Livros fora da estante: jovens leitores descobrem o poder e a graça dos clássicos


Veja dicas de livros de grandes autores de todos os tempos que podem ser lidos por leitores de todas as idades

Por Maria Fernanda Rodrigues

Franz Kafka (1883-1924), o grande escritor checo. O grande autor da língua alemã. Clássico. Difícil? Não. “Criou-se a volta de Kafka um grande castelo, muralhas que dão a ele uma estatura meio sobre-humana. Mas temos que ter em mente que o seu texto é muito simples”, diz Luis S. Krausz, escritor, tradutor e professor de literatura hebraica e judaica da USP – e seu comentário valeu para ele, quando se viu, mais uma vez, diante de A Metamorfose, e vale para outros leitores. De qualquer idade. 

“Kafka escreve num alemão que é o alemão do falatório. Uma língua fácil. Qualquer criança consegue ler um texto assim. É como ler um jornal. Não há nenhum tipo de exigência com relação ao leitor. Por isso mesmo não me senti na obrigação de fazer qualquer tipo de condescendência e se consegui ser fiel ao texto, então ele pode ser lido com facilidade por pré-adolescentes”, diz Krausz, que acaba de traduzir A Metamorfose e Outras Narrativas, do checo, para a FTD Educação. A obra traz os textos na íntegra, sem nenhuma adaptação, e ainda um almanaque com informações sobre o autor e o texto, curiosidades, contexto histórico, dicas sobre outros escritores e personalidades da época e uma cronologia do autor. E, claro, um suplemento de leitura com nove perguntas. Um livro para ser lido na escola, mas não só. 

Krausz não conta isso no texto de apresentação, mas seu primeiro contato com A Metamorfose foi aos 15, quando fez uma viagem para Israel com um grupo de adolescentes para conhecer um kibutz – tema de seu premiado romance Deserto. “Não me pergunte por que, mas levei uma edição da minha mãe em francês e ia lendo nas horas vagas. Tudo naquela viagem foi assustador: da experiência agrária à leitura de Kafka. Foi uma leitura desestabilizadora”, conta hoje, aos 59 anos.

continua após a publicidade
Sofia Fecchio está fascinada por Agatha Christie e quer ler tudo da rainha do crime Foto: Werther Santana/Estadão

Quem cresce numa casa de leitores, como Luis Krausz, mais cedo ou mais tarde vai ser desafiado por um livro na estante. Aconteceu com ele, e aconteceu com Sofia Fecchio, de 13 anos. Sempre que passa, ele está lá, chamando... “É um livro com vários contos de mistério de Edgar Allan Poe (1809-1849). Olho para ele quase todos os dias. Já tentei ler, mas ainda acho um pouco difícil”, conta a garota que tem uma lista dos próximos livros que quer ler – e ela tem das sagas contemporâneas de Harry Potter e Percy Jackson a tudo o que Agatha Christie (1890-1976) escreveu. 

A rainha do crime, aliás, é sua paixão atual. Começou por E Não Sobrou Nenhum e Os Elefantes Não Esquecem. Com o dinheiro que ganhou dos avós no Dia das Crianças, comprou um Kindle e espera economizar com os e-books – para poder comprar mais e mais títulos.

continua após a publicidade
Há um século, Agatha Christie estreava na literatura Foto: BritBox/BBC Studios/Reuters

Sofia sempre leu muito e conta que já acorda com vontade de abrir um livro. Só uma coisa a afastou da leitura em um determinado momento de sua história: a escola. Foi no 6.º ano, quando ela mudou para um colégio mais exigente. “Precisei me concentrar mais nos estudos, parei de ler e perdi esse costume. Mas é uma coisa que eu amo fazer e estou voltando agora”, diz. E por que ler? “Ler é muito importante, aumenta o vocabulário, te deixa mais culto e dá prazer”, conta. Às vésperas de ingressar no 9.º ano, ela diz que ama suspense e mistério e que já se arrisca a escrever algumas histórias.

Alice Guimarães, 12 anos, também ama ler, e credita isso à influência dos pais e da escola. Ela acaba de terminar o 6.º ano e começou recentemente a ler Ilíada. A sugestão foi dada pela mãe, já que Alice, que tinha lido muito na quarentena, estava sem palpite. No caso, ela está lendo a adaptação de Ruth Rocha – e já separou a Odisseia para depois.

continua após a publicidade

Segundo a pesquisa Retratos da Leitura, o brasileiro lê em média 4,95 livros por ano – desses, apenas 2,55 por inteiro. Só nas férias de julho, Alice leu pelo menos 10. Encarou, desta vez sozinha, todo o Harry Potter que já tinha lido com a mãe. Leu livros da série Percy Jackson, de Rick Riordan (1964), O Hobbit, de J. R. R. Tolkien (1892-1973), As Crônicas de Nárnia, de C. S. Lewis (1898-1963) e “outros mais de criança”. Tolkien segue no radar de Alice, que já tem o Cartas do Papai Noel e quer muito ler O Senhor dos Anéis. “Com um livro, você consegue viver uma aventura sem sair do lugar. Você descobre personagens, lugares. É muito legal.”

Alice é uma leitora voraz Foto: Acervo pessoal

Alice é aluna de Luana Chnaiderman de Almeida no Equipe. Luana é escritora também, e vem de uma casa repleta de histórias. O acesso à biblioteca era livre, e sempre a fascinou o título de um volume da coleção de sua mãe psicanalista: O Mínimo Eu. “Eu passava horas pensando o que era aquilo”, relembra – e ri. “E é bom apostar no mistério daquilo que não entendemos tanto, e não precisamos entender tudo, não precisamos dar conta de tudo”, completa a professora do 6.º e 7.º anos.

continua após a publicidade

Com o pai, Luana aprendeu que podia pular páginas – e com esse aval libertador leu Os Irmãos Karamazov, de Dostoievski, passando reto pelas “partes mais filosóficas” porque ela queria saber como a história acabava. Também com o pai, antropólogo, aprendeu, quando lia Cem Anos de Solidão aos 15, a fazer uma árvore genealógica – isso a ajudaria também, ela ouviu dele, a acompanhar melhor os romances russos. E valia anotar no próprio livro, sem pudor. Outra lição: aguente as primeiras 30 páginas de Grande Sertão: Veredas que a porta do livro se abre. “Depois que entrei, virou um grande bangue-bangue e eu o li como uma grande história de aventura”, conta. 

Hoje, é ela quem ajuda a meninada a descobrir histórias e novos jeitos de ler. Uma de suas abordagens é conversar sobre os personagens como se estivessem falando dos amigos, meio que fofocando mesmo. E eles gostam. Mas não é só isso. 

“Temos que acreditar na força do livro, contar por que achamos que ele é legal. Uma boa história é algo muito raro e precioso e nos faz bem. Os livros foram me indicando um caminho, um lugar, uma história de se viver. Temos que trazer a literatura para o chão, para a vida”, comenta. 

continua após a publicidade

E as crianças querem conversar sobre a vida e seus grandes temas, querem discutir e ser desafiadas. Entre os alunos de Luana, um livro que faz tanto ou mais sucesso quanto os da série envolvendo Percy Jackson é Os Meninos da Rua Paulo, clássico de 1907 do húngaro Ferenc Molnár. “Todo mundo ama, e chora com ele. Tem honra, valentia, código de ética em jogo, morte. As crianças gostam de discutir metáforas, símbolos e fazer roda de discussão sobre o significado de alguma coisa.” 

Uma vez, lembra, sugeriu que alunos do Ensino Médio lessem contos de Chekhov, traduzidos pelo seu avô Boris Schnaiderman, grande responsável pela disseminação da literatura russa no Brasil, e da experiência nasceu um grupo de leitura para ler Crime e Castigo. Alguns alunos não pararam mais de ler os russos. Além disso, comenta, eles ficam muito orgulhosos de se perceberem capazes de ler livros que seus pais leem.

E por que não, às vezes, ler junto? Isabel Lopes Coelho, publisher da FTD Educação e autora de A Representação da Criança na Literatura Infantojuvenil: Rémi, Pinóquio e Peter Pan (Perspectiva, 2021), acredita no poder de uma obra literária como instrumento de comunicação entre as famílias. Ao ler junto, conversar sobre aquilo, a família participa do processo de educação literária da criança ou jovem. “E isso abre portas de assuntos que as crianças têm alguma barreira para conversar”, explica. Outra dica da editora é não subestimar os filhos. “Os pais conhecem melhor do que ninguém seus filhos, mas é preciso ter um pouco de coragem de entender que existe uma construção do ser humano a partir da leitura.”

continua após a publicidade

A nova edição de A Metamorfose integra uma coleção de clássicos da FTD que, para Isabel, propicia uma iniciação literária nesse universo da fruição da leitura. São livros para leitores que estão iniciando “sua biblioteca de vida” – obras que serão lidas ali entre o fim da infância e a adolescência, e para o resto da vida. 

Dicas de autores e livros para adolescentes e leitores de todas as idades

KAFKA

​​A Metamorfose e Outras Narrativas (FTD) usa uma linguagem simples para contar um enredo ‘enlouquecedor’, nas palavras de Krausz.

O escritor Franz Kafka Foto: Reprodução/Acervo Estadão

AHARON APPELFELD

​Outra dica de Krausz: Meu Pai, Minha Mãe (Carambaia), do escritor israelense que era leitor de Kafka e buscava, como ele, a linguagem do homem comum. ‘O livro é de uma beleza e profundidade que dificilmente se encontra.’

W. B. YEATS

A Lua Rodou (FTD) traz contos e poemas do Nobel de 1923 selecionados para crianças.

​GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ

​'Doze Contos Peregrinos (Record) é maravilhoso’, diz Luana Chnaiderman de Almeida, que também indica Cem Anos de Solidão (ela fez uma árvore genealógica quando o leu aos 15 anos, para não se perder). 

ALBERT CAMUS

‘Li O Estrangeiro (Record) na adolescência. Ele tem a característica de ser um texto que reverbera fundo no leitor sem qualquer virtuosismo. Um belíssimo livro para adolescentes’, diz Krausz. 

Albert Camus, escritor e filósofo argelino, é autor de obras como 'A Peste' e 'O Estrangeiro' Foto: The Economist

JORGE AMADO

Entre os livros do escritor baiano, Luana sugere a novela A Morte e a Morte de Quincas Berro D'água (Companhia das Letras), escrita em de 1959. 

Jorge Amado no dia 4 de maio de 1974 Foto: Arnaldo Fiaschi/Estadão

OS RUSSOS

Para quem tem entre 14 e 15 anos e quer se aventurar pela literatura russa, a tradutora Daniela Mountian sugere começar por Gogol (1809-1852), que praticamente inaugura o fantástico na prosa russa. ‘Contos como O Capote e O Nariz, talvez dos melhores já escritos, levam o leitor para um mundo fantasmagórico e alucinante. Gogol é leitura obrigatória para quem se interessa por literatura russa e quer compreendê-la melhor. E sua linguagem é divertidíssima!’, explica. Esses contos podem ser encontrados em O Capote e Outras Histórias (Editora 34). * Para Luana Chnaiderman de Almeida, em termos de enredo e boas histórias, os russos são imbatíveis. E por falar em O Nariz, ela indica também Ponha-se no Seu Lugar, releitura deste texto de Gogol feita por Ana Pacheco e recém-lançada pela Coleção Vaga-Lume (Ática).  * Um livro que Luana gosta de dar de presente para meninas na faixa dos 15 anos é Anna Karenina (Companhia das Letras). A obra de Tolstoi conta duas grandes histórias de amor. 

OUTROS

A escritora britânica Jane Austen Foto: National Library

Para adolescentes, Luana sugere ainda Ana Cristina César e Caio Fernando Abreu. E também On The Road, de Jack Kerouac; O Velho e O Mar, de Ernest Hemingway, Mulherzinhas, de Louisa May Alcott. E Jane Austen: ‘uma leitura sensacional, complexa e cheia de ironia’.

 

Franz Kafka (1883-1924), o grande escritor checo. O grande autor da língua alemã. Clássico. Difícil? Não. “Criou-se a volta de Kafka um grande castelo, muralhas que dão a ele uma estatura meio sobre-humana. Mas temos que ter em mente que o seu texto é muito simples”, diz Luis S. Krausz, escritor, tradutor e professor de literatura hebraica e judaica da USP – e seu comentário valeu para ele, quando se viu, mais uma vez, diante de A Metamorfose, e vale para outros leitores. De qualquer idade. 

“Kafka escreve num alemão que é o alemão do falatório. Uma língua fácil. Qualquer criança consegue ler um texto assim. É como ler um jornal. Não há nenhum tipo de exigência com relação ao leitor. Por isso mesmo não me senti na obrigação de fazer qualquer tipo de condescendência e se consegui ser fiel ao texto, então ele pode ser lido com facilidade por pré-adolescentes”, diz Krausz, que acaba de traduzir A Metamorfose e Outras Narrativas, do checo, para a FTD Educação. A obra traz os textos na íntegra, sem nenhuma adaptação, e ainda um almanaque com informações sobre o autor e o texto, curiosidades, contexto histórico, dicas sobre outros escritores e personalidades da época e uma cronologia do autor. E, claro, um suplemento de leitura com nove perguntas. Um livro para ser lido na escola, mas não só. 

Krausz não conta isso no texto de apresentação, mas seu primeiro contato com A Metamorfose foi aos 15, quando fez uma viagem para Israel com um grupo de adolescentes para conhecer um kibutz – tema de seu premiado romance Deserto. “Não me pergunte por que, mas levei uma edição da minha mãe em francês e ia lendo nas horas vagas. Tudo naquela viagem foi assustador: da experiência agrária à leitura de Kafka. Foi uma leitura desestabilizadora”, conta hoje, aos 59 anos.

Sofia Fecchio está fascinada por Agatha Christie e quer ler tudo da rainha do crime Foto: Werther Santana/Estadão

Quem cresce numa casa de leitores, como Luis Krausz, mais cedo ou mais tarde vai ser desafiado por um livro na estante. Aconteceu com ele, e aconteceu com Sofia Fecchio, de 13 anos. Sempre que passa, ele está lá, chamando... “É um livro com vários contos de mistério de Edgar Allan Poe (1809-1849). Olho para ele quase todos os dias. Já tentei ler, mas ainda acho um pouco difícil”, conta a garota que tem uma lista dos próximos livros que quer ler – e ela tem das sagas contemporâneas de Harry Potter e Percy Jackson a tudo o que Agatha Christie (1890-1976) escreveu. 

A rainha do crime, aliás, é sua paixão atual. Começou por E Não Sobrou Nenhum e Os Elefantes Não Esquecem. Com o dinheiro que ganhou dos avós no Dia das Crianças, comprou um Kindle e espera economizar com os e-books – para poder comprar mais e mais títulos.

Há um século, Agatha Christie estreava na literatura Foto: BritBox/BBC Studios/Reuters

Sofia sempre leu muito e conta que já acorda com vontade de abrir um livro. Só uma coisa a afastou da leitura em um determinado momento de sua história: a escola. Foi no 6.º ano, quando ela mudou para um colégio mais exigente. “Precisei me concentrar mais nos estudos, parei de ler e perdi esse costume. Mas é uma coisa que eu amo fazer e estou voltando agora”, diz. E por que ler? “Ler é muito importante, aumenta o vocabulário, te deixa mais culto e dá prazer”, conta. Às vésperas de ingressar no 9.º ano, ela diz que ama suspense e mistério e que já se arrisca a escrever algumas histórias.

Alice Guimarães, 12 anos, também ama ler, e credita isso à influência dos pais e da escola. Ela acaba de terminar o 6.º ano e começou recentemente a ler Ilíada. A sugestão foi dada pela mãe, já que Alice, que tinha lido muito na quarentena, estava sem palpite. No caso, ela está lendo a adaptação de Ruth Rocha – e já separou a Odisseia para depois.

Segundo a pesquisa Retratos da Leitura, o brasileiro lê em média 4,95 livros por ano – desses, apenas 2,55 por inteiro. Só nas férias de julho, Alice leu pelo menos 10. Encarou, desta vez sozinha, todo o Harry Potter que já tinha lido com a mãe. Leu livros da série Percy Jackson, de Rick Riordan (1964), O Hobbit, de J. R. R. Tolkien (1892-1973), As Crônicas de Nárnia, de C. S. Lewis (1898-1963) e “outros mais de criança”. Tolkien segue no radar de Alice, que já tem o Cartas do Papai Noel e quer muito ler O Senhor dos Anéis. “Com um livro, você consegue viver uma aventura sem sair do lugar. Você descobre personagens, lugares. É muito legal.”

Alice é uma leitora voraz Foto: Acervo pessoal

Alice é aluna de Luana Chnaiderman de Almeida no Equipe. Luana é escritora também, e vem de uma casa repleta de histórias. O acesso à biblioteca era livre, e sempre a fascinou o título de um volume da coleção de sua mãe psicanalista: O Mínimo Eu. “Eu passava horas pensando o que era aquilo”, relembra – e ri. “E é bom apostar no mistério daquilo que não entendemos tanto, e não precisamos entender tudo, não precisamos dar conta de tudo”, completa a professora do 6.º e 7.º anos.

Com o pai, Luana aprendeu que podia pular páginas – e com esse aval libertador leu Os Irmãos Karamazov, de Dostoievski, passando reto pelas “partes mais filosóficas” porque ela queria saber como a história acabava. Também com o pai, antropólogo, aprendeu, quando lia Cem Anos de Solidão aos 15, a fazer uma árvore genealógica – isso a ajudaria também, ela ouviu dele, a acompanhar melhor os romances russos. E valia anotar no próprio livro, sem pudor. Outra lição: aguente as primeiras 30 páginas de Grande Sertão: Veredas que a porta do livro se abre. “Depois que entrei, virou um grande bangue-bangue e eu o li como uma grande história de aventura”, conta. 

Hoje, é ela quem ajuda a meninada a descobrir histórias e novos jeitos de ler. Uma de suas abordagens é conversar sobre os personagens como se estivessem falando dos amigos, meio que fofocando mesmo. E eles gostam. Mas não é só isso. 

“Temos que acreditar na força do livro, contar por que achamos que ele é legal. Uma boa história é algo muito raro e precioso e nos faz bem. Os livros foram me indicando um caminho, um lugar, uma história de se viver. Temos que trazer a literatura para o chão, para a vida”, comenta. 

E as crianças querem conversar sobre a vida e seus grandes temas, querem discutir e ser desafiadas. Entre os alunos de Luana, um livro que faz tanto ou mais sucesso quanto os da série envolvendo Percy Jackson é Os Meninos da Rua Paulo, clássico de 1907 do húngaro Ferenc Molnár. “Todo mundo ama, e chora com ele. Tem honra, valentia, código de ética em jogo, morte. As crianças gostam de discutir metáforas, símbolos e fazer roda de discussão sobre o significado de alguma coisa.” 

Uma vez, lembra, sugeriu que alunos do Ensino Médio lessem contos de Chekhov, traduzidos pelo seu avô Boris Schnaiderman, grande responsável pela disseminação da literatura russa no Brasil, e da experiência nasceu um grupo de leitura para ler Crime e Castigo. Alguns alunos não pararam mais de ler os russos. Além disso, comenta, eles ficam muito orgulhosos de se perceberem capazes de ler livros que seus pais leem.

E por que não, às vezes, ler junto? Isabel Lopes Coelho, publisher da FTD Educação e autora de A Representação da Criança na Literatura Infantojuvenil: Rémi, Pinóquio e Peter Pan (Perspectiva, 2021), acredita no poder de uma obra literária como instrumento de comunicação entre as famílias. Ao ler junto, conversar sobre aquilo, a família participa do processo de educação literária da criança ou jovem. “E isso abre portas de assuntos que as crianças têm alguma barreira para conversar”, explica. Outra dica da editora é não subestimar os filhos. “Os pais conhecem melhor do que ninguém seus filhos, mas é preciso ter um pouco de coragem de entender que existe uma construção do ser humano a partir da leitura.”

A nova edição de A Metamorfose integra uma coleção de clássicos da FTD que, para Isabel, propicia uma iniciação literária nesse universo da fruição da leitura. São livros para leitores que estão iniciando “sua biblioteca de vida” – obras que serão lidas ali entre o fim da infância e a adolescência, e para o resto da vida. 

Dicas de autores e livros para adolescentes e leitores de todas as idades

KAFKA

​​A Metamorfose e Outras Narrativas (FTD) usa uma linguagem simples para contar um enredo ‘enlouquecedor’, nas palavras de Krausz.

O escritor Franz Kafka Foto: Reprodução/Acervo Estadão

AHARON APPELFELD

​Outra dica de Krausz: Meu Pai, Minha Mãe (Carambaia), do escritor israelense que era leitor de Kafka e buscava, como ele, a linguagem do homem comum. ‘O livro é de uma beleza e profundidade que dificilmente se encontra.’

W. B. YEATS

A Lua Rodou (FTD) traz contos e poemas do Nobel de 1923 selecionados para crianças.

​GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ

​'Doze Contos Peregrinos (Record) é maravilhoso’, diz Luana Chnaiderman de Almeida, que também indica Cem Anos de Solidão (ela fez uma árvore genealógica quando o leu aos 15 anos, para não se perder). 

ALBERT CAMUS

‘Li O Estrangeiro (Record) na adolescência. Ele tem a característica de ser um texto que reverbera fundo no leitor sem qualquer virtuosismo. Um belíssimo livro para adolescentes’, diz Krausz. 

Albert Camus, escritor e filósofo argelino, é autor de obras como 'A Peste' e 'O Estrangeiro' Foto: The Economist

JORGE AMADO

Entre os livros do escritor baiano, Luana sugere a novela A Morte e a Morte de Quincas Berro D'água (Companhia das Letras), escrita em de 1959. 

Jorge Amado no dia 4 de maio de 1974 Foto: Arnaldo Fiaschi/Estadão

OS RUSSOS

Para quem tem entre 14 e 15 anos e quer se aventurar pela literatura russa, a tradutora Daniela Mountian sugere começar por Gogol (1809-1852), que praticamente inaugura o fantástico na prosa russa. ‘Contos como O Capote e O Nariz, talvez dos melhores já escritos, levam o leitor para um mundo fantasmagórico e alucinante. Gogol é leitura obrigatória para quem se interessa por literatura russa e quer compreendê-la melhor. E sua linguagem é divertidíssima!’, explica. Esses contos podem ser encontrados em O Capote e Outras Histórias (Editora 34). * Para Luana Chnaiderman de Almeida, em termos de enredo e boas histórias, os russos são imbatíveis. E por falar em O Nariz, ela indica também Ponha-se no Seu Lugar, releitura deste texto de Gogol feita por Ana Pacheco e recém-lançada pela Coleção Vaga-Lume (Ática).  * Um livro que Luana gosta de dar de presente para meninas na faixa dos 15 anos é Anna Karenina (Companhia das Letras). A obra de Tolstoi conta duas grandes histórias de amor. 

OUTROS

A escritora britânica Jane Austen Foto: National Library

Para adolescentes, Luana sugere ainda Ana Cristina César e Caio Fernando Abreu. E também On The Road, de Jack Kerouac; O Velho e O Mar, de Ernest Hemingway, Mulherzinhas, de Louisa May Alcott. E Jane Austen: ‘uma leitura sensacional, complexa e cheia de ironia’.

 

Franz Kafka (1883-1924), o grande escritor checo. O grande autor da língua alemã. Clássico. Difícil? Não. “Criou-se a volta de Kafka um grande castelo, muralhas que dão a ele uma estatura meio sobre-humana. Mas temos que ter em mente que o seu texto é muito simples”, diz Luis S. Krausz, escritor, tradutor e professor de literatura hebraica e judaica da USP – e seu comentário valeu para ele, quando se viu, mais uma vez, diante de A Metamorfose, e vale para outros leitores. De qualquer idade. 

“Kafka escreve num alemão que é o alemão do falatório. Uma língua fácil. Qualquer criança consegue ler um texto assim. É como ler um jornal. Não há nenhum tipo de exigência com relação ao leitor. Por isso mesmo não me senti na obrigação de fazer qualquer tipo de condescendência e se consegui ser fiel ao texto, então ele pode ser lido com facilidade por pré-adolescentes”, diz Krausz, que acaba de traduzir A Metamorfose e Outras Narrativas, do checo, para a FTD Educação. A obra traz os textos na íntegra, sem nenhuma adaptação, e ainda um almanaque com informações sobre o autor e o texto, curiosidades, contexto histórico, dicas sobre outros escritores e personalidades da época e uma cronologia do autor. E, claro, um suplemento de leitura com nove perguntas. Um livro para ser lido na escola, mas não só. 

Krausz não conta isso no texto de apresentação, mas seu primeiro contato com A Metamorfose foi aos 15, quando fez uma viagem para Israel com um grupo de adolescentes para conhecer um kibutz – tema de seu premiado romance Deserto. “Não me pergunte por que, mas levei uma edição da minha mãe em francês e ia lendo nas horas vagas. Tudo naquela viagem foi assustador: da experiência agrária à leitura de Kafka. Foi uma leitura desestabilizadora”, conta hoje, aos 59 anos.

Sofia Fecchio está fascinada por Agatha Christie e quer ler tudo da rainha do crime Foto: Werther Santana/Estadão

Quem cresce numa casa de leitores, como Luis Krausz, mais cedo ou mais tarde vai ser desafiado por um livro na estante. Aconteceu com ele, e aconteceu com Sofia Fecchio, de 13 anos. Sempre que passa, ele está lá, chamando... “É um livro com vários contos de mistério de Edgar Allan Poe (1809-1849). Olho para ele quase todos os dias. Já tentei ler, mas ainda acho um pouco difícil”, conta a garota que tem uma lista dos próximos livros que quer ler – e ela tem das sagas contemporâneas de Harry Potter e Percy Jackson a tudo o que Agatha Christie (1890-1976) escreveu. 

A rainha do crime, aliás, é sua paixão atual. Começou por E Não Sobrou Nenhum e Os Elefantes Não Esquecem. Com o dinheiro que ganhou dos avós no Dia das Crianças, comprou um Kindle e espera economizar com os e-books – para poder comprar mais e mais títulos.

Há um século, Agatha Christie estreava na literatura Foto: BritBox/BBC Studios/Reuters

Sofia sempre leu muito e conta que já acorda com vontade de abrir um livro. Só uma coisa a afastou da leitura em um determinado momento de sua história: a escola. Foi no 6.º ano, quando ela mudou para um colégio mais exigente. “Precisei me concentrar mais nos estudos, parei de ler e perdi esse costume. Mas é uma coisa que eu amo fazer e estou voltando agora”, diz. E por que ler? “Ler é muito importante, aumenta o vocabulário, te deixa mais culto e dá prazer”, conta. Às vésperas de ingressar no 9.º ano, ela diz que ama suspense e mistério e que já se arrisca a escrever algumas histórias.

Alice Guimarães, 12 anos, também ama ler, e credita isso à influência dos pais e da escola. Ela acaba de terminar o 6.º ano e começou recentemente a ler Ilíada. A sugestão foi dada pela mãe, já que Alice, que tinha lido muito na quarentena, estava sem palpite. No caso, ela está lendo a adaptação de Ruth Rocha – e já separou a Odisseia para depois.

Segundo a pesquisa Retratos da Leitura, o brasileiro lê em média 4,95 livros por ano – desses, apenas 2,55 por inteiro. Só nas férias de julho, Alice leu pelo menos 10. Encarou, desta vez sozinha, todo o Harry Potter que já tinha lido com a mãe. Leu livros da série Percy Jackson, de Rick Riordan (1964), O Hobbit, de J. R. R. Tolkien (1892-1973), As Crônicas de Nárnia, de C. S. Lewis (1898-1963) e “outros mais de criança”. Tolkien segue no radar de Alice, que já tem o Cartas do Papai Noel e quer muito ler O Senhor dos Anéis. “Com um livro, você consegue viver uma aventura sem sair do lugar. Você descobre personagens, lugares. É muito legal.”

Alice é uma leitora voraz Foto: Acervo pessoal

Alice é aluna de Luana Chnaiderman de Almeida no Equipe. Luana é escritora também, e vem de uma casa repleta de histórias. O acesso à biblioteca era livre, e sempre a fascinou o título de um volume da coleção de sua mãe psicanalista: O Mínimo Eu. “Eu passava horas pensando o que era aquilo”, relembra – e ri. “E é bom apostar no mistério daquilo que não entendemos tanto, e não precisamos entender tudo, não precisamos dar conta de tudo”, completa a professora do 6.º e 7.º anos.

Com o pai, Luana aprendeu que podia pular páginas – e com esse aval libertador leu Os Irmãos Karamazov, de Dostoievski, passando reto pelas “partes mais filosóficas” porque ela queria saber como a história acabava. Também com o pai, antropólogo, aprendeu, quando lia Cem Anos de Solidão aos 15, a fazer uma árvore genealógica – isso a ajudaria também, ela ouviu dele, a acompanhar melhor os romances russos. E valia anotar no próprio livro, sem pudor. Outra lição: aguente as primeiras 30 páginas de Grande Sertão: Veredas que a porta do livro se abre. “Depois que entrei, virou um grande bangue-bangue e eu o li como uma grande história de aventura”, conta. 

Hoje, é ela quem ajuda a meninada a descobrir histórias e novos jeitos de ler. Uma de suas abordagens é conversar sobre os personagens como se estivessem falando dos amigos, meio que fofocando mesmo. E eles gostam. Mas não é só isso. 

“Temos que acreditar na força do livro, contar por que achamos que ele é legal. Uma boa história é algo muito raro e precioso e nos faz bem. Os livros foram me indicando um caminho, um lugar, uma história de se viver. Temos que trazer a literatura para o chão, para a vida”, comenta. 

E as crianças querem conversar sobre a vida e seus grandes temas, querem discutir e ser desafiadas. Entre os alunos de Luana, um livro que faz tanto ou mais sucesso quanto os da série envolvendo Percy Jackson é Os Meninos da Rua Paulo, clássico de 1907 do húngaro Ferenc Molnár. “Todo mundo ama, e chora com ele. Tem honra, valentia, código de ética em jogo, morte. As crianças gostam de discutir metáforas, símbolos e fazer roda de discussão sobre o significado de alguma coisa.” 

Uma vez, lembra, sugeriu que alunos do Ensino Médio lessem contos de Chekhov, traduzidos pelo seu avô Boris Schnaiderman, grande responsável pela disseminação da literatura russa no Brasil, e da experiência nasceu um grupo de leitura para ler Crime e Castigo. Alguns alunos não pararam mais de ler os russos. Além disso, comenta, eles ficam muito orgulhosos de se perceberem capazes de ler livros que seus pais leem.

E por que não, às vezes, ler junto? Isabel Lopes Coelho, publisher da FTD Educação e autora de A Representação da Criança na Literatura Infantojuvenil: Rémi, Pinóquio e Peter Pan (Perspectiva, 2021), acredita no poder de uma obra literária como instrumento de comunicação entre as famílias. Ao ler junto, conversar sobre aquilo, a família participa do processo de educação literária da criança ou jovem. “E isso abre portas de assuntos que as crianças têm alguma barreira para conversar”, explica. Outra dica da editora é não subestimar os filhos. “Os pais conhecem melhor do que ninguém seus filhos, mas é preciso ter um pouco de coragem de entender que existe uma construção do ser humano a partir da leitura.”

A nova edição de A Metamorfose integra uma coleção de clássicos da FTD que, para Isabel, propicia uma iniciação literária nesse universo da fruição da leitura. São livros para leitores que estão iniciando “sua biblioteca de vida” – obras que serão lidas ali entre o fim da infância e a adolescência, e para o resto da vida. 

Dicas de autores e livros para adolescentes e leitores de todas as idades

KAFKA

​​A Metamorfose e Outras Narrativas (FTD) usa uma linguagem simples para contar um enredo ‘enlouquecedor’, nas palavras de Krausz.

O escritor Franz Kafka Foto: Reprodução/Acervo Estadão

AHARON APPELFELD

​Outra dica de Krausz: Meu Pai, Minha Mãe (Carambaia), do escritor israelense que era leitor de Kafka e buscava, como ele, a linguagem do homem comum. ‘O livro é de uma beleza e profundidade que dificilmente se encontra.’

W. B. YEATS

A Lua Rodou (FTD) traz contos e poemas do Nobel de 1923 selecionados para crianças.

​GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ

​'Doze Contos Peregrinos (Record) é maravilhoso’, diz Luana Chnaiderman de Almeida, que também indica Cem Anos de Solidão (ela fez uma árvore genealógica quando o leu aos 15 anos, para não se perder). 

ALBERT CAMUS

‘Li O Estrangeiro (Record) na adolescência. Ele tem a característica de ser um texto que reverbera fundo no leitor sem qualquer virtuosismo. Um belíssimo livro para adolescentes’, diz Krausz. 

Albert Camus, escritor e filósofo argelino, é autor de obras como 'A Peste' e 'O Estrangeiro' Foto: The Economist

JORGE AMADO

Entre os livros do escritor baiano, Luana sugere a novela A Morte e a Morte de Quincas Berro D'água (Companhia das Letras), escrita em de 1959. 

Jorge Amado no dia 4 de maio de 1974 Foto: Arnaldo Fiaschi/Estadão

OS RUSSOS

Para quem tem entre 14 e 15 anos e quer se aventurar pela literatura russa, a tradutora Daniela Mountian sugere começar por Gogol (1809-1852), que praticamente inaugura o fantástico na prosa russa. ‘Contos como O Capote e O Nariz, talvez dos melhores já escritos, levam o leitor para um mundo fantasmagórico e alucinante. Gogol é leitura obrigatória para quem se interessa por literatura russa e quer compreendê-la melhor. E sua linguagem é divertidíssima!’, explica. Esses contos podem ser encontrados em O Capote e Outras Histórias (Editora 34). * Para Luana Chnaiderman de Almeida, em termos de enredo e boas histórias, os russos são imbatíveis. E por falar em O Nariz, ela indica também Ponha-se no Seu Lugar, releitura deste texto de Gogol feita por Ana Pacheco e recém-lançada pela Coleção Vaga-Lume (Ática).  * Um livro que Luana gosta de dar de presente para meninas na faixa dos 15 anos é Anna Karenina (Companhia das Letras). A obra de Tolstoi conta duas grandes histórias de amor. 

OUTROS

A escritora britânica Jane Austen Foto: National Library

Para adolescentes, Luana sugere ainda Ana Cristina César e Caio Fernando Abreu. E também On The Road, de Jack Kerouac; O Velho e O Mar, de Ernest Hemingway, Mulherzinhas, de Louisa May Alcott. E Jane Austen: ‘uma leitura sensacional, complexa e cheia de ironia’.

 

Franz Kafka (1883-1924), o grande escritor checo. O grande autor da língua alemã. Clássico. Difícil? Não. “Criou-se a volta de Kafka um grande castelo, muralhas que dão a ele uma estatura meio sobre-humana. Mas temos que ter em mente que o seu texto é muito simples”, diz Luis S. Krausz, escritor, tradutor e professor de literatura hebraica e judaica da USP – e seu comentário valeu para ele, quando se viu, mais uma vez, diante de A Metamorfose, e vale para outros leitores. De qualquer idade. 

“Kafka escreve num alemão que é o alemão do falatório. Uma língua fácil. Qualquer criança consegue ler um texto assim. É como ler um jornal. Não há nenhum tipo de exigência com relação ao leitor. Por isso mesmo não me senti na obrigação de fazer qualquer tipo de condescendência e se consegui ser fiel ao texto, então ele pode ser lido com facilidade por pré-adolescentes”, diz Krausz, que acaba de traduzir A Metamorfose e Outras Narrativas, do checo, para a FTD Educação. A obra traz os textos na íntegra, sem nenhuma adaptação, e ainda um almanaque com informações sobre o autor e o texto, curiosidades, contexto histórico, dicas sobre outros escritores e personalidades da época e uma cronologia do autor. E, claro, um suplemento de leitura com nove perguntas. Um livro para ser lido na escola, mas não só. 

Krausz não conta isso no texto de apresentação, mas seu primeiro contato com A Metamorfose foi aos 15, quando fez uma viagem para Israel com um grupo de adolescentes para conhecer um kibutz – tema de seu premiado romance Deserto. “Não me pergunte por que, mas levei uma edição da minha mãe em francês e ia lendo nas horas vagas. Tudo naquela viagem foi assustador: da experiência agrária à leitura de Kafka. Foi uma leitura desestabilizadora”, conta hoje, aos 59 anos.

Sofia Fecchio está fascinada por Agatha Christie e quer ler tudo da rainha do crime Foto: Werther Santana/Estadão

Quem cresce numa casa de leitores, como Luis Krausz, mais cedo ou mais tarde vai ser desafiado por um livro na estante. Aconteceu com ele, e aconteceu com Sofia Fecchio, de 13 anos. Sempre que passa, ele está lá, chamando... “É um livro com vários contos de mistério de Edgar Allan Poe (1809-1849). Olho para ele quase todos os dias. Já tentei ler, mas ainda acho um pouco difícil”, conta a garota que tem uma lista dos próximos livros que quer ler – e ela tem das sagas contemporâneas de Harry Potter e Percy Jackson a tudo o que Agatha Christie (1890-1976) escreveu. 

A rainha do crime, aliás, é sua paixão atual. Começou por E Não Sobrou Nenhum e Os Elefantes Não Esquecem. Com o dinheiro que ganhou dos avós no Dia das Crianças, comprou um Kindle e espera economizar com os e-books – para poder comprar mais e mais títulos.

Há um século, Agatha Christie estreava na literatura Foto: BritBox/BBC Studios/Reuters

Sofia sempre leu muito e conta que já acorda com vontade de abrir um livro. Só uma coisa a afastou da leitura em um determinado momento de sua história: a escola. Foi no 6.º ano, quando ela mudou para um colégio mais exigente. “Precisei me concentrar mais nos estudos, parei de ler e perdi esse costume. Mas é uma coisa que eu amo fazer e estou voltando agora”, diz. E por que ler? “Ler é muito importante, aumenta o vocabulário, te deixa mais culto e dá prazer”, conta. Às vésperas de ingressar no 9.º ano, ela diz que ama suspense e mistério e que já se arrisca a escrever algumas histórias.

Alice Guimarães, 12 anos, também ama ler, e credita isso à influência dos pais e da escola. Ela acaba de terminar o 6.º ano e começou recentemente a ler Ilíada. A sugestão foi dada pela mãe, já que Alice, que tinha lido muito na quarentena, estava sem palpite. No caso, ela está lendo a adaptação de Ruth Rocha – e já separou a Odisseia para depois.

Segundo a pesquisa Retratos da Leitura, o brasileiro lê em média 4,95 livros por ano – desses, apenas 2,55 por inteiro. Só nas férias de julho, Alice leu pelo menos 10. Encarou, desta vez sozinha, todo o Harry Potter que já tinha lido com a mãe. Leu livros da série Percy Jackson, de Rick Riordan (1964), O Hobbit, de J. R. R. Tolkien (1892-1973), As Crônicas de Nárnia, de C. S. Lewis (1898-1963) e “outros mais de criança”. Tolkien segue no radar de Alice, que já tem o Cartas do Papai Noel e quer muito ler O Senhor dos Anéis. “Com um livro, você consegue viver uma aventura sem sair do lugar. Você descobre personagens, lugares. É muito legal.”

Alice é uma leitora voraz Foto: Acervo pessoal

Alice é aluna de Luana Chnaiderman de Almeida no Equipe. Luana é escritora também, e vem de uma casa repleta de histórias. O acesso à biblioteca era livre, e sempre a fascinou o título de um volume da coleção de sua mãe psicanalista: O Mínimo Eu. “Eu passava horas pensando o que era aquilo”, relembra – e ri. “E é bom apostar no mistério daquilo que não entendemos tanto, e não precisamos entender tudo, não precisamos dar conta de tudo”, completa a professora do 6.º e 7.º anos.

Com o pai, Luana aprendeu que podia pular páginas – e com esse aval libertador leu Os Irmãos Karamazov, de Dostoievski, passando reto pelas “partes mais filosóficas” porque ela queria saber como a história acabava. Também com o pai, antropólogo, aprendeu, quando lia Cem Anos de Solidão aos 15, a fazer uma árvore genealógica – isso a ajudaria também, ela ouviu dele, a acompanhar melhor os romances russos. E valia anotar no próprio livro, sem pudor. Outra lição: aguente as primeiras 30 páginas de Grande Sertão: Veredas que a porta do livro se abre. “Depois que entrei, virou um grande bangue-bangue e eu o li como uma grande história de aventura”, conta. 

Hoje, é ela quem ajuda a meninada a descobrir histórias e novos jeitos de ler. Uma de suas abordagens é conversar sobre os personagens como se estivessem falando dos amigos, meio que fofocando mesmo. E eles gostam. Mas não é só isso. 

“Temos que acreditar na força do livro, contar por que achamos que ele é legal. Uma boa história é algo muito raro e precioso e nos faz bem. Os livros foram me indicando um caminho, um lugar, uma história de se viver. Temos que trazer a literatura para o chão, para a vida”, comenta. 

E as crianças querem conversar sobre a vida e seus grandes temas, querem discutir e ser desafiadas. Entre os alunos de Luana, um livro que faz tanto ou mais sucesso quanto os da série envolvendo Percy Jackson é Os Meninos da Rua Paulo, clássico de 1907 do húngaro Ferenc Molnár. “Todo mundo ama, e chora com ele. Tem honra, valentia, código de ética em jogo, morte. As crianças gostam de discutir metáforas, símbolos e fazer roda de discussão sobre o significado de alguma coisa.” 

Uma vez, lembra, sugeriu que alunos do Ensino Médio lessem contos de Chekhov, traduzidos pelo seu avô Boris Schnaiderman, grande responsável pela disseminação da literatura russa no Brasil, e da experiência nasceu um grupo de leitura para ler Crime e Castigo. Alguns alunos não pararam mais de ler os russos. Além disso, comenta, eles ficam muito orgulhosos de se perceberem capazes de ler livros que seus pais leem.

E por que não, às vezes, ler junto? Isabel Lopes Coelho, publisher da FTD Educação e autora de A Representação da Criança na Literatura Infantojuvenil: Rémi, Pinóquio e Peter Pan (Perspectiva, 2021), acredita no poder de uma obra literária como instrumento de comunicação entre as famílias. Ao ler junto, conversar sobre aquilo, a família participa do processo de educação literária da criança ou jovem. “E isso abre portas de assuntos que as crianças têm alguma barreira para conversar”, explica. Outra dica da editora é não subestimar os filhos. “Os pais conhecem melhor do que ninguém seus filhos, mas é preciso ter um pouco de coragem de entender que existe uma construção do ser humano a partir da leitura.”

A nova edição de A Metamorfose integra uma coleção de clássicos da FTD que, para Isabel, propicia uma iniciação literária nesse universo da fruição da leitura. São livros para leitores que estão iniciando “sua biblioteca de vida” – obras que serão lidas ali entre o fim da infância e a adolescência, e para o resto da vida. 

Dicas de autores e livros para adolescentes e leitores de todas as idades

KAFKA

​​A Metamorfose e Outras Narrativas (FTD) usa uma linguagem simples para contar um enredo ‘enlouquecedor’, nas palavras de Krausz.

O escritor Franz Kafka Foto: Reprodução/Acervo Estadão

AHARON APPELFELD

​Outra dica de Krausz: Meu Pai, Minha Mãe (Carambaia), do escritor israelense que era leitor de Kafka e buscava, como ele, a linguagem do homem comum. ‘O livro é de uma beleza e profundidade que dificilmente se encontra.’

W. B. YEATS

A Lua Rodou (FTD) traz contos e poemas do Nobel de 1923 selecionados para crianças.

​GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ

​'Doze Contos Peregrinos (Record) é maravilhoso’, diz Luana Chnaiderman de Almeida, que também indica Cem Anos de Solidão (ela fez uma árvore genealógica quando o leu aos 15 anos, para não se perder). 

ALBERT CAMUS

‘Li O Estrangeiro (Record) na adolescência. Ele tem a característica de ser um texto que reverbera fundo no leitor sem qualquer virtuosismo. Um belíssimo livro para adolescentes’, diz Krausz. 

Albert Camus, escritor e filósofo argelino, é autor de obras como 'A Peste' e 'O Estrangeiro' Foto: The Economist

JORGE AMADO

Entre os livros do escritor baiano, Luana sugere a novela A Morte e a Morte de Quincas Berro D'água (Companhia das Letras), escrita em de 1959. 

Jorge Amado no dia 4 de maio de 1974 Foto: Arnaldo Fiaschi/Estadão

OS RUSSOS

Para quem tem entre 14 e 15 anos e quer se aventurar pela literatura russa, a tradutora Daniela Mountian sugere começar por Gogol (1809-1852), que praticamente inaugura o fantástico na prosa russa. ‘Contos como O Capote e O Nariz, talvez dos melhores já escritos, levam o leitor para um mundo fantasmagórico e alucinante. Gogol é leitura obrigatória para quem se interessa por literatura russa e quer compreendê-la melhor. E sua linguagem é divertidíssima!’, explica. Esses contos podem ser encontrados em O Capote e Outras Histórias (Editora 34). * Para Luana Chnaiderman de Almeida, em termos de enredo e boas histórias, os russos são imbatíveis. E por falar em O Nariz, ela indica também Ponha-se no Seu Lugar, releitura deste texto de Gogol feita por Ana Pacheco e recém-lançada pela Coleção Vaga-Lume (Ática).  * Um livro que Luana gosta de dar de presente para meninas na faixa dos 15 anos é Anna Karenina (Companhia das Letras). A obra de Tolstoi conta duas grandes histórias de amor. 

OUTROS

A escritora britânica Jane Austen Foto: National Library

Para adolescentes, Luana sugere ainda Ana Cristina César e Caio Fernando Abreu. E também On The Road, de Jack Kerouac; O Velho e O Mar, de Ernest Hemingway, Mulherzinhas, de Louisa May Alcott. E Jane Austen: ‘uma leitura sensacional, complexa e cheia de ironia’.

 

Franz Kafka (1883-1924), o grande escritor checo. O grande autor da língua alemã. Clássico. Difícil? Não. “Criou-se a volta de Kafka um grande castelo, muralhas que dão a ele uma estatura meio sobre-humana. Mas temos que ter em mente que o seu texto é muito simples”, diz Luis S. Krausz, escritor, tradutor e professor de literatura hebraica e judaica da USP – e seu comentário valeu para ele, quando se viu, mais uma vez, diante de A Metamorfose, e vale para outros leitores. De qualquer idade. 

“Kafka escreve num alemão que é o alemão do falatório. Uma língua fácil. Qualquer criança consegue ler um texto assim. É como ler um jornal. Não há nenhum tipo de exigência com relação ao leitor. Por isso mesmo não me senti na obrigação de fazer qualquer tipo de condescendência e se consegui ser fiel ao texto, então ele pode ser lido com facilidade por pré-adolescentes”, diz Krausz, que acaba de traduzir A Metamorfose e Outras Narrativas, do checo, para a FTD Educação. A obra traz os textos na íntegra, sem nenhuma adaptação, e ainda um almanaque com informações sobre o autor e o texto, curiosidades, contexto histórico, dicas sobre outros escritores e personalidades da época e uma cronologia do autor. E, claro, um suplemento de leitura com nove perguntas. Um livro para ser lido na escola, mas não só. 

Krausz não conta isso no texto de apresentação, mas seu primeiro contato com A Metamorfose foi aos 15, quando fez uma viagem para Israel com um grupo de adolescentes para conhecer um kibutz – tema de seu premiado romance Deserto. “Não me pergunte por que, mas levei uma edição da minha mãe em francês e ia lendo nas horas vagas. Tudo naquela viagem foi assustador: da experiência agrária à leitura de Kafka. Foi uma leitura desestabilizadora”, conta hoje, aos 59 anos.

Sofia Fecchio está fascinada por Agatha Christie e quer ler tudo da rainha do crime Foto: Werther Santana/Estadão

Quem cresce numa casa de leitores, como Luis Krausz, mais cedo ou mais tarde vai ser desafiado por um livro na estante. Aconteceu com ele, e aconteceu com Sofia Fecchio, de 13 anos. Sempre que passa, ele está lá, chamando... “É um livro com vários contos de mistério de Edgar Allan Poe (1809-1849). Olho para ele quase todos os dias. Já tentei ler, mas ainda acho um pouco difícil”, conta a garota que tem uma lista dos próximos livros que quer ler – e ela tem das sagas contemporâneas de Harry Potter e Percy Jackson a tudo o que Agatha Christie (1890-1976) escreveu. 

A rainha do crime, aliás, é sua paixão atual. Começou por E Não Sobrou Nenhum e Os Elefantes Não Esquecem. Com o dinheiro que ganhou dos avós no Dia das Crianças, comprou um Kindle e espera economizar com os e-books – para poder comprar mais e mais títulos.

Há um século, Agatha Christie estreava na literatura Foto: BritBox/BBC Studios/Reuters

Sofia sempre leu muito e conta que já acorda com vontade de abrir um livro. Só uma coisa a afastou da leitura em um determinado momento de sua história: a escola. Foi no 6.º ano, quando ela mudou para um colégio mais exigente. “Precisei me concentrar mais nos estudos, parei de ler e perdi esse costume. Mas é uma coisa que eu amo fazer e estou voltando agora”, diz. E por que ler? “Ler é muito importante, aumenta o vocabulário, te deixa mais culto e dá prazer”, conta. Às vésperas de ingressar no 9.º ano, ela diz que ama suspense e mistério e que já se arrisca a escrever algumas histórias.

Alice Guimarães, 12 anos, também ama ler, e credita isso à influência dos pais e da escola. Ela acaba de terminar o 6.º ano e começou recentemente a ler Ilíada. A sugestão foi dada pela mãe, já que Alice, que tinha lido muito na quarentena, estava sem palpite. No caso, ela está lendo a adaptação de Ruth Rocha – e já separou a Odisseia para depois.

Segundo a pesquisa Retratos da Leitura, o brasileiro lê em média 4,95 livros por ano – desses, apenas 2,55 por inteiro. Só nas férias de julho, Alice leu pelo menos 10. Encarou, desta vez sozinha, todo o Harry Potter que já tinha lido com a mãe. Leu livros da série Percy Jackson, de Rick Riordan (1964), O Hobbit, de J. R. R. Tolkien (1892-1973), As Crônicas de Nárnia, de C. S. Lewis (1898-1963) e “outros mais de criança”. Tolkien segue no radar de Alice, que já tem o Cartas do Papai Noel e quer muito ler O Senhor dos Anéis. “Com um livro, você consegue viver uma aventura sem sair do lugar. Você descobre personagens, lugares. É muito legal.”

Alice é uma leitora voraz Foto: Acervo pessoal

Alice é aluna de Luana Chnaiderman de Almeida no Equipe. Luana é escritora também, e vem de uma casa repleta de histórias. O acesso à biblioteca era livre, e sempre a fascinou o título de um volume da coleção de sua mãe psicanalista: O Mínimo Eu. “Eu passava horas pensando o que era aquilo”, relembra – e ri. “E é bom apostar no mistério daquilo que não entendemos tanto, e não precisamos entender tudo, não precisamos dar conta de tudo”, completa a professora do 6.º e 7.º anos.

Com o pai, Luana aprendeu que podia pular páginas – e com esse aval libertador leu Os Irmãos Karamazov, de Dostoievski, passando reto pelas “partes mais filosóficas” porque ela queria saber como a história acabava. Também com o pai, antropólogo, aprendeu, quando lia Cem Anos de Solidão aos 15, a fazer uma árvore genealógica – isso a ajudaria também, ela ouviu dele, a acompanhar melhor os romances russos. E valia anotar no próprio livro, sem pudor. Outra lição: aguente as primeiras 30 páginas de Grande Sertão: Veredas que a porta do livro se abre. “Depois que entrei, virou um grande bangue-bangue e eu o li como uma grande história de aventura”, conta. 

Hoje, é ela quem ajuda a meninada a descobrir histórias e novos jeitos de ler. Uma de suas abordagens é conversar sobre os personagens como se estivessem falando dos amigos, meio que fofocando mesmo. E eles gostam. Mas não é só isso. 

“Temos que acreditar na força do livro, contar por que achamos que ele é legal. Uma boa história é algo muito raro e precioso e nos faz bem. Os livros foram me indicando um caminho, um lugar, uma história de se viver. Temos que trazer a literatura para o chão, para a vida”, comenta. 

E as crianças querem conversar sobre a vida e seus grandes temas, querem discutir e ser desafiadas. Entre os alunos de Luana, um livro que faz tanto ou mais sucesso quanto os da série envolvendo Percy Jackson é Os Meninos da Rua Paulo, clássico de 1907 do húngaro Ferenc Molnár. “Todo mundo ama, e chora com ele. Tem honra, valentia, código de ética em jogo, morte. As crianças gostam de discutir metáforas, símbolos e fazer roda de discussão sobre o significado de alguma coisa.” 

Uma vez, lembra, sugeriu que alunos do Ensino Médio lessem contos de Chekhov, traduzidos pelo seu avô Boris Schnaiderman, grande responsável pela disseminação da literatura russa no Brasil, e da experiência nasceu um grupo de leitura para ler Crime e Castigo. Alguns alunos não pararam mais de ler os russos. Além disso, comenta, eles ficam muito orgulhosos de se perceberem capazes de ler livros que seus pais leem.

E por que não, às vezes, ler junto? Isabel Lopes Coelho, publisher da FTD Educação e autora de A Representação da Criança na Literatura Infantojuvenil: Rémi, Pinóquio e Peter Pan (Perspectiva, 2021), acredita no poder de uma obra literária como instrumento de comunicação entre as famílias. Ao ler junto, conversar sobre aquilo, a família participa do processo de educação literária da criança ou jovem. “E isso abre portas de assuntos que as crianças têm alguma barreira para conversar”, explica. Outra dica da editora é não subestimar os filhos. “Os pais conhecem melhor do que ninguém seus filhos, mas é preciso ter um pouco de coragem de entender que existe uma construção do ser humano a partir da leitura.”

A nova edição de A Metamorfose integra uma coleção de clássicos da FTD que, para Isabel, propicia uma iniciação literária nesse universo da fruição da leitura. São livros para leitores que estão iniciando “sua biblioteca de vida” – obras que serão lidas ali entre o fim da infância e a adolescência, e para o resto da vida. 

Dicas de autores e livros para adolescentes e leitores de todas as idades

KAFKA

​​A Metamorfose e Outras Narrativas (FTD) usa uma linguagem simples para contar um enredo ‘enlouquecedor’, nas palavras de Krausz.

O escritor Franz Kafka Foto: Reprodução/Acervo Estadão

AHARON APPELFELD

​Outra dica de Krausz: Meu Pai, Minha Mãe (Carambaia), do escritor israelense que era leitor de Kafka e buscava, como ele, a linguagem do homem comum. ‘O livro é de uma beleza e profundidade que dificilmente se encontra.’

W. B. YEATS

A Lua Rodou (FTD) traz contos e poemas do Nobel de 1923 selecionados para crianças.

​GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ

​'Doze Contos Peregrinos (Record) é maravilhoso’, diz Luana Chnaiderman de Almeida, que também indica Cem Anos de Solidão (ela fez uma árvore genealógica quando o leu aos 15 anos, para não se perder). 

ALBERT CAMUS

‘Li O Estrangeiro (Record) na adolescência. Ele tem a característica de ser um texto que reverbera fundo no leitor sem qualquer virtuosismo. Um belíssimo livro para adolescentes’, diz Krausz. 

Albert Camus, escritor e filósofo argelino, é autor de obras como 'A Peste' e 'O Estrangeiro' Foto: The Economist

JORGE AMADO

Entre os livros do escritor baiano, Luana sugere a novela A Morte e a Morte de Quincas Berro D'água (Companhia das Letras), escrita em de 1959. 

Jorge Amado no dia 4 de maio de 1974 Foto: Arnaldo Fiaschi/Estadão

OS RUSSOS

Para quem tem entre 14 e 15 anos e quer se aventurar pela literatura russa, a tradutora Daniela Mountian sugere começar por Gogol (1809-1852), que praticamente inaugura o fantástico na prosa russa. ‘Contos como O Capote e O Nariz, talvez dos melhores já escritos, levam o leitor para um mundo fantasmagórico e alucinante. Gogol é leitura obrigatória para quem se interessa por literatura russa e quer compreendê-la melhor. E sua linguagem é divertidíssima!’, explica. Esses contos podem ser encontrados em O Capote e Outras Histórias (Editora 34). * Para Luana Chnaiderman de Almeida, em termos de enredo e boas histórias, os russos são imbatíveis. E por falar em O Nariz, ela indica também Ponha-se no Seu Lugar, releitura deste texto de Gogol feita por Ana Pacheco e recém-lançada pela Coleção Vaga-Lume (Ática).  * Um livro que Luana gosta de dar de presente para meninas na faixa dos 15 anos é Anna Karenina (Companhia das Letras). A obra de Tolstoi conta duas grandes histórias de amor. 

OUTROS

A escritora britânica Jane Austen Foto: National Library

Para adolescentes, Luana sugere ainda Ana Cristina César e Caio Fernando Abreu. E também On The Road, de Jack Kerouac; O Velho e O Mar, de Ernest Hemingway, Mulherzinhas, de Louisa May Alcott. E Jane Austen: ‘uma leitura sensacional, complexa e cheia de ironia’.

 

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.