Livro físico, e-book ou audiobook? Ciência responde qual é o melhor formato para reter a leitura


Tecnologia mudou o hábito dos leitores e há vantagens e desvantagens em todos os suportes; veja dicas para absorver informações e ler melhor

Por Sabrina Legramandi
Atualização:

A tecnologia mudou a forma de ler. Se antes o leitor tinha apenas o livro em papel, hoje é possível escolher entre a forma tradicional - e, de quebra, poder sentir o cheiro do livro -, se entregar à praticidade dos leitores eletrônicos ou, até mesmo, ouvir histórias narradas.

Na hora da leitura, porém, também é importante saber que o cérebro está compreendendo e absorvendo as informações propriamente. Por isso, ao escolher entre livros físicos, e-books e audiolivros, surge logo a dúvida: retemos o conteúdo da mesma forma, independentemente do suporte?

O Estadão conversou com uma neuropsicóloga e um neurologista para responder essa questão. E também buscamos saber, com leitores, se a prática de ler livros físicos e ouvir audiobooks ao mesmo tempo funciona. Veja o que eles disseram.

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O que é melhor? Livro físico, e-book ou audiobook?

A psicóloga Graça Maria de Oliveira, do Serviço de Psicologia e Neuropsicologia do IPq (Instituto de Psiquiatria) do Hospital das Clínicas, escolhe citar uma frase do neurocientista Iván Izquierdo para responder à questão. “A leitura é o melhor exercício para a memória”, dizia ele.

Segundo Graça, ler – tanto faz como – também auxilia na resolução de problemas. E livros de ficção podem tornar as pessoas mais criativas e com melhor capacidade de expressão própria.

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Por esse motivo, não há consenso: “A escolha entre audiobook, e-book ou livro físico é uma decisão pessoal, e há vantagens e desvantagens em cada modalidade”, diz a psicóloga.

O médico Pedro Melo, neurologista do Hcor, pontua que, observando a evolução humana, em que a comunicação surgiu de maneira oral, o cérebro até poderia absorver melhor audiolivros. Estudos realizados sobre o assunto, porém, provaram que a tradição oral não tem tanta interferência assim.

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“A gente poderia até pensar que, em um audiobook, a compreensão seria melhor, mas não é isso que a gente vê. [...] A compreensão do texto em audiobook e escrito no papel é bem semelhante”, observa Pedro. Há fatores, porém, ele explica, que podem dificultar ou facilitar a leitura em meios digitais e físicos. A principal delas? A distração.

Meios digitais podem ser mais propensos a distrações

Graça de Oliveira cita um estudo, realizado em 2019 pela professora Anne Mangen, da Universidade de Stavanger, na Noruega, que comparou as leituras de um texto longo em e-book e em versões impressas. O resultado mostrou um desempenho semelhante entre os dois tipos, mas participantes que leram em livros físicos se saíram melhor em testes que avaliaram a compreensão da temporalidade da história.

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Conforme a psicóloga, isso tem a ver com a possibilidade de poder tocar no livro e virar as páginas. “Para obter uma representação espacial correta do texto e, portanto, uma organização temporal coerente da história, os leitores podem depender das pistas sensório-motoras proporcionadas pela manipulação física do livro”, observa ela.

Livro físico, e-book ou audiobook: o que é melhor? Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Para Pedro Melo, uma “questão óbvia” ao ler em aparelhos como celulares são as notificações que atrapalham a leitura. Precisar rolar a página também aciona outras páginas do cérebro, que não ficará dedicado apenas à leitura e poderá se distrair mais facilmente.

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O neurologista ainda ressalta que o cérebro “engaja em um modo de leitura superficial” ao ler em aparelhos eletrônicos, já que, neles, estamos acostumados a ler textos curtos em redes sociais ou mensagens de texto. Segundo ele, porém, há técnicas para se concentrar e ler melhor de forma eletrônica. Veja nas dicas de como melhorar o hábito da leitura abaixo.

Não funciona para ninguém ou não funciona para você?

A escritora Paola Aleksandra ficou popular nas redes sociais após dar dicas sobre seus hábitos de leitura. “Leio o que me faz feliz”, frisa ela em sua bio no Instagram. Mais do que trabalhar com livros, ela enxerga neles “algo terapêutico”. “Funciona como uma sensação de que, por mais que eu esteja trabalhando muito, eu estou tirando um tempo para cuidar de mim, que é a leitura”, conta.

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Após o nascimento da filha, pessoas próximas a ela começaram a dar “conselhos” para que ela “esquecesse o tempo de leitura”. Foram os audiobooks, porém, que fizeram com que a escritora conseguisse manter o hábito que tanto ama.

Com a filha no colo durante os momentos de amamentação – ela conta que chegava a amamentar a bebê por 3 horas e meia –, Paola foi desenvolvendo o costume de ouvir livros. “Eu sentia que estava lendo enquanto curtia um tempo com a minha filha. [...] E os livros me ajudaram a lidar com a dor, a dificuldade e a frustração típica da amamentação”, diz.

A escritora sabe que, atualmente, audiolivros são alvos de críticas e questionamentos. Ela, porém, argumenta: na hora de ler, é preciso ter o senso crítico de descobrir o que funciona ou não para você e deixar de concluir que determinado formato não funciona para ninguém.

Como exemplo, Paola cita um evento em que participou no Sesc há alguns anos com alunos com deficiência visual. “Uma das professoras falou sobre a importância dos audiolivros. [...] Produzir um livro em braille é muito caro e, por isso, a gente não tem tantos livros de ficção novos em braille. Tem essa parte gigantesca de acessibilidade que eu só conheci depois de usar. Acho que tudo é novo gera resistência”, comenta.

A produtora de conteúdo avalia que, ao escolher ouvir livros, dá preferência a histórias de não ficção ou romances leves. “O audiolivro é um suporte a mais dentro da leitura. O mais importante é você ter contato com a leitura no seu dia a dia, seja um audiolivro ou seja uma HQ, por exemplo”, afirma.

Ouvir audiobooks e ler livros ao mesmo tempo funciona?

Reter completamente uma leitura é um desafio para o jornalista Leonardo Almeida, de 34 anos. Diagnosticado com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), ele desenvolveu um “método” para absorver melhor textos importantes: ouvir audiobooks e, simultaneamente, ler o mesmo texto em um livro físico.

“Um audiobook, quando ele é bem feito, carrega entonação, interpretação e isso ajuda, dependendo da história”, comenta Leonardo. O jornalista conta ainda que “se desafiou” a ler o clássico Moby Dick, de Herman Melville, na versão original em inglês usando essa estratégia.

“Eu não acho que eu teria conseguido aguentar se eu não tivesse [ouvido] um audiobook que foi bem feito”, comenta. Leonardo relata ter criado o hábito de ler e ouvir ao mesmo tempo há cerca de um ano e que, anteriormente, sentia até certo “preconceito” com relação a audiolivros.

“Mas era devido mais à minha ignorância do que qualquer outra coisa. Eu tinha preconceito porque eu tinha acesso a audiobooks muito ruins, muito mal interpretados e narrados”, conta. Ele prefere o formato para obras de ficção.

“Por ter esse diagnóstico [de TDAH], eu diria que facilita que eu ‘entre’ com mais facilidade na narrativa de leituras tão difíceis, como o Moby Dick original em inglês, e não me perca na dificuldade da própria leitura”, afirma.

Paola nunca experimentou ler e ouvir ao mesmo tempo, mas diz acreditar que o hábito pode gerar uma experiência ”multissensorial”. Ela cita Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos, que já ouviu em audiobook. “Tem uma parte que o personagem canta no livro e a gente escuta aquela música no audiolivro. Eu lembro da sensação de me arrepiar inteira, porque ler a música é completamente diferente do que escutar a música”, relata.

A escritora Paola Aleksandra produz conteúdo com dicas de hábitos de leitura nas redes sociais. Foto: @paola.aleksandra via Instagram

A escritora avalia o hábito como “muito válido” e diz que o recurso poderia fazer com que a sua experiência como leitora “ficasse mil vezes melhor”. “Traz para você uma ambientação de cenário, é como se você tivesse uma experiência em várias dimensões de uma mesma história. Vai faltar só o cheiro”, brinca.

Segundo o neurologista Pedro Melo, combinar a leitura pode ser um bom recurso para quem está tentando aprender um novo idioma. Para avaliar determinado tipo de leitura, ele diz, é preciso levar em consideração, primeiramente, a compreensão do texto lido.

A neuropiscóloga Graça Maria de Oliveira afirma que pessoas diagnosticadas com TDAH já tendem a executar várias tarefas simultaneamente. O comportamento, porém, segundo ela, não é benéfico para o cérebro. “Pode levar à sobrecarga cognitiva e o desempenho tende a oscilar e pode não ser efetivo em nenhuma das tarefas em questão”, pontua.

Como absorver informações e ler melhor?

A digitalização pode até ter ampliado a gama de opções na hora de ler, mas é fato que as redes sociais retiraram o tempo e a concentração necessários para uma boa leitura. Graça Oliveira afirma, porém, que a internet não é, necessariamente, uma vilã.

O que vale, afinal, é administrar o tempo online a favor da leitura.

Reunimos a seguir algumas dicas da neuropsicóloga Graça Oliveira e do neurologista Pedro Melo sobre como melhorar a leitura e o que pode ser feito para absorver melhor as informações de um livro.

  • Use as redes sociais a seu favor. Graça pontua que a internet, realmente, adquiriu uma reputação de “inimiga” da leitura. Mas, com ela, também podemos ampliar o acesso às informações. “As redes sociais podem motivar as pessoas a lerem mais e buscar informações sobre temas em evidência”, diz.
  • Tenha comprometimento. O tempo gasto em redes como o Instagram pode ser um tempo dedicado para a leitura. O que pesa mais, segundo a psicóloga, é o comprometimento que temos com o hábito. “A pessoa deve se lembrar dos benefícios que obterá ao optar pela leitura sempre que sentir a tentação de navegar em suas redes sociais”, alerta.
  • Estabeleça um horário para ler. Graça conta que, na grande maioria das vezes, a “falta de tempo” é uma das desculpas mais comuns para não ler. Alguns minutos de leitura ou mesmo ler apenas um parágrafo por dia podem ser suficientes para adquirir o hábito. Limitar o uso das redes sociais e abusar dos audiobooks, que podem ser ouvidos em diversos momentos, também pode facilitar.
  • Elimine todas as distrações. Absorver melhor as informações de um livro requer concentração. Pedro sugere que, no momento da leitura, o melhor é tentar eliminar ao máximo o que pode causar distração. Se você estiver ouvindo audiobooks no celular, por exemplo, o ideal é silenciar as notificações.
  • Se prepare antes de ler. O neurologista comenta que uma ótima técnica para absorver melhor as informações de ler é se preparar antes da leitura. Ele diz que algumas perguntas podem ajudar, como “quais são os meus objetivos com essa leitura?”, “quais são as perguntas que já tenho antes de ler sobre esse tema?” ou “o que preciso saber ao final da leitura?”.
  • Anote. Outro recurso para quem pretende absorver ao máximo as informações de um livro é fazer anotações durante a leitura. “Uma coisa que ajuda a compreensão do texto é, justamente, reforçar o aprendizado”, afirma Pedro.
  • Faça uma lista de interesses. Para que a leitura seja prazerosa, também é necessário ler conforme o seu interesse. A psicóloga explica que fazer uma lista com assuntos e livros de interesse pode ajudar. “As redes sociais podem ser úteis na seleção desses materiais, assim como a recomendação de familiares, amigos ou colegas”, comenta.
  • Participe de grupos de leitura online. Na hora de reter o que foi lido, os grupos de leitura também podem ser uma ótima estratégia. “É uma excelente forma de promover a interação e o compartilhamento de experiências com pessoas que possuem interesses semelhantes”, diz Graça.

A tecnologia mudou a forma de ler. Se antes o leitor tinha apenas o livro em papel, hoje é possível escolher entre a forma tradicional - e, de quebra, poder sentir o cheiro do livro -, se entregar à praticidade dos leitores eletrônicos ou, até mesmo, ouvir histórias narradas.

Na hora da leitura, porém, também é importante saber que o cérebro está compreendendo e absorvendo as informações propriamente. Por isso, ao escolher entre livros físicos, e-books e audiolivros, surge logo a dúvida: retemos o conteúdo da mesma forma, independentemente do suporte?

O Estadão conversou com uma neuropsicóloga e um neurologista para responder essa questão. E também buscamos saber, com leitores, se a prática de ler livros físicos e ouvir audiobooks ao mesmo tempo funciona. Veja o que eles disseram.

O que é melhor? Livro físico, e-book ou audiobook?

A psicóloga Graça Maria de Oliveira, do Serviço de Psicologia e Neuropsicologia do IPq (Instituto de Psiquiatria) do Hospital das Clínicas, escolhe citar uma frase do neurocientista Iván Izquierdo para responder à questão. “A leitura é o melhor exercício para a memória”, dizia ele.

Segundo Graça, ler – tanto faz como – também auxilia na resolução de problemas. E livros de ficção podem tornar as pessoas mais criativas e com melhor capacidade de expressão própria.

Por esse motivo, não há consenso: “A escolha entre audiobook, e-book ou livro físico é uma decisão pessoal, e há vantagens e desvantagens em cada modalidade”, diz a psicóloga.

O médico Pedro Melo, neurologista do Hcor, pontua que, observando a evolução humana, em que a comunicação surgiu de maneira oral, o cérebro até poderia absorver melhor audiolivros. Estudos realizados sobre o assunto, porém, provaram que a tradição oral não tem tanta interferência assim.

“A gente poderia até pensar que, em um audiobook, a compreensão seria melhor, mas não é isso que a gente vê. [...] A compreensão do texto em audiobook e escrito no papel é bem semelhante”, observa Pedro. Há fatores, porém, ele explica, que podem dificultar ou facilitar a leitura em meios digitais e físicos. A principal delas? A distração.

Meios digitais podem ser mais propensos a distrações

Graça de Oliveira cita um estudo, realizado em 2019 pela professora Anne Mangen, da Universidade de Stavanger, na Noruega, que comparou as leituras de um texto longo em e-book e em versões impressas. O resultado mostrou um desempenho semelhante entre os dois tipos, mas participantes que leram em livros físicos se saíram melhor em testes que avaliaram a compreensão da temporalidade da história.

Conforme a psicóloga, isso tem a ver com a possibilidade de poder tocar no livro e virar as páginas. “Para obter uma representação espacial correta do texto e, portanto, uma organização temporal coerente da história, os leitores podem depender das pistas sensório-motoras proporcionadas pela manipulação física do livro”, observa ela.

Livro físico, e-book ou audiobook: o que é melhor? Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Para Pedro Melo, uma “questão óbvia” ao ler em aparelhos como celulares são as notificações que atrapalham a leitura. Precisar rolar a página também aciona outras páginas do cérebro, que não ficará dedicado apenas à leitura e poderá se distrair mais facilmente.

O neurologista ainda ressalta que o cérebro “engaja em um modo de leitura superficial” ao ler em aparelhos eletrônicos, já que, neles, estamos acostumados a ler textos curtos em redes sociais ou mensagens de texto. Segundo ele, porém, há técnicas para se concentrar e ler melhor de forma eletrônica. Veja nas dicas de como melhorar o hábito da leitura abaixo.

Não funciona para ninguém ou não funciona para você?

A escritora Paola Aleksandra ficou popular nas redes sociais após dar dicas sobre seus hábitos de leitura. “Leio o que me faz feliz”, frisa ela em sua bio no Instagram. Mais do que trabalhar com livros, ela enxerga neles “algo terapêutico”. “Funciona como uma sensação de que, por mais que eu esteja trabalhando muito, eu estou tirando um tempo para cuidar de mim, que é a leitura”, conta.

Após o nascimento da filha, pessoas próximas a ela começaram a dar “conselhos” para que ela “esquecesse o tempo de leitura”. Foram os audiobooks, porém, que fizeram com que a escritora conseguisse manter o hábito que tanto ama.

Com a filha no colo durante os momentos de amamentação – ela conta que chegava a amamentar a bebê por 3 horas e meia –, Paola foi desenvolvendo o costume de ouvir livros. “Eu sentia que estava lendo enquanto curtia um tempo com a minha filha. [...] E os livros me ajudaram a lidar com a dor, a dificuldade e a frustração típica da amamentação”, diz.

A escritora sabe que, atualmente, audiolivros são alvos de críticas e questionamentos. Ela, porém, argumenta: na hora de ler, é preciso ter o senso crítico de descobrir o que funciona ou não para você e deixar de concluir que determinado formato não funciona para ninguém.

Como exemplo, Paola cita um evento em que participou no Sesc há alguns anos com alunos com deficiência visual. “Uma das professoras falou sobre a importância dos audiolivros. [...] Produzir um livro em braille é muito caro e, por isso, a gente não tem tantos livros de ficção novos em braille. Tem essa parte gigantesca de acessibilidade que eu só conheci depois de usar. Acho que tudo é novo gera resistência”, comenta.

A produtora de conteúdo avalia que, ao escolher ouvir livros, dá preferência a histórias de não ficção ou romances leves. “O audiolivro é um suporte a mais dentro da leitura. O mais importante é você ter contato com a leitura no seu dia a dia, seja um audiolivro ou seja uma HQ, por exemplo”, afirma.

Ouvir audiobooks e ler livros ao mesmo tempo funciona?

Reter completamente uma leitura é um desafio para o jornalista Leonardo Almeida, de 34 anos. Diagnosticado com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), ele desenvolveu um “método” para absorver melhor textos importantes: ouvir audiobooks e, simultaneamente, ler o mesmo texto em um livro físico.

“Um audiobook, quando ele é bem feito, carrega entonação, interpretação e isso ajuda, dependendo da história”, comenta Leonardo. O jornalista conta ainda que “se desafiou” a ler o clássico Moby Dick, de Herman Melville, na versão original em inglês usando essa estratégia.

“Eu não acho que eu teria conseguido aguentar se eu não tivesse [ouvido] um audiobook que foi bem feito”, comenta. Leonardo relata ter criado o hábito de ler e ouvir ao mesmo tempo há cerca de um ano e que, anteriormente, sentia até certo “preconceito” com relação a audiolivros.

“Mas era devido mais à minha ignorância do que qualquer outra coisa. Eu tinha preconceito porque eu tinha acesso a audiobooks muito ruins, muito mal interpretados e narrados”, conta. Ele prefere o formato para obras de ficção.

“Por ter esse diagnóstico [de TDAH], eu diria que facilita que eu ‘entre’ com mais facilidade na narrativa de leituras tão difíceis, como o Moby Dick original em inglês, e não me perca na dificuldade da própria leitura”, afirma.

Paola nunca experimentou ler e ouvir ao mesmo tempo, mas diz acreditar que o hábito pode gerar uma experiência ”multissensorial”. Ela cita Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos, que já ouviu em audiobook. “Tem uma parte que o personagem canta no livro e a gente escuta aquela música no audiolivro. Eu lembro da sensação de me arrepiar inteira, porque ler a música é completamente diferente do que escutar a música”, relata.

A escritora Paola Aleksandra produz conteúdo com dicas de hábitos de leitura nas redes sociais. Foto: @paola.aleksandra via Instagram

A escritora avalia o hábito como “muito válido” e diz que o recurso poderia fazer com que a sua experiência como leitora “ficasse mil vezes melhor”. “Traz para você uma ambientação de cenário, é como se você tivesse uma experiência em várias dimensões de uma mesma história. Vai faltar só o cheiro”, brinca.

Segundo o neurologista Pedro Melo, combinar a leitura pode ser um bom recurso para quem está tentando aprender um novo idioma. Para avaliar determinado tipo de leitura, ele diz, é preciso levar em consideração, primeiramente, a compreensão do texto lido.

A neuropiscóloga Graça Maria de Oliveira afirma que pessoas diagnosticadas com TDAH já tendem a executar várias tarefas simultaneamente. O comportamento, porém, segundo ela, não é benéfico para o cérebro. “Pode levar à sobrecarga cognitiva e o desempenho tende a oscilar e pode não ser efetivo em nenhuma das tarefas em questão”, pontua.

Como absorver informações e ler melhor?

A digitalização pode até ter ampliado a gama de opções na hora de ler, mas é fato que as redes sociais retiraram o tempo e a concentração necessários para uma boa leitura. Graça Oliveira afirma, porém, que a internet não é, necessariamente, uma vilã.

O que vale, afinal, é administrar o tempo online a favor da leitura.

Reunimos a seguir algumas dicas da neuropsicóloga Graça Oliveira e do neurologista Pedro Melo sobre como melhorar a leitura e o que pode ser feito para absorver melhor as informações de um livro.

  • Use as redes sociais a seu favor. Graça pontua que a internet, realmente, adquiriu uma reputação de “inimiga” da leitura. Mas, com ela, também podemos ampliar o acesso às informações. “As redes sociais podem motivar as pessoas a lerem mais e buscar informações sobre temas em evidência”, diz.
  • Tenha comprometimento. O tempo gasto em redes como o Instagram pode ser um tempo dedicado para a leitura. O que pesa mais, segundo a psicóloga, é o comprometimento que temos com o hábito. “A pessoa deve se lembrar dos benefícios que obterá ao optar pela leitura sempre que sentir a tentação de navegar em suas redes sociais”, alerta.
  • Estabeleça um horário para ler. Graça conta que, na grande maioria das vezes, a “falta de tempo” é uma das desculpas mais comuns para não ler. Alguns minutos de leitura ou mesmo ler apenas um parágrafo por dia podem ser suficientes para adquirir o hábito. Limitar o uso das redes sociais e abusar dos audiobooks, que podem ser ouvidos em diversos momentos, também pode facilitar.
  • Elimine todas as distrações. Absorver melhor as informações de um livro requer concentração. Pedro sugere que, no momento da leitura, o melhor é tentar eliminar ao máximo o que pode causar distração. Se você estiver ouvindo audiobooks no celular, por exemplo, o ideal é silenciar as notificações.
  • Se prepare antes de ler. O neurologista comenta que uma ótima técnica para absorver melhor as informações de ler é se preparar antes da leitura. Ele diz que algumas perguntas podem ajudar, como “quais são os meus objetivos com essa leitura?”, “quais são as perguntas que já tenho antes de ler sobre esse tema?” ou “o que preciso saber ao final da leitura?”.
  • Anote. Outro recurso para quem pretende absorver ao máximo as informações de um livro é fazer anotações durante a leitura. “Uma coisa que ajuda a compreensão do texto é, justamente, reforçar o aprendizado”, afirma Pedro.
  • Faça uma lista de interesses. Para que a leitura seja prazerosa, também é necessário ler conforme o seu interesse. A psicóloga explica que fazer uma lista com assuntos e livros de interesse pode ajudar. “As redes sociais podem ser úteis na seleção desses materiais, assim como a recomendação de familiares, amigos ou colegas”, comenta.
  • Participe de grupos de leitura online. Na hora de reter o que foi lido, os grupos de leitura também podem ser uma ótima estratégia. “É uma excelente forma de promover a interação e o compartilhamento de experiências com pessoas que possuem interesses semelhantes”, diz Graça.

A tecnologia mudou a forma de ler. Se antes o leitor tinha apenas o livro em papel, hoje é possível escolher entre a forma tradicional - e, de quebra, poder sentir o cheiro do livro -, se entregar à praticidade dos leitores eletrônicos ou, até mesmo, ouvir histórias narradas.

Na hora da leitura, porém, também é importante saber que o cérebro está compreendendo e absorvendo as informações propriamente. Por isso, ao escolher entre livros físicos, e-books e audiolivros, surge logo a dúvida: retemos o conteúdo da mesma forma, independentemente do suporte?

O Estadão conversou com uma neuropsicóloga e um neurologista para responder essa questão. E também buscamos saber, com leitores, se a prática de ler livros físicos e ouvir audiobooks ao mesmo tempo funciona. Veja o que eles disseram.

O que é melhor? Livro físico, e-book ou audiobook?

A psicóloga Graça Maria de Oliveira, do Serviço de Psicologia e Neuropsicologia do IPq (Instituto de Psiquiatria) do Hospital das Clínicas, escolhe citar uma frase do neurocientista Iván Izquierdo para responder à questão. “A leitura é o melhor exercício para a memória”, dizia ele.

Segundo Graça, ler – tanto faz como – também auxilia na resolução de problemas. E livros de ficção podem tornar as pessoas mais criativas e com melhor capacidade de expressão própria.

Por esse motivo, não há consenso: “A escolha entre audiobook, e-book ou livro físico é uma decisão pessoal, e há vantagens e desvantagens em cada modalidade”, diz a psicóloga.

O médico Pedro Melo, neurologista do Hcor, pontua que, observando a evolução humana, em que a comunicação surgiu de maneira oral, o cérebro até poderia absorver melhor audiolivros. Estudos realizados sobre o assunto, porém, provaram que a tradição oral não tem tanta interferência assim.

“A gente poderia até pensar que, em um audiobook, a compreensão seria melhor, mas não é isso que a gente vê. [...] A compreensão do texto em audiobook e escrito no papel é bem semelhante”, observa Pedro. Há fatores, porém, ele explica, que podem dificultar ou facilitar a leitura em meios digitais e físicos. A principal delas? A distração.

Meios digitais podem ser mais propensos a distrações

Graça de Oliveira cita um estudo, realizado em 2019 pela professora Anne Mangen, da Universidade de Stavanger, na Noruega, que comparou as leituras de um texto longo em e-book e em versões impressas. O resultado mostrou um desempenho semelhante entre os dois tipos, mas participantes que leram em livros físicos se saíram melhor em testes que avaliaram a compreensão da temporalidade da história.

Conforme a psicóloga, isso tem a ver com a possibilidade de poder tocar no livro e virar as páginas. “Para obter uma representação espacial correta do texto e, portanto, uma organização temporal coerente da história, os leitores podem depender das pistas sensório-motoras proporcionadas pela manipulação física do livro”, observa ela.

Livro físico, e-book ou audiobook: o que é melhor? Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Para Pedro Melo, uma “questão óbvia” ao ler em aparelhos como celulares são as notificações que atrapalham a leitura. Precisar rolar a página também aciona outras páginas do cérebro, que não ficará dedicado apenas à leitura e poderá se distrair mais facilmente.

O neurologista ainda ressalta que o cérebro “engaja em um modo de leitura superficial” ao ler em aparelhos eletrônicos, já que, neles, estamos acostumados a ler textos curtos em redes sociais ou mensagens de texto. Segundo ele, porém, há técnicas para se concentrar e ler melhor de forma eletrônica. Veja nas dicas de como melhorar o hábito da leitura abaixo.

Não funciona para ninguém ou não funciona para você?

A escritora Paola Aleksandra ficou popular nas redes sociais após dar dicas sobre seus hábitos de leitura. “Leio o que me faz feliz”, frisa ela em sua bio no Instagram. Mais do que trabalhar com livros, ela enxerga neles “algo terapêutico”. “Funciona como uma sensação de que, por mais que eu esteja trabalhando muito, eu estou tirando um tempo para cuidar de mim, que é a leitura”, conta.

Após o nascimento da filha, pessoas próximas a ela começaram a dar “conselhos” para que ela “esquecesse o tempo de leitura”. Foram os audiobooks, porém, que fizeram com que a escritora conseguisse manter o hábito que tanto ama.

Com a filha no colo durante os momentos de amamentação – ela conta que chegava a amamentar a bebê por 3 horas e meia –, Paola foi desenvolvendo o costume de ouvir livros. “Eu sentia que estava lendo enquanto curtia um tempo com a minha filha. [...] E os livros me ajudaram a lidar com a dor, a dificuldade e a frustração típica da amamentação”, diz.

A escritora sabe que, atualmente, audiolivros são alvos de críticas e questionamentos. Ela, porém, argumenta: na hora de ler, é preciso ter o senso crítico de descobrir o que funciona ou não para você e deixar de concluir que determinado formato não funciona para ninguém.

Como exemplo, Paola cita um evento em que participou no Sesc há alguns anos com alunos com deficiência visual. “Uma das professoras falou sobre a importância dos audiolivros. [...] Produzir um livro em braille é muito caro e, por isso, a gente não tem tantos livros de ficção novos em braille. Tem essa parte gigantesca de acessibilidade que eu só conheci depois de usar. Acho que tudo é novo gera resistência”, comenta.

A produtora de conteúdo avalia que, ao escolher ouvir livros, dá preferência a histórias de não ficção ou romances leves. “O audiolivro é um suporte a mais dentro da leitura. O mais importante é você ter contato com a leitura no seu dia a dia, seja um audiolivro ou seja uma HQ, por exemplo”, afirma.

Ouvir audiobooks e ler livros ao mesmo tempo funciona?

Reter completamente uma leitura é um desafio para o jornalista Leonardo Almeida, de 34 anos. Diagnosticado com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), ele desenvolveu um “método” para absorver melhor textos importantes: ouvir audiobooks e, simultaneamente, ler o mesmo texto em um livro físico.

“Um audiobook, quando ele é bem feito, carrega entonação, interpretação e isso ajuda, dependendo da história”, comenta Leonardo. O jornalista conta ainda que “se desafiou” a ler o clássico Moby Dick, de Herman Melville, na versão original em inglês usando essa estratégia.

“Eu não acho que eu teria conseguido aguentar se eu não tivesse [ouvido] um audiobook que foi bem feito”, comenta. Leonardo relata ter criado o hábito de ler e ouvir ao mesmo tempo há cerca de um ano e que, anteriormente, sentia até certo “preconceito” com relação a audiolivros.

“Mas era devido mais à minha ignorância do que qualquer outra coisa. Eu tinha preconceito porque eu tinha acesso a audiobooks muito ruins, muito mal interpretados e narrados”, conta. Ele prefere o formato para obras de ficção.

“Por ter esse diagnóstico [de TDAH], eu diria que facilita que eu ‘entre’ com mais facilidade na narrativa de leituras tão difíceis, como o Moby Dick original em inglês, e não me perca na dificuldade da própria leitura”, afirma.

Paola nunca experimentou ler e ouvir ao mesmo tempo, mas diz acreditar que o hábito pode gerar uma experiência ”multissensorial”. Ela cita Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos, que já ouviu em audiobook. “Tem uma parte que o personagem canta no livro e a gente escuta aquela música no audiolivro. Eu lembro da sensação de me arrepiar inteira, porque ler a música é completamente diferente do que escutar a música”, relata.

A escritora Paola Aleksandra produz conteúdo com dicas de hábitos de leitura nas redes sociais. Foto: @paola.aleksandra via Instagram

A escritora avalia o hábito como “muito válido” e diz que o recurso poderia fazer com que a sua experiência como leitora “ficasse mil vezes melhor”. “Traz para você uma ambientação de cenário, é como se você tivesse uma experiência em várias dimensões de uma mesma história. Vai faltar só o cheiro”, brinca.

Segundo o neurologista Pedro Melo, combinar a leitura pode ser um bom recurso para quem está tentando aprender um novo idioma. Para avaliar determinado tipo de leitura, ele diz, é preciso levar em consideração, primeiramente, a compreensão do texto lido.

A neuropiscóloga Graça Maria de Oliveira afirma que pessoas diagnosticadas com TDAH já tendem a executar várias tarefas simultaneamente. O comportamento, porém, segundo ela, não é benéfico para o cérebro. “Pode levar à sobrecarga cognitiva e o desempenho tende a oscilar e pode não ser efetivo em nenhuma das tarefas em questão”, pontua.

Como absorver informações e ler melhor?

A digitalização pode até ter ampliado a gama de opções na hora de ler, mas é fato que as redes sociais retiraram o tempo e a concentração necessários para uma boa leitura. Graça Oliveira afirma, porém, que a internet não é, necessariamente, uma vilã.

O que vale, afinal, é administrar o tempo online a favor da leitura.

Reunimos a seguir algumas dicas da neuropsicóloga Graça Oliveira e do neurologista Pedro Melo sobre como melhorar a leitura e o que pode ser feito para absorver melhor as informações de um livro.

  • Use as redes sociais a seu favor. Graça pontua que a internet, realmente, adquiriu uma reputação de “inimiga” da leitura. Mas, com ela, também podemos ampliar o acesso às informações. “As redes sociais podem motivar as pessoas a lerem mais e buscar informações sobre temas em evidência”, diz.
  • Tenha comprometimento. O tempo gasto em redes como o Instagram pode ser um tempo dedicado para a leitura. O que pesa mais, segundo a psicóloga, é o comprometimento que temos com o hábito. “A pessoa deve se lembrar dos benefícios que obterá ao optar pela leitura sempre que sentir a tentação de navegar em suas redes sociais”, alerta.
  • Estabeleça um horário para ler. Graça conta que, na grande maioria das vezes, a “falta de tempo” é uma das desculpas mais comuns para não ler. Alguns minutos de leitura ou mesmo ler apenas um parágrafo por dia podem ser suficientes para adquirir o hábito. Limitar o uso das redes sociais e abusar dos audiobooks, que podem ser ouvidos em diversos momentos, também pode facilitar.
  • Elimine todas as distrações. Absorver melhor as informações de um livro requer concentração. Pedro sugere que, no momento da leitura, o melhor é tentar eliminar ao máximo o que pode causar distração. Se você estiver ouvindo audiobooks no celular, por exemplo, o ideal é silenciar as notificações.
  • Se prepare antes de ler. O neurologista comenta que uma ótima técnica para absorver melhor as informações de ler é se preparar antes da leitura. Ele diz que algumas perguntas podem ajudar, como “quais são os meus objetivos com essa leitura?”, “quais são as perguntas que já tenho antes de ler sobre esse tema?” ou “o que preciso saber ao final da leitura?”.
  • Anote. Outro recurso para quem pretende absorver ao máximo as informações de um livro é fazer anotações durante a leitura. “Uma coisa que ajuda a compreensão do texto é, justamente, reforçar o aprendizado”, afirma Pedro.
  • Faça uma lista de interesses. Para que a leitura seja prazerosa, também é necessário ler conforme o seu interesse. A psicóloga explica que fazer uma lista com assuntos e livros de interesse pode ajudar. “As redes sociais podem ser úteis na seleção desses materiais, assim como a recomendação de familiares, amigos ou colegas”, comenta.
  • Participe de grupos de leitura online. Na hora de reter o que foi lido, os grupos de leitura também podem ser uma ótima estratégia. “É uma excelente forma de promover a interação e o compartilhamento de experiências com pessoas que possuem interesses semelhantes”, diz Graça.

A tecnologia mudou a forma de ler. Se antes o leitor tinha apenas o livro em papel, hoje é possível escolher entre a forma tradicional - e, de quebra, poder sentir o cheiro do livro -, se entregar à praticidade dos leitores eletrônicos ou, até mesmo, ouvir histórias narradas.

Na hora da leitura, porém, também é importante saber que o cérebro está compreendendo e absorvendo as informações propriamente. Por isso, ao escolher entre livros físicos, e-books e audiolivros, surge logo a dúvida: retemos o conteúdo da mesma forma, independentemente do suporte?

O Estadão conversou com uma neuropsicóloga e um neurologista para responder essa questão. E também buscamos saber, com leitores, se a prática de ler livros físicos e ouvir audiobooks ao mesmo tempo funciona. Veja o que eles disseram.

O que é melhor? Livro físico, e-book ou audiobook?

A psicóloga Graça Maria de Oliveira, do Serviço de Psicologia e Neuropsicologia do IPq (Instituto de Psiquiatria) do Hospital das Clínicas, escolhe citar uma frase do neurocientista Iván Izquierdo para responder à questão. “A leitura é o melhor exercício para a memória”, dizia ele.

Segundo Graça, ler – tanto faz como – também auxilia na resolução de problemas. E livros de ficção podem tornar as pessoas mais criativas e com melhor capacidade de expressão própria.

Por esse motivo, não há consenso: “A escolha entre audiobook, e-book ou livro físico é uma decisão pessoal, e há vantagens e desvantagens em cada modalidade”, diz a psicóloga.

O médico Pedro Melo, neurologista do Hcor, pontua que, observando a evolução humana, em que a comunicação surgiu de maneira oral, o cérebro até poderia absorver melhor audiolivros. Estudos realizados sobre o assunto, porém, provaram que a tradição oral não tem tanta interferência assim.

“A gente poderia até pensar que, em um audiobook, a compreensão seria melhor, mas não é isso que a gente vê. [...] A compreensão do texto em audiobook e escrito no papel é bem semelhante”, observa Pedro. Há fatores, porém, ele explica, que podem dificultar ou facilitar a leitura em meios digitais e físicos. A principal delas? A distração.

Meios digitais podem ser mais propensos a distrações

Graça de Oliveira cita um estudo, realizado em 2019 pela professora Anne Mangen, da Universidade de Stavanger, na Noruega, que comparou as leituras de um texto longo em e-book e em versões impressas. O resultado mostrou um desempenho semelhante entre os dois tipos, mas participantes que leram em livros físicos se saíram melhor em testes que avaliaram a compreensão da temporalidade da história.

Conforme a psicóloga, isso tem a ver com a possibilidade de poder tocar no livro e virar as páginas. “Para obter uma representação espacial correta do texto e, portanto, uma organização temporal coerente da história, os leitores podem depender das pistas sensório-motoras proporcionadas pela manipulação física do livro”, observa ela.

Livro físico, e-book ou audiobook: o que é melhor? Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Para Pedro Melo, uma “questão óbvia” ao ler em aparelhos como celulares são as notificações que atrapalham a leitura. Precisar rolar a página também aciona outras páginas do cérebro, que não ficará dedicado apenas à leitura e poderá se distrair mais facilmente.

O neurologista ainda ressalta que o cérebro “engaja em um modo de leitura superficial” ao ler em aparelhos eletrônicos, já que, neles, estamos acostumados a ler textos curtos em redes sociais ou mensagens de texto. Segundo ele, porém, há técnicas para se concentrar e ler melhor de forma eletrônica. Veja nas dicas de como melhorar o hábito da leitura abaixo.

Não funciona para ninguém ou não funciona para você?

A escritora Paola Aleksandra ficou popular nas redes sociais após dar dicas sobre seus hábitos de leitura. “Leio o que me faz feliz”, frisa ela em sua bio no Instagram. Mais do que trabalhar com livros, ela enxerga neles “algo terapêutico”. “Funciona como uma sensação de que, por mais que eu esteja trabalhando muito, eu estou tirando um tempo para cuidar de mim, que é a leitura”, conta.

Após o nascimento da filha, pessoas próximas a ela começaram a dar “conselhos” para que ela “esquecesse o tempo de leitura”. Foram os audiobooks, porém, que fizeram com que a escritora conseguisse manter o hábito que tanto ama.

Com a filha no colo durante os momentos de amamentação – ela conta que chegava a amamentar a bebê por 3 horas e meia –, Paola foi desenvolvendo o costume de ouvir livros. “Eu sentia que estava lendo enquanto curtia um tempo com a minha filha. [...] E os livros me ajudaram a lidar com a dor, a dificuldade e a frustração típica da amamentação”, diz.

A escritora sabe que, atualmente, audiolivros são alvos de críticas e questionamentos. Ela, porém, argumenta: na hora de ler, é preciso ter o senso crítico de descobrir o que funciona ou não para você e deixar de concluir que determinado formato não funciona para ninguém.

Como exemplo, Paola cita um evento em que participou no Sesc há alguns anos com alunos com deficiência visual. “Uma das professoras falou sobre a importância dos audiolivros. [...] Produzir um livro em braille é muito caro e, por isso, a gente não tem tantos livros de ficção novos em braille. Tem essa parte gigantesca de acessibilidade que eu só conheci depois de usar. Acho que tudo é novo gera resistência”, comenta.

A produtora de conteúdo avalia que, ao escolher ouvir livros, dá preferência a histórias de não ficção ou romances leves. “O audiolivro é um suporte a mais dentro da leitura. O mais importante é você ter contato com a leitura no seu dia a dia, seja um audiolivro ou seja uma HQ, por exemplo”, afirma.

Ouvir audiobooks e ler livros ao mesmo tempo funciona?

Reter completamente uma leitura é um desafio para o jornalista Leonardo Almeida, de 34 anos. Diagnosticado com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), ele desenvolveu um “método” para absorver melhor textos importantes: ouvir audiobooks e, simultaneamente, ler o mesmo texto em um livro físico.

“Um audiobook, quando ele é bem feito, carrega entonação, interpretação e isso ajuda, dependendo da história”, comenta Leonardo. O jornalista conta ainda que “se desafiou” a ler o clássico Moby Dick, de Herman Melville, na versão original em inglês usando essa estratégia.

“Eu não acho que eu teria conseguido aguentar se eu não tivesse [ouvido] um audiobook que foi bem feito”, comenta. Leonardo relata ter criado o hábito de ler e ouvir ao mesmo tempo há cerca de um ano e que, anteriormente, sentia até certo “preconceito” com relação a audiolivros.

“Mas era devido mais à minha ignorância do que qualquer outra coisa. Eu tinha preconceito porque eu tinha acesso a audiobooks muito ruins, muito mal interpretados e narrados”, conta. Ele prefere o formato para obras de ficção.

“Por ter esse diagnóstico [de TDAH], eu diria que facilita que eu ‘entre’ com mais facilidade na narrativa de leituras tão difíceis, como o Moby Dick original em inglês, e não me perca na dificuldade da própria leitura”, afirma.

Paola nunca experimentou ler e ouvir ao mesmo tempo, mas diz acreditar que o hábito pode gerar uma experiência ”multissensorial”. Ela cita Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos, que já ouviu em audiobook. “Tem uma parte que o personagem canta no livro e a gente escuta aquela música no audiolivro. Eu lembro da sensação de me arrepiar inteira, porque ler a música é completamente diferente do que escutar a música”, relata.

A escritora Paola Aleksandra produz conteúdo com dicas de hábitos de leitura nas redes sociais. Foto: @paola.aleksandra via Instagram

A escritora avalia o hábito como “muito válido” e diz que o recurso poderia fazer com que a sua experiência como leitora “ficasse mil vezes melhor”. “Traz para você uma ambientação de cenário, é como se você tivesse uma experiência em várias dimensões de uma mesma história. Vai faltar só o cheiro”, brinca.

Segundo o neurologista Pedro Melo, combinar a leitura pode ser um bom recurso para quem está tentando aprender um novo idioma. Para avaliar determinado tipo de leitura, ele diz, é preciso levar em consideração, primeiramente, a compreensão do texto lido.

A neuropiscóloga Graça Maria de Oliveira afirma que pessoas diagnosticadas com TDAH já tendem a executar várias tarefas simultaneamente. O comportamento, porém, segundo ela, não é benéfico para o cérebro. “Pode levar à sobrecarga cognitiva e o desempenho tende a oscilar e pode não ser efetivo em nenhuma das tarefas em questão”, pontua.

Como absorver informações e ler melhor?

A digitalização pode até ter ampliado a gama de opções na hora de ler, mas é fato que as redes sociais retiraram o tempo e a concentração necessários para uma boa leitura. Graça Oliveira afirma, porém, que a internet não é, necessariamente, uma vilã.

O que vale, afinal, é administrar o tempo online a favor da leitura.

Reunimos a seguir algumas dicas da neuropsicóloga Graça Oliveira e do neurologista Pedro Melo sobre como melhorar a leitura e o que pode ser feito para absorver melhor as informações de um livro.

  • Use as redes sociais a seu favor. Graça pontua que a internet, realmente, adquiriu uma reputação de “inimiga” da leitura. Mas, com ela, também podemos ampliar o acesso às informações. “As redes sociais podem motivar as pessoas a lerem mais e buscar informações sobre temas em evidência”, diz.
  • Tenha comprometimento. O tempo gasto em redes como o Instagram pode ser um tempo dedicado para a leitura. O que pesa mais, segundo a psicóloga, é o comprometimento que temos com o hábito. “A pessoa deve se lembrar dos benefícios que obterá ao optar pela leitura sempre que sentir a tentação de navegar em suas redes sociais”, alerta.
  • Estabeleça um horário para ler. Graça conta que, na grande maioria das vezes, a “falta de tempo” é uma das desculpas mais comuns para não ler. Alguns minutos de leitura ou mesmo ler apenas um parágrafo por dia podem ser suficientes para adquirir o hábito. Limitar o uso das redes sociais e abusar dos audiobooks, que podem ser ouvidos em diversos momentos, também pode facilitar.
  • Elimine todas as distrações. Absorver melhor as informações de um livro requer concentração. Pedro sugere que, no momento da leitura, o melhor é tentar eliminar ao máximo o que pode causar distração. Se você estiver ouvindo audiobooks no celular, por exemplo, o ideal é silenciar as notificações.
  • Se prepare antes de ler. O neurologista comenta que uma ótima técnica para absorver melhor as informações de ler é se preparar antes da leitura. Ele diz que algumas perguntas podem ajudar, como “quais são os meus objetivos com essa leitura?”, “quais são as perguntas que já tenho antes de ler sobre esse tema?” ou “o que preciso saber ao final da leitura?”.
  • Anote. Outro recurso para quem pretende absorver ao máximo as informações de um livro é fazer anotações durante a leitura. “Uma coisa que ajuda a compreensão do texto é, justamente, reforçar o aprendizado”, afirma Pedro.
  • Faça uma lista de interesses. Para que a leitura seja prazerosa, também é necessário ler conforme o seu interesse. A psicóloga explica que fazer uma lista com assuntos e livros de interesse pode ajudar. “As redes sociais podem ser úteis na seleção desses materiais, assim como a recomendação de familiares, amigos ou colegas”, comenta.
  • Participe de grupos de leitura online. Na hora de reter o que foi lido, os grupos de leitura também podem ser uma ótima estratégia. “É uma excelente forma de promover a interação e o compartilhamento de experiências com pessoas que possuem interesses semelhantes”, diz Graça.

A tecnologia mudou a forma de ler. Se antes o leitor tinha apenas o livro em papel, hoje é possível escolher entre a forma tradicional - e, de quebra, poder sentir o cheiro do livro -, se entregar à praticidade dos leitores eletrônicos ou, até mesmo, ouvir histórias narradas.

Na hora da leitura, porém, também é importante saber que o cérebro está compreendendo e absorvendo as informações propriamente. Por isso, ao escolher entre livros físicos, e-books e audiolivros, surge logo a dúvida: retemos o conteúdo da mesma forma, independentemente do suporte?

O Estadão conversou com uma neuropsicóloga e um neurologista para responder essa questão. E também buscamos saber, com leitores, se a prática de ler livros físicos e ouvir audiobooks ao mesmo tempo funciona. Veja o que eles disseram.

O que é melhor? Livro físico, e-book ou audiobook?

A psicóloga Graça Maria de Oliveira, do Serviço de Psicologia e Neuropsicologia do IPq (Instituto de Psiquiatria) do Hospital das Clínicas, escolhe citar uma frase do neurocientista Iván Izquierdo para responder à questão. “A leitura é o melhor exercício para a memória”, dizia ele.

Segundo Graça, ler – tanto faz como – também auxilia na resolução de problemas. E livros de ficção podem tornar as pessoas mais criativas e com melhor capacidade de expressão própria.

Por esse motivo, não há consenso: “A escolha entre audiobook, e-book ou livro físico é uma decisão pessoal, e há vantagens e desvantagens em cada modalidade”, diz a psicóloga.

O médico Pedro Melo, neurologista do Hcor, pontua que, observando a evolução humana, em que a comunicação surgiu de maneira oral, o cérebro até poderia absorver melhor audiolivros. Estudos realizados sobre o assunto, porém, provaram que a tradição oral não tem tanta interferência assim.

“A gente poderia até pensar que, em um audiobook, a compreensão seria melhor, mas não é isso que a gente vê. [...] A compreensão do texto em audiobook e escrito no papel é bem semelhante”, observa Pedro. Há fatores, porém, ele explica, que podem dificultar ou facilitar a leitura em meios digitais e físicos. A principal delas? A distração.

Meios digitais podem ser mais propensos a distrações

Graça de Oliveira cita um estudo, realizado em 2019 pela professora Anne Mangen, da Universidade de Stavanger, na Noruega, que comparou as leituras de um texto longo em e-book e em versões impressas. O resultado mostrou um desempenho semelhante entre os dois tipos, mas participantes que leram em livros físicos se saíram melhor em testes que avaliaram a compreensão da temporalidade da história.

Conforme a psicóloga, isso tem a ver com a possibilidade de poder tocar no livro e virar as páginas. “Para obter uma representação espacial correta do texto e, portanto, uma organização temporal coerente da história, os leitores podem depender das pistas sensório-motoras proporcionadas pela manipulação física do livro”, observa ela.

Livro físico, e-book ou audiobook: o que é melhor? Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Para Pedro Melo, uma “questão óbvia” ao ler em aparelhos como celulares são as notificações que atrapalham a leitura. Precisar rolar a página também aciona outras páginas do cérebro, que não ficará dedicado apenas à leitura e poderá se distrair mais facilmente.

O neurologista ainda ressalta que o cérebro “engaja em um modo de leitura superficial” ao ler em aparelhos eletrônicos, já que, neles, estamos acostumados a ler textos curtos em redes sociais ou mensagens de texto. Segundo ele, porém, há técnicas para se concentrar e ler melhor de forma eletrônica. Veja nas dicas de como melhorar o hábito da leitura abaixo.

Não funciona para ninguém ou não funciona para você?

A escritora Paola Aleksandra ficou popular nas redes sociais após dar dicas sobre seus hábitos de leitura. “Leio o que me faz feliz”, frisa ela em sua bio no Instagram. Mais do que trabalhar com livros, ela enxerga neles “algo terapêutico”. “Funciona como uma sensação de que, por mais que eu esteja trabalhando muito, eu estou tirando um tempo para cuidar de mim, que é a leitura”, conta.

Após o nascimento da filha, pessoas próximas a ela começaram a dar “conselhos” para que ela “esquecesse o tempo de leitura”. Foram os audiobooks, porém, que fizeram com que a escritora conseguisse manter o hábito que tanto ama.

Com a filha no colo durante os momentos de amamentação – ela conta que chegava a amamentar a bebê por 3 horas e meia –, Paola foi desenvolvendo o costume de ouvir livros. “Eu sentia que estava lendo enquanto curtia um tempo com a minha filha. [...] E os livros me ajudaram a lidar com a dor, a dificuldade e a frustração típica da amamentação”, diz.

A escritora sabe que, atualmente, audiolivros são alvos de críticas e questionamentos. Ela, porém, argumenta: na hora de ler, é preciso ter o senso crítico de descobrir o que funciona ou não para você e deixar de concluir que determinado formato não funciona para ninguém.

Como exemplo, Paola cita um evento em que participou no Sesc há alguns anos com alunos com deficiência visual. “Uma das professoras falou sobre a importância dos audiolivros. [...] Produzir um livro em braille é muito caro e, por isso, a gente não tem tantos livros de ficção novos em braille. Tem essa parte gigantesca de acessibilidade que eu só conheci depois de usar. Acho que tudo é novo gera resistência”, comenta.

A produtora de conteúdo avalia que, ao escolher ouvir livros, dá preferência a histórias de não ficção ou romances leves. “O audiolivro é um suporte a mais dentro da leitura. O mais importante é você ter contato com a leitura no seu dia a dia, seja um audiolivro ou seja uma HQ, por exemplo”, afirma.

Ouvir audiobooks e ler livros ao mesmo tempo funciona?

Reter completamente uma leitura é um desafio para o jornalista Leonardo Almeida, de 34 anos. Diagnosticado com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), ele desenvolveu um “método” para absorver melhor textos importantes: ouvir audiobooks e, simultaneamente, ler o mesmo texto em um livro físico.

“Um audiobook, quando ele é bem feito, carrega entonação, interpretação e isso ajuda, dependendo da história”, comenta Leonardo. O jornalista conta ainda que “se desafiou” a ler o clássico Moby Dick, de Herman Melville, na versão original em inglês usando essa estratégia.

“Eu não acho que eu teria conseguido aguentar se eu não tivesse [ouvido] um audiobook que foi bem feito”, comenta. Leonardo relata ter criado o hábito de ler e ouvir ao mesmo tempo há cerca de um ano e que, anteriormente, sentia até certo “preconceito” com relação a audiolivros.

“Mas era devido mais à minha ignorância do que qualquer outra coisa. Eu tinha preconceito porque eu tinha acesso a audiobooks muito ruins, muito mal interpretados e narrados”, conta. Ele prefere o formato para obras de ficção.

“Por ter esse diagnóstico [de TDAH], eu diria que facilita que eu ‘entre’ com mais facilidade na narrativa de leituras tão difíceis, como o Moby Dick original em inglês, e não me perca na dificuldade da própria leitura”, afirma.

Paola nunca experimentou ler e ouvir ao mesmo tempo, mas diz acreditar que o hábito pode gerar uma experiência ”multissensorial”. Ela cita Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos, que já ouviu em audiobook. “Tem uma parte que o personagem canta no livro e a gente escuta aquela música no audiolivro. Eu lembro da sensação de me arrepiar inteira, porque ler a música é completamente diferente do que escutar a música”, relata.

A escritora Paola Aleksandra produz conteúdo com dicas de hábitos de leitura nas redes sociais. Foto: @paola.aleksandra via Instagram

A escritora avalia o hábito como “muito válido” e diz que o recurso poderia fazer com que a sua experiência como leitora “ficasse mil vezes melhor”. “Traz para você uma ambientação de cenário, é como se você tivesse uma experiência em várias dimensões de uma mesma história. Vai faltar só o cheiro”, brinca.

Segundo o neurologista Pedro Melo, combinar a leitura pode ser um bom recurso para quem está tentando aprender um novo idioma. Para avaliar determinado tipo de leitura, ele diz, é preciso levar em consideração, primeiramente, a compreensão do texto lido.

A neuropiscóloga Graça Maria de Oliveira afirma que pessoas diagnosticadas com TDAH já tendem a executar várias tarefas simultaneamente. O comportamento, porém, segundo ela, não é benéfico para o cérebro. “Pode levar à sobrecarga cognitiva e o desempenho tende a oscilar e pode não ser efetivo em nenhuma das tarefas em questão”, pontua.

Como absorver informações e ler melhor?

A digitalização pode até ter ampliado a gama de opções na hora de ler, mas é fato que as redes sociais retiraram o tempo e a concentração necessários para uma boa leitura. Graça Oliveira afirma, porém, que a internet não é, necessariamente, uma vilã.

O que vale, afinal, é administrar o tempo online a favor da leitura.

Reunimos a seguir algumas dicas da neuropsicóloga Graça Oliveira e do neurologista Pedro Melo sobre como melhorar a leitura e o que pode ser feito para absorver melhor as informações de um livro.

  • Use as redes sociais a seu favor. Graça pontua que a internet, realmente, adquiriu uma reputação de “inimiga” da leitura. Mas, com ela, também podemos ampliar o acesso às informações. “As redes sociais podem motivar as pessoas a lerem mais e buscar informações sobre temas em evidência”, diz.
  • Tenha comprometimento. O tempo gasto em redes como o Instagram pode ser um tempo dedicado para a leitura. O que pesa mais, segundo a psicóloga, é o comprometimento que temos com o hábito. “A pessoa deve se lembrar dos benefícios que obterá ao optar pela leitura sempre que sentir a tentação de navegar em suas redes sociais”, alerta.
  • Estabeleça um horário para ler. Graça conta que, na grande maioria das vezes, a “falta de tempo” é uma das desculpas mais comuns para não ler. Alguns minutos de leitura ou mesmo ler apenas um parágrafo por dia podem ser suficientes para adquirir o hábito. Limitar o uso das redes sociais e abusar dos audiobooks, que podem ser ouvidos em diversos momentos, também pode facilitar.
  • Elimine todas as distrações. Absorver melhor as informações de um livro requer concentração. Pedro sugere que, no momento da leitura, o melhor é tentar eliminar ao máximo o que pode causar distração. Se você estiver ouvindo audiobooks no celular, por exemplo, o ideal é silenciar as notificações.
  • Se prepare antes de ler. O neurologista comenta que uma ótima técnica para absorver melhor as informações de ler é se preparar antes da leitura. Ele diz que algumas perguntas podem ajudar, como “quais são os meus objetivos com essa leitura?”, “quais são as perguntas que já tenho antes de ler sobre esse tema?” ou “o que preciso saber ao final da leitura?”.
  • Anote. Outro recurso para quem pretende absorver ao máximo as informações de um livro é fazer anotações durante a leitura. “Uma coisa que ajuda a compreensão do texto é, justamente, reforçar o aprendizado”, afirma Pedro.
  • Faça uma lista de interesses. Para que a leitura seja prazerosa, também é necessário ler conforme o seu interesse. A psicóloga explica que fazer uma lista com assuntos e livros de interesse pode ajudar. “As redes sociais podem ser úteis na seleção desses materiais, assim como a recomendação de familiares, amigos ou colegas”, comenta.
  • Participe de grupos de leitura online. Na hora de reter o que foi lido, os grupos de leitura também podem ser uma ótima estratégia. “É uma excelente forma de promover a interação e o compartilhamento de experiências com pessoas que possuem interesses semelhantes”, diz Graça.

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