A Bienal do Livro de São Paulo retorna ao Distrito Anhembi a partir desta sexta-feira, 6 de setembro. Organizada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e pela empresa RX, a 27ª edição do evento terá um espaço 15% maior do que a anterior, quando ocorreu no Expo Center Norte, e espera receber mais de 660 mil pessoas até o encerramento no domingo, 15.
Como de costume, os visitantes poderão conferir uma ampla programação cultural, ter contato com autores nacionais e estrangeiros e circular por estandes de editoras, livrarias e outras organizações do mercado do livro que devem oferecer títulos com descontos e promoções especiais. Estão confirmados 227 expositores e mais de 600 autores convidados (veja nomes e mais detalhes abaixo).
“Neste momento, estamos extremamente otimistas com o sucesso da Bienal do Livro de São Paulo. A resposta do público tem sido fantástica, com o evento de sábado, 7, já com todos os ingressos esgotados”, diz Sevani Matos, presidente da CBL. “As vendas estão acima das expectativas, o que é um grande sinal de que o evento está consolidado como um dos maiores do setor na América Latina.”
Alexandre Martins Fontes, dono da livraria e editora Martins Fontes e presidente da Associação Nacional de Livrarias (ANL), diz que o início do evento é “um momento especial para o mercado editorial”. Ele destaca que as Bienais do Livro - de São Paulo e a do Rio - são cada vez mais voltadas aos mais jovens e que, como editores, os esforços foram concentrados em expor e divulgar a literatura para esse público.
Em 2022, a presença dos jovens entre 18 e 24 anos foi marcante. A pesquisa Retratos da Leitura em Eventos do Livro e Literatura apontou que, na última edição, 36% de mil entrevistados durante a feira estavam nessa faixa etária. Além disso, 28% disseram que o interesse pelos livros foi influenciado pelo TikTok, Youtube e Instagram.
Diana Passy, curadora da Arena Cultural Paper Excellence, afirma que “de uns oito anos pra cá, as editoras começaram a apostar muito em autores nacionais dentro da literatura young adult [jovem adulta]. E esse trabalho das editoras veio exatamente como resposta à empolgação do público jovem, que criou comunidades vibrantes tanto online quanto offline em torno do amor pela leitura.”
Sevani pontua que, apesar do público jovem ter um grande destaque na programação, a Bienal é um evento pensado para todas as idades. “Para o público adulto, temos espaços culturais como o Salão de Ideias, que traz debates profundos com grandes nomes da literatura, além do Espaço Educação, o Cozinhando com Palavras e o Papo de Mercado, que oferece discussões sobre o cenário editorial e cultural”, lembra.
Para as famílias, ela reforça a oferta de “atividades que promovem a conexão entre pais e filhos através da leitura”. “A diversidade de atividades garante que todos encontrem algo que desperte seu interesse, tornando a Bienal um evento para toda a família”, diz.
Editoras, descontos e mais
Entre os 227 expositores, estão editoras de tamanho variado, livrarias e outras instituições do mercado do livro. Entre elas, Ciranda Cultural, Intrínseca, Grupo Record, Companhia das Letras, Editora VR, Faro Editorial, Melhoramentos, Editora Vozes, Sextante, Panini, Planeta, Harper Collins Brasil, Globo Livros, Novo Século, Livraria Drummond e Edições Loyola. Neste ano, a Bienal também mantém a parceria com o Sesc São Paulo.
De acordo com a organização, estarão disponíveis para compra cerca de 3,5 milhões de livros. A expectativa geral dos expositores é de que o saldo seja positivo. O Grupo Autêntica diz que espera crescimento de 25% em relação à última participação no evento e prevê descontos especiais para a venda de 300 títulos expostos no estande da editora - que, aliás, levará o nome da Gutenberg, selo jovem do Grupo.
A Buzz, editora que estreou no mercado e 2016 e lança um selo religioso durante o evento, espera crescimento de 50% com relação à edição anterior. “A expectativa é alta, uma vez que estamos com um catálogo robusto e com lançamentos de autores que são best-sellers e muito admirados pelo público. Teremos a presença de autores como Tiago Brunet, Rick Chesther e Caio Carneiro, por exemplo, e a nossa convidada internacional, Carley Fortune, que está na lista de mais vendidos em diversos países e as senhas da sua fala esgotaram em 4 minutos”, destaca Anderson Cavalcante, CEO da Buzz.
Além das promoções, as editoras apostam em descontos progressivos e brindes. A Record já divulgou que vai vender livros de seu catálogo por a partir de R$ 15 e vai distribuir brindes para quem gastar mais de R$ 30 no estande. Intrínseca e Companhia das Letras, por exemplo, também terão produtos como copos e ecobags para quem comprar determino título ou gastar um valor mais alto.
Daniela Kfuri, diretora de Marketing e Vendas do Grupo HarperCollins Brasil, diz que as expectativas da empresa são altas: “Teremos o maior estande da nossa história, com cerca de 400m², que vai abrigar todas as nossas editoras: a própria HarperCollins, a Thomas Nelson Brasil, editora líder do mercado cristão, a Pitaya, nosso novo selo de livros jovem adulto, além da Harlequin e da HarperKids.”
Uma tendência que já começava a aparecer nas últimas edições e segue neste ano é a de espaços “instagramáveis”. É o caso, por exemplo, do estante Sextante e Arqueiro, que terá a maior área entre todas as suas participações, com 330 m². A Rocco também terá cenografia baseada em suas principais apostas, de Harry Potter a Clarice Lispector.
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A Cortez Editora terá um espaço instagramável que remete a uma livraria, já que o grupo vai inaugurar, em cerca de dois meses, uma loja com livros de diversos segmentos e de várias editoras, com o nome de Livraria das Perdizes. Agora com gestão 100% feminina, a editora vai lançar na Bienal seis livros voltados para este público, além de obras infantis e educacionais.
“Nossa expectativa é de um crescimento de 20% em vendas em relação à última Bienal de São Paulo, algo realista e que esperamos ser possível de alcançar, já que o mercado editorial ainda não se recuperou das crises anteriores”, diz Elaine Nunes, diretora comercial da Cortez.
Programação e espaços oficiais
Durante a programação cultural, serão mais de 2 mil horas de palestras, bate papos, encontros e outras atividades diversas divididas em 13 espaços. São eles:
- Arena Cultural Paper Excellence, com bate-papos e palestras com autores nacionais e internacionais
- Cozinhando com Palavras, dedicado ao setor de livros de gastronomia
- Espaço Infâncias, com atividades educativas e lúdicas para o público escolar
- Salão de Ideias Banco CAF, com debates sobre temas atuais de relevância social e cultural
- BiblioSesc (Praça da Palavra e Praça de Histórias), com contação de histórias e espetáculos de música e literatura
- Espaço Cordel e Repente, com debates, apresentações e outras atividades sobre a literatura de cordel
- Papo de Mercado MVB, dedicado a temas relacionados ao mercado do livro
- Espaço Educação, um novo espaço, dedicado a promover discussões sobre educação ambiental, inovação e políticas educacionais
- Auditório Edições Sesc São Paulo, com encontros organizados a partir dos livros da editora Edições Sesc
- Auditório Ziraldo, batizado em homenagem ao escritor, que promove encontros entre autores e leitores com atividades organizadas pelas próprias editoras
- Espaço de Autógrafos By Suzano, com espaço para 150 visitantes por sessão e distribuição antecipada de senhas a partir de 9 de agosto
- Arena de Entrevistas Skeelo, outra novidade, em que influenciadores literários entrevistarão autores
- Espaço Prêmio Jabuti, dedicado a aproximar os leitores dos vencedores do Jabuti e do Jabuti Acadêmico
A Arena Cultural Paper Excellence, que vai receber muitos dos principais convidados, tem grande parte da programação (mas não só) voltada ao público jovem. No primeiro final de semana, passarão por lá, por exemplo, a escritora Lynn Painter (fenômeno no TikTok e autora de Melhor Do Que Nos Filmes), no sábado, 7, e Hannah Nicole Maehrer, autora do best-seller Assistente do Vilão, no domingo, 8.
Outros destaques durante o evento são Jeff Kinney, autor da série Diário de um Banana, a cantora e atriz Hayley Kiyoko, que escreveu o livro Girls Like Girls: Uma História de Amor entre Garotas, Hwang Bo-Reum, autora de Bem-vindos à livraria Hyunam-dong, fenômeno da healing fiction, e Abby Jimenez, de Para sempre seu e Parte do seu mundo.
As mesas também discutem, com editores, autores e influenciadores, tendências do público jovem - romantasia, romance “hot” e histórias de amor no universo dos esportes, por exemplo. “O maior desafio na realidade foi a grande quantidade de talentos que temos escrevendo para o público jovem hoje em dia”, diz Diana Passy sobre a curadoria. “Tentei olhar com muito carinho para incluir o maior número possível desses talentos nacionais que nossos leitores jovens querem encontrar por lá.”
Para outros públicos, os destaques da Arena são Elma Van Vliet, holandesa que cria livros que incentivam a preservação de memórias familiares, e John Scalzi, nome importante da ficção científica contemporânea. As mesas também terão grandes autores nacionais, como Conceição Evaristo, Carla Madeira, Pedro Bandeira, Itamar Vieira Jr, Stênio Gardel, Raphael Montes, Maria Adelaide Amaral, Eliana Alves Cruz, Ailton Krenak e Ignácio de Loyola Brandão, colunista do Estadão.
Alguns destes escritores, e muitos outros, também estão na programação do Salão de Ideia, de curadoria voltada a discussões sobre temas atuais. O curador do espaço, Leonardo Neto, diz que criar a programação do espaço foi uma tarefa desafiadora: “É ficar com um olho no que o catálogo das editoras oferece e outro nas expectativas dos leitores que frequentam a Bienal. Equacionar isso tudo é um desafio.”
O local também tem curadoria de Clivia Ramiro e Tiago Marchesano, pelo Sesc SP. “As escolhas curatoriais passaram por temas que são importantes para os dias de hoje. Então, no Salão de Ideias, vamos ter debates importantes sobre crise climática, etarismo, intolerância religiosa, os impactos das tecnologias nas carreiras, política, diversidade etc. O Salão vai ser ainda palco de homenagens bonitas, como a Ayrton Senna, Pagu, Cazuza e Marielle Franco”, destaca Neto.
Convidado de honra
Neste ano, a Colômbia será o convidado de honra da Bienal e terá uma área de 300 metros quadrados dedicada à literatura do país. Serão mais de 20 autores, chefs e personalidades colombianas presentes, como Andrea Cote, Margarita García Robayo, Erna von der Walde, Gilmer Mesa e Dipacho.
Ingressos e cashback
A venda online de ingressos para a Bienal está disponível no site oficial do evento. As entradas custam R$ 35 a inteira e R$ 17,50 a meia-entrada. Quem comprar até esta quinta-feira, 5 de setembro, ainda recebe um cashback (retorno) de R$ 15 para a inteira e R$ 10 para a meia-entrada. Lembrando que as entradas para o primeiro sábado, 7 de setembro, estão esgotadas.
O cashback poderá ser usado na feira para a compra de um livro em um dos estandes dos expositores. Para isso, é preciso baixar o app Zigpay e resgatar o valor pelo CPF do comprador. Quem comprar a partir do dia 6 ou presencialmente, nas bilheterias, durante dos dias de evento, também garante os ingressos, mas sem o cashback.
Como chegar
Para quem vai de metrô, ônibus circulares gratuitos vão sair da estação Portuguesa Tietê do Metrô (Linha 1 - Azul) direto para o Anhembi durante todos os dias do evento. O embarque é no estacionamento na Av. Voluntários da Pátria, altura do número 498 - com início a partir de 1h antes do evento e encerramento até 1h após o evento. De ônibus, a melhor opção é a Linha 9717-10 (Santana / JD. Almanara).
Se preferir ir de carro, o Distrito Anhembi fica na Av. Olavo Fontoura, 1209 (Portão 38). O local tem estacionamento com capacidade para 5.800 veículos e custa R$ 70 para 12 horas. Se for de transporte por aplicativo, a organização indica a Rua Professor Milton Rodrigues para embarque e desembarque.
Um detalhe importante: no sábado, 7, a região do Anhembi terá vias bloqueadas até às 13h por conta do desfile da Semana da Pátria. A Av. Olavo Fontoura será interditada em ambos os sentidos entre a Ponte da Casa Verde e a Praça Campo de Bagatelle, assim como a Rua Professor Milton Rodrigues.
A CET indica a Avenida Braz Leme como alternativa e diz que haverá implantação de mão dupla de direção nas ruas Marechal Leitão de Carvalho e Massinet Sorcinelli a partir das 6h para melhor acessibilidade ao estacionamento do Anhembi.
Horários de funcionamento
Nos dias de semana (6, 9, 10, 11, 12 e 13), a Bienal abre às 9h e fecha às 22h, com entrada permitida até 21h. Nos finais de semana, os portões abrem 10h e fecham 22h, com entrada permitida até 21h. A exceção é o último dia, o domingo, 15, quando o evento acaba 21h, com entrada permitida até 19h.
Mapa e estandes
A Bienal vai ocupar 75 mil metros quadrados do pavilhão do Anhembi. Abaixo, no mapa, você confere a divisão entre estandes, espaços culturais e serviços. Uma dica para se localizar melhor é baixar o aplicativo da Bienal, assim você consegue conferir a programação e o mapa com maior facilidade.
Autógrafos
As sessões de autógrafo da programação oficial já tiveram senhas distribuídas online, mas os expositores também terão eventos e sessões próprias. Se quiser prestigiar um autor, vale ir logo no estande da editora ou da organização em que ele marcará presença conferir como vai funcionar (por ordem de chegada, senha, etc...).