Nos últimos dias, a influenciadora e escritora norte-americana Courtney Novak viralizou no TikTok ao publicar um vídeo no qual elogia Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. “O que vou fazer pelo resto da minha vida depois de ler este livro? Tenho um monte de coisa para ler ainda, mas nada vai se comparar a isso daqui”, disse ela.
Nas redes sociais, brasileiros se surpreenderam com os elogios ao clássico nacional e, em alguns casos, como fez o escritor Cláudio Soares, relembraram outras vezes em que o autor foi celebrado no exterior. Porque não é de hoje que Machado é comparado a grandes nomes da literatura mundial.
Saiba a seguir o que autores e artistas estrangeiros já disseram sobre Machado de Assis.
Maya Angelou, escritora e ativista americana, revelou que ler Dom Casmurro a fez se tornar escritora. Em 1990, ela disse em uma entrevista à revista literária Paris Review: “Achei o livro muito legal. Então reli e pensei: Não percebi tudo o que estava naquele livro. Depois li de novo e de novo e cheguei à conclusão de que o que Machado de Assis fez por mim foi quase um truque. Ele me chamou para ir à praia assistir ao pôr do sol. E eu o assisti com prazer. Quando me virei para voltar, descobri que a maré havia subido sobre minha cabeça. Foi quando decidi escrever”.
Naquele mesmo ano, a escritora e ensaísta Susan Sontag escreveu um artigo em que analisa Memórias Póstumas e fala sobre Machado. O texto pode ser encontrado no livro Questão de Ênfase (Companhia das Letras). “Imaginem um escritor que (...) durante essa carreira intensamente prolífica, exuberantemente nacional, conseguiu escrever um número considerável de romances e contos, dignos de um lugar permanente na literatura mundial, e cujas obras-primas, fora do seu país natal, que o honra como seu maior escritor, são pouco conhecidas, raras vezes mencionadas”, escreveu Sontag.
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O escritor Salman Rushdie já falou de sua admiração por Machado algumas vezes. Em sua vinda à Bienal do Livro de São Paulo, em 2003, disse que leu os principais romances do autor aos 20 e poucos anos e gostou muito, conforme registrou a Folha de S. Paulo. Em sua obra mais recente, Faca: reflexões sobre um atentado, em que narra o traumático atentado que viveu em 2022, Rushdie cita várias referências literárias, incluindo Machado.
Em 2011, o cineasta Woody Allen citou Memórias Póstumas como um dos cinco livros que mais o influenciaram. Ele recebeu o livro pelo correio, com a recomendação de um estranho do Brasil. “Li porque era um livro fino. Se fosse grosso, teria descartado”, escreveu o cineasta.
Uma onda de reconhecimento a Machado de Assis foi suscitada nos Estados Unidos em 2020, quando a revista The New Yorker publicou um artigo elogioso escrito por Dave Eggers, autor de O Círculo. Na ocasião, uma nova tradução de Memórias Póstumas havia sido publicada em inglês. “Há muito esquecido pela maioria, é um dos livros mais espirituosos, mais divertidos e, portanto, mais vivos e eternos já escritos”, discorreu Eggers.
Dois anos antes, o escritor americano Benjamin Moser (que assina a rica biografia de Clarice Lispector publicada em 2009), havia questionado, também na The New Yorker, o por quê de um dos maiores escritores do Brasil não era mais lido ao redor do mundo.
Machado chegou a ser comparado a Franz Kafka, por Allen Ginsberg; a Samuel Beckett, por Philip Roth; e a Charles Dickens, por Stefan Zweig. Outros equiparam o brasileiro a Nikolai Gogol, Edgar Allen Poe, Jorge Luis Borges, James Joyce, Vladimir Nabokov e Anton Tchekhov – todos exemplos recuperados pela crítica Parul Sehgal no The New York Times, em 2018. A matéria foi traduzida pelo Estadão, clique aqui para ler.