a ser destaque na feira nesta sexta, dia 16. No recém-criado fórum de debates sobre questões políticas, Navi Kermani, escritor alemão de origem iraniana que receberá, no domingo, o Prêmio da Paz da Associação de Editores e Livreiros da Alemanha (a mais recente Nobel de Literatura, Svetlana Alexievich, ganhou em 2013), e os iranianos Amir Hassan Cheheltan e Fariba Vafi conversaram sobre o fazer literário em países fechados. Mesmo após a Revolução de 1979, a censura continua - e foi internalizada. “Temos tesouras em nossas mentes. Fazer esse trabalho é mais difícil para mim do que para quem vive no exílio”, comentou Vafi. O imbróglio entre o país, a feira e Salman Rushdie foi comentado brevemente por Kermani, que recebe o prêmio no domingo por seu esforço em promover o diálogo entre o Ocidente e o Oriente. “Por causa da questão política envolvendo Salman Rushdie, tudo o que seria apresentado, as tendências, o trabalho feito por seus editores, a Feira do Livro de Teerã, tudo isso foi reduzido a nada.” Mohsen Amoushahi disse que tem 100% de certeza de que em 2016 seu país estará em Frankfurt.

FRANKFURT  - Quando o Irã anunciou o boicote à Feira do Livro de Frankfurt, as autoridades do país realmente acreditaram que os organizadores fossem retirar o convite feito para que Salman Rushdie falasse na coletiva de imprensa de abertura do evento. “Esperamos até o último minuto e lamentamos a decisão. Se tem que ter liberdade de expressão, ela tem que valer para os dois lados”, disse Mohsen Amoushahi, conselheiro do Instituto Iraniano de Feiras Culturais, ao Estado. Ele era um dos responsáveis pela organização do estande, que foi montado, mas permaneceu quase vazio durante toda a feira. Nas prateleiras, não havia livro, mas foram espalhados cartazes com os dizeres: “A caneta deveria ajudar a aumentar o afeto e a amizade, não o ódio e a hostilidade”, “Ferindo os sentimentos de mais de um bilhão de muçulmanos, a liberdade de expressão não poderá ser alcançada”, “Liberdade de expressão: insultando a crença sagrada dos outros” e “Eu amo Maomé” (este, em maior quantidade). O espaço estava lacrado, mas à vista do visitante curioso foram deixados alguns volumes sobre a vida do profeta. “Ninguém pode insultá-lo. Trouxemos o livro para que as pessoas conheçam sua história”, disse. Fora os gastos com a montagem do espaço de 240 m2, o Irã perdeu o dinheiro pago pelo visto das 300 pessoas que viriam na comitiva oficial. Alguns representantes permaneceram ali para explicar o ocorrido. Amoushahi garante que o governo iraniano não forçou os editores a aderirem ao boicote, mas “orientou” com relação à posição oficial. Ao redor desse estande, outros menores estavam abandonados. Quanto aos independentes, as autoridades não puderam fazer nada, e eles tampouco fizeram muito alarde de sua presença no evento. 

Salman Rushdie na Feira do Livro de Frankfurt, nesta terça-feira, 13. Foto:AFP PHOTO / DANIEL ROLAND Foto: Salman Rushdie na Feira do Livro de Frankfurt, nesta terça-feira, 13. Foto: AFP PHOTO / DANIEL ROLAND

Na coletiva da discórdia, Juergen Boos, presidente da Feira do Livro de Frankfurt, disse que a liberdade de expressão é “inegociável”. Vale lembrar que a Europa vive tempos delicados. Ao mesmo tempo em que recebe refugiados, ela tem medo de represálias. Fora o atentado ao Charlie Hebdo, o crescente radicalismo islâmico e por aí vai. A segurança foi visivelmente reforçada nesta edição da feira. Estranhamento. No geral, essas entrevistas de abertura da feira reúnem apenas os organizadores e representantes do país homenageado. O iraniano estranhou a presença do escritor, já que ele teria sido chamado para divulgar seu novo livro o que, na opinião dele, por se tratar de um evento privado, deveria ter ocorrido no estande da editora, ou em algum outro espaço, mas não na frente de toda a imprensa. Versos Satânicos, o livro que enfureceu os muçulmanos, já tem quase 30 anos e, como se vê, a polêmica não acaba. “Ele insultou a pessoa mais importante para nós. Não podemos nos esquecer porque ele é sempre convidado a falar sobre esses assuntos. Ele é um brinquedinho da mídia para nos insultar. Então, não nos esquecemos porque ficam trazendo o assunto de volta”, disse. “Somos a favor da liberdade de expressão, mas contra Salman Rushdie. Não estamos aqui para matar ninguém”, completou. O Irã voltou a ser destaque na feira nesta sexta, dia 16. No recém-criado fórum de debates sobre questões políticas, Navi Kermani, escritor alemão de origem iraniana que receberá, no domingo, o Prêmio da Paz da Associação de Editores e Livreiros da Alemanha (a mais recente Nobel de Literatura, Svetlana Alexievich, ganhou em 2013), e os iranianos Amir Hassan Cheheltan e Fariba Vafi conversaram sobre o fazer literário em países fechados. Mesmo após a Revolução de 1979, a censura continua - e foi internalizada. “Temos tesouras em nossas mentes. Fazer esse trabalho é mais difícil para mim do que para quem vive no exílio”, comentou Vafi. O imbróglio entre o país, a feira e Salman Rushdie foi comentado brevemente por Kermani, que recebe o prêmio no domingo por seu esforço em promover o diálogo entre o Ocidente e o Oriente. “Por causa da questão política envolvendo Salman Rushdie, tudo o que seria apresentado, as tendências, o trabalho feito por seus editores, a Feira do Livro de Teerã, tudo isso foi reduzido a nada.” Mohsen Amoushahi disse que tem 100% de certeza de que em 2016 seu país estará em Frankfurt.

FRANKFURT  - Quando o Irã anunciou o boicote à Feira do Livro de Frankfurt, as autoridades do país realmente acreditaram que os organizadores fossem retirar o convite feito para que Salman Rushdie falasse na coletiva de imprensa de abertura do evento. “Esperamos até o último minuto e lamentamos a decisão. Se tem que ter liberdade de expressão, ela tem que valer para os dois lados”, disse Mohsen Amoushahi, conselheiro do Instituto Iraniano de Feiras Culturais, ao Estado. Ele era um dos responsáveis pela organização do estande, que foi montado, mas permaneceu quase vazio durante toda a feira. Nas prateleiras, não havia livro, mas foram espalhados cartazes com os dizeres: “A caneta deveria ajudar a aumentar o afeto e a amizade, não o ódio e a hostilidade”, “Ferindo os sentimentos de mais de um bilhão de muçulmanos, a liberdade de expressão não poderá ser alcançada”, “Liberdade de expressão: insultando a crença sagrada dos outros” e “Eu amo Maomé” (este, em maior quantidade). O espaço estava lacrado, mas à vista do visitante curioso foram deixados alguns volumes sobre a vida do profeta. “Ninguém pode insultá-lo. Trouxemos o livro para que as pessoas conheçam sua história”, disse. Fora os gastos com a montagem do espaço de 240 m2, o Irã perdeu o dinheiro pago pelo visto das 300 pessoas que viriam na comitiva oficial. Alguns representantes permaneceram ali para explicar o ocorrido. Amoushahi garante que o governo iraniano não forçou os editores a aderirem ao boicote, mas “orientou” com relação à posição oficial. Ao redor desse estande, outros menores estavam abandonados. Quanto aos independentes, as autoridades não puderam fazer nada, e eles tampouco fizeram muito alarde de sua presença no evento. 

Salman Rushdie na Feira do Livro de Frankfurt, nesta terça-feira, 13. Foto:AFP PHOTO / DANIEL ROLAND Foto: Salman Rushdie na Feira do Livro de Frankfurt, nesta terça-feira, 13. Foto: AFP PHOTO / DANIEL ROLAND

Na coletiva da discórdia, Juergen Boos, presidente da Feira do Livro de Frankfurt, disse que a liberdade de expressão é “inegociável”. Vale lembrar que a Europa vive tempos delicados. Ao mesmo tempo em que recebe refugiados, ela tem medo de represálias. Fora o atentado ao Charlie Hebdo, o crescente radicalismo islâmico e por aí vai. A segurança foi visivelmente reforçada nesta edição da feira. Estranhamento. No geral, essas entrevistas de abertura da feira reúnem apenas os organizadores e representantes do país homenageado. O iraniano estranhou a presença do escritor, já que ele teria sido chamado para divulgar seu novo livro o que, na opinião dele, por se tratar de um evento privado, deveria ter ocorrido no estande da editora, ou em algum outro espaço, mas não na frente de toda a imprensa. Versos Satânicos, o livro que enfureceu os muçulmanos, já tem quase 30 anos e, como se vê, a polêmica não acaba. “Ele insultou a pessoa mais importante para nós. Não podemos nos esquecer porque ele é sempre convidado a falar sobre esses assuntos. Ele é um brinquedinho da mídia para nos insultar. Então, não nos esquecemos porque ficam trazendo o assunto de volta”, disse. “Somos a favor da liberdade de expressão, mas contra Salman Rushdie. Não estamos aqui para matar ninguém”, completou. O Irã voltou a ser destaque na feira nesta sexta, dia 16. No recém-criado fórum de debates sobre questões políticas, Navi Kermani, escritor alemão de origem iraniana que receberá, no domingo, o Prêmio da Paz da Associação de Editores e Livreiros da Alemanha (a mais recente Nobel de Literatura, Svetlana Alexievich, ganhou em 2013), e os iranianos Amir Hassan Cheheltan e Fariba Vafi conversaram sobre o fazer literário em países fechados. Mesmo após a Revolução de 1979, a censura continua - e foi internalizada. “Temos tesouras em nossas mentes. Fazer esse trabalho é mais difícil para mim do que para quem vive no exílio”, comentou Vafi. O imbróglio entre o país, a feira e Salman Rushdie foi comentado brevemente por Kermani, que recebe o prêmio no domingo por seu esforço em promover o diálogo entre o Ocidente e o Oriente. “Por causa da questão política envolvendo Salman Rushdie, tudo o que seria apresentado, as tendências, o trabalho feito por seus editores, a Feira do Livro de Teerã, tudo isso foi reduzido a nada.” Mohsen Amoushahi disse que tem 100% de certeza de que em 2016 seu país estará em Frankfurt.

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