Nastassja Martin e Tamara Klink: Diante do urso feroz ou da imensidão do mar, a aventura é interior


Antropóloga francesa, autora de ‘Escute as Feras’, e velejadora brasileira, falam na Flip sobre o encontro com o desconhecido

Por Maria Fernanda Rodrigues
Atualização:

Na história de vida da antropóloga francesa Nastassja Martin, de 36 anos, e da velejadora brasileira Tamara Klink, de 25, há percursos pelas terras mais longínquas e pela imensidão do oceano. Encontros com o desconhecido, com a natureza profunda, com um novo modo de viver a vida e de estar no mundo, com seus próprios fantasmas, medos, mentes e sonhos. Essas foram algumas das questões que surgiram na conversa que elas tiveram no sábado, 26, na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip).

Nastassja, em sua expedição mais recente, foi para os confins da Sibéria, viveu com uma família even, encontrou um urso no caminho, lutou com ele, sobreviveu. Ela tinha 29 anos. A história, que remonta a 2015, é contada em Escute as Feras (34), livro que a trouxe agora ao Brasil, pela primeira vez.

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Tamara tinha 23 anos quando se lançou no mar sozinha. Era 2020. Ela comprou um barco velho e pequeno, o Sardinha, fez todos os consertos e planos e atravessou o Mar do Norte. Uma viagem ainda maior seria feita depois dessa - por causa dessa, por causa desse primeiro passo. Nos dois caso, o encontro, como no também no caso de Nastassja, foi com um desconhecido interior.

Na cabana de Nastassja e na cabine de Tamara, havia cadernos. Diários. O da francesa é evocado neste belo livro sobre o encontro com este urso e seus muitos significados. Os de Tamara, junto com poemas e outras anotações, viraram um delicado livro em que, com honestidade, ela retrata sua jornada de amadurecimento. Mil Milhas e Um Mundo em Poucas Linhas, dois volumes reunidos no box Crescer e Partir, foram lançados pela Peirópolis este ano.

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Foi um encontro bonito. Duas jornadas diferentes, com resultados diversos, mas com pontos em comum. E houve diálogo entre as duas convidadas, algo que nem sempre se vê no palco da Flip.

Tamara estava feliz, emocionada. Estava em casa e estava no palco principal da Flip como escritora e como quem tem uma bonita história para contar - e não por ser filha de quem é: Amyr Klink. Nastassja estava séria, atenta à fala da velejadora, considerando o que a brasileira dizia..

As duas trazem histórias de aventuras. Mas uma outra aventura maior do que uma caminhada de dias floresta adentro a -50º, um embate físico com um urso, ou a travessia do Atlântico, ou do Mar do Norte. A aventura é, no fim das contas, ao mundo interno – algo possível quando se deixa a zona de conforto – e a metamorfose nasce desse mergulho.

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Tamara Klink (esq.) e Nastassja Martin em mesa na Festa Literária Internacional de Paraty. A conversa foi mediada por Iara Biderman Foto: Walter Craveiro/Flip

“A grande pergunta hoje, para mim, é se trata-se de uma aventura que faça sentido interiormente. Você pode ir para o outro lado do mundo, mas, na verdade, aonde quer que você vá você está indo para dentro de você, buscando algo para se metamorfosear. O lugar aonde devemos ir é o lugar da metamorfose, de onde podemos trazer vozes e narrativas que foram silenciadas durante toda a época colonial. Agora estamos num momento muito importante, quando podemos mudar narrativas, romper com esses heróis egoicos que só realizam performances que servem para uma visão moderna e progressista do mundo que está nos levando para o abismo. É preciso mudar de rumo. Por isso é preciso refletir sobre o que será importante de se traduzir para realizar esses deslocamentos interiores, e como coletivamente poderemos mudar o rumo para sobreviver a uma catástrofe que já está acontecendo, e não sou do tipo catastrófica”, disse Nastassja Martin.

Assista à conversa entre Nastassja Martin e Tamara Kink na Flip

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Na história de vida da antropóloga francesa Nastassja Martin, de 36 anos, e da velejadora brasileira Tamara Klink, de 25, há percursos pelas terras mais longínquas e pela imensidão do oceano. Encontros com o desconhecido, com a natureza profunda, com um novo modo de viver a vida e de estar no mundo, com seus próprios fantasmas, medos, mentes e sonhos. Essas foram algumas das questões que surgiram na conversa que elas tiveram no sábado, 26, na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip).

Nastassja, em sua expedição mais recente, foi para os confins da Sibéria, viveu com uma família even, encontrou um urso no caminho, lutou com ele, sobreviveu. Ela tinha 29 anos. A história, que remonta a 2015, é contada em Escute as Feras (34), livro que a trouxe agora ao Brasil, pela primeira vez.

Tamara tinha 23 anos quando se lançou no mar sozinha. Era 2020. Ela comprou um barco velho e pequeno, o Sardinha, fez todos os consertos e planos e atravessou o Mar do Norte. Uma viagem ainda maior seria feita depois dessa - por causa dessa, por causa desse primeiro passo. Nos dois caso, o encontro, como no também no caso de Nastassja, foi com um desconhecido interior.

Na cabana de Nastassja e na cabine de Tamara, havia cadernos. Diários. O da francesa é evocado neste belo livro sobre o encontro com este urso e seus muitos significados. Os de Tamara, junto com poemas e outras anotações, viraram um delicado livro em que, com honestidade, ela retrata sua jornada de amadurecimento. Mil Milhas e Um Mundo em Poucas Linhas, dois volumes reunidos no box Crescer e Partir, foram lançados pela Peirópolis este ano.

Foi um encontro bonito. Duas jornadas diferentes, com resultados diversos, mas com pontos em comum. E houve diálogo entre as duas convidadas, algo que nem sempre se vê no palco da Flip.

Tamara estava feliz, emocionada. Estava em casa e estava no palco principal da Flip como escritora e como quem tem uma bonita história para contar - e não por ser filha de quem é: Amyr Klink. Nastassja estava séria, atenta à fala da velejadora, considerando o que a brasileira dizia..

As duas trazem histórias de aventuras. Mas uma outra aventura maior do que uma caminhada de dias floresta adentro a -50º, um embate físico com um urso, ou a travessia do Atlântico, ou do Mar do Norte. A aventura é, no fim das contas, ao mundo interno – algo possível quando se deixa a zona de conforto – e a metamorfose nasce desse mergulho.

Tamara Klink (esq.) e Nastassja Martin em mesa na Festa Literária Internacional de Paraty. A conversa foi mediada por Iara Biderman Foto: Walter Craveiro/Flip

“A grande pergunta hoje, para mim, é se trata-se de uma aventura que faça sentido interiormente. Você pode ir para o outro lado do mundo, mas, na verdade, aonde quer que você vá você está indo para dentro de você, buscando algo para se metamorfosear. O lugar aonde devemos ir é o lugar da metamorfose, de onde podemos trazer vozes e narrativas que foram silenciadas durante toda a época colonial. Agora estamos num momento muito importante, quando podemos mudar narrativas, romper com esses heróis egoicos que só realizam performances que servem para uma visão moderna e progressista do mundo que está nos levando para o abismo. É preciso mudar de rumo. Por isso é preciso refletir sobre o que será importante de se traduzir para realizar esses deslocamentos interiores, e como coletivamente poderemos mudar o rumo para sobreviver a uma catástrofe que já está acontecendo, e não sou do tipo catastrófica”, disse Nastassja Martin.

Assista à conversa entre Nastassja Martin e Tamara Kink na Flip

Na história de vida da antropóloga francesa Nastassja Martin, de 36 anos, e da velejadora brasileira Tamara Klink, de 25, há percursos pelas terras mais longínquas e pela imensidão do oceano. Encontros com o desconhecido, com a natureza profunda, com um novo modo de viver a vida e de estar no mundo, com seus próprios fantasmas, medos, mentes e sonhos. Essas foram algumas das questões que surgiram na conversa que elas tiveram no sábado, 26, na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip).

Nastassja, em sua expedição mais recente, foi para os confins da Sibéria, viveu com uma família even, encontrou um urso no caminho, lutou com ele, sobreviveu. Ela tinha 29 anos. A história, que remonta a 2015, é contada em Escute as Feras (34), livro que a trouxe agora ao Brasil, pela primeira vez.

Tamara tinha 23 anos quando se lançou no mar sozinha. Era 2020. Ela comprou um barco velho e pequeno, o Sardinha, fez todos os consertos e planos e atravessou o Mar do Norte. Uma viagem ainda maior seria feita depois dessa - por causa dessa, por causa desse primeiro passo. Nos dois caso, o encontro, como no também no caso de Nastassja, foi com um desconhecido interior.

Na cabana de Nastassja e na cabine de Tamara, havia cadernos. Diários. O da francesa é evocado neste belo livro sobre o encontro com este urso e seus muitos significados. Os de Tamara, junto com poemas e outras anotações, viraram um delicado livro em que, com honestidade, ela retrata sua jornada de amadurecimento. Mil Milhas e Um Mundo em Poucas Linhas, dois volumes reunidos no box Crescer e Partir, foram lançados pela Peirópolis este ano.

Foi um encontro bonito. Duas jornadas diferentes, com resultados diversos, mas com pontos em comum. E houve diálogo entre as duas convidadas, algo que nem sempre se vê no palco da Flip.

Tamara estava feliz, emocionada. Estava em casa e estava no palco principal da Flip como escritora e como quem tem uma bonita história para contar - e não por ser filha de quem é: Amyr Klink. Nastassja estava séria, atenta à fala da velejadora, considerando o que a brasileira dizia..

As duas trazem histórias de aventuras. Mas uma outra aventura maior do que uma caminhada de dias floresta adentro a -50º, um embate físico com um urso, ou a travessia do Atlântico, ou do Mar do Norte. A aventura é, no fim das contas, ao mundo interno – algo possível quando se deixa a zona de conforto – e a metamorfose nasce desse mergulho.

Tamara Klink (esq.) e Nastassja Martin em mesa na Festa Literária Internacional de Paraty. A conversa foi mediada por Iara Biderman Foto: Walter Craveiro/Flip

“A grande pergunta hoje, para mim, é se trata-se de uma aventura que faça sentido interiormente. Você pode ir para o outro lado do mundo, mas, na verdade, aonde quer que você vá você está indo para dentro de você, buscando algo para se metamorfosear. O lugar aonde devemos ir é o lugar da metamorfose, de onde podemos trazer vozes e narrativas que foram silenciadas durante toda a época colonial. Agora estamos num momento muito importante, quando podemos mudar narrativas, romper com esses heróis egoicos que só realizam performances que servem para uma visão moderna e progressista do mundo que está nos levando para o abismo. É preciso mudar de rumo. Por isso é preciso refletir sobre o que será importante de se traduzir para realizar esses deslocamentos interiores, e como coletivamente poderemos mudar o rumo para sobreviver a uma catástrofe que já está acontecendo, e não sou do tipo catastrófica”, disse Nastassja Martin.

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