Análise|‘Juventude sem Deus’, proibido na Alemanha durante o nazismo, expõe projeto de Hitler para jovens


Romance de Ödon von Horváth, lançado agora no Brasil, foi publicado originalmente em 1938, ano em que o autor morreu tragicamente, e mostra a tentativa de resistência de um professor em um ambiente escolar cada vez mais autoritário e violento

Por Luis S. Krausz
Atualização:

Ödon von Horváth (1901-1938) nasceu em Fiume (hoje Rijeka, Croácia), quando a cidade fazia parte do Império Austro-húngaro. Isto explica a peculiar constelação entre o nome húngaro de um escritor de língua alemã nascido numa cidade italiana nos Bálcãs. De uma família de diplomatas e militares de origem húngara, muito bem situada no quadro institucional desta que foi a maior monarquia europeia do século XIX, ele nasceu com tudo para se tornar um ramo a mais numa árvore bem enraizada no centro da Europa. Foi educado em excelentes colégios, em Viena e Budapeste. Aos 17 anos, porém, viu o mundo sólido em que nascera desabar para sempre.

Passou, então, como tantos outros literatos de sua geração, a testemunhar a avassaladora crise política e cultural em que mergulhou a Europa de língua alemã no período entreguerras e, com ela, a ascensão do nazismo. Lançou-se, então, a uma bem-sucedida carreira como dramaturgo e romancista de língua alemã, que se via no dever de registrar, sob diferentes pontos de vista, a desorientação política, filosófica e ética que se instaurou no mundo em que nasceu, testemunhando a dissolução de uma cultura nacional humanística, construída sobre bases cristãs-judaicas, e o avanço de uma cultura que via na ressurreição dos velhos mitos do paganismo germânico, com seu culto à violência, a nova ideia de virtude.

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Sua família instalou-se em Munique ao final da guerra: já não havia mais lugar para eles na pequena, pobre e arruinada Áustria pós-1918. Berlim era, então, um polo que atraía literatos de língua alemã de todas as origens, e também o centro de uma nova estética literária, a Neue Sachlichkeit ou Nova Objetividade, em que o viés político ocupava o lugar central da escrita, desalojando a importância da subjetividade, da introspecção, da busca pelo fugidio sublime, que eram o fulcro da atividade literária de língua alemã na passagem do século 19 para o século 20.

A temática política evidentemente ganhara uma urgência sem precedentes ante o embate entre forças progressistas, empenhadas num projeto de reforma social democrático, e o proto-totalistarismo que seduzia as massas empobrecidas e desamparadas com a retórica da grandeza germânica, cujo capital eleitoral se nutria dos ressentimentos causados pela derrota devastadora imposta à Alemanha e à Áustria durante a Primeira Guerra Mundial.

Assim, se até pouco antes de 1918 os grandes literatos de língua alemã tendiam a considerar a política como uma atividade própria para os políticos, cabendo-lhes ocupar-se com questões que se encontravam num patamar diferente da escala espiritual, o caos que se instaurou a partir de 1918 provocou uma mudança radical de atitude. Bertolt Brecht e Joseph Roth; Alfred Döblin e mesmo o altivo Thomas Mann viram-se confrontados com a grande urgência das questões políticas de seu tempo e passaram a engajar-se, cada qual à sua maneira, neste jogo que, até recentemente, era visto como indigno das mãos e das mentes dos verdadeiros escritores.

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O nacionalismo obtuso, a glorificação da violência, o racismo, o autoritarismo e o arbítrio do nazismo, que seduzia parcelas cada vez maiores da população alemã, seja pela via do conformismo, seja pela via do entusiasmo genuíno, era um fenômeno alarmante para qualquer pessoa que, como Ödon von Horváth, tivesse sido criada num universo conciliador, moderado e sensato. E a denúncia de tal avanço era vista por ele sobretudo como um dever.

Grupo de garotos integrantes da Juventude Hitlerista Foto: National Holocaust Centre and Museum

Ele compreendeu que a adesão de toda uma população relativamente culta e educada a um projeto político nacional que exigia de seus cidadãos a submissão absoluta aos dogmas estabelecidos pelos dirigentes e detentores da violência não era algo fácil de se conseguir. De fato, se o nazismo deu seus primeiros gritos no cenário político alemão em meados da década de 1920, foi preciso muito tempo para que Hitler e seus seguidores tivessem em suas mãos, por assim dizer, a nação alemã, o que só se deu por meio de um trabalho perseverante de propaganda e divulgação ideológica, que se estendeu por anos a fio, e sobretudo por meio da (des)educação e (de)formação de toda uma geração de adolescentes, gradativamente dirigidos, por meio das escolas do Estado e de organizações como a Hitler Jugend e o Bund Deutscher Mädchen, a aceitar os delírios nazistas e neles acreditar.

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É o perverso sistema educacional, que propõe a substituição das verdades estabelecidas por outras verdades, que perverte a justiça e os valores éticos em nome da subserviência à autoridade, e que, ao relativizar as certezas e os paradigmas de uma tradição humanista ocidental, tira do indivíduo a capacidade de julgar os próprios atos – e os dos outros –, que Ödon von Horváth retrata em Juventude sem Deus, seu último romance, publicado já no exílio, em 1938 (ele obviamente havia sido proscrito pelo nazismo, como tantos outros literatos politicamente engajados), agora publicado em ótima tradução de Sérgio Telarolli.

Juventude sem Deus

A narrativa tem como protagonista um professor de escola pública na Alemanha hitlerista, que gradativamente vai testemunhando a perda de sua própria autoridade e o avanço do poder de milícias que passam a controlar não só o aparelho educacional do Estado, mas também a própria justiça.

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Um crime gravíssimo – um assassinato – é cometido durante um acampamento de escolares, do qual o professor participa. Os jovens são conduzidos por um sargento e o propósito do acampamento é transformar meninos e meninas da burguesia e da pequena burguesia em guerreiros destemidos, quando não diretamente sanguinários, dispostos a cumprir, no contexto de uma estrutura militar, todas as ordens recebidas por seus comandantes, deixando de lado a própria consciência. É a nova educação que criará, em poucos anos, as hordas dispostas a tudo para permanecerem leais a seu Führer.

Outro aspecto fundamental da ascensão do arbítrio e do totalitarismo nazistas é a perversão da justiça e sua submissão aos desmandos de uma autoridade tirânica, desvinculada de quaisquer princípios éticos, cujo único objetivo é a dominação: a segunda parte do romance retrata não só os procedimentos “legais” altamente questionáveis do tribunal de justiça encarregado de averiguar o assassinato ocorrido durante o acampamento de escolares como também a relativização de todas as verdades sem a qual o grosseiro arbítrio dos novos líderes políticos alemães jamais seria possível.

Assim, revela-se a perversidade de um quadro institucional que estabelece a persuasão por meio do exercício da violência e que cria seres humanos dispostos a perpetuá-lo a qualquer custo, sem o qual o expansionismo suicida da Alemanha a partir de 1939 jamais teria sido possível. Com a nova juventude em suas mãos, convenientemente adestrada por mais de uma década de implementação de uma pedagogia perversa, Hitler pode concretizar seu projeto, levando-o, junto com a Alemanha (e a Áustria) às últimas consequências.

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Odön von Horvath escreveu 'Juventude Sem Deus', que chega agora ao Brasil, em 1937 Foto: unigesellschaft.de

De origem aristocrática, Ödon von Horváth cedo aprendeu a olhar com desdém para os membros das camadas sociais inferiores, a plebe. E em seu retrato dos novos líderes nazistas e de seus asseclas ele enfatiza que são os egressos de uma classe privada de qualquer tipo de educação que, uma vez dissociados pelo próprio regime de suas crenças religiosas e dos princípios éticos legados pelos seus antepassados, se tornam uma matéria humana facilmente moldável para possibilitar a realização dos objetivos dos novos líderes, eles mesmos, em sua maior parte, igualmente egressos desta camada de ressentidos. A massa ignara, não mais sujeita aos valores cristãos, é capaz de qualquer coisa. Daí o título do livro. Durante sua estadia com os alunos no acampamento, o professor entra em contato com um padre, que aos poucos também se revela um burocrata acomodado às exigências do novo regime.

Os problemas do professor começam quando, no meio de uma aula, ele afirma que os negros são seres humanos como os outros. Tal afirmativa desencadeia entre seus alunos um protesto organizado e uma queixa formal à diretoria da escola. Em consequência, o professor é convocado a prestar esclarecimentos ante as autoridades, e acaba sendo privado de seu emprego.

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Por detrás do tom autoirônico da narrativa em primeira pessoa, típico de quem já não se identifica com o ambiente em que vive e que dele se distancia por meio da escrita, esconde-se, certamente, o desespero de um autor que, perseguido pelo regime nazista e proibido de publicar suas obras na Alemanha, foi obrigado a buscar refúgio em Viena, em Praga e, finalmente, em Paris.

No romance, o protagonista deixa o mundo em que vive, e ao qual, com o passar do tempo, se tornou estranho: tendo perdido seu emprego na escola, dirige-se à África, onde lecionará numa escola colonial. Em Paris, Ödon von Horváth foi fatalmente atingido por um galho de árvore, que despencou sobre sua cabeça numa noite de tempestade e o fulminou aos 36 anos de idade, em 1938. Se isto não tivesse acontecido, talvez ele não teria sido poupado quando da ocupação nazista da França, poucos anos depois.

Num mundo dominado pela blasfêmia, a morte prematura, quando não o exílio, podem ser as melhores – ou as únicas – saídas.

Capa do livro 'Juventude sem Deus', de Ödön von Horváth, que está sendo lançado pela Todavia. O livro é de 1938 Foto: Reprodução/Editora Todavia

Juventude Sem Deus

  • Autor: Ödon von Horváth
  • Tradução: Sergio Tellaroli
  • Editora: Todavia (176 págs.; R$ 74,90; R$ 39,90 o e-book)

Ödon von Horváth (1901-1938) nasceu em Fiume (hoje Rijeka, Croácia), quando a cidade fazia parte do Império Austro-húngaro. Isto explica a peculiar constelação entre o nome húngaro de um escritor de língua alemã nascido numa cidade italiana nos Bálcãs. De uma família de diplomatas e militares de origem húngara, muito bem situada no quadro institucional desta que foi a maior monarquia europeia do século XIX, ele nasceu com tudo para se tornar um ramo a mais numa árvore bem enraizada no centro da Europa. Foi educado em excelentes colégios, em Viena e Budapeste. Aos 17 anos, porém, viu o mundo sólido em que nascera desabar para sempre.

Passou, então, como tantos outros literatos de sua geração, a testemunhar a avassaladora crise política e cultural em que mergulhou a Europa de língua alemã no período entreguerras e, com ela, a ascensão do nazismo. Lançou-se, então, a uma bem-sucedida carreira como dramaturgo e romancista de língua alemã, que se via no dever de registrar, sob diferentes pontos de vista, a desorientação política, filosófica e ética que se instaurou no mundo em que nasceu, testemunhando a dissolução de uma cultura nacional humanística, construída sobre bases cristãs-judaicas, e o avanço de uma cultura que via na ressurreição dos velhos mitos do paganismo germânico, com seu culto à violência, a nova ideia de virtude.

Sua família instalou-se em Munique ao final da guerra: já não havia mais lugar para eles na pequena, pobre e arruinada Áustria pós-1918. Berlim era, então, um polo que atraía literatos de língua alemã de todas as origens, e também o centro de uma nova estética literária, a Neue Sachlichkeit ou Nova Objetividade, em que o viés político ocupava o lugar central da escrita, desalojando a importância da subjetividade, da introspecção, da busca pelo fugidio sublime, que eram o fulcro da atividade literária de língua alemã na passagem do século 19 para o século 20.

A temática política evidentemente ganhara uma urgência sem precedentes ante o embate entre forças progressistas, empenhadas num projeto de reforma social democrático, e o proto-totalistarismo que seduzia as massas empobrecidas e desamparadas com a retórica da grandeza germânica, cujo capital eleitoral se nutria dos ressentimentos causados pela derrota devastadora imposta à Alemanha e à Áustria durante a Primeira Guerra Mundial.

Assim, se até pouco antes de 1918 os grandes literatos de língua alemã tendiam a considerar a política como uma atividade própria para os políticos, cabendo-lhes ocupar-se com questões que se encontravam num patamar diferente da escala espiritual, o caos que se instaurou a partir de 1918 provocou uma mudança radical de atitude. Bertolt Brecht e Joseph Roth; Alfred Döblin e mesmo o altivo Thomas Mann viram-se confrontados com a grande urgência das questões políticas de seu tempo e passaram a engajar-se, cada qual à sua maneira, neste jogo que, até recentemente, era visto como indigno das mãos e das mentes dos verdadeiros escritores.

O nacionalismo obtuso, a glorificação da violência, o racismo, o autoritarismo e o arbítrio do nazismo, que seduzia parcelas cada vez maiores da população alemã, seja pela via do conformismo, seja pela via do entusiasmo genuíno, era um fenômeno alarmante para qualquer pessoa que, como Ödon von Horváth, tivesse sido criada num universo conciliador, moderado e sensato. E a denúncia de tal avanço era vista por ele sobretudo como um dever.

Grupo de garotos integrantes da Juventude Hitlerista Foto: National Holocaust Centre and Museum

Ele compreendeu que a adesão de toda uma população relativamente culta e educada a um projeto político nacional que exigia de seus cidadãos a submissão absoluta aos dogmas estabelecidos pelos dirigentes e detentores da violência não era algo fácil de se conseguir. De fato, se o nazismo deu seus primeiros gritos no cenário político alemão em meados da década de 1920, foi preciso muito tempo para que Hitler e seus seguidores tivessem em suas mãos, por assim dizer, a nação alemã, o que só se deu por meio de um trabalho perseverante de propaganda e divulgação ideológica, que se estendeu por anos a fio, e sobretudo por meio da (des)educação e (de)formação de toda uma geração de adolescentes, gradativamente dirigidos, por meio das escolas do Estado e de organizações como a Hitler Jugend e o Bund Deutscher Mädchen, a aceitar os delírios nazistas e neles acreditar.

É o perverso sistema educacional, que propõe a substituição das verdades estabelecidas por outras verdades, que perverte a justiça e os valores éticos em nome da subserviência à autoridade, e que, ao relativizar as certezas e os paradigmas de uma tradição humanista ocidental, tira do indivíduo a capacidade de julgar os próprios atos – e os dos outros –, que Ödon von Horváth retrata em Juventude sem Deus, seu último romance, publicado já no exílio, em 1938 (ele obviamente havia sido proscrito pelo nazismo, como tantos outros literatos politicamente engajados), agora publicado em ótima tradução de Sérgio Telarolli.

Juventude sem Deus

A narrativa tem como protagonista um professor de escola pública na Alemanha hitlerista, que gradativamente vai testemunhando a perda de sua própria autoridade e o avanço do poder de milícias que passam a controlar não só o aparelho educacional do Estado, mas também a própria justiça.

Um crime gravíssimo – um assassinato – é cometido durante um acampamento de escolares, do qual o professor participa. Os jovens são conduzidos por um sargento e o propósito do acampamento é transformar meninos e meninas da burguesia e da pequena burguesia em guerreiros destemidos, quando não diretamente sanguinários, dispostos a cumprir, no contexto de uma estrutura militar, todas as ordens recebidas por seus comandantes, deixando de lado a própria consciência. É a nova educação que criará, em poucos anos, as hordas dispostas a tudo para permanecerem leais a seu Führer.

Outro aspecto fundamental da ascensão do arbítrio e do totalitarismo nazistas é a perversão da justiça e sua submissão aos desmandos de uma autoridade tirânica, desvinculada de quaisquer princípios éticos, cujo único objetivo é a dominação: a segunda parte do romance retrata não só os procedimentos “legais” altamente questionáveis do tribunal de justiça encarregado de averiguar o assassinato ocorrido durante o acampamento de escolares como também a relativização de todas as verdades sem a qual o grosseiro arbítrio dos novos líderes políticos alemães jamais seria possível.

Assim, revela-se a perversidade de um quadro institucional que estabelece a persuasão por meio do exercício da violência e que cria seres humanos dispostos a perpetuá-lo a qualquer custo, sem o qual o expansionismo suicida da Alemanha a partir de 1939 jamais teria sido possível. Com a nova juventude em suas mãos, convenientemente adestrada por mais de uma década de implementação de uma pedagogia perversa, Hitler pode concretizar seu projeto, levando-o, junto com a Alemanha (e a Áustria) às últimas consequências.

Odön von Horvath escreveu 'Juventude Sem Deus', que chega agora ao Brasil, em 1937 Foto: unigesellschaft.de

De origem aristocrática, Ödon von Horváth cedo aprendeu a olhar com desdém para os membros das camadas sociais inferiores, a plebe. E em seu retrato dos novos líderes nazistas e de seus asseclas ele enfatiza que são os egressos de uma classe privada de qualquer tipo de educação que, uma vez dissociados pelo próprio regime de suas crenças religiosas e dos princípios éticos legados pelos seus antepassados, se tornam uma matéria humana facilmente moldável para possibilitar a realização dos objetivos dos novos líderes, eles mesmos, em sua maior parte, igualmente egressos desta camada de ressentidos. A massa ignara, não mais sujeita aos valores cristãos, é capaz de qualquer coisa. Daí o título do livro. Durante sua estadia com os alunos no acampamento, o professor entra em contato com um padre, que aos poucos também se revela um burocrata acomodado às exigências do novo regime.

Os problemas do professor começam quando, no meio de uma aula, ele afirma que os negros são seres humanos como os outros. Tal afirmativa desencadeia entre seus alunos um protesto organizado e uma queixa formal à diretoria da escola. Em consequência, o professor é convocado a prestar esclarecimentos ante as autoridades, e acaba sendo privado de seu emprego.

Por detrás do tom autoirônico da narrativa em primeira pessoa, típico de quem já não se identifica com o ambiente em que vive e que dele se distancia por meio da escrita, esconde-se, certamente, o desespero de um autor que, perseguido pelo regime nazista e proibido de publicar suas obras na Alemanha, foi obrigado a buscar refúgio em Viena, em Praga e, finalmente, em Paris.

No romance, o protagonista deixa o mundo em que vive, e ao qual, com o passar do tempo, se tornou estranho: tendo perdido seu emprego na escola, dirige-se à África, onde lecionará numa escola colonial. Em Paris, Ödon von Horváth foi fatalmente atingido por um galho de árvore, que despencou sobre sua cabeça numa noite de tempestade e o fulminou aos 36 anos de idade, em 1938. Se isto não tivesse acontecido, talvez ele não teria sido poupado quando da ocupação nazista da França, poucos anos depois.

Num mundo dominado pela blasfêmia, a morte prematura, quando não o exílio, podem ser as melhores – ou as únicas – saídas.

Capa do livro 'Juventude sem Deus', de Ödön von Horváth, que está sendo lançado pela Todavia. O livro é de 1938 Foto: Reprodução/Editora Todavia

Juventude Sem Deus

  • Autor: Ödon von Horváth
  • Tradução: Sergio Tellaroli
  • Editora: Todavia (176 págs.; R$ 74,90; R$ 39,90 o e-book)

Ödon von Horváth (1901-1938) nasceu em Fiume (hoje Rijeka, Croácia), quando a cidade fazia parte do Império Austro-húngaro. Isto explica a peculiar constelação entre o nome húngaro de um escritor de língua alemã nascido numa cidade italiana nos Bálcãs. De uma família de diplomatas e militares de origem húngara, muito bem situada no quadro institucional desta que foi a maior monarquia europeia do século XIX, ele nasceu com tudo para se tornar um ramo a mais numa árvore bem enraizada no centro da Europa. Foi educado em excelentes colégios, em Viena e Budapeste. Aos 17 anos, porém, viu o mundo sólido em que nascera desabar para sempre.

Passou, então, como tantos outros literatos de sua geração, a testemunhar a avassaladora crise política e cultural em que mergulhou a Europa de língua alemã no período entreguerras e, com ela, a ascensão do nazismo. Lançou-se, então, a uma bem-sucedida carreira como dramaturgo e romancista de língua alemã, que se via no dever de registrar, sob diferentes pontos de vista, a desorientação política, filosófica e ética que se instaurou no mundo em que nasceu, testemunhando a dissolução de uma cultura nacional humanística, construída sobre bases cristãs-judaicas, e o avanço de uma cultura que via na ressurreição dos velhos mitos do paganismo germânico, com seu culto à violência, a nova ideia de virtude.

Sua família instalou-se em Munique ao final da guerra: já não havia mais lugar para eles na pequena, pobre e arruinada Áustria pós-1918. Berlim era, então, um polo que atraía literatos de língua alemã de todas as origens, e também o centro de uma nova estética literária, a Neue Sachlichkeit ou Nova Objetividade, em que o viés político ocupava o lugar central da escrita, desalojando a importância da subjetividade, da introspecção, da busca pelo fugidio sublime, que eram o fulcro da atividade literária de língua alemã na passagem do século 19 para o século 20.

A temática política evidentemente ganhara uma urgência sem precedentes ante o embate entre forças progressistas, empenhadas num projeto de reforma social democrático, e o proto-totalistarismo que seduzia as massas empobrecidas e desamparadas com a retórica da grandeza germânica, cujo capital eleitoral se nutria dos ressentimentos causados pela derrota devastadora imposta à Alemanha e à Áustria durante a Primeira Guerra Mundial.

Assim, se até pouco antes de 1918 os grandes literatos de língua alemã tendiam a considerar a política como uma atividade própria para os políticos, cabendo-lhes ocupar-se com questões que se encontravam num patamar diferente da escala espiritual, o caos que se instaurou a partir de 1918 provocou uma mudança radical de atitude. Bertolt Brecht e Joseph Roth; Alfred Döblin e mesmo o altivo Thomas Mann viram-se confrontados com a grande urgência das questões políticas de seu tempo e passaram a engajar-se, cada qual à sua maneira, neste jogo que, até recentemente, era visto como indigno das mãos e das mentes dos verdadeiros escritores.

O nacionalismo obtuso, a glorificação da violência, o racismo, o autoritarismo e o arbítrio do nazismo, que seduzia parcelas cada vez maiores da população alemã, seja pela via do conformismo, seja pela via do entusiasmo genuíno, era um fenômeno alarmante para qualquer pessoa que, como Ödon von Horváth, tivesse sido criada num universo conciliador, moderado e sensato. E a denúncia de tal avanço era vista por ele sobretudo como um dever.

Grupo de garotos integrantes da Juventude Hitlerista Foto: National Holocaust Centre and Museum

Ele compreendeu que a adesão de toda uma população relativamente culta e educada a um projeto político nacional que exigia de seus cidadãos a submissão absoluta aos dogmas estabelecidos pelos dirigentes e detentores da violência não era algo fácil de se conseguir. De fato, se o nazismo deu seus primeiros gritos no cenário político alemão em meados da década de 1920, foi preciso muito tempo para que Hitler e seus seguidores tivessem em suas mãos, por assim dizer, a nação alemã, o que só se deu por meio de um trabalho perseverante de propaganda e divulgação ideológica, que se estendeu por anos a fio, e sobretudo por meio da (des)educação e (de)formação de toda uma geração de adolescentes, gradativamente dirigidos, por meio das escolas do Estado e de organizações como a Hitler Jugend e o Bund Deutscher Mädchen, a aceitar os delírios nazistas e neles acreditar.

É o perverso sistema educacional, que propõe a substituição das verdades estabelecidas por outras verdades, que perverte a justiça e os valores éticos em nome da subserviência à autoridade, e que, ao relativizar as certezas e os paradigmas de uma tradição humanista ocidental, tira do indivíduo a capacidade de julgar os próprios atos – e os dos outros –, que Ödon von Horváth retrata em Juventude sem Deus, seu último romance, publicado já no exílio, em 1938 (ele obviamente havia sido proscrito pelo nazismo, como tantos outros literatos politicamente engajados), agora publicado em ótima tradução de Sérgio Telarolli.

Juventude sem Deus

A narrativa tem como protagonista um professor de escola pública na Alemanha hitlerista, que gradativamente vai testemunhando a perda de sua própria autoridade e o avanço do poder de milícias que passam a controlar não só o aparelho educacional do Estado, mas também a própria justiça.

Um crime gravíssimo – um assassinato – é cometido durante um acampamento de escolares, do qual o professor participa. Os jovens são conduzidos por um sargento e o propósito do acampamento é transformar meninos e meninas da burguesia e da pequena burguesia em guerreiros destemidos, quando não diretamente sanguinários, dispostos a cumprir, no contexto de uma estrutura militar, todas as ordens recebidas por seus comandantes, deixando de lado a própria consciência. É a nova educação que criará, em poucos anos, as hordas dispostas a tudo para permanecerem leais a seu Führer.

Outro aspecto fundamental da ascensão do arbítrio e do totalitarismo nazistas é a perversão da justiça e sua submissão aos desmandos de uma autoridade tirânica, desvinculada de quaisquer princípios éticos, cujo único objetivo é a dominação: a segunda parte do romance retrata não só os procedimentos “legais” altamente questionáveis do tribunal de justiça encarregado de averiguar o assassinato ocorrido durante o acampamento de escolares como também a relativização de todas as verdades sem a qual o grosseiro arbítrio dos novos líderes políticos alemães jamais seria possível.

Assim, revela-se a perversidade de um quadro institucional que estabelece a persuasão por meio do exercício da violência e que cria seres humanos dispostos a perpetuá-lo a qualquer custo, sem o qual o expansionismo suicida da Alemanha a partir de 1939 jamais teria sido possível. Com a nova juventude em suas mãos, convenientemente adestrada por mais de uma década de implementação de uma pedagogia perversa, Hitler pode concretizar seu projeto, levando-o, junto com a Alemanha (e a Áustria) às últimas consequências.

Odön von Horvath escreveu 'Juventude Sem Deus', que chega agora ao Brasil, em 1937 Foto: unigesellschaft.de

De origem aristocrática, Ödon von Horváth cedo aprendeu a olhar com desdém para os membros das camadas sociais inferiores, a plebe. E em seu retrato dos novos líderes nazistas e de seus asseclas ele enfatiza que são os egressos de uma classe privada de qualquer tipo de educação que, uma vez dissociados pelo próprio regime de suas crenças religiosas e dos princípios éticos legados pelos seus antepassados, se tornam uma matéria humana facilmente moldável para possibilitar a realização dos objetivos dos novos líderes, eles mesmos, em sua maior parte, igualmente egressos desta camada de ressentidos. A massa ignara, não mais sujeita aos valores cristãos, é capaz de qualquer coisa. Daí o título do livro. Durante sua estadia com os alunos no acampamento, o professor entra em contato com um padre, que aos poucos também se revela um burocrata acomodado às exigências do novo regime.

Os problemas do professor começam quando, no meio de uma aula, ele afirma que os negros são seres humanos como os outros. Tal afirmativa desencadeia entre seus alunos um protesto organizado e uma queixa formal à diretoria da escola. Em consequência, o professor é convocado a prestar esclarecimentos ante as autoridades, e acaba sendo privado de seu emprego.

Por detrás do tom autoirônico da narrativa em primeira pessoa, típico de quem já não se identifica com o ambiente em que vive e que dele se distancia por meio da escrita, esconde-se, certamente, o desespero de um autor que, perseguido pelo regime nazista e proibido de publicar suas obras na Alemanha, foi obrigado a buscar refúgio em Viena, em Praga e, finalmente, em Paris.

No romance, o protagonista deixa o mundo em que vive, e ao qual, com o passar do tempo, se tornou estranho: tendo perdido seu emprego na escola, dirige-se à África, onde lecionará numa escola colonial. Em Paris, Ödon von Horváth foi fatalmente atingido por um galho de árvore, que despencou sobre sua cabeça numa noite de tempestade e o fulminou aos 36 anos de idade, em 1938. Se isto não tivesse acontecido, talvez ele não teria sido poupado quando da ocupação nazista da França, poucos anos depois.

Num mundo dominado pela blasfêmia, a morte prematura, quando não o exílio, podem ser as melhores – ou as únicas – saídas.

Capa do livro 'Juventude sem Deus', de Ödön von Horváth, que está sendo lançado pela Todavia. O livro é de 1938 Foto: Reprodução/Editora Todavia

Juventude Sem Deus

  • Autor: Ödon von Horváth
  • Tradução: Sergio Tellaroli
  • Editora: Todavia (176 págs.; R$ 74,90; R$ 39,90 o e-book)

Ödon von Horváth (1901-1938) nasceu em Fiume (hoje Rijeka, Croácia), quando a cidade fazia parte do Império Austro-húngaro. Isto explica a peculiar constelação entre o nome húngaro de um escritor de língua alemã nascido numa cidade italiana nos Bálcãs. De uma família de diplomatas e militares de origem húngara, muito bem situada no quadro institucional desta que foi a maior monarquia europeia do século XIX, ele nasceu com tudo para se tornar um ramo a mais numa árvore bem enraizada no centro da Europa. Foi educado em excelentes colégios, em Viena e Budapeste. Aos 17 anos, porém, viu o mundo sólido em que nascera desabar para sempre.

Passou, então, como tantos outros literatos de sua geração, a testemunhar a avassaladora crise política e cultural em que mergulhou a Europa de língua alemã no período entreguerras e, com ela, a ascensão do nazismo. Lançou-se, então, a uma bem-sucedida carreira como dramaturgo e romancista de língua alemã, que se via no dever de registrar, sob diferentes pontos de vista, a desorientação política, filosófica e ética que se instaurou no mundo em que nasceu, testemunhando a dissolução de uma cultura nacional humanística, construída sobre bases cristãs-judaicas, e o avanço de uma cultura que via na ressurreição dos velhos mitos do paganismo germânico, com seu culto à violência, a nova ideia de virtude.

Sua família instalou-se em Munique ao final da guerra: já não havia mais lugar para eles na pequena, pobre e arruinada Áustria pós-1918. Berlim era, então, um polo que atraía literatos de língua alemã de todas as origens, e também o centro de uma nova estética literária, a Neue Sachlichkeit ou Nova Objetividade, em que o viés político ocupava o lugar central da escrita, desalojando a importância da subjetividade, da introspecção, da busca pelo fugidio sublime, que eram o fulcro da atividade literária de língua alemã na passagem do século 19 para o século 20.

A temática política evidentemente ganhara uma urgência sem precedentes ante o embate entre forças progressistas, empenhadas num projeto de reforma social democrático, e o proto-totalistarismo que seduzia as massas empobrecidas e desamparadas com a retórica da grandeza germânica, cujo capital eleitoral se nutria dos ressentimentos causados pela derrota devastadora imposta à Alemanha e à Áustria durante a Primeira Guerra Mundial.

Assim, se até pouco antes de 1918 os grandes literatos de língua alemã tendiam a considerar a política como uma atividade própria para os políticos, cabendo-lhes ocupar-se com questões que se encontravam num patamar diferente da escala espiritual, o caos que se instaurou a partir de 1918 provocou uma mudança radical de atitude. Bertolt Brecht e Joseph Roth; Alfred Döblin e mesmo o altivo Thomas Mann viram-se confrontados com a grande urgência das questões políticas de seu tempo e passaram a engajar-se, cada qual à sua maneira, neste jogo que, até recentemente, era visto como indigno das mãos e das mentes dos verdadeiros escritores.

O nacionalismo obtuso, a glorificação da violência, o racismo, o autoritarismo e o arbítrio do nazismo, que seduzia parcelas cada vez maiores da população alemã, seja pela via do conformismo, seja pela via do entusiasmo genuíno, era um fenômeno alarmante para qualquer pessoa que, como Ödon von Horváth, tivesse sido criada num universo conciliador, moderado e sensato. E a denúncia de tal avanço era vista por ele sobretudo como um dever.

Grupo de garotos integrantes da Juventude Hitlerista Foto: National Holocaust Centre and Museum

Ele compreendeu que a adesão de toda uma população relativamente culta e educada a um projeto político nacional que exigia de seus cidadãos a submissão absoluta aos dogmas estabelecidos pelos dirigentes e detentores da violência não era algo fácil de se conseguir. De fato, se o nazismo deu seus primeiros gritos no cenário político alemão em meados da década de 1920, foi preciso muito tempo para que Hitler e seus seguidores tivessem em suas mãos, por assim dizer, a nação alemã, o que só se deu por meio de um trabalho perseverante de propaganda e divulgação ideológica, que se estendeu por anos a fio, e sobretudo por meio da (des)educação e (de)formação de toda uma geração de adolescentes, gradativamente dirigidos, por meio das escolas do Estado e de organizações como a Hitler Jugend e o Bund Deutscher Mädchen, a aceitar os delírios nazistas e neles acreditar.

É o perverso sistema educacional, que propõe a substituição das verdades estabelecidas por outras verdades, que perverte a justiça e os valores éticos em nome da subserviência à autoridade, e que, ao relativizar as certezas e os paradigmas de uma tradição humanista ocidental, tira do indivíduo a capacidade de julgar os próprios atos – e os dos outros –, que Ödon von Horváth retrata em Juventude sem Deus, seu último romance, publicado já no exílio, em 1938 (ele obviamente havia sido proscrito pelo nazismo, como tantos outros literatos politicamente engajados), agora publicado em ótima tradução de Sérgio Telarolli.

Juventude sem Deus

A narrativa tem como protagonista um professor de escola pública na Alemanha hitlerista, que gradativamente vai testemunhando a perda de sua própria autoridade e o avanço do poder de milícias que passam a controlar não só o aparelho educacional do Estado, mas também a própria justiça.

Um crime gravíssimo – um assassinato – é cometido durante um acampamento de escolares, do qual o professor participa. Os jovens são conduzidos por um sargento e o propósito do acampamento é transformar meninos e meninas da burguesia e da pequena burguesia em guerreiros destemidos, quando não diretamente sanguinários, dispostos a cumprir, no contexto de uma estrutura militar, todas as ordens recebidas por seus comandantes, deixando de lado a própria consciência. É a nova educação que criará, em poucos anos, as hordas dispostas a tudo para permanecerem leais a seu Führer.

Outro aspecto fundamental da ascensão do arbítrio e do totalitarismo nazistas é a perversão da justiça e sua submissão aos desmandos de uma autoridade tirânica, desvinculada de quaisquer princípios éticos, cujo único objetivo é a dominação: a segunda parte do romance retrata não só os procedimentos “legais” altamente questionáveis do tribunal de justiça encarregado de averiguar o assassinato ocorrido durante o acampamento de escolares como também a relativização de todas as verdades sem a qual o grosseiro arbítrio dos novos líderes políticos alemães jamais seria possível.

Assim, revela-se a perversidade de um quadro institucional que estabelece a persuasão por meio do exercício da violência e que cria seres humanos dispostos a perpetuá-lo a qualquer custo, sem o qual o expansionismo suicida da Alemanha a partir de 1939 jamais teria sido possível. Com a nova juventude em suas mãos, convenientemente adestrada por mais de uma década de implementação de uma pedagogia perversa, Hitler pode concretizar seu projeto, levando-o, junto com a Alemanha (e a Áustria) às últimas consequências.

Odön von Horvath escreveu 'Juventude Sem Deus', que chega agora ao Brasil, em 1937 Foto: unigesellschaft.de

De origem aristocrática, Ödon von Horváth cedo aprendeu a olhar com desdém para os membros das camadas sociais inferiores, a plebe. E em seu retrato dos novos líderes nazistas e de seus asseclas ele enfatiza que são os egressos de uma classe privada de qualquer tipo de educação que, uma vez dissociados pelo próprio regime de suas crenças religiosas e dos princípios éticos legados pelos seus antepassados, se tornam uma matéria humana facilmente moldável para possibilitar a realização dos objetivos dos novos líderes, eles mesmos, em sua maior parte, igualmente egressos desta camada de ressentidos. A massa ignara, não mais sujeita aos valores cristãos, é capaz de qualquer coisa. Daí o título do livro. Durante sua estadia com os alunos no acampamento, o professor entra em contato com um padre, que aos poucos também se revela um burocrata acomodado às exigências do novo regime.

Os problemas do professor começam quando, no meio de uma aula, ele afirma que os negros são seres humanos como os outros. Tal afirmativa desencadeia entre seus alunos um protesto organizado e uma queixa formal à diretoria da escola. Em consequência, o professor é convocado a prestar esclarecimentos ante as autoridades, e acaba sendo privado de seu emprego.

Por detrás do tom autoirônico da narrativa em primeira pessoa, típico de quem já não se identifica com o ambiente em que vive e que dele se distancia por meio da escrita, esconde-se, certamente, o desespero de um autor que, perseguido pelo regime nazista e proibido de publicar suas obras na Alemanha, foi obrigado a buscar refúgio em Viena, em Praga e, finalmente, em Paris.

No romance, o protagonista deixa o mundo em que vive, e ao qual, com o passar do tempo, se tornou estranho: tendo perdido seu emprego na escola, dirige-se à África, onde lecionará numa escola colonial. Em Paris, Ödon von Horváth foi fatalmente atingido por um galho de árvore, que despencou sobre sua cabeça numa noite de tempestade e o fulminou aos 36 anos de idade, em 1938. Se isto não tivesse acontecido, talvez ele não teria sido poupado quando da ocupação nazista da França, poucos anos depois.

Num mundo dominado pela blasfêmia, a morte prematura, quando não o exílio, podem ser as melhores – ou as únicas – saídas.

Capa do livro 'Juventude sem Deus', de Ödön von Horváth, que está sendo lançado pela Todavia. O livro é de 1938 Foto: Reprodução/Editora Todavia

Juventude Sem Deus

  • Autor: Ödon von Horváth
  • Tradução: Sergio Tellaroli
  • Editora: Todavia (176 págs.; R$ 74,90; R$ 39,90 o e-book)
Análise por Luis S. Krausz

Professor de Literatura Hebraica e Judaica da USP e escritor

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