Livro de Thomas Hager discorre sobre as dez drogas que mudaram o curso da medicina


O jornalista americano emplacou na lista de mais vendidos dos EUA um estudo aprofundado sobre o tema

Por Guilherme Sobota

Ainda num cenário pré-pandemia do coronavírus, o jornalista americano Thomas Hager emplacou na lista de mais vendidos nos Estados Unidos um estudo jornalístico aprofundado sobre dez drogas que mudaram os rumos da humanidade, tentando se desviar dos clichês, mas atento às grandes tendências. Dez Drogas – As Plantas, os Pós e os Comprimidos que Mudaram a História da Medicina, publicado no Brasil pela editora Todavia, traça “perfis biográficos” de dez substâncias diferentes, com destaque para o ópio e seus derivados (os opiáceos) e para as drogas sintéticas criadas para resolver o vício nos opiáceos, com um poder viciante ainda maior: os opioides.

O livro nasceu da constatação de que os Estados Unidos abrigam 5% da população mundial, mas são responsáveis por cerca de 50% do faturamento da indústria farmacêutica. “Talvez devêssemos renomear nossa espécie como Homo pharmacum, a espécie que fabrica e toma drogas. Somos o Povo do Comprimido”, escreve Hager. O livro, então, pretende mostrar como a humanidade chegou a esse ponto.

De linguagem acessível, a obra não é destinada a cientistas, mas sim ao público em geral, que tem interesse no assunto. “Se há uma lição importante que espero deixar para você, é esta: nenhuma droga é boa, nenhuma droga é má. Todas são ambas as coisas”, explica o autor, no prefácio.

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'Nenhuma droga é boa, nenhuma droga é má', diz Hager. Foto: Philippe Vermes

Hager deixa de lado algumas “estrelas” da farmácia, como a aspirina e a penicilina, em favor de histórias interessantes sobre, por exemplo, a CPZ, o primeiro antipsicótico que, como o autor demonstra, esvaziou hospícios na América e na Europa.

É particularmente interessante o capítulo sobre vacinas, como a descoberta e divulgada cientificamente como preventiva contra a varíola, doença que chegou a matar uma em cada quatro pessoas que infectava no início do século 18, sendo inclusive responsável por boa parte dos genocídios de nativos nas Américas.

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No livro, ele faz um perfil de Lady Mary Montagu, inglesa que viajou com o marido embaixador para Constantinopla (atual Istambul), no século 18. Lá, aprendeu com suas novas amigas otomanas uma técnica chamada de “enxerto”: elas aplicavam uma variante fraca da doença na pele de crianças, que contraíam uma varíola mais leve, se recuperavam e estavam assim protegidas para sempre.

Com coragem e se aproveitando de suas ligações na nobreza, Lady Mary conseguiu aplicar a “vacina” no próprio filho e em seguida abriu caminho para a difusão da técnica no ocidente.

Mas o assunto principal de Dez Drogas acaba sendo, mesmo, os opioides em todas as suas formas, “desde a colheita pré-histórica da seiva da papoula até os atuais produtos sintéticos, mortiferamente poderosos”.

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Sobre o livro e sobre a atual pandemia, Hager, professor de jornalismo e autor de livros sobre a história da medicina e da ciência, respondeu a algumas questões do Estado.

Numa crise como a que estamos enfrentando, por conta do coronavírus, como você descreve o papel das drogas? Drogas de duas categorias serão importantes na luta contra a covid-19. As primeiras são antivirais, remédios para ajudar a tratar a doença depois que ela começou, e aqui as opções atuais não são muitos boas. Com todo o dinheiro agora redirecionado para a pesquisa de antivirais contra a covid-19, podemos ver algo novo e útil. Mas, até lá, estamos presos às substâncias já existentes, como a cloroquina antimalárica e seus derivados, que não têm eficácia comprovada, ou antivirais feitos para outros tipos de infecções. Essa é uma área de pesquisa muito difícil, e espero que o interesse em uma “cura” para a covid-19 torne possível alguns avanços importantes, mas não há garantia de nenhuma descoberta. A segunda categoria são as vacinas, que previnem as pessoas de pegar a doença. Mais de 50 grupos ao redor do mundo estão correndo para desenvolver uma vacina efetiva, e é muito provável que vejamos uma no próximo ano ou no seguinte. Quando isso acontecer, espero, a covid-19 se tornará uma relíquia do passado, assim como foi com a varíola.

Baseando-se em sua pesquisa, quais outras epidemias você diria que se aproximam da atual, em termos de impactos nas vidas das pessoas? Em termos de doenças infecciosas (não é como falar de uma “epidemia” de obesidade, câncer ou diabetes), a malária ainda é muito espalhada, a gripe comum ainda é muito mortal, assim como diversos tipos de pneumonia, e a tuberculose é sempre perigosa. A resistência aos antibióticos é um problema iminente para doenças bacterianas; como falado, ainda precisamos de antivirais efetivos; e doenças parasitárias, como a malária, ainda são muito difundidas. E há sempre uma chance de algo novo aparecer, como aconteceu com a covid-19. As únicas respostas para esses problemas são programas de saúde pública e pesquisa científica contínuos, bem financiados e bem dirigidos.

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Na sua opinião, qual é o maior culpado sobre a atual crise de opioides nos EUA: a ciência, o dinheiro ou a política? Não é um ou outro, mas são todos. O clima político nos Estados Unidos, com seu foco em criminalizar drogas (em vez de tratá-las como um problema médico), criou uma atmosfera em que drogas viciantes, como os opioides, encontrem seus usuários de maneira ilegal, pelo mercado negro, o que faz mais difícil encontrar e tratar a dependência química de maneira efetiva. Criminosos fazem muito dinheiro com esse comércio. E alguns fabricantes de drogas, ao influenciar a venda ampla para seus produtos, incluindo analgésicos altamente viciante, podem ajudar a criar um mercado maior para o vício. A comunidade médica também pode afetar isso, receitando opioides para o controle da dor de maneira mais ou menos ampla.

Você vê a epidemia de opioides crescendo em escala internacional? Ela pode ser “exportada” dos Estados Unidos para outros países? Os Estados Unidos são os maiores usuários de opioides do mundo, de longe, mas muitas outras nações também têm problemas com essas drogas. Para isso se tornar uma “epidemia” nesses países está nas mãos dos seus médicos, farmacêuticos, líderes políticos e organizações criminosas.

Você diz no livro que “mal começamos a longa jornada para entender a consciência”. Isso se dá por falta de tecnologia? Como você vê o campo médico evoluindo nesse sentido? O ser humano ainda não tem uma compreensão de como definir “consciência”, muito menos de como ela opera, em termos científicos. É uma interessante área de pesquisa, que abarca biologia, neurologia, filosofia, linguística, bioquímica, biofísica, farmacologia, um número extenso de áreas. O problema é parcialmente tecnológico – precisamos de melhores ferramentas para estudar de maneira mais efetiva como o cérebro cria consciência em nível molecular –, mas parcialmente enraizado numa falta de comunicação e cooperação entre as várias disciplinas científicas que mencionei.

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A pesquisa com cannabis poderia ser útil para combater o uso desenfreado de opioides? Há um debate sobre isso entre pesquisadores. Um número considerável de ativistas da cannabis sente que ela poderia ser útil, mas as evidências são frágeis.

No capítulo do livro sobre vacinas, você diz que os esforços de Lady Montagu foram ignorados na época, assim como o esforço de muitas outras mulheres na ciência. No livro, você escolheu falar sobre ela, e não tanto sobre as senhoras turcas que, pelo que parece, realmente inventaram as vacinas.  As senhoras turcas pegaram de xamãs e curandeiros da África e da Ásia; várias abordagens vinham sendo experimentadas por séculos. Mas o meu livro foca em esforços científicos, e a verdadeira ciência médica como a conhecemos hoje não começou até o tempo de Lady Montagu.

Ainda num cenário pré-pandemia do coronavírus, o jornalista americano Thomas Hager emplacou na lista de mais vendidos nos Estados Unidos um estudo jornalístico aprofundado sobre dez drogas que mudaram os rumos da humanidade, tentando se desviar dos clichês, mas atento às grandes tendências. Dez Drogas – As Plantas, os Pós e os Comprimidos que Mudaram a História da Medicina, publicado no Brasil pela editora Todavia, traça “perfis biográficos” de dez substâncias diferentes, com destaque para o ópio e seus derivados (os opiáceos) e para as drogas sintéticas criadas para resolver o vício nos opiáceos, com um poder viciante ainda maior: os opioides.

O livro nasceu da constatação de que os Estados Unidos abrigam 5% da população mundial, mas são responsáveis por cerca de 50% do faturamento da indústria farmacêutica. “Talvez devêssemos renomear nossa espécie como Homo pharmacum, a espécie que fabrica e toma drogas. Somos o Povo do Comprimido”, escreve Hager. O livro, então, pretende mostrar como a humanidade chegou a esse ponto.

De linguagem acessível, a obra não é destinada a cientistas, mas sim ao público em geral, que tem interesse no assunto. “Se há uma lição importante que espero deixar para você, é esta: nenhuma droga é boa, nenhuma droga é má. Todas são ambas as coisas”, explica o autor, no prefácio.

'Nenhuma droga é boa, nenhuma droga é má', diz Hager. Foto: Philippe Vermes

Hager deixa de lado algumas “estrelas” da farmácia, como a aspirina e a penicilina, em favor de histórias interessantes sobre, por exemplo, a CPZ, o primeiro antipsicótico que, como o autor demonstra, esvaziou hospícios na América e na Europa.

É particularmente interessante o capítulo sobre vacinas, como a descoberta e divulgada cientificamente como preventiva contra a varíola, doença que chegou a matar uma em cada quatro pessoas que infectava no início do século 18, sendo inclusive responsável por boa parte dos genocídios de nativos nas Américas.

No livro, ele faz um perfil de Lady Mary Montagu, inglesa que viajou com o marido embaixador para Constantinopla (atual Istambul), no século 18. Lá, aprendeu com suas novas amigas otomanas uma técnica chamada de “enxerto”: elas aplicavam uma variante fraca da doença na pele de crianças, que contraíam uma varíola mais leve, se recuperavam e estavam assim protegidas para sempre.

Com coragem e se aproveitando de suas ligações na nobreza, Lady Mary conseguiu aplicar a “vacina” no próprio filho e em seguida abriu caminho para a difusão da técnica no ocidente.

Mas o assunto principal de Dez Drogas acaba sendo, mesmo, os opioides em todas as suas formas, “desde a colheita pré-histórica da seiva da papoula até os atuais produtos sintéticos, mortiferamente poderosos”.

Sobre o livro e sobre a atual pandemia, Hager, professor de jornalismo e autor de livros sobre a história da medicina e da ciência, respondeu a algumas questões do Estado.

Numa crise como a que estamos enfrentando, por conta do coronavírus, como você descreve o papel das drogas? Drogas de duas categorias serão importantes na luta contra a covid-19. As primeiras são antivirais, remédios para ajudar a tratar a doença depois que ela começou, e aqui as opções atuais não são muitos boas. Com todo o dinheiro agora redirecionado para a pesquisa de antivirais contra a covid-19, podemos ver algo novo e útil. Mas, até lá, estamos presos às substâncias já existentes, como a cloroquina antimalárica e seus derivados, que não têm eficácia comprovada, ou antivirais feitos para outros tipos de infecções. Essa é uma área de pesquisa muito difícil, e espero que o interesse em uma “cura” para a covid-19 torne possível alguns avanços importantes, mas não há garantia de nenhuma descoberta. A segunda categoria são as vacinas, que previnem as pessoas de pegar a doença. Mais de 50 grupos ao redor do mundo estão correndo para desenvolver uma vacina efetiva, e é muito provável que vejamos uma no próximo ano ou no seguinte. Quando isso acontecer, espero, a covid-19 se tornará uma relíquia do passado, assim como foi com a varíola.

Baseando-se em sua pesquisa, quais outras epidemias você diria que se aproximam da atual, em termos de impactos nas vidas das pessoas? Em termos de doenças infecciosas (não é como falar de uma “epidemia” de obesidade, câncer ou diabetes), a malária ainda é muito espalhada, a gripe comum ainda é muito mortal, assim como diversos tipos de pneumonia, e a tuberculose é sempre perigosa. A resistência aos antibióticos é um problema iminente para doenças bacterianas; como falado, ainda precisamos de antivirais efetivos; e doenças parasitárias, como a malária, ainda são muito difundidas. E há sempre uma chance de algo novo aparecer, como aconteceu com a covid-19. As únicas respostas para esses problemas são programas de saúde pública e pesquisa científica contínuos, bem financiados e bem dirigidos.

Na sua opinião, qual é o maior culpado sobre a atual crise de opioides nos EUA: a ciência, o dinheiro ou a política? Não é um ou outro, mas são todos. O clima político nos Estados Unidos, com seu foco em criminalizar drogas (em vez de tratá-las como um problema médico), criou uma atmosfera em que drogas viciantes, como os opioides, encontrem seus usuários de maneira ilegal, pelo mercado negro, o que faz mais difícil encontrar e tratar a dependência química de maneira efetiva. Criminosos fazem muito dinheiro com esse comércio. E alguns fabricantes de drogas, ao influenciar a venda ampla para seus produtos, incluindo analgésicos altamente viciante, podem ajudar a criar um mercado maior para o vício. A comunidade médica também pode afetar isso, receitando opioides para o controle da dor de maneira mais ou menos ampla.

Você vê a epidemia de opioides crescendo em escala internacional? Ela pode ser “exportada” dos Estados Unidos para outros países? Os Estados Unidos são os maiores usuários de opioides do mundo, de longe, mas muitas outras nações também têm problemas com essas drogas. Para isso se tornar uma “epidemia” nesses países está nas mãos dos seus médicos, farmacêuticos, líderes políticos e organizações criminosas.

Você diz no livro que “mal começamos a longa jornada para entender a consciência”. Isso se dá por falta de tecnologia? Como você vê o campo médico evoluindo nesse sentido? O ser humano ainda não tem uma compreensão de como definir “consciência”, muito menos de como ela opera, em termos científicos. É uma interessante área de pesquisa, que abarca biologia, neurologia, filosofia, linguística, bioquímica, biofísica, farmacologia, um número extenso de áreas. O problema é parcialmente tecnológico – precisamos de melhores ferramentas para estudar de maneira mais efetiva como o cérebro cria consciência em nível molecular –, mas parcialmente enraizado numa falta de comunicação e cooperação entre as várias disciplinas científicas que mencionei.

A pesquisa com cannabis poderia ser útil para combater o uso desenfreado de opioides? Há um debate sobre isso entre pesquisadores. Um número considerável de ativistas da cannabis sente que ela poderia ser útil, mas as evidências são frágeis.

No capítulo do livro sobre vacinas, você diz que os esforços de Lady Montagu foram ignorados na época, assim como o esforço de muitas outras mulheres na ciência. No livro, você escolheu falar sobre ela, e não tanto sobre as senhoras turcas que, pelo que parece, realmente inventaram as vacinas.  As senhoras turcas pegaram de xamãs e curandeiros da África e da Ásia; várias abordagens vinham sendo experimentadas por séculos. Mas o meu livro foca em esforços científicos, e a verdadeira ciência médica como a conhecemos hoje não começou até o tempo de Lady Montagu.

Ainda num cenário pré-pandemia do coronavírus, o jornalista americano Thomas Hager emplacou na lista de mais vendidos nos Estados Unidos um estudo jornalístico aprofundado sobre dez drogas que mudaram os rumos da humanidade, tentando se desviar dos clichês, mas atento às grandes tendências. Dez Drogas – As Plantas, os Pós e os Comprimidos que Mudaram a História da Medicina, publicado no Brasil pela editora Todavia, traça “perfis biográficos” de dez substâncias diferentes, com destaque para o ópio e seus derivados (os opiáceos) e para as drogas sintéticas criadas para resolver o vício nos opiáceos, com um poder viciante ainda maior: os opioides.

O livro nasceu da constatação de que os Estados Unidos abrigam 5% da população mundial, mas são responsáveis por cerca de 50% do faturamento da indústria farmacêutica. “Talvez devêssemos renomear nossa espécie como Homo pharmacum, a espécie que fabrica e toma drogas. Somos o Povo do Comprimido”, escreve Hager. O livro, então, pretende mostrar como a humanidade chegou a esse ponto.

De linguagem acessível, a obra não é destinada a cientistas, mas sim ao público em geral, que tem interesse no assunto. “Se há uma lição importante que espero deixar para você, é esta: nenhuma droga é boa, nenhuma droga é má. Todas são ambas as coisas”, explica o autor, no prefácio.

'Nenhuma droga é boa, nenhuma droga é má', diz Hager. Foto: Philippe Vermes

Hager deixa de lado algumas “estrelas” da farmácia, como a aspirina e a penicilina, em favor de histórias interessantes sobre, por exemplo, a CPZ, o primeiro antipsicótico que, como o autor demonstra, esvaziou hospícios na América e na Europa.

É particularmente interessante o capítulo sobre vacinas, como a descoberta e divulgada cientificamente como preventiva contra a varíola, doença que chegou a matar uma em cada quatro pessoas que infectava no início do século 18, sendo inclusive responsável por boa parte dos genocídios de nativos nas Américas.

No livro, ele faz um perfil de Lady Mary Montagu, inglesa que viajou com o marido embaixador para Constantinopla (atual Istambul), no século 18. Lá, aprendeu com suas novas amigas otomanas uma técnica chamada de “enxerto”: elas aplicavam uma variante fraca da doença na pele de crianças, que contraíam uma varíola mais leve, se recuperavam e estavam assim protegidas para sempre.

Com coragem e se aproveitando de suas ligações na nobreza, Lady Mary conseguiu aplicar a “vacina” no próprio filho e em seguida abriu caminho para a difusão da técnica no ocidente.

Mas o assunto principal de Dez Drogas acaba sendo, mesmo, os opioides em todas as suas formas, “desde a colheita pré-histórica da seiva da papoula até os atuais produtos sintéticos, mortiferamente poderosos”.

Sobre o livro e sobre a atual pandemia, Hager, professor de jornalismo e autor de livros sobre a história da medicina e da ciência, respondeu a algumas questões do Estado.

Numa crise como a que estamos enfrentando, por conta do coronavírus, como você descreve o papel das drogas? Drogas de duas categorias serão importantes na luta contra a covid-19. As primeiras são antivirais, remédios para ajudar a tratar a doença depois que ela começou, e aqui as opções atuais não são muitos boas. Com todo o dinheiro agora redirecionado para a pesquisa de antivirais contra a covid-19, podemos ver algo novo e útil. Mas, até lá, estamos presos às substâncias já existentes, como a cloroquina antimalárica e seus derivados, que não têm eficácia comprovada, ou antivirais feitos para outros tipos de infecções. Essa é uma área de pesquisa muito difícil, e espero que o interesse em uma “cura” para a covid-19 torne possível alguns avanços importantes, mas não há garantia de nenhuma descoberta. A segunda categoria são as vacinas, que previnem as pessoas de pegar a doença. Mais de 50 grupos ao redor do mundo estão correndo para desenvolver uma vacina efetiva, e é muito provável que vejamos uma no próximo ano ou no seguinte. Quando isso acontecer, espero, a covid-19 se tornará uma relíquia do passado, assim como foi com a varíola.

Baseando-se em sua pesquisa, quais outras epidemias você diria que se aproximam da atual, em termos de impactos nas vidas das pessoas? Em termos de doenças infecciosas (não é como falar de uma “epidemia” de obesidade, câncer ou diabetes), a malária ainda é muito espalhada, a gripe comum ainda é muito mortal, assim como diversos tipos de pneumonia, e a tuberculose é sempre perigosa. A resistência aos antibióticos é um problema iminente para doenças bacterianas; como falado, ainda precisamos de antivirais efetivos; e doenças parasitárias, como a malária, ainda são muito difundidas. E há sempre uma chance de algo novo aparecer, como aconteceu com a covid-19. As únicas respostas para esses problemas são programas de saúde pública e pesquisa científica contínuos, bem financiados e bem dirigidos.

Na sua opinião, qual é o maior culpado sobre a atual crise de opioides nos EUA: a ciência, o dinheiro ou a política? Não é um ou outro, mas são todos. O clima político nos Estados Unidos, com seu foco em criminalizar drogas (em vez de tratá-las como um problema médico), criou uma atmosfera em que drogas viciantes, como os opioides, encontrem seus usuários de maneira ilegal, pelo mercado negro, o que faz mais difícil encontrar e tratar a dependência química de maneira efetiva. Criminosos fazem muito dinheiro com esse comércio. E alguns fabricantes de drogas, ao influenciar a venda ampla para seus produtos, incluindo analgésicos altamente viciante, podem ajudar a criar um mercado maior para o vício. A comunidade médica também pode afetar isso, receitando opioides para o controle da dor de maneira mais ou menos ampla.

Você vê a epidemia de opioides crescendo em escala internacional? Ela pode ser “exportada” dos Estados Unidos para outros países? Os Estados Unidos são os maiores usuários de opioides do mundo, de longe, mas muitas outras nações também têm problemas com essas drogas. Para isso se tornar uma “epidemia” nesses países está nas mãos dos seus médicos, farmacêuticos, líderes políticos e organizações criminosas.

Você diz no livro que “mal começamos a longa jornada para entender a consciência”. Isso se dá por falta de tecnologia? Como você vê o campo médico evoluindo nesse sentido? O ser humano ainda não tem uma compreensão de como definir “consciência”, muito menos de como ela opera, em termos científicos. É uma interessante área de pesquisa, que abarca biologia, neurologia, filosofia, linguística, bioquímica, biofísica, farmacologia, um número extenso de áreas. O problema é parcialmente tecnológico – precisamos de melhores ferramentas para estudar de maneira mais efetiva como o cérebro cria consciência em nível molecular –, mas parcialmente enraizado numa falta de comunicação e cooperação entre as várias disciplinas científicas que mencionei.

A pesquisa com cannabis poderia ser útil para combater o uso desenfreado de opioides? Há um debate sobre isso entre pesquisadores. Um número considerável de ativistas da cannabis sente que ela poderia ser útil, mas as evidências são frágeis.

No capítulo do livro sobre vacinas, você diz que os esforços de Lady Montagu foram ignorados na época, assim como o esforço de muitas outras mulheres na ciência. No livro, você escolheu falar sobre ela, e não tanto sobre as senhoras turcas que, pelo que parece, realmente inventaram as vacinas.  As senhoras turcas pegaram de xamãs e curandeiros da África e da Ásia; várias abordagens vinham sendo experimentadas por séculos. Mas o meu livro foca em esforços científicos, e a verdadeira ciência médica como a conhecemos hoje não começou até o tempo de Lady Montagu.

Ainda num cenário pré-pandemia do coronavírus, o jornalista americano Thomas Hager emplacou na lista de mais vendidos nos Estados Unidos um estudo jornalístico aprofundado sobre dez drogas que mudaram os rumos da humanidade, tentando se desviar dos clichês, mas atento às grandes tendências. Dez Drogas – As Plantas, os Pós e os Comprimidos que Mudaram a História da Medicina, publicado no Brasil pela editora Todavia, traça “perfis biográficos” de dez substâncias diferentes, com destaque para o ópio e seus derivados (os opiáceos) e para as drogas sintéticas criadas para resolver o vício nos opiáceos, com um poder viciante ainda maior: os opioides.

O livro nasceu da constatação de que os Estados Unidos abrigam 5% da população mundial, mas são responsáveis por cerca de 50% do faturamento da indústria farmacêutica. “Talvez devêssemos renomear nossa espécie como Homo pharmacum, a espécie que fabrica e toma drogas. Somos o Povo do Comprimido”, escreve Hager. O livro, então, pretende mostrar como a humanidade chegou a esse ponto.

De linguagem acessível, a obra não é destinada a cientistas, mas sim ao público em geral, que tem interesse no assunto. “Se há uma lição importante que espero deixar para você, é esta: nenhuma droga é boa, nenhuma droga é má. Todas são ambas as coisas”, explica o autor, no prefácio.

'Nenhuma droga é boa, nenhuma droga é má', diz Hager. Foto: Philippe Vermes

Hager deixa de lado algumas “estrelas” da farmácia, como a aspirina e a penicilina, em favor de histórias interessantes sobre, por exemplo, a CPZ, o primeiro antipsicótico que, como o autor demonstra, esvaziou hospícios na América e na Europa.

É particularmente interessante o capítulo sobre vacinas, como a descoberta e divulgada cientificamente como preventiva contra a varíola, doença que chegou a matar uma em cada quatro pessoas que infectava no início do século 18, sendo inclusive responsável por boa parte dos genocídios de nativos nas Américas.

No livro, ele faz um perfil de Lady Mary Montagu, inglesa que viajou com o marido embaixador para Constantinopla (atual Istambul), no século 18. Lá, aprendeu com suas novas amigas otomanas uma técnica chamada de “enxerto”: elas aplicavam uma variante fraca da doença na pele de crianças, que contraíam uma varíola mais leve, se recuperavam e estavam assim protegidas para sempre.

Com coragem e se aproveitando de suas ligações na nobreza, Lady Mary conseguiu aplicar a “vacina” no próprio filho e em seguida abriu caminho para a difusão da técnica no ocidente.

Mas o assunto principal de Dez Drogas acaba sendo, mesmo, os opioides em todas as suas formas, “desde a colheita pré-histórica da seiva da papoula até os atuais produtos sintéticos, mortiferamente poderosos”.

Sobre o livro e sobre a atual pandemia, Hager, professor de jornalismo e autor de livros sobre a história da medicina e da ciência, respondeu a algumas questões do Estado.

Numa crise como a que estamos enfrentando, por conta do coronavírus, como você descreve o papel das drogas? Drogas de duas categorias serão importantes na luta contra a covid-19. As primeiras são antivirais, remédios para ajudar a tratar a doença depois que ela começou, e aqui as opções atuais não são muitos boas. Com todo o dinheiro agora redirecionado para a pesquisa de antivirais contra a covid-19, podemos ver algo novo e útil. Mas, até lá, estamos presos às substâncias já existentes, como a cloroquina antimalárica e seus derivados, que não têm eficácia comprovada, ou antivirais feitos para outros tipos de infecções. Essa é uma área de pesquisa muito difícil, e espero que o interesse em uma “cura” para a covid-19 torne possível alguns avanços importantes, mas não há garantia de nenhuma descoberta. A segunda categoria são as vacinas, que previnem as pessoas de pegar a doença. Mais de 50 grupos ao redor do mundo estão correndo para desenvolver uma vacina efetiva, e é muito provável que vejamos uma no próximo ano ou no seguinte. Quando isso acontecer, espero, a covid-19 se tornará uma relíquia do passado, assim como foi com a varíola.

Baseando-se em sua pesquisa, quais outras epidemias você diria que se aproximam da atual, em termos de impactos nas vidas das pessoas? Em termos de doenças infecciosas (não é como falar de uma “epidemia” de obesidade, câncer ou diabetes), a malária ainda é muito espalhada, a gripe comum ainda é muito mortal, assim como diversos tipos de pneumonia, e a tuberculose é sempre perigosa. A resistência aos antibióticos é um problema iminente para doenças bacterianas; como falado, ainda precisamos de antivirais efetivos; e doenças parasitárias, como a malária, ainda são muito difundidas. E há sempre uma chance de algo novo aparecer, como aconteceu com a covid-19. As únicas respostas para esses problemas são programas de saúde pública e pesquisa científica contínuos, bem financiados e bem dirigidos.

Na sua opinião, qual é o maior culpado sobre a atual crise de opioides nos EUA: a ciência, o dinheiro ou a política? Não é um ou outro, mas são todos. O clima político nos Estados Unidos, com seu foco em criminalizar drogas (em vez de tratá-las como um problema médico), criou uma atmosfera em que drogas viciantes, como os opioides, encontrem seus usuários de maneira ilegal, pelo mercado negro, o que faz mais difícil encontrar e tratar a dependência química de maneira efetiva. Criminosos fazem muito dinheiro com esse comércio. E alguns fabricantes de drogas, ao influenciar a venda ampla para seus produtos, incluindo analgésicos altamente viciante, podem ajudar a criar um mercado maior para o vício. A comunidade médica também pode afetar isso, receitando opioides para o controle da dor de maneira mais ou menos ampla.

Você vê a epidemia de opioides crescendo em escala internacional? Ela pode ser “exportada” dos Estados Unidos para outros países? Os Estados Unidos são os maiores usuários de opioides do mundo, de longe, mas muitas outras nações também têm problemas com essas drogas. Para isso se tornar uma “epidemia” nesses países está nas mãos dos seus médicos, farmacêuticos, líderes políticos e organizações criminosas.

Você diz no livro que “mal começamos a longa jornada para entender a consciência”. Isso se dá por falta de tecnologia? Como você vê o campo médico evoluindo nesse sentido? O ser humano ainda não tem uma compreensão de como definir “consciência”, muito menos de como ela opera, em termos científicos. É uma interessante área de pesquisa, que abarca biologia, neurologia, filosofia, linguística, bioquímica, biofísica, farmacologia, um número extenso de áreas. O problema é parcialmente tecnológico – precisamos de melhores ferramentas para estudar de maneira mais efetiva como o cérebro cria consciência em nível molecular –, mas parcialmente enraizado numa falta de comunicação e cooperação entre as várias disciplinas científicas que mencionei.

A pesquisa com cannabis poderia ser útil para combater o uso desenfreado de opioides? Há um debate sobre isso entre pesquisadores. Um número considerável de ativistas da cannabis sente que ela poderia ser útil, mas as evidências são frágeis.

No capítulo do livro sobre vacinas, você diz que os esforços de Lady Montagu foram ignorados na época, assim como o esforço de muitas outras mulheres na ciência. No livro, você escolheu falar sobre ela, e não tanto sobre as senhoras turcas que, pelo que parece, realmente inventaram as vacinas.  As senhoras turcas pegaram de xamãs e curandeiros da África e da Ásia; várias abordagens vinham sendo experimentadas por séculos. Mas o meu livro foca em esforços científicos, e a verdadeira ciência médica como a conhecemos hoje não começou até o tempo de Lady Montagu.

Ainda num cenário pré-pandemia do coronavírus, o jornalista americano Thomas Hager emplacou na lista de mais vendidos nos Estados Unidos um estudo jornalístico aprofundado sobre dez drogas que mudaram os rumos da humanidade, tentando se desviar dos clichês, mas atento às grandes tendências. Dez Drogas – As Plantas, os Pós e os Comprimidos que Mudaram a História da Medicina, publicado no Brasil pela editora Todavia, traça “perfis biográficos” de dez substâncias diferentes, com destaque para o ópio e seus derivados (os opiáceos) e para as drogas sintéticas criadas para resolver o vício nos opiáceos, com um poder viciante ainda maior: os opioides.

O livro nasceu da constatação de que os Estados Unidos abrigam 5% da população mundial, mas são responsáveis por cerca de 50% do faturamento da indústria farmacêutica. “Talvez devêssemos renomear nossa espécie como Homo pharmacum, a espécie que fabrica e toma drogas. Somos o Povo do Comprimido”, escreve Hager. O livro, então, pretende mostrar como a humanidade chegou a esse ponto.

De linguagem acessível, a obra não é destinada a cientistas, mas sim ao público em geral, que tem interesse no assunto. “Se há uma lição importante que espero deixar para você, é esta: nenhuma droga é boa, nenhuma droga é má. Todas são ambas as coisas”, explica o autor, no prefácio.

'Nenhuma droga é boa, nenhuma droga é má', diz Hager. Foto: Philippe Vermes

Hager deixa de lado algumas “estrelas” da farmácia, como a aspirina e a penicilina, em favor de histórias interessantes sobre, por exemplo, a CPZ, o primeiro antipsicótico que, como o autor demonstra, esvaziou hospícios na América e na Europa.

É particularmente interessante o capítulo sobre vacinas, como a descoberta e divulgada cientificamente como preventiva contra a varíola, doença que chegou a matar uma em cada quatro pessoas que infectava no início do século 18, sendo inclusive responsável por boa parte dos genocídios de nativos nas Américas.

No livro, ele faz um perfil de Lady Mary Montagu, inglesa que viajou com o marido embaixador para Constantinopla (atual Istambul), no século 18. Lá, aprendeu com suas novas amigas otomanas uma técnica chamada de “enxerto”: elas aplicavam uma variante fraca da doença na pele de crianças, que contraíam uma varíola mais leve, se recuperavam e estavam assim protegidas para sempre.

Com coragem e se aproveitando de suas ligações na nobreza, Lady Mary conseguiu aplicar a “vacina” no próprio filho e em seguida abriu caminho para a difusão da técnica no ocidente.

Mas o assunto principal de Dez Drogas acaba sendo, mesmo, os opioides em todas as suas formas, “desde a colheita pré-histórica da seiva da papoula até os atuais produtos sintéticos, mortiferamente poderosos”.

Sobre o livro e sobre a atual pandemia, Hager, professor de jornalismo e autor de livros sobre a história da medicina e da ciência, respondeu a algumas questões do Estado.

Numa crise como a que estamos enfrentando, por conta do coronavírus, como você descreve o papel das drogas? Drogas de duas categorias serão importantes na luta contra a covid-19. As primeiras são antivirais, remédios para ajudar a tratar a doença depois que ela começou, e aqui as opções atuais não são muitos boas. Com todo o dinheiro agora redirecionado para a pesquisa de antivirais contra a covid-19, podemos ver algo novo e útil. Mas, até lá, estamos presos às substâncias já existentes, como a cloroquina antimalárica e seus derivados, que não têm eficácia comprovada, ou antivirais feitos para outros tipos de infecções. Essa é uma área de pesquisa muito difícil, e espero que o interesse em uma “cura” para a covid-19 torne possível alguns avanços importantes, mas não há garantia de nenhuma descoberta. A segunda categoria são as vacinas, que previnem as pessoas de pegar a doença. Mais de 50 grupos ao redor do mundo estão correndo para desenvolver uma vacina efetiva, e é muito provável que vejamos uma no próximo ano ou no seguinte. Quando isso acontecer, espero, a covid-19 se tornará uma relíquia do passado, assim como foi com a varíola.

Baseando-se em sua pesquisa, quais outras epidemias você diria que se aproximam da atual, em termos de impactos nas vidas das pessoas? Em termos de doenças infecciosas (não é como falar de uma “epidemia” de obesidade, câncer ou diabetes), a malária ainda é muito espalhada, a gripe comum ainda é muito mortal, assim como diversos tipos de pneumonia, e a tuberculose é sempre perigosa. A resistência aos antibióticos é um problema iminente para doenças bacterianas; como falado, ainda precisamos de antivirais efetivos; e doenças parasitárias, como a malária, ainda são muito difundidas. E há sempre uma chance de algo novo aparecer, como aconteceu com a covid-19. As únicas respostas para esses problemas são programas de saúde pública e pesquisa científica contínuos, bem financiados e bem dirigidos.

Na sua opinião, qual é o maior culpado sobre a atual crise de opioides nos EUA: a ciência, o dinheiro ou a política? Não é um ou outro, mas são todos. O clima político nos Estados Unidos, com seu foco em criminalizar drogas (em vez de tratá-las como um problema médico), criou uma atmosfera em que drogas viciantes, como os opioides, encontrem seus usuários de maneira ilegal, pelo mercado negro, o que faz mais difícil encontrar e tratar a dependência química de maneira efetiva. Criminosos fazem muito dinheiro com esse comércio. E alguns fabricantes de drogas, ao influenciar a venda ampla para seus produtos, incluindo analgésicos altamente viciante, podem ajudar a criar um mercado maior para o vício. A comunidade médica também pode afetar isso, receitando opioides para o controle da dor de maneira mais ou menos ampla.

Você vê a epidemia de opioides crescendo em escala internacional? Ela pode ser “exportada” dos Estados Unidos para outros países? Os Estados Unidos são os maiores usuários de opioides do mundo, de longe, mas muitas outras nações também têm problemas com essas drogas. Para isso se tornar uma “epidemia” nesses países está nas mãos dos seus médicos, farmacêuticos, líderes políticos e organizações criminosas.

Você diz no livro que “mal começamos a longa jornada para entender a consciência”. Isso se dá por falta de tecnologia? Como você vê o campo médico evoluindo nesse sentido? O ser humano ainda não tem uma compreensão de como definir “consciência”, muito menos de como ela opera, em termos científicos. É uma interessante área de pesquisa, que abarca biologia, neurologia, filosofia, linguística, bioquímica, biofísica, farmacologia, um número extenso de áreas. O problema é parcialmente tecnológico – precisamos de melhores ferramentas para estudar de maneira mais efetiva como o cérebro cria consciência em nível molecular –, mas parcialmente enraizado numa falta de comunicação e cooperação entre as várias disciplinas científicas que mencionei.

A pesquisa com cannabis poderia ser útil para combater o uso desenfreado de opioides? Há um debate sobre isso entre pesquisadores. Um número considerável de ativistas da cannabis sente que ela poderia ser útil, mas as evidências são frágeis.

No capítulo do livro sobre vacinas, você diz que os esforços de Lady Montagu foram ignorados na época, assim como o esforço de muitas outras mulheres na ciência. No livro, você escolheu falar sobre ela, e não tanto sobre as senhoras turcas que, pelo que parece, realmente inventaram as vacinas.  As senhoras turcas pegaram de xamãs e curandeiros da África e da Ásia; várias abordagens vinham sendo experimentadas por séculos. Mas o meu livro foca em esforços científicos, e a verdadeira ciência médica como a conhecemos hoje não começou até o tempo de Lady Montagu.

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