Opinião|Pedro Herz, um livreiro de respeito


Dono da Livraria Cultura e um dos maiores livreiros do País morreu aos 83 anos nesta terça-feira, 19

Por Carlo Carrenho
Atualização:

Até recentemente, a imagem que eu tinha do livreiro Pedro Herz (que morreu nesta terça, 19, aos 83 anos) era de um homem sério, sisudo e mesmo bravo ou irritado. Talvez a razão disso tenha sido eu nunca ter tido muito contato direto com ele, embora acompanhasse seu talento profissional e sempre o visse em eventos da indústria editorial. E quis o destino que, na primeira vez em que me relacionei com ele de maneira mais próxima, acabei experimentando um pouco de sua impetuosidade, que tanto contrastava com os sorrisos e a simpatia dos atendentes da Livraria Cultura. Mas eu mereci.

Estávamos em 2008, e eu era o diretor da Thomas Nelson Brasil, na época um selo do grupo Ediouro. Para promover um lançamento de nosso autor best-seller John Maxwell, o convidamos para vir ao Brasil e agendamos uma sessão de autógrafos na Livraria Cultura da Paulista. Por razões alheias à nossa vontade, nosso autor “celebridade” andava com seguranças armados que, cumprindo sua função, entraram na loja.

Quando Pedro se deu conta da situação, ficou furioso. “Vocês estão chamando meus clientes de criminosos? Por que esses seguranças estão aqui?”, ele questionou colericamente. Para mim foi uma bela saia justa que acabamos resolvendo de alguma forma da qual já não me lembro. E se isso contribuiu para a imagem geniosa que eu tinha do maior livreiro do Brasil, hoje, anos depois, me parece claro que ele tinha toda a razão e apenas queria tratar seus clientes com respeito.

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Pedro Herz, dono da Livraria Cultura e um dos maiores livreiros do País, morreu aos 83 anos. Foto: Sergio Castro/Estadão

Respeito, aliás, sempre foi a melhor palavra para definir o espírito da Livraria Cultura em seu trato tanto com clientes e fornecedores durante seus anos de prosperidade. Como consumidor de livros, sempre fui extremamente bem tratado pelos seus ótimos atendentes.

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Lembro-me de um Natal que, com preguiça de pensar em presentes, fui à loja do shopping Villa-Lobos – ou seria do Bourbon? – e comecei a descrever meus amigos e parentes ao atendente, que ia selecionando os livros. Ele acertou tudo na mosca, criando um belo exemplo de curadoria que algoritmo nenhum conseguiria reproduzir, seja hoje ou décadas no futuro.

Como editor independente, sempre admirei o respeito com que os compradores nos tratavam. Meu catálogo tinha dez livros, mas sempre éramos recebidos com dignidade e nossos livros entravam no catálogo da Cultura, sem grandes empecilhos. Respeito sempre foi a palavra de ordem.

Acho que é graças a este respeito tão cultivado por Pedro Herz que a Livraria Cultura tem um lugar especial na nostalgia que naturalmente sinto desde que deixei o Brasil. Seja a loja da Paulista, que sempre visitava antes de uma sessão de cinema nos meus anos paulistano ou na loja do Cine Vitória, no centro do Rio, onde sempre tomava um café nos meus anos cariocas, as prateleiras da Cultura e o respeito criado e exigido por Pedro Herz estarão sempre presentes no meu imaginário saudoso de emigrante.

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Pedro Herz, dono da Livraria Cultura e um dos maiores livreiros do País, morreu aos 83 anos. Foto: Sergio Castro/Estadão

Mais recentemente, em 2018, eu tive outro encontro com Pedro Herz. Desta vez, convidado por ele para ser entrevistado no seu programa de entrevistas, chamado Sala de Visitas e transmitido pelo YouTube. Sem seguranças enxeridos, a conversa foi muito agradável, tanto antes do programa quanto durante a gravação.

Tenho orgulho deste registro ter sido feito e ficado para a posteridade, assim como sou grato por ter criado, naquele momento, uma nova imagem deste homem que tanto fez pelo livro no Brasil. Pedro Herz continuaria parecendo sisudo para mim, mas também atencioso, dedicado, provocador e exigente. Foi assim que o senti durante a entrevista e, ao revê-la, observei como ele exigiu análises autênticas, sem aceitar lugares comuns, e soube fazer isso – mais uma vez – com muito respeito.

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Esta semana o Brasil perde não apenas um grande livreiro, mas um profissional do livro que gostava de pensar o mercado editorial de forma profunda, que sabia provocar e que construiu uma das melhores redes de livrarias do mundo.

Jorge Luis Borges teria dito que “sempre imaginou que o Paraíso seria algum tipo de biblioteca”. Talvez a imaginação do argentino até estivesse correta. Mas, a partir de agora, o Paraíso tem tudo para ser também uma grande livraria.

Até recentemente, a imagem que eu tinha do livreiro Pedro Herz (que morreu nesta terça, 19, aos 83 anos) era de um homem sério, sisudo e mesmo bravo ou irritado. Talvez a razão disso tenha sido eu nunca ter tido muito contato direto com ele, embora acompanhasse seu talento profissional e sempre o visse em eventos da indústria editorial. E quis o destino que, na primeira vez em que me relacionei com ele de maneira mais próxima, acabei experimentando um pouco de sua impetuosidade, que tanto contrastava com os sorrisos e a simpatia dos atendentes da Livraria Cultura. Mas eu mereci.

Estávamos em 2008, e eu era o diretor da Thomas Nelson Brasil, na época um selo do grupo Ediouro. Para promover um lançamento de nosso autor best-seller John Maxwell, o convidamos para vir ao Brasil e agendamos uma sessão de autógrafos na Livraria Cultura da Paulista. Por razões alheias à nossa vontade, nosso autor “celebridade” andava com seguranças armados que, cumprindo sua função, entraram na loja.

Quando Pedro se deu conta da situação, ficou furioso. “Vocês estão chamando meus clientes de criminosos? Por que esses seguranças estão aqui?”, ele questionou colericamente. Para mim foi uma bela saia justa que acabamos resolvendo de alguma forma da qual já não me lembro. E se isso contribuiu para a imagem geniosa que eu tinha do maior livreiro do Brasil, hoje, anos depois, me parece claro que ele tinha toda a razão e apenas queria tratar seus clientes com respeito.

Pedro Herz, dono da Livraria Cultura e um dos maiores livreiros do País, morreu aos 83 anos. Foto: Sergio Castro/Estadão

Respeito, aliás, sempre foi a melhor palavra para definir o espírito da Livraria Cultura em seu trato tanto com clientes e fornecedores durante seus anos de prosperidade. Como consumidor de livros, sempre fui extremamente bem tratado pelos seus ótimos atendentes.

Lembro-me de um Natal que, com preguiça de pensar em presentes, fui à loja do shopping Villa-Lobos – ou seria do Bourbon? – e comecei a descrever meus amigos e parentes ao atendente, que ia selecionando os livros. Ele acertou tudo na mosca, criando um belo exemplo de curadoria que algoritmo nenhum conseguiria reproduzir, seja hoje ou décadas no futuro.

Como editor independente, sempre admirei o respeito com que os compradores nos tratavam. Meu catálogo tinha dez livros, mas sempre éramos recebidos com dignidade e nossos livros entravam no catálogo da Cultura, sem grandes empecilhos. Respeito sempre foi a palavra de ordem.

Acho que é graças a este respeito tão cultivado por Pedro Herz que a Livraria Cultura tem um lugar especial na nostalgia que naturalmente sinto desde que deixei o Brasil. Seja a loja da Paulista, que sempre visitava antes de uma sessão de cinema nos meus anos paulistano ou na loja do Cine Vitória, no centro do Rio, onde sempre tomava um café nos meus anos cariocas, as prateleiras da Cultura e o respeito criado e exigido por Pedro Herz estarão sempre presentes no meu imaginário saudoso de emigrante.

Pedro Herz, dono da Livraria Cultura e um dos maiores livreiros do País, morreu aos 83 anos. Foto: Sergio Castro/Estadão

Mais recentemente, em 2018, eu tive outro encontro com Pedro Herz. Desta vez, convidado por ele para ser entrevistado no seu programa de entrevistas, chamado Sala de Visitas e transmitido pelo YouTube. Sem seguranças enxeridos, a conversa foi muito agradável, tanto antes do programa quanto durante a gravação.

Tenho orgulho deste registro ter sido feito e ficado para a posteridade, assim como sou grato por ter criado, naquele momento, uma nova imagem deste homem que tanto fez pelo livro no Brasil. Pedro Herz continuaria parecendo sisudo para mim, mas também atencioso, dedicado, provocador e exigente. Foi assim que o senti durante a entrevista e, ao revê-la, observei como ele exigiu análises autênticas, sem aceitar lugares comuns, e soube fazer isso – mais uma vez – com muito respeito.

Esta semana o Brasil perde não apenas um grande livreiro, mas um profissional do livro que gostava de pensar o mercado editorial de forma profunda, que sabia provocar e que construiu uma das melhores redes de livrarias do mundo.

Jorge Luis Borges teria dito que “sempre imaginou que o Paraíso seria algum tipo de biblioteca”. Talvez a imaginação do argentino até estivesse correta. Mas, a partir de agora, o Paraíso tem tudo para ser também uma grande livraria.

Até recentemente, a imagem que eu tinha do livreiro Pedro Herz (que morreu nesta terça, 19, aos 83 anos) era de um homem sério, sisudo e mesmo bravo ou irritado. Talvez a razão disso tenha sido eu nunca ter tido muito contato direto com ele, embora acompanhasse seu talento profissional e sempre o visse em eventos da indústria editorial. E quis o destino que, na primeira vez em que me relacionei com ele de maneira mais próxima, acabei experimentando um pouco de sua impetuosidade, que tanto contrastava com os sorrisos e a simpatia dos atendentes da Livraria Cultura. Mas eu mereci.

Estávamos em 2008, e eu era o diretor da Thomas Nelson Brasil, na época um selo do grupo Ediouro. Para promover um lançamento de nosso autor best-seller John Maxwell, o convidamos para vir ao Brasil e agendamos uma sessão de autógrafos na Livraria Cultura da Paulista. Por razões alheias à nossa vontade, nosso autor “celebridade” andava com seguranças armados que, cumprindo sua função, entraram na loja.

Quando Pedro se deu conta da situação, ficou furioso. “Vocês estão chamando meus clientes de criminosos? Por que esses seguranças estão aqui?”, ele questionou colericamente. Para mim foi uma bela saia justa que acabamos resolvendo de alguma forma da qual já não me lembro. E se isso contribuiu para a imagem geniosa que eu tinha do maior livreiro do Brasil, hoje, anos depois, me parece claro que ele tinha toda a razão e apenas queria tratar seus clientes com respeito.

Pedro Herz, dono da Livraria Cultura e um dos maiores livreiros do País, morreu aos 83 anos. Foto: Sergio Castro/Estadão

Respeito, aliás, sempre foi a melhor palavra para definir o espírito da Livraria Cultura em seu trato tanto com clientes e fornecedores durante seus anos de prosperidade. Como consumidor de livros, sempre fui extremamente bem tratado pelos seus ótimos atendentes.

Lembro-me de um Natal que, com preguiça de pensar em presentes, fui à loja do shopping Villa-Lobos – ou seria do Bourbon? – e comecei a descrever meus amigos e parentes ao atendente, que ia selecionando os livros. Ele acertou tudo na mosca, criando um belo exemplo de curadoria que algoritmo nenhum conseguiria reproduzir, seja hoje ou décadas no futuro.

Como editor independente, sempre admirei o respeito com que os compradores nos tratavam. Meu catálogo tinha dez livros, mas sempre éramos recebidos com dignidade e nossos livros entravam no catálogo da Cultura, sem grandes empecilhos. Respeito sempre foi a palavra de ordem.

Acho que é graças a este respeito tão cultivado por Pedro Herz que a Livraria Cultura tem um lugar especial na nostalgia que naturalmente sinto desde que deixei o Brasil. Seja a loja da Paulista, que sempre visitava antes de uma sessão de cinema nos meus anos paulistano ou na loja do Cine Vitória, no centro do Rio, onde sempre tomava um café nos meus anos cariocas, as prateleiras da Cultura e o respeito criado e exigido por Pedro Herz estarão sempre presentes no meu imaginário saudoso de emigrante.

Pedro Herz, dono da Livraria Cultura e um dos maiores livreiros do País, morreu aos 83 anos. Foto: Sergio Castro/Estadão

Mais recentemente, em 2018, eu tive outro encontro com Pedro Herz. Desta vez, convidado por ele para ser entrevistado no seu programa de entrevistas, chamado Sala de Visitas e transmitido pelo YouTube. Sem seguranças enxeridos, a conversa foi muito agradável, tanto antes do programa quanto durante a gravação.

Tenho orgulho deste registro ter sido feito e ficado para a posteridade, assim como sou grato por ter criado, naquele momento, uma nova imagem deste homem que tanto fez pelo livro no Brasil. Pedro Herz continuaria parecendo sisudo para mim, mas também atencioso, dedicado, provocador e exigente. Foi assim que o senti durante a entrevista e, ao revê-la, observei como ele exigiu análises autênticas, sem aceitar lugares comuns, e soube fazer isso – mais uma vez – com muito respeito.

Esta semana o Brasil perde não apenas um grande livreiro, mas um profissional do livro que gostava de pensar o mercado editorial de forma profunda, que sabia provocar e que construiu uma das melhores redes de livrarias do mundo.

Jorge Luis Borges teria dito que “sempre imaginou que o Paraíso seria algum tipo de biblioteca”. Talvez a imaginação do argentino até estivesse correta. Mas, a partir de agora, o Paraíso tem tudo para ser também uma grande livraria.

Até recentemente, a imagem que eu tinha do livreiro Pedro Herz (que morreu nesta terça, 19, aos 83 anos) era de um homem sério, sisudo e mesmo bravo ou irritado. Talvez a razão disso tenha sido eu nunca ter tido muito contato direto com ele, embora acompanhasse seu talento profissional e sempre o visse em eventos da indústria editorial. E quis o destino que, na primeira vez em que me relacionei com ele de maneira mais próxima, acabei experimentando um pouco de sua impetuosidade, que tanto contrastava com os sorrisos e a simpatia dos atendentes da Livraria Cultura. Mas eu mereci.

Estávamos em 2008, e eu era o diretor da Thomas Nelson Brasil, na época um selo do grupo Ediouro. Para promover um lançamento de nosso autor best-seller John Maxwell, o convidamos para vir ao Brasil e agendamos uma sessão de autógrafos na Livraria Cultura da Paulista. Por razões alheias à nossa vontade, nosso autor “celebridade” andava com seguranças armados que, cumprindo sua função, entraram na loja.

Quando Pedro se deu conta da situação, ficou furioso. “Vocês estão chamando meus clientes de criminosos? Por que esses seguranças estão aqui?”, ele questionou colericamente. Para mim foi uma bela saia justa que acabamos resolvendo de alguma forma da qual já não me lembro. E se isso contribuiu para a imagem geniosa que eu tinha do maior livreiro do Brasil, hoje, anos depois, me parece claro que ele tinha toda a razão e apenas queria tratar seus clientes com respeito.

Pedro Herz, dono da Livraria Cultura e um dos maiores livreiros do País, morreu aos 83 anos. Foto: Sergio Castro/Estadão

Respeito, aliás, sempre foi a melhor palavra para definir o espírito da Livraria Cultura em seu trato tanto com clientes e fornecedores durante seus anos de prosperidade. Como consumidor de livros, sempre fui extremamente bem tratado pelos seus ótimos atendentes.

Lembro-me de um Natal que, com preguiça de pensar em presentes, fui à loja do shopping Villa-Lobos – ou seria do Bourbon? – e comecei a descrever meus amigos e parentes ao atendente, que ia selecionando os livros. Ele acertou tudo na mosca, criando um belo exemplo de curadoria que algoritmo nenhum conseguiria reproduzir, seja hoje ou décadas no futuro.

Como editor independente, sempre admirei o respeito com que os compradores nos tratavam. Meu catálogo tinha dez livros, mas sempre éramos recebidos com dignidade e nossos livros entravam no catálogo da Cultura, sem grandes empecilhos. Respeito sempre foi a palavra de ordem.

Acho que é graças a este respeito tão cultivado por Pedro Herz que a Livraria Cultura tem um lugar especial na nostalgia que naturalmente sinto desde que deixei o Brasil. Seja a loja da Paulista, que sempre visitava antes de uma sessão de cinema nos meus anos paulistano ou na loja do Cine Vitória, no centro do Rio, onde sempre tomava um café nos meus anos cariocas, as prateleiras da Cultura e o respeito criado e exigido por Pedro Herz estarão sempre presentes no meu imaginário saudoso de emigrante.

Pedro Herz, dono da Livraria Cultura e um dos maiores livreiros do País, morreu aos 83 anos. Foto: Sergio Castro/Estadão

Mais recentemente, em 2018, eu tive outro encontro com Pedro Herz. Desta vez, convidado por ele para ser entrevistado no seu programa de entrevistas, chamado Sala de Visitas e transmitido pelo YouTube. Sem seguranças enxeridos, a conversa foi muito agradável, tanto antes do programa quanto durante a gravação.

Tenho orgulho deste registro ter sido feito e ficado para a posteridade, assim como sou grato por ter criado, naquele momento, uma nova imagem deste homem que tanto fez pelo livro no Brasil. Pedro Herz continuaria parecendo sisudo para mim, mas também atencioso, dedicado, provocador e exigente. Foi assim que o senti durante a entrevista e, ao revê-la, observei como ele exigiu análises autênticas, sem aceitar lugares comuns, e soube fazer isso – mais uma vez – com muito respeito.

Esta semana o Brasil perde não apenas um grande livreiro, mas um profissional do livro que gostava de pensar o mercado editorial de forma profunda, que sabia provocar e que construiu uma das melhores redes de livrarias do mundo.

Jorge Luis Borges teria dito que “sempre imaginou que o Paraíso seria algum tipo de biblioteca”. Talvez a imaginação do argentino até estivesse correta. Mas, a partir de agora, o Paraíso tem tudo para ser também uma grande livraria.

Opinião por Carlo Carrenho

Consultor editorial e fundador do PublishNews

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