Saraiva fecha todas as lojas no Brasil e demite funcionários; relembre a história da livraria


Ela já foi a maior rede de livrarias do País, com mais de 100 lojas; nesta quinta, 21, nenhuma das cinco unidades que restavam abriu as portas

Por Maria Fernanda Rodrigues
Atualização:

A Livraria Saraiva demitiu seus funcionários nesta quarta-feira, 20. A rede, que já foi a maior do Brasil, com cerca de 100 livrarias, está em recuperação judicial e ainda tinha cinco livrarias físicas. Eram quatro lojas no estado de São Paulo - na Praça da Sé, a segunda inaugurada pela empresa, ainda nos anos 1970, e também no Shopping Aricanduva, no Jundiaí Shopping e no Novo Shopping (Ribeirão Preto) - e uma em Campo Grande (MS), no Shopping Boque dos Ipês.

Quem entra no site da Saraiva agora, ainda encontra um link para a área “Nossas lojas”, mas ao clicar nele é direcionado para uma página de “Mais vendidos”.

Nesta quarta, a unidade da Sé não abriu as portas. Na fachada da loja do Shopping Aricanduva, o público encontrava um aviso comunicando o fechamento. Em Jundiaí e em Campo Grande, ela também não abriu as portas. Em Ribeirão, ela já estava fechada desde ontem.

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O Estadão procurou a empresa para confirmar o fechamento definitivo das cinco últimas lojas da Saraiva, mas ainda não obteve retorno.

Com o novo movimento, apenas o e-commerce deve continuar funcionando. Se houver funcionários.

Livraria Saraiva foi inaugurada na Praça da Sé e era a mais antiga em atividade Foto: Taba Benedicto/Estadão
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Segundo o Estadão apurou, os colaboradores receberam um comunicado da área de Recursos Humanos nesta quarta, 21, dizendo que todos os funcionários ativos seriam demitidos. Havia pressa, porque, segundo o aviso, os funcionários do próprio departamento de RH só ficariam até hoje, 21 - eles também seriam desligados.

A empresa tem uma Assembleia Geral Especial de Preferencialistas (AGESP) agendada para esta sexta-feira, 22. Segundo o PublishNews, publicação especializada em mercado editorial, uma das discussões previstas é a transformação das ações preferenciais em ações ordinárias. Assim, o controle da empresa, atualmente com a família Saraiva, poderia ser transferido para os principais acionistas preferenciais.

Em 2018, a Saraiva fez seu primeiro movimento de fechamento de lojas. Foram 20 num mesmo dia, em outubro. Naquela ocasião, a rede ficou com 84 unidades e com o site. Um mês depois, ela entrou com pedido de recuperação judicial. A dívida revelada naquele momento era de R$ 674 milhões (veja aqui quais eram as 30 editoras para quem a Saraiva devia mais dinheiro).

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Ao longo dos últimos anos, sem conseguir se reerguer, a Saraiva foi fechando mais lojas. Nesta semana, a empresa voltou a ser notícia quando alguns conselheiros renunciaram e fizeram acusações contra os controladores da empresa, em carta para Olga Maria Barbosa Saraiva, presidente do Conselho de Administração.

A Livraria Saraiva da Praça da Sé nesta quinta-feira, 21; rede, em recuperação judicial, fechou todas as lojas físicas Foto: Taba Benedicto/Estadão

Nesta carta, eles mencionavam, também segundo o PublishnNews, o “pagamento da remuneração da KR Capital”. Trata-se da empresa que fez a restruturação operacional da Saraiva em 2021, que atualmente trabalha na renegociação das dívidas e que tem entre seus sócios marcos Guedes, ex-CEO da Saraiva e membro do conselho de administração.

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Relembre a história da Saraiva

A história da Saraiva remete a 1914, quando o imigrante português Joaquim Ignácio da Fonseca Saraiva abriu uma pequena livraria de livros usados no Largo do Ouvidor, em São Paulo, perto da Faculdade de Direito do Largo São Francisco.

Era a Livraria Acadêmica, que acabou se especializando em obras jurídicas. Ainda naquela década, ele editou um primeiro livro, Casamento Civil. Pelos 30 anos seguintes, a livraria seguiu com foco no direito, mas a editora passou a lançar também didáticos e obras gerais.

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Em 1947, a empresa se transformou em sociedade anônima e passou a se chamar Saraiva S.A. – Livreiros Editores. Em 1972, a Saraiva virou uma companhia aberta.

Nos anos 1970, foi inaugurada a segunda livraria da empresa, na Praça da Sé - que resistiu até este último momento. Nos anos 1980, ela investiu em distribuição de livros e em 1983 iniciou o processo de expansão de sua rede de livrarias, com aberturas especialmente em shoppings. Vieram as primeiras megastores e, em 1998, ela inaugurou seu e-commerce.

Ao longo de sua história, ela comprou a Editora Atual, no fim dos anos 1990, e o Pigmento Editorial S.A., responsável pela comercialização do Ético Sistema de Ensino, em 2007.

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O crescimento mais expressivo em número de livrarias ocorreu a partir da aquisição de 100% do controle acionário do Grupo Siciliano, em 2008. Foi quando a rede passou a ter mais de 100 lojas espalhadas pelo Brasil.

A Livraria Saraiva do Shopping Center Norte, em 2017 Foto: Amanda Perobelli/Estadão

Com a chegada da Siciliano, vieram também os selos Arx e Caramelo. Dois anos depois, a empresa lançou o sistema de ensino Agora, para a educação pública, e criou o selo Benvirá, para obras de ficção.

A Saraiva entrou no mercado de e-books em 2010, com o lançamento de uma plataforma para venda de livro digital. Depois, em 2014, ela criaria a LEV, seu e-reader. Ainda em 2010, ela comemorou o fato de a LG ter criado uma linha de produtos com opção de acesso à internet que levava o usuário à plataforma de comercialização de filmes digitais da Saraiva. E ela inaugurou ainda a primeira loja iTown - exclusiva para venda de produtos da Apple.

Em 2012, ela lançou o selo SaraivaTec e, com a Hoper Educação, o Saraiva Solução de Aprendizagem, para ensino de Direito e Administração de Empresas. No ano seguinte, entrou no mercado de autopublicação, com a plataforma Publique-se!.

A Saraiva compraria ainda a editora Érica, para entrar no mercado de ensino técnico profissionalizante. Também em 2013, ela abriu sua primeira loja em aeroporto - em Cumbica.

Em 2015, a Saraiva vendeu todos os seus ativos editoriais e ficou apenas no varejo de livros. Naquele ano, o mercado editorial já dava indícios de que caminhava para uma recessão.

Os dois anos seguintes foram de ajustes operacionais. A empresa diminuiu. Em 2018, como consequência da crise macroeconômica, da crise do mercado editorial, mas, sobretudo, de suas escolhas próprias, a Saraiva começou a enfrentar problemas.

Em um primeiro movimento de enxugamento, a Saraiva fechou 20 lojas em 2018, incluindo uma em Santos Foto: Pedro Carvalho

Foi quando ela iniciou o fechamento de suas lojas e tirou o foco da venda de eletrônicos. Em 2018, ela fechou 22 lojas e, seguindo os passos da Livraria Cultura, pediu recuperação judicial. Veio a pandemia. Em 2021, ela entrou com o pedido do 1°Aditivo ao Plano de Recuperação Judicial, homologado em março, e depois com o segundo pedido, homologado em abril de 2022.

Em julho, ela fechou mais sete lojas: Shopping Osasco (SP), Shopping Vila Velha (ES), Shopping Belém (PA), Shopping ABC Plaza (SP), Shopping Norte (RJ), Shopping Juiz de Fora (MG) e Shopping Passeio das Águas (GO).

Nesta quarta-feira, 20, com a notícia da demissão dos funcionários e provável fechamento das últimas cinco lojas físicas da Saraiva, uma parte importante da história desta que já foi a principal rede de livrarias do Brasil se encerra. A ver se a trajetória iniciada em 1914, com aquela primeira livraria especializada, ganha uma sobrevida online.

A Livraria Saraiva demitiu seus funcionários nesta quarta-feira, 20. A rede, que já foi a maior do Brasil, com cerca de 100 livrarias, está em recuperação judicial e ainda tinha cinco livrarias físicas. Eram quatro lojas no estado de São Paulo - na Praça da Sé, a segunda inaugurada pela empresa, ainda nos anos 1970, e também no Shopping Aricanduva, no Jundiaí Shopping e no Novo Shopping (Ribeirão Preto) - e uma em Campo Grande (MS), no Shopping Boque dos Ipês.

Quem entra no site da Saraiva agora, ainda encontra um link para a área “Nossas lojas”, mas ao clicar nele é direcionado para uma página de “Mais vendidos”.

Nesta quarta, a unidade da Sé não abriu as portas. Na fachada da loja do Shopping Aricanduva, o público encontrava um aviso comunicando o fechamento. Em Jundiaí e em Campo Grande, ela também não abriu as portas. Em Ribeirão, ela já estava fechada desde ontem.

O Estadão procurou a empresa para confirmar o fechamento definitivo das cinco últimas lojas da Saraiva, mas ainda não obteve retorno.

Com o novo movimento, apenas o e-commerce deve continuar funcionando. Se houver funcionários.

Livraria Saraiva foi inaugurada na Praça da Sé e era a mais antiga em atividade Foto: Taba Benedicto/Estadão

Segundo o Estadão apurou, os colaboradores receberam um comunicado da área de Recursos Humanos nesta quarta, 21, dizendo que todos os funcionários ativos seriam demitidos. Havia pressa, porque, segundo o aviso, os funcionários do próprio departamento de RH só ficariam até hoje, 21 - eles também seriam desligados.

A empresa tem uma Assembleia Geral Especial de Preferencialistas (AGESP) agendada para esta sexta-feira, 22. Segundo o PublishNews, publicação especializada em mercado editorial, uma das discussões previstas é a transformação das ações preferenciais em ações ordinárias. Assim, o controle da empresa, atualmente com a família Saraiva, poderia ser transferido para os principais acionistas preferenciais.

Em 2018, a Saraiva fez seu primeiro movimento de fechamento de lojas. Foram 20 num mesmo dia, em outubro. Naquela ocasião, a rede ficou com 84 unidades e com o site. Um mês depois, ela entrou com pedido de recuperação judicial. A dívida revelada naquele momento era de R$ 674 milhões (veja aqui quais eram as 30 editoras para quem a Saraiva devia mais dinheiro).

Ao longo dos últimos anos, sem conseguir se reerguer, a Saraiva foi fechando mais lojas. Nesta semana, a empresa voltou a ser notícia quando alguns conselheiros renunciaram e fizeram acusações contra os controladores da empresa, em carta para Olga Maria Barbosa Saraiva, presidente do Conselho de Administração.

A Livraria Saraiva da Praça da Sé nesta quinta-feira, 21; rede, em recuperação judicial, fechou todas as lojas físicas Foto: Taba Benedicto/Estadão

Nesta carta, eles mencionavam, também segundo o PublishnNews, o “pagamento da remuneração da KR Capital”. Trata-se da empresa que fez a restruturação operacional da Saraiva em 2021, que atualmente trabalha na renegociação das dívidas e que tem entre seus sócios marcos Guedes, ex-CEO da Saraiva e membro do conselho de administração.

Relembre a história da Saraiva

A história da Saraiva remete a 1914, quando o imigrante português Joaquim Ignácio da Fonseca Saraiva abriu uma pequena livraria de livros usados no Largo do Ouvidor, em São Paulo, perto da Faculdade de Direito do Largo São Francisco.

Era a Livraria Acadêmica, que acabou se especializando em obras jurídicas. Ainda naquela década, ele editou um primeiro livro, Casamento Civil. Pelos 30 anos seguintes, a livraria seguiu com foco no direito, mas a editora passou a lançar também didáticos e obras gerais.

Em 1947, a empresa se transformou em sociedade anônima e passou a se chamar Saraiva S.A. – Livreiros Editores. Em 1972, a Saraiva virou uma companhia aberta.

Nos anos 1970, foi inaugurada a segunda livraria da empresa, na Praça da Sé - que resistiu até este último momento. Nos anos 1980, ela investiu em distribuição de livros e em 1983 iniciou o processo de expansão de sua rede de livrarias, com aberturas especialmente em shoppings. Vieram as primeiras megastores e, em 1998, ela inaugurou seu e-commerce.

Ao longo de sua história, ela comprou a Editora Atual, no fim dos anos 1990, e o Pigmento Editorial S.A., responsável pela comercialização do Ético Sistema de Ensino, em 2007.

O crescimento mais expressivo em número de livrarias ocorreu a partir da aquisição de 100% do controle acionário do Grupo Siciliano, em 2008. Foi quando a rede passou a ter mais de 100 lojas espalhadas pelo Brasil.

A Livraria Saraiva do Shopping Center Norte, em 2017 Foto: Amanda Perobelli/Estadão

Com a chegada da Siciliano, vieram também os selos Arx e Caramelo. Dois anos depois, a empresa lançou o sistema de ensino Agora, para a educação pública, e criou o selo Benvirá, para obras de ficção.

A Saraiva entrou no mercado de e-books em 2010, com o lançamento de uma plataforma para venda de livro digital. Depois, em 2014, ela criaria a LEV, seu e-reader. Ainda em 2010, ela comemorou o fato de a LG ter criado uma linha de produtos com opção de acesso à internet que levava o usuário à plataforma de comercialização de filmes digitais da Saraiva. E ela inaugurou ainda a primeira loja iTown - exclusiva para venda de produtos da Apple.

Em 2012, ela lançou o selo SaraivaTec e, com a Hoper Educação, o Saraiva Solução de Aprendizagem, para ensino de Direito e Administração de Empresas. No ano seguinte, entrou no mercado de autopublicação, com a plataforma Publique-se!.

A Saraiva compraria ainda a editora Érica, para entrar no mercado de ensino técnico profissionalizante. Também em 2013, ela abriu sua primeira loja em aeroporto - em Cumbica.

Em 2015, a Saraiva vendeu todos os seus ativos editoriais e ficou apenas no varejo de livros. Naquele ano, o mercado editorial já dava indícios de que caminhava para uma recessão.

Os dois anos seguintes foram de ajustes operacionais. A empresa diminuiu. Em 2018, como consequência da crise macroeconômica, da crise do mercado editorial, mas, sobretudo, de suas escolhas próprias, a Saraiva começou a enfrentar problemas.

Em um primeiro movimento de enxugamento, a Saraiva fechou 20 lojas em 2018, incluindo uma em Santos Foto: Pedro Carvalho

Foi quando ela iniciou o fechamento de suas lojas e tirou o foco da venda de eletrônicos. Em 2018, ela fechou 22 lojas e, seguindo os passos da Livraria Cultura, pediu recuperação judicial. Veio a pandemia. Em 2021, ela entrou com o pedido do 1°Aditivo ao Plano de Recuperação Judicial, homologado em março, e depois com o segundo pedido, homologado em abril de 2022.

Em julho, ela fechou mais sete lojas: Shopping Osasco (SP), Shopping Vila Velha (ES), Shopping Belém (PA), Shopping ABC Plaza (SP), Shopping Norte (RJ), Shopping Juiz de Fora (MG) e Shopping Passeio das Águas (GO).

Nesta quarta-feira, 20, com a notícia da demissão dos funcionários e provável fechamento das últimas cinco lojas físicas da Saraiva, uma parte importante da história desta que já foi a principal rede de livrarias do Brasil se encerra. A ver se a trajetória iniciada em 1914, com aquela primeira livraria especializada, ganha uma sobrevida online.

A Livraria Saraiva demitiu seus funcionários nesta quarta-feira, 20. A rede, que já foi a maior do Brasil, com cerca de 100 livrarias, está em recuperação judicial e ainda tinha cinco livrarias físicas. Eram quatro lojas no estado de São Paulo - na Praça da Sé, a segunda inaugurada pela empresa, ainda nos anos 1970, e também no Shopping Aricanduva, no Jundiaí Shopping e no Novo Shopping (Ribeirão Preto) - e uma em Campo Grande (MS), no Shopping Boque dos Ipês.

Quem entra no site da Saraiva agora, ainda encontra um link para a área “Nossas lojas”, mas ao clicar nele é direcionado para uma página de “Mais vendidos”.

Nesta quarta, a unidade da Sé não abriu as portas. Na fachada da loja do Shopping Aricanduva, o público encontrava um aviso comunicando o fechamento. Em Jundiaí e em Campo Grande, ela também não abriu as portas. Em Ribeirão, ela já estava fechada desde ontem.

O Estadão procurou a empresa para confirmar o fechamento definitivo das cinco últimas lojas da Saraiva, mas ainda não obteve retorno.

Com o novo movimento, apenas o e-commerce deve continuar funcionando. Se houver funcionários.

Livraria Saraiva foi inaugurada na Praça da Sé e era a mais antiga em atividade Foto: Taba Benedicto/Estadão

Segundo o Estadão apurou, os colaboradores receberam um comunicado da área de Recursos Humanos nesta quarta, 21, dizendo que todos os funcionários ativos seriam demitidos. Havia pressa, porque, segundo o aviso, os funcionários do próprio departamento de RH só ficariam até hoje, 21 - eles também seriam desligados.

A empresa tem uma Assembleia Geral Especial de Preferencialistas (AGESP) agendada para esta sexta-feira, 22. Segundo o PublishNews, publicação especializada em mercado editorial, uma das discussões previstas é a transformação das ações preferenciais em ações ordinárias. Assim, o controle da empresa, atualmente com a família Saraiva, poderia ser transferido para os principais acionistas preferenciais.

Em 2018, a Saraiva fez seu primeiro movimento de fechamento de lojas. Foram 20 num mesmo dia, em outubro. Naquela ocasião, a rede ficou com 84 unidades e com o site. Um mês depois, ela entrou com pedido de recuperação judicial. A dívida revelada naquele momento era de R$ 674 milhões (veja aqui quais eram as 30 editoras para quem a Saraiva devia mais dinheiro).

Ao longo dos últimos anos, sem conseguir se reerguer, a Saraiva foi fechando mais lojas. Nesta semana, a empresa voltou a ser notícia quando alguns conselheiros renunciaram e fizeram acusações contra os controladores da empresa, em carta para Olga Maria Barbosa Saraiva, presidente do Conselho de Administração.

A Livraria Saraiva da Praça da Sé nesta quinta-feira, 21; rede, em recuperação judicial, fechou todas as lojas físicas Foto: Taba Benedicto/Estadão

Nesta carta, eles mencionavam, também segundo o PublishnNews, o “pagamento da remuneração da KR Capital”. Trata-se da empresa que fez a restruturação operacional da Saraiva em 2021, que atualmente trabalha na renegociação das dívidas e que tem entre seus sócios marcos Guedes, ex-CEO da Saraiva e membro do conselho de administração.

Relembre a história da Saraiva

A história da Saraiva remete a 1914, quando o imigrante português Joaquim Ignácio da Fonseca Saraiva abriu uma pequena livraria de livros usados no Largo do Ouvidor, em São Paulo, perto da Faculdade de Direito do Largo São Francisco.

Era a Livraria Acadêmica, que acabou se especializando em obras jurídicas. Ainda naquela década, ele editou um primeiro livro, Casamento Civil. Pelos 30 anos seguintes, a livraria seguiu com foco no direito, mas a editora passou a lançar também didáticos e obras gerais.

Em 1947, a empresa se transformou em sociedade anônima e passou a se chamar Saraiva S.A. – Livreiros Editores. Em 1972, a Saraiva virou uma companhia aberta.

Nos anos 1970, foi inaugurada a segunda livraria da empresa, na Praça da Sé - que resistiu até este último momento. Nos anos 1980, ela investiu em distribuição de livros e em 1983 iniciou o processo de expansão de sua rede de livrarias, com aberturas especialmente em shoppings. Vieram as primeiras megastores e, em 1998, ela inaugurou seu e-commerce.

Ao longo de sua história, ela comprou a Editora Atual, no fim dos anos 1990, e o Pigmento Editorial S.A., responsável pela comercialização do Ético Sistema de Ensino, em 2007.

O crescimento mais expressivo em número de livrarias ocorreu a partir da aquisição de 100% do controle acionário do Grupo Siciliano, em 2008. Foi quando a rede passou a ter mais de 100 lojas espalhadas pelo Brasil.

A Livraria Saraiva do Shopping Center Norte, em 2017 Foto: Amanda Perobelli/Estadão

Com a chegada da Siciliano, vieram também os selos Arx e Caramelo. Dois anos depois, a empresa lançou o sistema de ensino Agora, para a educação pública, e criou o selo Benvirá, para obras de ficção.

A Saraiva entrou no mercado de e-books em 2010, com o lançamento de uma plataforma para venda de livro digital. Depois, em 2014, ela criaria a LEV, seu e-reader. Ainda em 2010, ela comemorou o fato de a LG ter criado uma linha de produtos com opção de acesso à internet que levava o usuário à plataforma de comercialização de filmes digitais da Saraiva. E ela inaugurou ainda a primeira loja iTown - exclusiva para venda de produtos da Apple.

Em 2012, ela lançou o selo SaraivaTec e, com a Hoper Educação, o Saraiva Solução de Aprendizagem, para ensino de Direito e Administração de Empresas. No ano seguinte, entrou no mercado de autopublicação, com a plataforma Publique-se!.

A Saraiva compraria ainda a editora Érica, para entrar no mercado de ensino técnico profissionalizante. Também em 2013, ela abriu sua primeira loja em aeroporto - em Cumbica.

Em 2015, a Saraiva vendeu todos os seus ativos editoriais e ficou apenas no varejo de livros. Naquele ano, o mercado editorial já dava indícios de que caminhava para uma recessão.

Os dois anos seguintes foram de ajustes operacionais. A empresa diminuiu. Em 2018, como consequência da crise macroeconômica, da crise do mercado editorial, mas, sobretudo, de suas escolhas próprias, a Saraiva começou a enfrentar problemas.

Em um primeiro movimento de enxugamento, a Saraiva fechou 20 lojas em 2018, incluindo uma em Santos Foto: Pedro Carvalho

Foi quando ela iniciou o fechamento de suas lojas e tirou o foco da venda de eletrônicos. Em 2018, ela fechou 22 lojas e, seguindo os passos da Livraria Cultura, pediu recuperação judicial. Veio a pandemia. Em 2021, ela entrou com o pedido do 1°Aditivo ao Plano de Recuperação Judicial, homologado em março, e depois com o segundo pedido, homologado em abril de 2022.

Em julho, ela fechou mais sete lojas: Shopping Osasco (SP), Shopping Vila Velha (ES), Shopping Belém (PA), Shopping ABC Plaza (SP), Shopping Norte (RJ), Shopping Juiz de Fora (MG) e Shopping Passeio das Águas (GO).

Nesta quarta-feira, 20, com a notícia da demissão dos funcionários e provável fechamento das últimas cinco lojas físicas da Saraiva, uma parte importante da história desta que já foi a principal rede de livrarias do Brasil se encerra. A ver se a trajetória iniciada em 1914, com aquela primeira livraria especializada, ganha uma sobrevida online.

A Livraria Saraiva demitiu seus funcionários nesta quarta-feira, 20. A rede, que já foi a maior do Brasil, com cerca de 100 livrarias, está em recuperação judicial e ainda tinha cinco livrarias físicas. Eram quatro lojas no estado de São Paulo - na Praça da Sé, a segunda inaugurada pela empresa, ainda nos anos 1970, e também no Shopping Aricanduva, no Jundiaí Shopping e no Novo Shopping (Ribeirão Preto) - e uma em Campo Grande (MS), no Shopping Boque dos Ipês.

Quem entra no site da Saraiva agora, ainda encontra um link para a área “Nossas lojas”, mas ao clicar nele é direcionado para uma página de “Mais vendidos”.

Nesta quarta, a unidade da Sé não abriu as portas. Na fachada da loja do Shopping Aricanduva, o público encontrava um aviso comunicando o fechamento. Em Jundiaí e em Campo Grande, ela também não abriu as portas. Em Ribeirão, ela já estava fechada desde ontem.

O Estadão procurou a empresa para confirmar o fechamento definitivo das cinco últimas lojas da Saraiva, mas ainda não obteve retorno.

Com o novo movimento, apenas o e-commerce deve continuar funcionando. Se houver funcionários.

Livraria Saraiva foi inaugurada na Praça da Sé e era a mais antiga em atividade Foto: Taba Benedicto/Estadão

Segundo o Estadão apurou, os colaboradores receberam um comunicado da área de Recursos Humanos nesta quarta, 21, dizendo que todos os funcionários ativos seriam demitidos. Havia pressa, porque, segundo o aviso, os funcionários do próprio departamento de RH só ficariam até hoje, 21 - eles também seriam desligados.

A empresa tem uma Assembleia Geral Especial de Preferencialistas (AGESP) agendada para esta sexta-feira, 22. Segundo o PublishNews, publicação especializada em mercado editorial, uma das discussões previstas é a transformação das ações preferenciais em ações ordinárias. Assim, o controle da empresa, atualmente com a família Saraiva, poderia ser transferido para os principais acionistas preferenciais.

Em 2018, a Saraiva fez seu primeiro movimento de fechamento de lojas. Foram 20 num mesmo dia, em outubro. Naquela ocasião, a rede ficou com 84 unidades e com o site. Um mês depois, ela entrou com pedido de recuperação judicial. A dívida revelada naquele momento era de R$ 674 milhões (veja aqui quais eram as 30 editoras para quem a Saraiva devia mais dinheiro).

Ao longo dos últimos anos, sem conseguir se reerguer, a Saraiva foi fechando mais lojas. Nesta semana, a empresa voltou a ser notícia quando alguns conselheiros renunciaram e fizeram acusações contra os controladores da empresa, em carta para Olga Maria Barbosa Saraiva, presidente do Conselho de Administração.

A Livraria Saraiva da Praça da Sé nesta quinta-feira, 21; rede, em recuperação judicial, fechou todas as lojas físicas Foto: Taba Benedicto/Estadão

Nesta carta, eles mencionavam, também segundo o PublishnNews, o “pagamento da remuneração da KR Capital”. Trata-se da empresa que fez a restruturação operacional da Saraiva em 2021, que atualmente trabalha na renegociação das dívidas e que tem entre seus sócios marcos Guedes, ex-CEO da Saraiva e membro do conselho de administração.

Relembre a história da Saraiva

A história da Saraiva remete a 1914, quando o imigrante português Joaquim Ignácio da Fonseca Saraiva abriu uma pequena livraria de livros usados no Largo do Ouvidor, em São Paulo, perto da Faculdade de Direito do Largo São Francisco.

Era a Livraria Acadêmica, que acabou se especializando em obras jurídicas. Ainda naquela década, ele editou um primeiro livro, Casamento Civil. Pelos 30 anos seguintes, a livraria seguiu com foco no direito, mas a editora passou a lançar também didáticos e obras gerais.

Em 1947, a empresa se transformou em sociedade anônima e passou a se chamar Saraiva S.A. – Livreiros Editores. Em 1972, a Saraiva virou uma companhia aberta.

Nos anos 1970, foi inaugurada a segunda livraria da empresa, na Praça da Sé - que resistiu até este último momento. Nos anos 1980, ela investiu em distribuição de livros e em 1983 iniciou o processo de expansão de sua rede de livrarias, com aberturas especialmente em shoppings. Vieram as primeiras megastores e, em 1998, ela inaugurou seu e-commerce.

Ao longo de sua história, ela comprou a Editora Atual, no fim dos anos 1990, e o Pigmento Editorial S.A., responsável pela comercialização do Ético Sistema de Ensino, em 2007.

O crescimento mais expressivo em número de livrarias ocorreu a partir da aquisição de 100% do controle acionário do Grupo Siciliano, em 2008. Foi quando a rede passou a ter mais de 100 lojas espalhadas pelo Brasil.

A Livraria Saraiva do Shopping Center Norte, em 2017 Foto: Amanda Perobelli/Estadão

Com a chegada da Siciliano, vieram também os selos Arx e Caramelo. Dois anos depois, a empresa lançou o sistema de ensino Agora, para a educação pública, e criou o selo Benvirá, para obras de ficção.

A Saraiva entrou no mercado de e-books em 2010, com o lançamento de uma plataforma para venda de livro digital. Depois, em 2014, ela criaria a LEV, seu e-reader. Ainda em 2010, ela comemorou o fato de a LG ter criado uma linha de produtos com opção de acesso à internet que levava o usuário à plataforma de comercialização de filmes digitais da Saraiva. E ela inaugurou ainda a primeira loja iTown - exclusiva para venda de produtos da Apple.

Em 2012, ela lançou o selo SaraivaTec e, com a Hoper Educação, o Saraiva Solução de Aprendizagem, para ensino de Direito e Administração de Empresas. No ano seguinte, entrou no mercado de autopublicação, com a plataforma Publique-se!.

A Saraiva compraria ainda a editora Érica, para entrar no mercado de ensino técnico profissionalizante. Também em 2013, ela abriu sua primeira loja em aeroporto - em Cumbica.

Em 2015, a Saraiva vendeu todos os seus ativos editoriais e ficou apenas no varejo de livros. Naquele ano, o mercado editorial já dava indícios de que caminhava para uma recessão.

Os dois anos seguintes foram de ajustes operacionais. A empresa diminuiu. Em 2018, como consequência da crise macroeconômica, da crise do mercado editorial, mas, sobretudo, de suas escolhas próprias, a Saraiva começou a enfrentar problemas.

Em um primeiro movimento de enxugamento, a Saraiva fechou 20 lojas em 2018, incluindo uma em Santos Foto: Pedro Carvalho

Foi quando ela iniciou o fechamento de suas lojas e tirou o foco da venda de eletrônicos. Em 2018, ela fechou 22 lojas e, seguindo os passos da Livraria Cultura, pediu recuperação judicial. Veio a pandemia. Em 2021, ela entrou com o pedido do 1°Aditivo ao Plano de Recuperação Judicial, homologado em março, e depois com o segundo pedido, homologado em abril de 2022.

Em julho, ela fechou mais sete lojas: Shopping Osasco (SP), Shopping Vila Velha (ES), Shopping Belém (PA), Shopping ABC Plaza (SP), Shopping Norte (RJ), Shopping Juiz de Fora (MG) e Shopping Passeio das Águas (GO).

Nesta quarta-feira, 20, com a notícia da demissão dos funcionários e provável fechamento das últimas cinco lojas físicas da Saraiva, uma parte importante da história desta que já foi a principal rede de livrarias do Brasil se encerra. A ver se a trajetória iniciada em 1914, com aquela primeira livraria especializada, ganha uma sobrevida online.

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