Livro narra a saga de Os Guinles, um clã entre o poder e o luxo


Historiador dedicou 30 anos ao estudo da família

Por Roberta Pennafort

RIO - Nunca existiu um clã brasileiro como os Guinles. O corolário é do biógrafo e historiador Clóvis Bulcão, autor de Os Guinle - A História de Uma Dinastia (Intrínseca), resultado de 30 anos de interesse pela mística da família e cinco de pesquisa. A singularidade se credita não só ao tino para negócios, marcados por audácia e visão de longo prazo, e à aura de sofisticação em torno do sobrenome, dos mais ricos do País na primeira metade do século 20. Mas, principalmente, ao legado deixado ao Rio e ao Brasil.  A atuação dos Guinles foi plural: o porto de Santos, o Hotel Copacabana Palace, a PUC do Rio, o hospital Gaffrée e Guinle, o Palácio Laranjeiras, a Granja Comary. Todos construídos graças ao empreendedorismo, à fortuna e aos estreitos laços com o poder público de Eduardo, Guilherme, Octávio, Arnaldo e Carlos Guinle. Os acervos dos museus Imperial e Histórico Nacional, dois dos mais importantes do País, começaram também por iniciativa deles.

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Segundo o livro, as carreiras de Villa-Lobos, dos Oito Batutas (grupo de Pixinguinha) e da Orquestra Sinfônica Brasileira receberam empurrões, assim como o início da exploração de petróleo na Bahia e a construção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Eles também participaram do projeto que deu origem ao aeroporto de Guarulhos. O arrojo nasceu com o patriarca, o gaúcho Eduardo Palassim Guinle (1846-1912), filho de franceses radicados no Uruguai que se fixou como dono de armarinho no Rio em 1871. Caixeiro-viajante no Sul, aqui se tornou sócio do comerciante Cândido Gaffrée, também gaúcho, e logo prosperou. Ao longo do século 20, os Guinles se dedicariam aos ramos imobiliário, financeiro (Banco Boavista) e elétrico, com a Guinle & Cia, que eletrificou o Elevador Lacerda (em Salvador). Eduardo, o primogênito perdulário, ganhou fama por ser o primeiro a circular no jet set internacional, sem dispensar os mais caros quartos de hotel da Europa, jantares nos melhores restaurantes e pedras preciosas das mais destacadas joalherias compradas para namoradas.  Solteirão, considerado “o último gentleman”, o irmão Guilherme era o oposto: austero e de caráter reto, focou no trabalho. Presidiu a Cia. Docas de Santos, fundou o hospital Gaffrée e Guinle (Rio) e patrocinou pesquisas de prospecção de petróleo a despeito do descrédito do presidente Getúlio Vargas. Arnaldo e Octávio trabalharam pela profissionalização do esporte, pela cultura e pela organização do carnaval carioca. O primeiro construiu a sede das Laranjeiras (zona sul do Rio) do Fluminense Football Club. O segundo, o Copacabana Palace. Carlos era entusiasta de corridas automobilísticas, abriu estradas e patrocinou Heitor Villa-Lobos em Paris. Apesar de tudo o que deixaram, no século 21 os Guinles são lembrados pelo playboy Jorginho Guinle (filho de Carlos), que morreu em 2004 sem ter onde morar, por ter torrado a fortuna com estrelas de Hollywood (gabava-se de ter tido relações amorosas com Marilyn Monroe e Rita Hayworth, entre muitas outras), festas luxuosas e viagens. Um de seus filhos é o pintor Jorge Eduardo Guinle Filho, morto em decorrência da aids, em 1987, uma referência para a chamada Geração 80. A decadência do clã teve início com a transferência da capital para Brasília, em 1960, e a perda da concessão do porto de Santos, em 1980, após 92 anos de exploração. “A intimidade dos Guinles com o poder se estendeu do início da República ao governo Juscelino Kubitschek. Na abertura da Avenida Central, em 1905, o presidente Rodrigues Alves assistiu à festa do camarote do Edifício Guinle. Na época de Getúlio, o principal parceiro, eles iam ao Palácio do Catete o tempo todo. Em diversos momentos, foram favorecidos, mas nas minhas pesquisas nunca apareceu a palavra corrupção”, conta ainda Bulcão. “Eles viveram um épico brasileiro. O fascínio pelos Guinles começou porque eles eram, no início do século, pessoas reclusas, então havia um mistério sobre como aqueles milionários viviam. Depois da Segunda Guerra Mundial, passaram a dominar as colunas sociais. Eles tinham uma visão empresarial do Brasil, partiam do princípio de que estavam construindo uma nação. Foram verdadeiros mecenas: investiram sem esperar nada em troca. E deixaram um legado muito concreto, que não se compara a nenhuma outra família na história do Brasil”, acrescenta o autor.OS GUINLE - A HISTÓRIA DE UMA DINASTIAAutor: Clóvis BulcãoEditora: Intrínseca (256 págs.,R$ 39,90 versão impressa; R$ 19,90 o e-book)

RIO - Nunca existiu um clã brasileiro como os Guinles. O corolário é do biógrafo e historiador Clóvis Bulcão, autor de Os Guinle - A História de Uma Dinastia (Intrínseca), resultado de 30 anos de interesse pela mística da família e cinco de pesquisa. A singularidade se credita não só ao tino para negócios, marcados por audácia e visão de longo prazo, e à aura de sofisticação em torno do sobrenome, dos mais ricos do País na primeira metade do século 20. Mas, principalmente, ao legado deixado ao Rio e ao Brasil.  A atuação dos Guinles foi plural: o porto de Santos, o Hotel Copacabana Palace, a PUC do Rio, o hospital Gaffrée e Guinle, o Palácio Laranjeiras, a Granja Comary. Todos construídos graças ao empreendedorismo, à fortuna e aos estreitos laços com o poder público de Eduardo, Guilherme, Octávio, Arnaldo e Carlos Guinle. Os acervos dos museus Imperial e Histórico Nacional, dois dos mais importantes do País, começaram também por iniciativa deles.

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Segundo o livro, as carreiras de Villa-Lobos, dos Oito Batutas (grupo de Pixinguinha) e da Orquestra Sinfônica Brasileira receberam empurrões, assim como o início da exploração de petróleo na Bahia e a construção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Eles também participaram do projeto que deu origem ao aeroporto de Guarulhos. O arrojo nasceu com o patriarca, o gaúcho Eduardo Palassim Guinle (1846-1912), filho de franceses radicados no Uruguai que se fixou como dono de armarinho no Rio em 1871. Caixeiro-viajante no Sul, aqui se tornou sócio do comerciante Cândido Gaffrée, também gaúcho, e logo prosperou. Ao longo do século 20, os Guinles se dedicariam aos ramos imobiliário, financeiro (Banco Boavista) e elétrico, com a Guinle & Cia, que eletrificou o Elevador Lacerda (em Salvador). Eduardo, o primogênito perdulário, ganhou fama por ser o primeiro a circular no jet set internacional, sem dispensar os mais caros quartos de hotel da Europa, jantares nos melhores restaurantes e pedras preciosas das mais destacadas joalherias compradas para namoradas.  Solteirão, considerado “o último gentleman”, o irmão Guilherme era o oposto: austero e de caráter reto, focou no trabalho. Presidiu a Cia. Docas de Santos, fundou o hospital Gaffrée e Guinle (Rio) e patrocinou pesquisas de prospecção de petróleo a despeito do descrédito do presidente Getúlio Vargas. Arnaldo e Octávio trabalharam pela profissionalização do esporte, pela cultura e pela organização do carnaval carioca. O primeiro construiu a sede das Laranjeiras (zona sul do Rio) do Fluminense Football Club. O segundo, o Copacabana Palace. Carlos era entusiasta de corridas automobilísticas, abriu estradas e patrocinou Heitor Villa-Lobos em Paris. Apesar de tudo o que deixaram, no século 21 os Guinles são lembrados pelo playboy Jorginho Guinle (filho de Carlos), que morreu em 2004 sem ter onde morar, por ter torrado a fortuna com estrelas de Hollywood (gabava-se de ter tido relações amorosas com Marilyn Monroe e Rita Hayworth, entre muitas outras), festas luxuosas e viagens. Um de seus filhos é o pintor Jorge Eduardo Guinle Filho, morto em decorrência da aids, em 1987, uma referência para a chamada Geração 80. A decadência do clã teve início com a transferência da capital para Brasília, em 1960, e a perda da concessão do porto de Santos, em 1980, após 92 anos de exploração. “A intimidade dos Guinles com o poder se estendeu do início da República ao governo Juscelino Kubitschek. Na abertura da Avenida Central, em 1905, o presidente Rodrigues Alves assistiu à festa do camarote do Edifício Guinle. Na época de Getúlio, o principal parceiro, eles iam ao Palácio do Catete o tempo todo. Em diversos momentos, foram favorecidos, mas nas minhas pesquisas nunca apareceu a palavra corrupção”, conta ainda Bulcão. “Eles viveram um épico brasileiro. O fascínio pelos Guinles começou porque eles eram, no início do século, pessoas reclusas, então havia um mistério sobre como aqueles milionários viviam. Depois da Segunda Guerra Mundial, passaram a dominar as colunas sociais. Eles tinham uma visão empresarial do Brasil, partiam do princípio de que estavam construindo uma nação. Foram verdadeiros mecenas: investiram sem esperar nada em troca. E deixaram um legado muito concreto, que não se compara a nenhuma outra família na história do Brasil”, acrescenta o autor.OS GUINLE - A HISTÓRIA DE UMA DINASTIAAutor: Clóvis BulcãoEditora: Intrínseca (256 págs.,R$ 39,90 versão impressa; R$ 19,90 o e-book)

RIO - Nunca existiu um clã brasileiro como os Guinles. O corolário é do biógrafo e historiador Clóvis Bulcão, autor de Os Guinle - A História de Uma Dinastia (Intrínseca), resultado de 30 anos de interesse pela mística da família e cinco de pesquisa. A singularidade se credita não só ao tino para negócios, marcados por audácia e visão de longo prazo, e à aura de sofisticação em torno do sobrenome, dos mais ricos do País na primeira metade do século 20. Mas, principalmente, ao legado deixado ao Rio e ao Brasil.  A atuação dos Guinles foi plural: o porto de Santos, o Hotel Copacabana Palace, a PUC do Rio, o hospital Gaffrée e Guinle, o Palácio Laranjeiras, a Granja Comary. Todos construídos graças ao empreendedorismo, à fortuna e aos estreitos laços com o poder público de Eduardo, Guilherme, Octávio, Arnaldo e Carlos Guinle. Os acervos dos museus Imperial e Histórico Nacional, dois dos mais importantes do País, começaram também por iniciativa deles.

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Segundo o livro, as carreiras de Villa-Lobos, dos Oito Batutas (grupo de Pixinguinha) e da Orquestra Sinfônica Brasileira receberam empurrões, assim como o início da exploração de petróleo na Bahia e a construção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Eles também participaram do projeto que deu origem ao aeroporto de Guarulhos. O arrojo nasceu com o patriarca, o gaúcho Eduardo Palassim Guinle (1846-1912), filho de franceses radicados no Uruguai que se fixou como dono de armarinho no Rio em 1871. Caixeiro-viajante no Sul, aqui se tornou sócio do comerciante Cândido Gaffrée, também gaúcho, e logo prosperou. Ao longo do século 20, os Guinles se dedicariam aos ramos imobiliário, financeiro (Banco Boavista) e elétrico, com a Guinle & Cia, que eletrificou o Elevador Lacerda (em Salvador). Eduardo, o primogênito perdulário, ganhou fama por ser o primeiro a circular no jet set internacional, sem dispensar os mais caros quartos de hotel da Europa, jantares nos melhores restaurantes e pedras preciosas das mais destacadas joalherias compradas para namoradas.  Solteirão, considerado “o último gentleman”, o irmão Guilherme era o oposto: austero e de caráter reto, focou no trabalho. Presidiu a Cia. Docas de Santos, fundou o hospital Gaffrée e Guinle (Rio) e patrocinou pesquisas de prospecção de petróleo a despeito do descrédito do presidente Getúlio Vargas. Arnaldo e Octávio trabalharam pela profissionalização do esporte, pela cultura e pela organização do carnaval carioca. O primeiro construiu a sede das Laranjeiras (zona sul do Rio) do Fluminense Football Club. O segundo, o Copacabana Palace. Carlos era entusiasta de corridas automobilísticas, abriu estradas e patrocinou Heitor Villa-Lobos em Paris. Apesar de tudo o que deixaram, no século 21 os Guinles são lembrados pelo playboy Jorginho Guinle (filho de Carlos), que morreu em 2004 sem ter onde morar, por ter torrado a fortuna com estrelas de Hollywood (gabava-se de ter tido relações amorosas com Marilyn Monroe e Rita Hayworth, entre muitas outras), festas luxuosas e viagens. Um de seus filhos é o pintor Jorge Eduardo Guinle Filho, morto em decorrência da aids, em 1987, uma referência para a chamada Geração 80. A decadência do clã teve início com a transferência da capital para Brasília, em 1960, e a perda da concessão do porto de Santos, em 1980, após 92 anos de exploração. “A intimidade dos Guinles com o poder se estendeu do início da República ao governo Juscelino Kubitschek. Na abertura da Avenida Central, em 1905, o presidente Rodrigues Alves assistiu à festa do camarote do Edifício Guinle. Na época de Getúlio, o principal parceiro, eles iam ao Palácio do Catete o tempo todo. Em diversos momentos, foram favorecidos, mas nas minhas pesquisas nunca apareceu a palavra corrupção”, conta ainda Bulcão. “Eles viveram um épico brasileiro. O fascínio pelos Guinles começou porque eles eram, no início do século, pessoas reclusas, então havia um mistério sobre como aqueles milionários viviam. Depois da Segunda Guerra Mundial, passaram a dominar as colunas sociais. Eles tinham uma visão empresarial do Brasil, partiam do princípio de que estavam construindo uma nação. Foram verdadeiros mecenas: investiram sem esperar nada em troca. E deixaram um legado muito concreto, que não se compara a nenhuma outra família na história do Brasil”, acrescenta o autor.OS GUINLE - A HISTÓRIA DE UMA DINASTIAAutor: Clóvis BulcãoEditora: Intrínseca (256 págs.,R$ 39,90 versão impressa; R$ 19,90 o e-book)

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