Tire as crianças das telas! 7 escritores que elas amam dão dicas de passeio em São Paulo


A convite do ‘Estadão’, Ruth Rocha, Pedro Bandeira, Ilan Brenman, Daniel Munduruku, Daniel Kondo, Lucia Hiratsuka e Kiusam de Oliveira sugerem lugares para levar as crianças

Por Maria Fernanda Rodrigues
Atualização:

O alerta vem de todos os lados: uma criança não pode ter acesso livre e ilimitado a um celular. Pais e cuidadores sabem disso, se preocupam, mas também estão conectados o tempo todo. “Oferecer o celular a uma criança é um problema para os pais, que eles mesmos criam”, comenta a psicóloga Rosely Sayão, colunista do Estadão.

O escritor Ilan Brenman, preocupado há anos com o impacto das telas na vida de crianças e adolescentes, lança um convite já no título de seu novo livro: Desligue e Abra. Foi durante uma caminhada, que é quando costuma ter muitas ideias, que ele se imaginou como um livro. “Se eu sou um livro, o que eu diria para o meu leitor? Ah, tira o celular da sua frente, me leia, vem me conhecer. Sou muito mais legal”, conta.

Brincar livre traz ganhos para o desenvolvimento das crianças e a dica de Ruth Rocha é passar um tempo no Sesc Pompeia, que tem opções variadas para a família  Foto: Werther Santava/Estadão
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Com texto de Brenman, autor do best-seller Até as Princesas Soltam Pum, e ilustrações de Veridiana Scarpelli, o livro propõe, num diálogo direto com o leitor, brincadeiras e experiências mentais numa leitura compartilhada que pode ser rica para adultos e crianças.

“Não devemos demonizar o celular”, ele diz, “mas estamos perdendo a mão completamente.” Sua ideia é fazer pais e filhos perceberem que “o mundo real e concreto proporciona muitas coisas boas e faz com que a gente se vincule com o outro”.

Para ele, é urgente tirar a criança desse isolamento e dessa ilusão de que ela está conectada com outras pessoas. “Ela não está. As redes sociais são um grande espelho, expressam a relação narcísica que a criança tem, causando coisas terríveis na sua cabeça. O uso tem sido excessivo, sem curadoria, sem controle nenhum, e nunca vimos crianças tão solitárias e isoladas e com tantas doenças psíquicas”, comenta. “Precisamos recuperar a mente sequestrada da criança, e a nossa também, e ir para o mundo real. Esse é o caminho.”

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Viver

De acordo com Rosely Sayão, ficar no celular, além de causar prejuízos para o esquema corporal prejudicando até a aprendizagem, impede a criança de conhecer a vida. “E ela precisa aprender a vida como ela é. É isso que vai permitir que ela cresça e, na vida adulta, tenha mais conhecimento, tenha adquirido mais resiliência e aprendido a identificar mais riscos.”

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Aliás, ela explica, a relação das crianças com a natureza mostra os limites da vida sem que os pais tenham de ficar apontando. “Pediatras estão dizendo que crianças de oito, nove, 10 anos estão sofrendo acidentes bem sérios, que exigem até cirurgia, porque não avaliam a situação de risco – por exemplo, ao se jogar de um lugar para outro.” Ela completa: “É fundamental que as crianças tenham contato com a natureza. Isso estimula a criatividade, oferece pequenos e grandes aprendizados cotidianos a respeito da vida e colabora muito para o equilíbrio emocional”.

Estar na natureza, brincar livre, visitar um museu. Há inúmeras opções em São Paulo para pais que querem tirar os filhos da frente das telas. Convidamos escritores de livros infantis conhecidos das crianças de hoje e em alguns casos lidos também por seus pais na infância, para indicar passeios gostosos por São Paulo. A maioria tem entrada gratuita. São parques, museus, teatros. Confira abaixo.

Antes do passeio, duas dicas de livros

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Desligue e Abra (Moderna, 48 págs.; R$ 63), de Ilan Brenman com ilustrações de Veridiana Scarpelli, busca mostrar que um livro pode ser mais interessante do que um celular, e fonte de diversão. Há um diálogo direto com a criança, perguntas e propostas de brincadeira e interação. Uma vez conquistado o leitor, vem o segredo: há muitos outros como ele esperando para serem abertos.

Outro lançamento recente, São Paulo (Edições Barbatana, 28 págs.; R$ 45), de Mauro Calligari e Irena Freitas, é livro-cidade ricamente ilustrado que se desdobra na mão da criança e apresenta os principais pontos turísticos da metrópole. Um convite para a leitura, um estímulo para um passeio e um guia para acompanhar os pequenos turistas.

Escritores recomendam lugares para levar as crianças

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Ruth Rocha, autora de Marcelo, Marmelo, Martelo, entre outros clássicos, recomenda, aos 92 anos, o Sesc Pompeia: 'É sempre alegre' Foto: Leo Martins/Estadão

Ruth Rocha indica

Sesc Pompeia

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O Sesc Pompeia possui um projeto arquitetônico maravilhoso, uma criação da Lina Bo Bardi. Gosto muito do lugar, porque é sempre alegre. É um espaço divertido, interessante e criativo. É legal porque tem piscina e quadras para praticar vários esportes. Tem lanchonete, café, shows, exposições, e há sempre oficinas para crianças.

R. Clélia, 93 – Água Branca. 3.ª a sáb, 10h/22h. Dom., 10h/19h. Gratuito (atrações culturais, como peças e shows, são pagas).

O escritor Daniel Munduruku no Museu das Culturas Indígenas, em 2023 Foto: Acervo MCI

Daniel Munduruku indica

Museu das Culturas Indígenas

Inaugurado em 2022, o Museu das Culturas Indígenas traz belas exposições, acervo literário e oficinas de grafismos e artes originárias. Trata-se de um espaço totalmente gerido por pessoas indígenas, com todo cuidado estético e curadoria de arte que dão condições de as pessoas perceberem como o indígena pensa a si mesmo, e pensa a si mesmo no contexto urbano. É um museu vivo, que se faz a partir de ações concretas e oficinas. É importante as pessoas irem, apreciarem, valorizarem essa iniciativa e conhecerem a realidade dos povos indígenas – no contexto brasileiro, estadual e ainda mais no contexto urbano que é o caso dos indígenas que moram em São Paulo. E neste mês, haverá uma programação especial em comemoração ao Abril Indígena.

R. Dona Germaine Burchard, 451 – Água Branca. 3.ª a dom., 9h/18h. R$ 15 (entrada gratuita às quintas).

Daniel Kondo é autor de A Vaca foi pro Brejo e de Feira Feroz Foto: Adriana Fernandes

Daniel Kondo indica

Parque da Água Branca

O Parque da Água Branca tem uma programação mensal bacana para as crianças, e todos nos divertimos muito. Encontramos um clima de campo, com pavões e galinhas andando soltos pelo parque. Feira Feroz em carne e osso! (Feira Feroz é o título de um dos livros mais recentes do autor e de Adriana Fernandes, que convida a misturar nomes de frutas e de animais para criar novas palavras.)

Há brinquedos para crianças. Tem ainda um aquário, que apresenta espécies mais comuns nos rios do Estado.

No Relógio do Sol, imaginamos na antiguidade como era medida a passagem do dia, pois marca as horas nos diversos países de acordo com a posição do sol. Depois, pare no Bambuzal para meditar. E no Tattersal, um prédio octogonal, você ainda pode aproveitar alguma atração que esteja se apresentando durante o dia.

Sem deixar de ir ao Instituto Geológico, para aprender mais sobre minerais, rochas e fósseis do acervo.

Sempre retornamos também à Casa do Caboclo para ver como era uma casa rural e provar os deliciosos quitutes assados no forno a lenha: broa de milho com cafezinho.

Tudo isso sem falar na enorme feira de produtos orgânicos que é imperdível. Famílias de agricultores trazem seus produtos frescos para comercializar no local. E que foi o lugar que nos inspirou a fazer o livro Feira Feroz. Um passeio radical para quem está na cidade feroz.

Av. Francisco Matarazzo, 455 – Água Branca. 2.ª a 2.ª, 6h/20h. Feira: 3.ª, sáb. e dom., 7h/12h. Gratuito.

Pedro Bandeira, autor de A Droga da Obediência e de outros livros lidos por muitas gerações de crianças Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Pedro Bandeira indica

Peça de teatro para as crianças, vistas na infância, são lembranças marcantes até a idade adulta, mais do que qualquer joguinho ou programa de televisão. Leve suas crianças ao teatro infantil! Um teatro de que gosto muito e onde já assisti a ótimas peças infantis é o Teatro Viradalata

Rua Apinajés, 1.387 – Sumaré.

Ilan Brenman está lançando o livro Desligue e Abra!; ele é autor, ainda, do best-seller Até as Princesas Soltam Pum Foto: Ana Shiokawa

Ilan Brenman indica

Museu Judaico

Acessível a todos e um museu muito lindo, bem organizado e com muitos objetos antigos, histórias, curadorias e a tecnologia facilitando e encantando os visitantes. E também você vai descobrir que muitos personagens da história brasileira têm origem judaica, como por exemplo, Branca Dias, considerada a primeira professora de meninas do Brasil, e Bento Teixeira, considerado o autor que publicou a primeira obra barroca brasileira, Prosopopeia. Escolha um dia que tem contadores de histórias, a criançada adora.

R. Martinho Prado, 128 – Bela Vista. 3.ª a dom., 10h/19h (entrada até 18h). Gratuito.

Kiusam de Oliveira está lançando Omo-oba: Histórias de princesas e príncipes e é autora de Com Que Penteado eu Vou, com o popular bicho pau do Planeta Inseto Foto: Leo Martins/Estadão

Kiusam de Oliveira indica

Planeta Inseto

Adoro prestar atenção nas coisas pequeninas e os insetos me atraem por formarem um outro universo que tem vida e sentidos próprios: as abelhas que vivem em comunidades, fabricam o mel e constroem colmeias com cera, as formigas que subterraneamente constroem galerias embaixo da terra, os bichos-da-seda que produzem o fio de seda usado em roupas. Nesse espaço, as crianças aprendem brincando sobre o valor de se respeitar todas as vidas, todos os seres vivos que habitam nosso planeta.

Av. Dr. Dante Pazzanese, 64 – Vila Mariana. 3.ª a dom., 9h/16h. Gratuito.

Lucia Hiratsuka, uma das autoras mais premiadas, responsável por obras como Oriê, Caminhão, Chão de Peixes e Amanhã, no Parque da Independência Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Lúcia Hiratsuka indica

Parque da Independência

No Parque da Independência, onde fica o Museu do Ipiranga, os visitantes são recebidos por uma vista magnífica. Gosto de caminhar pelo jardim e ver o movimento, crianças e adultos andando de skate, bicicleta, ou simplesmente curtindo o espaço e conversando. São diversos cantos para explorar, o bosque ao fundo tem um charme especial, há plantas nativas, playground, banquetas e até lugar para piquenique. O bom é que, de onde moro, consigo ir a pé, olhando ruas e casas que guardam muitas histórias, assim como o parque.

Av. Nazaré, s/n.º – Ipiranga. 2.ª a 2.ª, 5h/20h. Gratuito.

O alerta vem de todos os lados: uma criança não pode ter acesso livre e ilimitado a um celular. Pais e cuidadores sabem disso, se preocupam, mas também estão conectados o tempo todo. “Oferecer o celular a uma criança é um problema para os pais, que eles mesmos criam”, comenta a psicóloga Rosely Sayão, colunista do Estadão.

O escritor Ilan Brenman, preocupado há anos com o impacto das telas na vida de crianças e adolescentes, lança um convite já no título de seu novo livro: Desligue e Abra. Foi durante uma caminhada, que é quando costuma ter muitas ideias, que ele se imaginou como um livro. “Se eu sou um livro, o que eu diria para o meu leitor? Ah, tira o celular da sua frente, me leia, vem me conhecer. Sou muito mais legal”, conta.

Brincar livre traz ganhos para o desenvolvimento das crianças e a dica de Ruth Rocha é passar um tempo no Sesc Pompeia, que tem opções variadas para a família  Foto: Werther Santava/Estadão

Com texto de Brenman, autor do best-seller Até as Princesas Soltam Pum, e ilustrações de Veridiana Scarpelli, o livro propõe, num diálogo direto com o leitor, brincadeiras e experiências mentais numa leitura compartilhada que pode ser rica para adultos e crianças.

“Não devemos demonizar o celular”, ele diz, “mas estamos perdendo a mão completamente.” Sua ideia é fazer pais e filhos perceberem que “o mundo real e concreto proporciona muitas coisas boas e faz com que a gente se vincule com o outro”.

Para ele, é urgente tirar a criança desse isolamento e dessa ilusão de que ela está conectada com outras pessoas. “Ela não está. As redes sociais são um grande espelho, expressam a relação narcísica que a criança tem, causando coisas terríveis na sua cabeça. O uso tem sido excessivo, sem curadoria, sem controle nenhum, e nunca vimos crianças tão solitárias e isoladas e com tantas doenças psíquicas”, comenta. “Precisamos recuperar a mente sequestrada da criança, e a nossa também, e ir para o mundo real. Esse é o caminho.”

Viver

De acordo com Rosely Sayão, ficar no celular, além de causar prejuízos para o esquema corporal prejudicando até a aprendizagem, impede a criança de conhecer a vida. “E ela precisa aprender a vida como ela é. É isso que vai permitir que ela cresça e, na vida adulta, tenha mais conhecimento, tenha adquirido mais resiliência e aprendido a identificar mais riscos.”

Aliás, ela explica, a relação das crianças com a natureza mostra os limites da vida sem que os pais tenham de ficar apontando. “Pediatras estão dizendo que crianças de oito, nove, 10 anos estão sofrendo acidentes bem sérios, que exigem até cirurgia, porque não avaliam a situação de risco – por exemplo, ao se jogar de um lugar para outro.” Ela completa: “É fundamental que as crianças tenham contato com a natureza. Isso estimula a criatividade, oferece pequenos e grandes aprendizados cotidianos a respeito da vida e colabora muito para o equilíbrio emocional”.

Estar na natureza, brincar livre, visitar um museu. Há inúmeras opções em São Paulo para pais que querem tirar os filhos da frente das telas. Convidamos escritores de livros infantis conhecidos das crianças de hoje e em alguns casos lidos também por seus pais na infância, para indicar passeios gostosos por São Paulo. A maioria tem entrada gratuita. São parques, museus, teatros. Confira abaixo.

Antes do passeio, duas dicas de livros

Desligue e Abra (Moderna, 48 págs.; R$ 63), de Ilan Brenman com ilustrações de Veridiana Scarpelli, busca mostrar que um livro pode ser mais interessante do que um celular, e fonte de diversão. Há um diálogo direto com a criança, perguntas e propostas de brincadeira e interação. Uma vez conquistado o leitor, vem o segredo: há muitos outros como ele esperando para serem abertos.

Outro lançamento recente, São Paulo (Edições Barbatana, 28 págs.; R$ 45), de Mauro Calligari e Irena Freitas, é livro-cidade ricamente ilustrado que se desdobra na mão da criança e apresenta os principais pontos turísticos da metrópole. Um convite para a leitura, um estímulo para um passeio e um guia para acompanhar os pequenos turistas.

Escritores recomendam lugares para levar as crianças

Ruth Rocha, autora de Marcelo, Marmelo, Martelo, entre outros clássicos, recomenda, aos 92 anos, o Sesc Pompeia: 'É sempre alegre' Foto: Leo Martins/Estadão

Ruth Rocha indica

Sesc Pompeia

O Sesc Pompeia possui um projeto arquitetônico maravilhoso, uma criação da Lina Bo Bardi. Gosto muito do lugar, porque é sempre alegre. É um espaço divertido, interessante e criativo. É legal porque tem piscina e quadras para praticar vários esportes. Tem lanchonete, café, shows, exposições, e há sempre oficinas para crianças.

R. Clélia, 93 – Água Branca. 3.ª a sáb, 10h/22h. Dom., 10h/19h. Gratuito (atrações culturais, como peças e shows, são pagas).

O escritor Daniel Munduruku no Museu das Culturas Indígenas, em 2023 Foto: Acervo MCI

Daniel Munduruku indica

Museu das Culturas Indígenas

Inaugurado em 2022, o Museu das Culturas Indígenas traz belas exposições, acervo literário e oficinas de grafismos e artes originárias. Trata-se de um espaço totalmente gerido por pessoas indígenas, com todo cuidado estético e curadoria de arte que dão condições de as pessoas perceberem como o indígena pensa a si mesmo, e pensa a si mesmo no contexto urbano. É um museu vivo, que se faz a partir de ações concretas e oficinas. É importante as pessoas irem, apreciarem, valorizarem essa iniciativa e conhecerem a realidade dos povos indígenas – no contexto brasileiro, estadual e ainda mais no contexto urbano que é o caso dos indígenas que moram em São Paulo. E neste mês, haverá uma programação especial em comemoração ao Abril Indígena.

R. Dona Germaine Burchard, 451 – Água Branca. 3.ª a dom., 9h/18h. R$ 15 (entrada gratuita às quintas).

Daniel Kondo é autor de A Vaca foi pro Brejo e de Feira Feroz Foto: Adriana Fernandes

Daniel Kondo indica

Parque da Água Branca

O Parque da Água Branca tem uma programação mensal bacana para as crianças, e todos nos divertimos muito. Encontramos um clima de campo, com pavões e galinhas andando soltos pelo parque. Feira Feroz em carne e osso! (Feira Feroz é o título de um dos livros mais recentes do autor e de Adriana Fernandes, que convida a misturar nomes de frutas e de animais para criar novas palavras.)

Há brinquedos para crianças. Tem ainda um aquário, que apresenta espécies mais comuns nos rios do Estado.

No Relógio do Sol, imaginamos na antiguidade como era medida a passagem do dia, pois marca as horas nos diversos países de acordo com a posição do sol. Depois, pare no Bambuzal para meditar. E no Tattersal, um prédio octogonal, você ainda pode aproveitar alguma atração que esteja se apresentando durante o dia.

Sem deixar de ir ao Instituto Geológico, para aprender mais sobre minerais, rochas e fósseis do acervo.

Sempre retornamos também à Casa do Caboclo para ver como era uma casa rural e provar os deliciosos quitutes assados no forno a lenha: broa de milho com cafezinho.

Tudo isso sem falar na enorme feira de produtos orgânicos que é imperdível. Famílias de agricultores trazem seus produtos frescos para comercializar no local. E que foi o lugar que nos inspirou a fazer o livro Feira Feroz. Um passeio radical para quem está na cidade feroz.

Av. Francisco Matarazzo, 455 – Água Branca. 2.ª a 2.ª, 6h/20h. Feira: 3.ª, sáb. e dom., 7h/12h. Gratuito.

Pedro Bandeira, autor de A Droga da Obediência e de outros livros lidos por muitas gerações de crianças Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Pedro Bandeira indica

Peça de teatro para as crianças, vistas na infância, são lembranças marcantes até a idade adulta, mais do que qualquer joguinho ou programa de televisão. Leve suas crianças ao teatro infantil! Um teatro de que gosto muito e onde já assisti a ótimas peças infantis é o Teatro Viradalata

Rua Apinajés, 1.387 – Sumaré.

Ilan Brenman está lançando o livro Desligue e Abra!; ele é autor, ainda, do best-seller Até as Princesas Soltam Pum Foto: Ana Shiokawa

Ilan Brenman indica

Museu Judaico

Acessível a todos e um museu muito lindo, bem organizado e com muitos objetos antigos, histórias, curadorias e a tecnologia facilitando e encantando os visitantes. E também você vai descobrir que muitos personagens da história brasileira têm origem judaica, como por exemplo, Branca Dias, considerada a primeira professora de meninas do Brasil, e Bento Teixeira, considerado o autor que publicou a primeira obra barroca brasileira, Prosopopeia. Escolha um dia que tem contadores de histórias, a criançada adora.

R. Martinho Prado, 128 – Bela Vista. 3.ª a dom., 10h/19h (entrada até 18h). Gratuito.

Kiusam de Oliveira está lançando Omo-oba: Histórias de princesas e príncipes e é autora de Com Que Penteado eu Vou, com o popular bicho pau do Planeta Inseto Foto: Leo Martins/Estadão

Kiusam de Oliveira indica

Planeta Inseto

Adoro prestar atenção nas coisas pequeninas e os insetos me atraem por formarem um outro universo que tem vida e sentidos próprios: as abelhas que vivem em comunidades, fabricam o mel e constroem colmeias com cera, as formigas que subterraneamente constroem galerias embaixo da terra, os bichos-da-seda que produzem o fio de seda usado em roupas. Nesse espaço, as crianças aprendem brincando sobre o valor de se respeitar todas as vidas, todos os seres vivos que habitam nosso planeta.

Av. Dr. Dante Pazzanese, 64 – Vila Mariana. 3.ª a dom., 9h/16h. Gratuito.

Lucia Hiratsuka, uma das autoras mais premiadas, responsável por obras como Oriê, Caminhão, Chão de Peixes e Amanhã, no Parque da Independência Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Lúcia Hiratsuka indica

Parque da Independência

No Parque da Independência, onde fica o Museu do Ipiranga, os visitantes são recebidos por uma vista magnífica. Gosto de caminhar pelo jardim e ver o movimento, crianças e adultos andando de skate, bicicleta, ou simplesmente curtindo o espaço e conversando. São diversos cantos para explorar, o bosque ao fundo tem um charme especial, há plantas nativas, playground, banquetas e até lugar para piquenique. O bom é que, de onde moro, consigo ir a pé, olhando ruas e casas que guardam muitas histórias, assim como o parque.

Av. Nazaré, s/n.º – Ipiranga. 2.ª a 2.ª, 5h/20h. Gratuito.

O alerta vem de todos os lados: uma criança não pode ter acesso livre e ilimitado a um celular. Pais e cuidadores sabem disso, se preocupam, mas também estão conectados o tempo todo. “Oferecer o celular a uma criança é um problema para os pais, que eles mesmos criam”, comenta a psicóloga Rosely Sayão, colunista do Estadão.

O escritor Ilan Brenman, preocupado há anos com o impacto das telas na vida de crianças e adolescentes, lança um convite já no título de seu novo livro: Desligue e Abra. Foi durante uma caminhada, que é quando costuma ter muitas ideias, que ele se imaginou como um livro. “Se eu sou um livro, o que eu diria para o meu leitor? Ah, tira o celular da sua frente, me leia, vem me conhecer. Sou muito mais legal”, conta.

Brincar livre traz ganhos para o desenvolvimento das crianças e a dica de Ruth Rocha é passar um tempo no Sesc Pompeia, que tem opções variadas para a família  Foto: Werther Santava/Estadão

Com texto de Brenman, autor do best-seller Até as Princesas Soltam Pum, e ilustrações de Veridiana Scarpelli, o livro propõe, num diálogo direto com o leitor, brincadeiras e experiências mentais numa leitura compartilhada que pode ser rica para adultos e crianças.

“Não devemos demonizar o celular”, ele diz, “mas estamos perdendo a mão completamente.” Sua ideia é fazer pais e filhos perceberem que “o mundo real e concreto proporciona muitas coisas boas e faz com que a gente se vincule com o outro”.

Para ele, é urgente tirar a criança desse isolamento e dessa ilusão de que ela está conectada com outras pessoas. “Ela não está. As redes sociais são um grande espelho, expressam a relação narcísica que a criança tem, causando coisas terríveis na sua cabeça. O uso tem sido excessivo, sem curadoria, sem controle nenhum, e nunca vimos crianças tão solitárias e isoladas e com tantas doenças psíquicas”, comenta. “Precisamos recuperar a mente sequestrada da criança, e a nossa também, e ir para o mundo real. Esse é o caminho.”

Viver

De acordo com Rosely Sayão, ficar no celular, além de causar prejuízos para o esquema corporal prejudicando até a aprendizagem, impede a criança de conhecer a vida. “E ela precisa aprender a vida como ela é. É isso que vai permitir que ela cresça e, na vida adulta, tenha mais conhecimento, tenha adquirido mais resiliência e aprendido a identificar mais riscos.”

Aliás, ela explica, a relação das crianças com a natureza mostra os limites da vida sem que os pais tenham de ficar apontando. “Pediatras estão dizendo que crianças de oito, nove, 10 anos estão sofrendo acidentes bem sérios, que exigem até cirurgia, porque não avaliam a situação de risco – por exemplo, ao se jogar de um lugar para outro.” Ela completa: “É fundamental que as crianças tenham contato com a natureza. Isso estimula a criatividade, oferece pequenos e grandes aprendizados cotidianos a respeito da vida e colabora muito para o equilíbrio emocional”.

Estar na natureza, brincar livre, visitar um museu. Há inúmeras opções em São Paulo para pais que querem tirar os filhos da frente das telas. Convidamos escritores de livros infantis conhecidos das crianças de hoje e em alguns casos lidos também por seus pais na infância, para indicar passeios gostosos por São Paulo. A maioria tem entrada gratuita. São parques, museus, teatros. Confira abaixo.

Antes do passeio, duas dicas de livros

Desligue e Abra (Moderna, 48 págs.; R$ 63), de Ilan Brenman com ilustrações de Veridiana Scarpelli, busca mostrar que um livro pode ser mais interessante do que um celular, e fonte de diversão. Há um diálogo direto com a criança, perguntas e propostas de brincadeira e interação. Uma vez conquistado o leitor, vem o segredo: há muitos outros como ele esperando para serem abertos.

Outro lançamento recente, São Paulo (Edições Barbatana, 28 págs.; R$ 45), de Mauro Calligari e Irena Freitas, é livro-cidade ricamente ilustrado que se desdobra na mão da criança e apresenta os principais pontos turísticos da metrópole. Um convite para a leitura, um estímulo para um passeio e um guia para acompanhar os pequenos turistas.

Escritores recomendam lugares para levar as crianças

Ruth Rocha, autora de Marcelo, Marmelo, Martelo, entre outros clássicos, recomenda, aos 92 anos, o Sesc Pompeia: 'É sempre alegre' Foto: Leo Martins/Estadão

Ruth Rocha indica

Sesc Pompeia

O Sesc Pompeia possui um projeto arquitetônico maravilhoso, uma criação da Lina Bo Bardi. Gosto muito do lugar, porque é sempre alegre. É um espaço divertido, interessante e criativo. É legal porque tem piscina e quadras para praticar vários esportes. Tem lanchonete, café, shows, exposições, e há sempre oficinas para crianças.

R. Clélia, 93 – Água Branca. 3.ª a sáb, 10h/22h. Dom., 10h/19h. Gratuito (atrações culturais, como peças e shows, são pagas).

O escritor Daniel Munduruku no Museu das Culturas Indígenas, em 2023 Foto: Acervo MCI

Daniel Munduruku indica

Museu das Culturas Indígenas

Inaugurado em 2022, o Museu das Culturas Indígenas traz belas exposições, acervo literário e oficinas de grafismos e artes originárias. Trata-se de um espaço totalmente gerido por pessoas indígenas, com todo cuidado estético e curadoria de arte que dão condições de as pessoas perceberem como o indígena pensa a si mesmo, e pensa a si mesmo no contexto urbano. É um museu vivo, que se faz a partir de ações concretas e oficinas. É importante as pessoas irem, apreciarem, valorizarem essa iniciativa e conhecerem a realidade dos povos indígenas – no contexto brasileiro, estadual e ainda mais no contexto urbano que é o caso dos indígenas que moram em São Paulo. E neste mês, haverá uma programação especial em comemoração ao Abril Indígena.

R. Dona Germaine Burchard, 451 – Água Branca. 3.ª a dom., 9h/18h. R$ 15 (entrada gratuita às quintas).

Daniel Kondo é autor de A Vaca foi pro Brejo e de Feira Feroz Foto: Adriana Fernandes

Daniel Kondo indica

Parque da Água Branca

O Parque da Água Branca tem uma programação mensal bacana para as crianças, e todos nos divertimos muito. Encontramos um clima de campo, com pavões e galinhas andando soltos pelo parque. Feira Feroz em carne e osso! (Feira Feroz é o título de um dos livros mais recentes do autor e de Adriana Fernandes, que convida a misturar nomes de frutas e de animais para criar novas palavras.)

Há brinquedos para crianças. Tem ainda um aquário, que apresenta espécies mais comuns nos rios do Estado.

No Relógio do Sol, imaginamos na antiguidade como era medida a passagem do dia, pois marca as horas nos diversos países de acordo com a posição do sol. Depois, pare no Bambuzal para meditar. E no Tattersal, um prédio octogonal, você ainda pode aproveitar alguma atração que esteja se apresentando durante o dia.

Sem deixar de ir ao Instituto Geológico, para aprender mais sobre minerais, rochas e fósseis do acervo.

Sempre retornamos também à Casa do Caboclo para ver como era uma casa rural e provar os deliciosos quitutes assados no forno a lenha: broa de milho com cafezinho.

Tudo isso sem falar na enorme feira de produtos orgânicos que é imperdível. Famílias de agricultores trazem seus produtos frescos para comercializar no local. E que foi o lugar que nos inspirou a fazer o livro Feira Feroz. Um passeio radical para quem está na cidade feroz.

Av. Francisco Matarazzo, 455 – Água Branca. 2.ª a 2.ª, 6h/20h. Feira: 3.ª, sáb. e dom., 7h/12h. Gratuito.

Pedro Bandeira, autor de A Droga da Obediência e de outros livros lidos por muitas gerações de crianças Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Pedro Bandeira indica

Peça de teatro para as crianças, vistas na infância, são lembranças marcantes até a idade adulta, mais do que qualquer joguinho ou programa de televisão. Leve suas crianças ao teatro infantil! Um teatro de que gosto muito e onde já assisti a ótimas peças infantis é o Teatro Viradalata

Rua Apinajés, 1.387 – Sumaré.

Ilan Brenman está lançando o livro Desligue e Abra!; ele é autor, ainda, do best-seller Até as Princesas Soltam Pum Foto: Ana Shiokawa

Ilan Brenman indica

Museu Judaico

Acessível a todos e um museu muito lindo, bem organizado e com muitos objetos antigos, histórias, curadorias e a tecnologia facilitando e encantando os visitantes. E também você vai descobrir que muitos personagens da história brasileira têm origem judaica, como por exemplo, Branca Dias, considerada a primeira professora de meninas do Brasil, e Bento Teixeira, considerado o autor que publicou a primeira obra barroca brasileira, Prosopopeia. Escolha um dia que tem contadores de histórias, a criançada adora.

R. Martinho Prado, 128 – Bela Vista. 3.ª a dom., 10h/19h (entrada até 18h). Gratuito.

Kiusam de Oliveira está lançando Omo-oba: Histórias de princesas e príncipes e é autora de Com Que Penteado eu Vou, com o popular bicho pau do Planeta Inseto Foto: Leo Martins/Estadão

Kiusam de Oliveira indica

Planeta Inseto

Adoro prestar atenção nas coisas pequeninas e os insetos me atraem por formarem um outro universo que tem vida e sentidos próprios: as abelhas que vivem em comunidades, fabricam o mel e constroem colmeias com cera, as formigas que subterraneamente constroem galerias embaixo da terra, os bichos-da-seda que produzem o fio de seda usado em roupas. Nesse espaço, as crianças aprendem brincando sobre o valor de se respeitar todas as vidas, todos os seres vivos que habitam nosso planeta.

Av. Dr. Dante Pazzanese, 64 – Vila Mariana. 3.ª a dom., 9h/16h. Gratuito.

Lucia Hiratsuka, uma das autoras mais premiadas, responsável por obras como Oriê, Caminhão, Chão de Peixes e Amanhã, no Parque da Independência Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Lúcia Hiratsuka indica

Parque da Independência

No Parque da Independência, onde fica o Museu do Ipiranga, os visitantes são recebidos por uma vista magnífica. Gosto de caminhar pelo jardim e ver o movimento, crianças e adultos andando de skate, bicicleta, ou simplesmente curtindo o espaço e conversando. São diversos cantos para explorar, o bosque ao fundo tem um charme especial, há plantas nativas, playground, banquetas e até lugar para piquenique. O bom é que, de onde moro, consigo ir a pé, olhando ruas e casas que guardam muitas histórias, assim como o parque.

Av. Nazaré, s/n.º – Ipiranga. 2.ª a 2.ª, 5h/20h. Gratuito.

O alerta vem de todos os lados: uma criança não pode ter acesso livre e ilimitado a um celular. Pais e cuidadores sabem disso, se preocupam, mas também estão conectados o tempo todo. “Oferecer o celular a uma criança é um problema para os pais, que eles mesmos criam”, comenta a psicóloga Rosely Sayão, colunista do Estadão.

O escritor Ilan Brenman, preocupado há anos com o impacto das telas na vida de crianças e adolescentes, lança um convite já no título de seu novo livro: Desligue e Abra. Foi durante uma caminhada, que é quando costuma ter muitas ideias, que ele se imaginou como um livro. “Se eu sou um livro, o que eu diria para o meu leitor? Ah, tira o celular da sua frente, me leia, vem me conhecer. Sou muito mais legal”, conta.

Brincar livre traz ganhos para o desenvolvimento das crianças e a dica de Ruth Rocha é passar um tempo no Sesc Pompeia, que tem opções variadas para a família  Foto: Werther Santava/Estadão

Com texto de Brenman, autor do best-seller Até as Princesas Soltam Pum, e ilustrações de Veridiana Scarpelli, o livro propõe, num diálogo direto com o leitor, brincadeiras e experiências mentais numa leitura compartilhada que pode ser rica para adultos e crianças.

“Não devemos demonizar o celular”, ele diz, “mas estamos perdendo a mão completamente.” Sua ideia é fazer pais e filhos perceberem que “o mundo real e concreto proporciona muitas coisas boas e faz com que a gente se vincule com o outro”.

Para ele, é urgente tirar a criança desse isolamento e dessa ilusão de que ela está conectada com outras pessoas. “Ela não está. As redes sociais são um grande espelho, expressam a relação narcísica que a criança tem, causando coisas terríveis na sua cabeça. O uso tem sido excessivo, sem curadoria, sem controle nenhum, e nunca vimos crianças tão solitárias e isoladas e com tantas doenças psíquicas”, comenta. “Precisamos recuperar a mente sequestrada da criança, e a nossa também, e ir para o mundo real. Esse é o caminho.”

Viver

De acordo com Rosely Sayão, ficar no celular, além de causar prejuízos para o esquema corporal prejudicando até a aprendizagem, impede a criança de conhecer a vida. “E ela precisa aprender a vida como ela é. É isso que vai permitir que ela cresça e, na vida adulta, tenha mais conhecimento, tenha adquirido mais resiliência e aprendido a identificar mais riscos.”

Aliás, ela explica, a relação das crianças com a natureza mostra os limites da vida sem que os pais tenham de ficar apontando. “Pediatras estão dizendo que crianças de oito, nove, 10 anos estão sofrendo acidentes bem sérios, que exigem até cirurgia, porque não avaliam a situação de risco – por exemplo, ao se jogar de um lugar para outro.” Ela completa: “É fundamental que as crianças tenham contato com a natureza. Isso estimula a criatividade, oferece pequenos e grandes aprendizados cotidianos a respeito da vida e colabora muito para o equilíbrio emocional”.

Estar na natureza, brincar livre, visitar um museu. Há inúmeras opções em São Paulo para pais que querem tirar os filhos da frente das telas. Convidamos escritores de livros infantis conhecidos das crianças de hoje e em alguns casos lidos também por seus pais na infância, para indicar passeios gostosos por São Paulo. A maioria tem entrada gratuita. São parques, museus, teatros. Confira abaixo.

Antes do passeio, duas dicas de livros

Desligue e Abra (Moderna, 48 págs.; R$ 63), de Ilan Brenman com ilustrações de Veridiana Scarpelli, busca mostrar que um livro pode ser mais interessante do que um celular, e fonte de diversão. Há um diálogo direto com a criança, perguntas e propostas de brincadeira e interação. Uma vez conquistado o leitor, vem o segredo: há muitos outros como ele esperando para serem abertos.

Outro lançamento recente, São Paulo (Edições Barbatana, 28 págs.; R$ 45), de Mauro Calligari e Irena Freitas, é livro-cidade ricamente ilustrado que se desdobra na mão da criança e apresenta os principais pontos turísticos da metrópole. Um convite para a leitura, um estímulo para um passeio e um guia para acompanhar os pequenos turistas.

Escritores recomendam lugares para levar as crianças

Ruth Rocha, autora de Marcelo, Marmelo, Martelo, entre outros clássicos, recomenda, aos 92 anos, o Sesc Pompeia: 'É sempre alegre' Foto: Leo Martins/Estadão

Ruth Rocha indica

Sesc Pompeia

O Sesc Pompeia possui um projeto arquitetônico maravilhoso, uma criação da Lina Bo Bardi. Gosto muito do lugar, porque é sempre alegre. É um espaço divertido, interessante e criativo. É legal porque tem piscina e quadras para praticar vários esportes. Tem lanchonete, café, shows, exposições, e há sempre oficinas para crianças.

R. Clélia, 93 – Água Branca. 3.ª a sáb, 10h/22h. Dom., 10h/19h. Gratuito (atrações culturais, como peças e shows, são pagas).

O escritor Daniel Munduruku no Museu das Culturas Indígenas, em 2023 Foto: Acervo MCI

Daniel Munduruku indica

Museu das Culturas Indígenas

Inaugurado em 2022, o Museu das Culturas Indígenas traz belas exposições, acervo literário e oficinas de grafismos e artes originárias. Trata-se de um espaço totalmente gerido por pessoas indígenas, com todo cuidado estético e curadoria de arte que dão condições de as pessoas perceberem como o indígena pensa a si mesmo, e pensa a si mesmo no contexto urbano. É um museu vivo, que se faz a partir de ações concretas e oficinas. É importante as pessoas irem, apreciarem, valorizarem essa iniciativa e conhecerem a realidade dos povos indígenas – no contexto brasileiro, estadual e ainda mais no contexto urbano que é o caso dos indígenas que moram em São Paulo. E neste mês, haverá uma programação especial em comemoração ao Abril Indígena.

R. Dona Germaine Burchard, 451 – Água Branca. 3.ª a dom., 9h/18h. R$ 15 (entrada gratuita às quintas).

Daniel Kondo é autor de A Vaca foi pro Brejo e de Feira Feroz Foto: Adriana Fernandes

Daniel Kondo indica

Parque da Água Branca

O Parque da Água Branca tem uma programação mensal bacana para as crianças, e todos nos divertimos muito. Encontramos um clima de campo, com pavões e galinhas andando soltos pelo parque. Feira Feroz em carne e osso! (Feira Feroz é o título de um dos livros mais recentes do autor e de Adriana Fernandes, que convida a misturar nomes de frutas e de animais para criar novas palavras.)

Há brinquedos para crianças. Tem ainda um aquário, que apresenta espécies mais comuns nos rios do Estado.

No Relógio do Sol, imaginamos na antiguidade como era medida a passagem do dia, pois marca as horas nos diversos países de acordo com a posição do sol. Depois, pare no Bambuzal para meditar. E no Tattersal, um prédio octogonal, você ainda pode aproveitar alguma atração que esteja se apresentando durante o dia.

Sem deixar de ir ao Instituto Geológico, para aprender mais sobre minerais, rochas e fósseis do acervo.

Sempre retornamos também à Casa do Caboclo para ver como era uma casa rural e provar os deliciosos quitutes assados no forno a lenha: broa de milho com cafezinho.

Tudo isso sem falar na enorme feira de produtos orgânicos que é imperdível. Famílias de agricultores trazem seus produtos frescos para comercializar no local. E que foi o lugar que nos inspirou a fazer o livro Feira Feroz. Um passeio radical para quem está na cidade feroz.

Av. Francisco Matarazzo, 455 – Água Branca. 2.ª a 2.ª, 6h/20h. Feira: 3.ª, sáb. e dom., 7h/12h. Gratuito.

Pedro Bandeira, autor de A Droga da Obediência e de outros livros lidos por muitas gerações de crianças Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Pedro Bandeira indica

Peça de teatro para as crianças, vistas na infância, são lembranças marcantes até a idade adulta, mais do que qualquer joguinho ou programa de televisão. Leve suas crianças ao teatro infantil! Um teatro de que gosto muito e onde já assisti a ótimas peças infantis é o Teatro Viradalata

Rua Apinajés, 1.387 – Sumaré.

Ilan Brenman está lançando o livro Desligue e Abra!; ele é autor, ainda, do best-seller Até as Princesas Soltam Pum Foto: Ana Shiokawa

Ilan Brenman indica

Museu Judaico

Acessível a todos e um museu muito lindo, bem organizado e com muitos objetos antigos, histórias, curadorias e a tecnologia facilitando e encantando os visitantes. E também você vai descobrir que muitos personagens da história brasileira têm origem judaica, como por exemplo, Branca Dias, considerada a primeira professora de meninas do Brasil, e Bento Teixeira, considerado o autor que publicou a primeira obra barroca brasileira, Prosopopeia. Escolha um dia que tem contadores de histórias, a criançada adora.

R. Martinho Prado, 128 – Bela Vista. 3.ª a dom., 10h/19h (entrada até 18h). Gratuito.

Kiusam de Oliveira está lançando Omo-oba: Histórias de princesas e príncipes e é autora de Com Que Penteado eu Vou, com o popular bicho pau do Planeta Inseto Foto: Leo Martins/Estadão

Kiusam de Oliveira indica

Planeta Inseto

Adoro prestar atenção nas coisas pequeninas e os insetos me atraem por formarem um outro universo que tem vida e sentidos próprios: as abelhas que vivem em comunidades, fabricam o mel e constroem colmeias com cera, as formigas que subterraneamente constroem galerias embaixo da terra, os bichos-da-seda que produzem o fio de seda usado em roupas. Nesse espaço, as crianças aprendem brincando sobre o valor de se respeitar todas as vidas, todos os seres vivos que habitam nosso planeta.

Av. Dr. Dante Pazzanese, 64 – Vila Mariana. 3.ª a dom., 9h/16h. Gratuito.

Lucia Hiratsuka, uma das autoras mais premiadas, responsável por obras como Oriê, Caminhão, Chão de Peixes e Amanhã, no Parque da Independência Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Lúcia Hiratsuka indica

Parque da Independência

No Parque da Independência, onde fica o Museu do Ipiranga, os visitantes são recebidos por uma vista magnífica. Gosto de caminhar pelo jardim e ver o movimento, crianças e adultos andando de skate, bicicleta, ou simplesmente curtindo o espaço e conversando. São diversos cantos para explorar, o bosque ao fundo tem um charme especial, há plantas nativas, playground, banquetas e até lugar para piquenique. O bom é que, de onde moro, consigo ir a pé, olhando ruas e casas que guardam muitas histórias, assim como o parque.

Av. Nazaré, s/n.º – Ipiranga. 2.ª a 2.ª, 5h/20h. Gratuito.

O alerta vem de todos os lados: uma criança não pode ter acesso livre e ilimitado a um celular. Pais e cuidadores sabem disso, se preocupam, mas também estão conectados o tempo todo. “Oferecer o celular a uma criança é um problema para os pais, que eles mesmos criam”, comenta a psicóloga Rosely Sayão, colunista do Estadão.

O escritor Ilan Brenman, preocupado há anos com o impacto das telas na vida de crianças e adolescentes, lança um convite já no título de seu novo livro: Desligue e Abra. Foi durante uma caminhada, que é quando costuma ter muitas ideias, que ele se imaginou como um livro. “Se eu sou um livro, o que eu diria para o meu leitor? Ah, tira o celular da sua frente, me leia, vem me conhecer. Sou muito mais legal”, conta.

Brincar livre traz ganhos para o desenvolvimento das crianças e a dica de Ruth Rocha é passar um tempo no Sesc Pompeia, que tem opções variadas para a família  Foto: Werther Santava/Estadão

Com texto de Brenman, autor do best-seller Até as Princesas Soltam Pum, e ilustrações de Veridiana Scarpelli, o livro propõe, num diálogo direto com o leitor, brincadeiras e experiências mentais numa leitura compartilhada que pode ser rica para adultos e crianças.

“Não devemos demonizar o celular”, ele diz, “mas estamos perdendo a mão completamente.” Sua ideia é fazer pais e filhos perceberem que “o mundo real e concreto proporciona muitas coisas boas e faz com que a gente se vincule com o outro”.

Para ele, é urgente tirar a criança desse isolamento e dessa ilusão de que ela está conectada com outras pessoas. “Ela não está. As redes sociais são um grande espelho, expressam a relação narcísica que a criança tem, causando coisas terríveis na sua cabeça. O uso tem sido excessivo, sem curadoria, sem controle nenhum, e nunca vimos crianças tão solitárias e isoladas e com tantas doenças psíquicas”, comenta. “Precisamos recuperar a mente sequestrada da criança, e a nossa também, e ir para o mundo real. Esse é o caminho.”

Viver

De acordo com Rosely Sayão, ficar no celular, além de causar prejuízos para o esquema corporal prejudicando até a aprendizagem, impede a criança de conhecer a vida. “E ela precisa aprender a vida como ela é. É isso que vai permitir que ela cresça e, na vida adulta, tenha mais conhecimento, tenha adquirido mais resiliência e aprendido a identificar mais riscos.”

Aliás, ela explica, a relação das crianças com a natureza mostra os limites da vida sem que os pais tenham de ficar apontando. “Pediatras estão dizendo que crianças de oito, nove, 10 anos estão sofrendo acidentes bem sérios, que exigem até cirurgia, porque não avaliam a situação de risco – por exemplo, ao se jogar de um lugar para outro.” Ela completa: “É fundamental que as crianças tenham contato com a natureza. Isso estimula a criatividade, oferece pequenos e grandes aprendizados cotidianos a respeito da vida e colabora muito para o equilíbrio emocional”.

Estar na natureza, brincar livre, visitar um museu. Há inúmeras opções em São Paulo para pais que querem tirar os filhos da frente das telas. Convidamos escritores de livros infantis conhecidos das crianças de hoje e em alguns casos lidos também por seus pais na infância, para indicar passeios gostosos por São Paulo. A maioria tem entrada gratuita. São parques, museus, teatros. Confira abaixo.

Antes do passeio, duas dicas de livros

Desligue e Abra (Moderna, 48 págs.; R$ 63), de Ilan Brenman com ilustrações de Veridiana Scarpelli, busca mostrar que um livro pode ser mais interessante do que um celular, e fonte de diversão. Há um diálogo direto com a criança, perguntas e propostas de brincadeira e interação. Uma vez conquistado o leitor, vem o segredo: há muitos outros como ele esperando para serem abertos.

Outro lançamento recente, São Paulo (Edições Barbatana, 28 págs.; R$ 45), de Mauro Calligari e Irena Freitas, é livro-cidade ricamente ilustrado que se desdobra na mão da criança e apresenta os principais pontos turísticos da metrópole. Um convite para a leitura, um estímulo para um passeio e um guia para acompanhar os pequenos turistas.

Escritores recomendam lugares para levar as crianças

Ruth Rocha, autora de Marcelo, Marmelo, Martelo, entre outros clássicos, recomenda, aos 92 anos, o Sesc Pompeia: 'É sempre alegre' Foto: Leo Martins/Estadão

Ruth Rocha indica

Sesc Pompeia

O Sesc Pompeia possui um projeto arquitetônico maravilhoso, uma criação da Lina Bo Bardi. Gosto muito do lugar, porque é sempre alegre. É um espaço divertido, interessante e criativo. É legal porque tem piscina e quadras para praticar vários esportes. Tem lanchonete, café, shows, exposições, e há sempre oficinas para crianças.

R. Clélia, 93 – Água Branca. 3.ª a sáb, 10h/22h. Dom., 10h/19h. Gratuito (atrações culturais, como peças e shows, são pagas).

O escritor Daniel Munduruku no Museu das Culturas Indígenas, em 2023 Foto: Acervo MCI

Daniel Munduruku indica

Museu das Culturas Indígenas

Inaugurado em 2022, o Museu das Culturas Indígenas traz belas exposições, acervo literário e oficinas de grafismos e artes originárias. Trata-se de um espaço totalmente gerido por pessoas indígenas, com todo cuidado estético e curadoria de arte que dão condições de as pessoas perceberem como o indígena pensa a si mesmo, e pensa a si mesmo no contexto urbano. É um museu vivo, que se faz a partir de ações concretas e oficinas. É importante as pessoas irem, apreciarem, valorizarem essa iniciativa e conhecerem a realidade dos povos indígenas – no contexto brasileiro, estadual e ainda mais no contexto urbano que é o caso dos indígenas que moram em São Paulo. E neste mês, haverá uma programação especial em comemoração ao Abril Indígena.

R. Dona Germaine Burchard, 451 – Água Branca. 3.ª a dom., 9h/18h. R$ 15 (entrada gratuita às quintas).

Daniel Kondo é autor de A Vaca foi pro Brejo e de Feira Feroz Foto: Adriana Fernandes

Daniel Kondo indica

Parque da Água Branca

O Parque da Água Branca tem uma programação mensal bacana para as crianças, e todos nos divertimos muito. Encontramos um clima de campo, com pavões e galinhas andando soltos pelo parque. Feira Feroz em carne e osso! (Feira Feroz é o título de um dos livros mais recentes do autor e de Adriana Fernandes, que convida a misturar nomes de frutas e de animais para criar novas palavras.)

Há brinquedos para crianças. Tem ainda um aquário, que apresenta espécies mais comuns nos rios do Estado.

No Relógio do Sol, imaginamos na antiguidade como era medida a passagem do dia, pois marca as horas nos diversos países de acordo com a posição do sol. Depois, pare no Bambuzal para meditar. E no Tattersal, um prédio octogonal, você ainda pode aproveitar alguma atração que esteja se apresentando durante o dia.

Sem deixar de ir ao Instituto Geológico, para aprender mais sobre minerais, rochas e fósseis do acervo.

Sempre retornamos também à Casa do Caboclo para ver como era uma casa rural e provar os deliciosos quitutes assados no forno a lenha: broa de milho com cafezinho.

Tudo isso sem falar na enorme feira de produtos orgânicos que é imperdível. Famílias de agricultores trazem seus produtos frescos para comercializar no local. E que foi o lugar que nos inspirou a fazer o livro Feira Feroz. Um passeio radical para quem está na cidade feroz.

Av. Francisco Matarazzo, 455 – Água Branca. 2.ª a 2.ª, 6h/20h. Feira: 3.ª, sáb. e dom., 7h/12h. Gratuito.

Pedro Bandeira, autor de A Droga da Obediência e de outros livros lidos por muitas gerações de crianças Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Pedro Bandeira indica

Peça de teatro para as crianças, vistas na infância, são lembranças marcantes até a idade adulta, mais do que qualquer joguinho ou programa de televisão. Leve suas crianças ao teatro infantil! Um teatro de que gosto muito e onde já assisti a ótimas peças infantis é o Teatro Viradalata

Rua Apinajés, 1.387 – Sumaré.

Ilan Brenman está lançando o livro Desligue e Abra!; ele é autor, ainda, do best-seller Até as Princesas Soltam Pum Foto: Ana Shiokawa

Ilan Brenman indica

Museu Judaico

Acessível a todos e um museu muito lindo, bem organizado e com muitos objetos antigos, histórias, curadorias e a tecnologia facilitando e encantando os visitantes. E também você vai descobrir que muitos personagens da história brasileira têm origem judaica, como por exemplo, Branca Dias, considerada a primeira professora de meninas do Brasil, e Bento Teixeira, considerado o autor que publicou a primeira obra barroca brasileira, Prosopopeia. Escolha um dia que tem contadores de histórias, a criançada adora.

R. Martinho Prado, 128 – Bela Vista. 3.ª a dom., 10h/19h (entrada até 18h). Gratuito.

Kiusam de Oliveira está lançando Omo-oba: Histórias de princesas e príncipes e é autora de Com Que Penteado eu Vou, com o popular bicho pau do Planeta Inseto Foto: Leo Martins/Estadão

Kiusam de Oliveira indica

Planeta Inseto

Adoro prestar atenção nas coisas pequeninas e os insetos me atraem por formarem um outro universo que tem vida e sentidos próprios: as abelhas que vivem em comunidades, fabricam o mel e constroem colmeias com cera, as formigas que subterraneamente constroem galerias embaixo da terra, os bichos-da-seda que produzem o fio de seda usado em roupas. Nesse espaço, as crianças aprendem brincando sobre o valor de se respeitar todas as vidas, todos os seres vivos que habitam nosso planeta.

Av. Dr. Dante Pazzanese, 64 – Vila Mariana. 3.ª a dom., 9h/16h. Gratuito.

Lucia Hiratsuka, uma das autoras mais premiadas, responsável por obras como Oriê, Caminhão, Chão de Peixes e Amanhã, no Parque da Independência Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Lúcia Hiratsuka indica

Parque da Independência

No Parque da Independência, onde fica o Museu do Ipiranga, os visitantes são recebidos por uma vista magnífica. Gosto de caminhar pelo jardim e ver o movimento, crianças e adultos andando de skate, bicicleta, ou simplesmente curtindo o espaço e conversando. São diversos cantos para explorar, o bosque ao fundo tem um charme especial, há plantas nativas, playground, banquetas e até lugar para piquenique. O bom é que, de onde moro, consigo ir a pé, olhando ruas e casas que guardam muitas histórias, assim como o parque.

Av. Nazaré, s/n.º – Ipiranga. 2.ª a 2.ª, 5h/20h. Gratuito.

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