A Bienal Internacional do Livro de São Paulo durou um dia menos em 2022, foi realizada num período atípico - o início das férias escolares - e mudou de endereço depois de anos sendo feita no mesmo local. Mas nada disso impediu que ela se tornasse a melhor edição de sua história, de acordo com os organizadores. Foi a primeira Bienal depois do início da pandemia de covid-19 e o movimento de redescoberta da leitura, naquele período de isolamento social, e o fim do isolamento em si ajudaram a fazer uma festa bonita e alegre, repleta de jovens leitores, de encontros entre pessoas e descoberta de livros.
Duas pesquisas divulgadas agora dão uma ideia, em números, do tamanho e do perfil desta Bienal, que foi realizada entre 2 e 10 de julho e levou 660 mil visitantes ao Expo Center Norte. Lembrando que a venda de ingressos foi interrompida no início da noite da sexta-feira, 8, na véspera do segundo fim de semana do evento, porque os ingressos vendidos antecipadamente já eram suficientes para lotar os pavilhões.
Segundo o Observatório de Turismo Eventos da SPturis, a Bienal do Livro 2022 movimentou R$ 347,8 milhões em 2022. Esse valor é calculado pelo Centro de Inteligência da Economia do Turismo (CIET), da Secretaria de Turismo e Viagens do Estado. Além disso, ela gerou 3.400 postos de trabalho.
Ainda segundo essa pesquisa, feita durante a feira, 39,4% dos entrevistados afirmaram ter ensino superior completo, com média de renda familiar mensal entre R$ 2.425 e R$ 4.848. Cada visitante comprou aproximadamente 7 títulos e gastou cerca de R$ 203,34 (em livros). Um detalhe: a média de leitura do brasileiro, segundo a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, é de 4,95 livros por ano (2,55 completos). O público, com faixa etária média entre 18 e 24 anos, era composto em sua maioria por mulheres (78,4%).
Esse perfil jovem da Bienal do Livro é comprovado também pela lista dos livros mais vendidos no evento, apurada pelo Estadão. O fenômeno deste ano foi Collen Hoover - sem nem ter vindo à feira.
Perfil do público da Bienal do Livro e outros eventos literários
Também realizada durante a feira, pela IPEC – Inteligência em Pesquisa e Consultoria para o Instituto Pró Livro e Itaú Cultural, a pesquisa Retratos da Leitura em Eventos do Livro e Literatura apresentou o perfil do público que participou da Bienal do Livro de São Paulo em 2022.
Ela foi feita com mil visitantes com idade superior a 10 anos e não integrantes de excursões escolares e usa como base para comparação pesquisas similares feitas em 2019 - na Bienal do Livro do Rio de Janeiro e na Festa Literária das Periferias (FLUP), também no Rio - e traça um paralelo com a Retratos da Leitura.
Entre os destaques: maior presença de mulheres e de jovens e a influência das redes sociais no interesse pela leitura.
Os números: A Bienal de São Paulo recebeu 8% mais mulheres, em comparação à Bienal do Rio. Entre os visitantes, 59% tinham nível superior - contra 61% na do Rio e 76% na FLUP. Na Retratos da Leitura, esse percentual fica em apenas 16%. E a maioria se autodeclarou branca - apenas 13% se autodeclararam pretos e 24% pardos (na FLUP, foram 46% pretos e 21% pardos e na Retratos da Leitura, 17% pretos e 45% pardos).
Dos visitantes da feira paulista, 18% eram da classe A; 58% da B e 24% das classes C e D.
A presença dos jovens entre 18 e 24 anos foi marcante. Na Bienal de São Paulo, 36% dos entrevistados estavam nessa faixa etária. Outro dado relevante foi que 28% disseram que o interesse pelos livros foi influenciado pelo TikTok, Youtube e Instagram. E 87% dos visitantes confirmaram que leram mais durante o isolamento da pandemia (leia mais sobre isso abaixo).
A pesquisa considera “leitor” a pessoa que leu um livro, inteiro ou em parte, nos últimos três meses anteriores à pesquisa. Na Bienal de São Paulo, 98% se apresentaram como leitores. E a média de livros lidos foi bastante superior aos 2,6 livros que aparecem na Retratos da Leitura: 7 livros inteiros ou em partes aqui, 7,9 na FLUP e 6,6 na Bienal do Rio. Um detalhe, o índice de leitura é mais alto na faixa dos 10 aos 17 anos (8 livros) e 18 e 24 (7,5 livros).
Obras de literatura estão no topo da preferência dos frequentadores dos três eventos (76%, em SP; R$ 77% na Flup e 65% na Bienal do Rio). E, em São Paulo, 85% das mulheres disseram que gostam muito de se dedicar à leitura - entre os homens, o índice fica em 68%. 72% das pessoas foram à Bienal para comprar livros com desconto.
Leitura no isolamento
A pesquisa também perguntou sobre o hábito de leitura na pandemia e 87% dos entrevistados revelaram que leram mais nesse período e 79% disseram que ler melhorou a qualidade de vida. Para 66%, a leitura reduziu o estresse e a ansiedade gerados pelo distanciamento social e para 55%, ler livros diminui a sensação de solidão ou tristeza.