Foi com O Gênio do Crime que João Carlos Marinho (1935-2019) estreou, despretensiosamente, na literatura. O ano era 1969 e ele, então um advogado com algum sucesso, tinha decidido contratar alguém para ajudá-lo no escritório para poder ficar mais livre - e, quem sabe, realizar seu sonho de menino: ser escritor. E nessas manhãs em que passava em casa, viu surgir o enredo do livro que inovou a literatura para crianças e adolescentes, fez escola (só alguns anos depois surgiu a emblemática Coleção Vaga-Lume), virou uma série juvenil e segue vivo, sendo lido por gerações e mais gerações de brasileiros.
O Gênio do Crime apresenta a turma do gordo e acompanha a aventura dos amigos Edmundo, Pituca, Bolachão e depois Berenice em sua aventura para descobrir os mistérios envolvendo uma fábrica clandestina de figurinhas e sua tentativa de desmascarar o falsificador.
Desde o lançamento, em 1969, até agora, foram 61 edições que venderam mais de 1 milhão de exemplares. O Gênio do Crime ganha agora uma edição comemorativa pelos seus 50 anos, com lançamento neste domingo, 29, na Livraria Martins Fontes (Av. Paulista, 509), das 15h às 18h, com bate-papo, exposição e exibição de documentário (veja abaixo a programação).
O Gênio do Crime sacudiu a estante da literatura infantil brasileira”, escreve Marisa Lojolo, uma das maiores especialistas em livros para crianças do País, na apresentação da nova edição do livro de João Carlos Marinho. Ela destaca, ainda, que os personagens são tolerantes e sem preconceito, e cheios de truques para driblar os pais e professores.
A edição comemorativa desta história policial juvenil conta também com ilustrações de Mauricio Negro e análises de Guilherme Vasconcelos e Haroldo Ceravolo e depoimentos de nomes importantes da literatura infantojuvenil, como Ana Maria Machado, Laura Sandroni, Pedro Bandeira, Ruth Rocha, Tatiana Belinky, entre outros, colhidos da imprensa e de outros meios.
O volume traz ainda o último trabalho assinado por João Carlos Marinho, que morreu em março deste ano: O Teatro do Gênio do Crime, uma adaptação teatral do livro para ser montada em escola por crianças. E uma autobiografia divulgada pelo autor em seu site pessoal - que está sendo repaginado. A edição é encerrada por um álbum de figurinhas idealizado pela leitora Nathalia Piovesani.
Lançamento de O Gênio do Crime - Edição Comemorativa 50 anos
Mauricio Negro, Guilherme Vasconcelos, Nathalia Piovesani, Mara Dias e Renata Nakano conversam sobre O Gênio do Crime no domingo, 29, às 15h, na Livraria Martins Fontes (Av. Paulista, 509). Após o bate-papo, será exibido o documentário Memória Viva: Vida e Obra de João Carlos Marinho (veja um trecho abaixo).
Haverá, ainda, uma exposição de objetos e fotos do acervo pessoal do autor. E as 50 primeiras pessoas que comprarem a edição comemorativa de O Gênio do Crime, no dia do lançamento, vão encontrar uma figurinha dentro dele. O sortudo que tirar a figurinha do Rivelino vai ganhar a coleção completa com as 13 aventuras da turma do gordo.
Quem foi João Carlos Marinho
Advogado por profissão, João Carlos Marinho nasceu no Rio de Janeiro no dia 25 de setembro de 1935, mas passou a infância em Santos, onde começou a escrever pequenas histórias em caderno espiral, que mostrava para amigos e familiares.
Quando João tinha 13 anos, seu pai morreu e ele passou a viver com os avós, em São Paulo. As leituras no Canal 3, em Santos, foram trocadas pelas partidas de futebol no Pacaembu - pelo noticiário sobre futebol, por tudo sobre futebol. Virou uma enciclopédia ambulante, contou, em um texto que escreveu sobre sua trajetória.
Em 1952, pouco depois do fim da Segunda Guerra Mundial, ele se mudou para a Europa para terminar os estudos secundários - uma vontade de seu avô. Ficou na Suíça até 1956. Na volta, estudou Direito na USP, fez carreira, teve sucesso e, quando decidiu contratar um advogado para ajudá-lo no escritório, é que João Carlos Marinho foi viver o sonho de infância de ser escritor. Ele contava que ter passado a ficar as manhãs em casa fez com que ele começasse a imaginar o enredo de O Gênio do Crime, experiência que o fez voltar para os tempos de menino e das emoções dos concursos de figurinhas de futebol.
“Começaram a visitar a minha imaginação as cenas da minha infância e, entre elas, as dos concursos de figurinhas de futebol. As emoções destes concursos foram muitas, e, partindo delas, eu formei o enredo de O Gênio do Crime, que foi publicado algum tempo depois, em fevereiro de 1969. Nessa ocasião, senti que havia alcançado a minha verdadeira vocação, aquela com que eu sonhava quando era criança”, escreveu.
João Carlos Marinho morreu em 17 de março de 2019, aos 83 anos.
O Gênio do Crime
Autor: João Carlos Marinho Editora: Global (216 págs.; R$ 49,90)