Verba menor obriga Flip a fazer ajustes para edição deste ano


Festa Literária de Paraty anunciou o mesmo número de autores, mas adaptações em alguns pontos estruturais

Por Guilherme Sobota
Atualização:

A Festa Literária Internacional de Paraty anunciou nesta terça-feira, 3, a sua programação completa (veja abaixo) – a 14.ª Flip ocorre entre os dias 29 de junho e 3 de julho no litoral fluminense. Os ingressos começam a ser vendidos no dia 3 de junho, custam R$ 50 e podem ser adquiridos na web (ticketsforfun.com.br), por telefone ou em pontos de venda em São Paulo, Rio e Paraty.

Neste ano, não ocorrerá o tradicional show de abertura (que, em 2015, já havia sido um evento menor dentro da programação) – tudo por causa de ajustes necessários ao orçamento, de acordo com o diretor-geral da Casa Azul, entidade que organiza a Flip, Mauro Munhoz. A Flip pode captar R$ 7,6 milhões (R$ 6,3 milhões via Lei Rouanet e R$ 1,3 milhões via lei de isenção do ICMS do Rio), dos quais R$ 5,5 milhões já estão levantados.

A projeção de Munhoz é que o orçamento feche em cerca de R$ 6,8 milhões, o que seria o menor montante, em valores atualizados, desde que a Flip começou a divulgar o total utilizado na Festa, em 2006. Segundo Munhoz, isso prejudica mais as “ações de permanência” em Paraty do que necessariamente o evento deste ano. As ações envolvem projetos de médio prazo com educadores locais e de construção de uma biblioteca-parque na cidade, por exemplo. “A Flip não é um evento, é um processo e também sofre pelas lacunas das políticas públicas”, criticou Munhoz.

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Crise. Se as dificuldades continuarem, projetos de médio prazo podem ser prejudicados Foto: Felipe Rau|Estadão

A programação da Flipinha, parte do evento destinada à programação infantil, foi deslocada para a Casa de Cultura de Paraty – antes ela ocorria em uma tenda montada na Praça da Matriz, que não vai mais existir. Uma parceria com a Prefeitura para a utilização da nova Unidade de Pronto-Atendimento da cidade, entregue em fevereiro, vai possibilitar a economia da contratação de uma ambulância especial. “Mantemos a Festa com a mesma escala, mas é preciso aprofundar a economicidade, fazer mais com menos”, explicou Munhoz.

Após a mesa de abertura, às 19h da quarta-feira (29/6), intitulada Em Tecnicolor, com Armando Freitas Filho e o cineasta Walter Carvalho, será exibido o filme Manter a Linha da Cordilheira Sem o Desmaio da Planície, que Carvalho fez sobre o poeta e estreou no último festival É Tudo Verdade. Um sarau de “autores selecionados entre todas as programações da Flip” está programado a seguir.

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No total, são 39 autores (22 homens e 17 mulheres) convidados divididos em 23 mesas.

Entre os nomes confirmados na terça, 3, está o norueguês Karl Ove Knausgård, sensação da literatura contemporânea na Europa com a série Minha Luta (a Companhia das Letras publica o quarto volume em junho). Knausgård cancelou sua participação na Festa por duas vezes anteriormente.

O escocês Irvine Welsh, autor de Trainspotting, e o norte-americano Bill Clegg também devem fazer uma das mesas mais populares deste ano, intitulada Na Pior em Nova York e Edimburgo – ambos fazem uma literatura que mantém relação íntima com as drogas e com o sexo, temas caros à curadoria da Flip nos últimos anos.

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Outro painel reúne dois jornalistas que escreveram sobre o narcotráfico: Caco Barcellos, que lançou recentemente um volume sobre os 10 anos do programa Profissão Repórter, pela editora Planeta, e o inglês Misha Glenny, cujo livro mais recente, publicado no Reino Unido em 2015, conta a história de Nem, o ex-líder do tráfico na Rocinha.

Mesas sobre arquitetura (com o italiano Francesco Careri e Lúcia Leitão) e sobre ciência (com o neurocirurgião inglês Henry Marsh e a neurocientista brasileira Suzana Herculano-Houzel), que ganharam espaço na programação dos últimos anos, também foram anunciadas pela organização.

Outros nomes anteriormente confirmados para a 14.ª Flip são a Prêmio Nobel de Literatura Svetlana Aleksiévitch, o brasilianista e editor Benjamin Moser e o poeta sírio Abud Said.

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A 14.ª Flip tem curadoria de Paulo Werneck, é organizada pela Casa Azul e conta com leis de incentivo à cultura do Governo do Rio, da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, e do Ministério da Cultura, e com patrocínios de Itaú, BNDES e Petrobras – a organização afirma que ainda há espaço para outros incentivadores.Temas políticos devem aparecer nas discussões mesmo sem nenhuma mesa exclusivamente dedicada ao tema A poesia, principal força motriz do trabalho de Ana Cristina César (1952-1983), homenageada deste ano da Flip, marca posição firme na programação da 14.ª Flip. A conferência de abertura será com Armando Freitas Filho, “amigo de Ana Cristina Cesar e poeta central daquela que talvez seja a última geração da poesia brasileira a se afirmar em diferentes frentes”, segundo o curador Paulo Werneck, sobre a geração de 1970. Mas ele também ressaltou a cena carioca contemporânea, representada na Festa por nomes como Laura Liuzzi e Ramon Nunes Mello e reforçada por Leonardo Fróes. “Os livros de poesia são quase sempre os mais vendidos na Flip, é um caminho sem riscos”, comparou o curador. A escolha da homenageada também reforçou o compromisso que Werneck diz ter assumido de melhorar o índice de presença feminina na Flip “e na cultura em geral”. Este ano são 17 mulheres contra 11 no ano passado e 9 no anterior. Não há, porém, nenhum escritor negro na programação oficial do evento. “Foram feitos convites, e eu gostaria muito que a vontade do curador fosse suficiente”, justificou Werneck, citando Mano Brown, Elza Soares e a francesa Marie NDiaye, que não puderam agendar suas participações. Sobre a ausência de mesas francamente políticas em um momento de grave crise institucional, ele comentou que a programação começa a ser montada logo após a Flip anterior e que acredita que a discussão vai estar presente de qualquer forma. “Eu poderia ter chamado o Temer para reforçar o time de poetas de Brasília”, brincou.

Confira a programação completa:

Quarta-Feira, 29 de junho

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Sessão de abertura ’Em Tecnicolor’, 19h

Armando Freitas Filho e Walter Carvalho

“Manter a linha da cordilheira sem o desmaio da planície’ 88 minutos, 19h45 

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Walter Carvalho

Sarau, 21h45

Autores selecionados entre todas as programações da Flip

Quinta-Feira, 30 de junho

Mesa 1 - A teus pés, 10h

Annita Costa Malufe

Laura Liuzzi

Marília Garcia

Mesa 2 - Cidades refletidas, 12h

Francesco Careri

Lúcia Leitão

Mesa 3 - Os olhos da rua, 15h

Caco Barcellos

Misha Glenny

Mesa 4 - Histórias naturais, 17h15

Álvaro Enrigue

Marcílio França Castro

Mesa 5 - Matéria cinzenta, 19h30

Henry Marsh

Suzana Herculano-Houzel

Mesa 6 - Na pior em Nova York e Edimburgo, 21h30

Bill Clegg

Irvine Welsh

Sexta-feira, 1 de julho

Mesa 7 - Breviário do Brasil, 10h

Benjamin Moser

Kenneth Maxwell

Mesa 8 - A história da minha morte, 12h

J.P. Cuenca

Valeria Luiselli

Mesa 9 - O show do eu, 15h

Christian Dunker

Paula Sibilia

Mesa 10 - Encontro com 

Karl Ove Knausgård, 17h15

Mesa 11 - Mesa a confirmar, 19h30

Mesa 12 - Sexografias, 21h30

Gabriela Wiener

Juliana Frank

Sábado, 2 de julho

Mesa 13 - Encontro com

Leonardo Froés, 10h

Mesa 14 - De Clarice a Ana C, 12h

Benjamin Moser

Heloisa Buarque de Hollanda

Mesa 15 - Encontro da arte com a ciência, 15h

Arthur Japin

Guto Lacaz

Mesa 16 - Encontro com

Svetlana Aleksiévitch, 17h15

Mesa 17 - O falcão e a fênix, 19h30

Helen Macdonald

Maria Esther Maciel

Mesa 18 - O palco é a página, 21h30

Kate Tempest

Ramon Nunes Mello

Domingo, 3 de julho

Mesa 19 - Síria mon amour, 10h

Abud Said

Patrícia Campos Mello

Mesa 20 - Mixórdia de temáticas, 12h

Ricardo Araújo Pereira

Tati Bernardi

Mesa 21 - Sessão de encerramento: Luvas de pelica, 14h

Sérgio Alcides

Vilma Arêas

Mesa 22 - Livro de cabeceira, 16h

PONTOS DE VENDA DE INGRESSOSwww.ticketsforfun.com.br Telefone: (11) 3576 1480 (segunda a sexta, das 11h às 17h) Pontos de venda (sem taxa de conveniência) SP – Citibank Hall: Av Nações Unidas, 17.955 RJ – Metropolitan: Av Ayrton Senna, 3.000 Paraty – Paraty Tours: Av Roberto Silveira, 11 (apenas para moradores de Paraty).

A Festa Literária Internacional de Paraty anunciou nesta terça-feira, 3, a sua programação completa (veja abaixo) – a 14.ª Flip ocorre entre os dias 29 de junho e 3 de julho no litoral fluminense. Os ingressos começam a ser vendidos no dia 3 de junho, custam R$ 50 e podem ser adquiridos na web (ticketsforfun.com.br), por telefone ou em pontos de venda em São Paulo, Rio e Paraty.

Neste ano, não ocorrerá o tradicional show de abertura (que, em 2015, já havia sido um evento menor dentro da programação) – tudo por causa de ajustes necessários ao orçamento, de acordo com o diretor-geral da Casa Azul, entidade que organiza a Flip, Mauro Munhoz. A Flip pode captar R$ 7,6 milhões (R$ 6,3 milhões via Lei Rouanet e R$ 1,3 milhões via lei de isenção do ICMS do Rio), dos quais R$ 5,5 milhões já estão levantados.

A projeção de Munhoz é que o orçamento feche em cerca de R$ 6,8 milhões, o que seria o menor montante, em valores atualizados, desde que a Flip começou a divulgar o total utilizado na Festa, em 2006. Segundo Munhoz, isso prejudica mais as “ações de permanência” em Paraty do que necessariamente o evento deste ano. As ações envolvem projetos de médio prazo com educadores locais e de construção de uma biblioteca-parque na cidade, por exemplo. “A Flip não é um evento, é um processo e também sofre pelas lacunas das políticas públicas”, criticou Munhoz.

Crise. Se as dificuldades continuarem, projetos de médio prazo podem ser prejudicados Foto: Felipe Rau|Estadão

A programação da Flipinha, parte do evento destinada à programação infantil, foi deslocada para a Casa de Cultura de Paraty – antes ela ocorria em uma tenda montada na Praça da Matriz, que não vai mais existir. Uma parceria com a Prefeitura para a utilização da nova Unidade de Pronto-Atendimento da cidade, entregue em fevereiro, vai possibilitar a economia da contratação de uma ambulância especial. “Mantemos a Festa com a mesma escala, mas é preciso aprofundar a economicidade, fazer mais com menos”, explicou Munhoz.

Após a mesa de abertura, às 19h da quarta-feira (29/6), intitulada Em Tecnicolor, com Armando Freitas Filho e o cineasta Walter Carvalho, será exibido o filme Manter a Linha da Cordilheira Sem o Desmaio da Planície, que Carvalho fez sobre o poeta e estreou no último festival É Tudo Verdade. Um sarau de “autores selecionados entre todas as programações da Flip” está programado a seguir.

No total, são 39 autores (22 homens e 17 mulheres) convidados divididos em 23 mesas.

Entre os nomes confirmados na terça, 3, está o norueguês Karl Ove Knausgård, sensação da literatura contemporânea na Europa com a série Minha Luta (a Companhia das Letras publica o quarto volume em junho). Knausgård cancelou sua participação na Festa por duas vezes anteriormente.

O escocês Irvine Welsh, autor de Trainspotting, e o norte-americano Bill Clegg também devem fazer uma das mesas mais populares deste ano, intitulada Na Pior em Nova York e Edimburgo – ambos fazem uma literatura que mantém relação íntima com as drogas e com o sexo, temas caros à curadoria da Flip nos últimos anos.

Outro painel reúne dois jornalistas que escreveram sobre o narcotráfico: Caco Barcellos, que lançou recentemente um volume sobre os 10 anos do programa Profissão Repórter, pela editora Planeta, e o inglês Misha Glenny, cujo livro mais recente, publicado no Reino Unido em 2015, conta a história de Nem, o ex-líder do tráfico na Rocinha.

Mesas sobre arquitetura (com o italiano Francesco Careri e Lúcia Leitão) e sobre ciência (com o neurocirurgião inglês Henry Marsh e a neurocientista brasileira Suzana Herculano-Houzel), que ganharam espaço na programação dos últimos anos, também foram anunciadas pela organização.

Outros nomes anteriormente confirmados para a 14.ª Flip são a Prêmio Nobel de Literatura Svetlana Aleksiévitch, o brasilianista e editor Benjamin Moser e o poeta sírio Abud Said.

A 14.ª Flip tem curadoria de Paulo Werneck, é organizada pela Casa Azul e conta com leis de incentivo à cultura do Governo do Rio, da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, e do Ministério da Cultura, e com patrocínios de Itaú, BNDES e Petrobras – a organização afirma que ainda há espaço para outros incentivadores.Temas políticos devem aparecer nas discussões mesmo sem nenhuma mesa exclusivamente dedicada ao tema A poesia, principal força motriz do trabalho de Ana Cristina César (1952-1983), homenageada deste ano da Flip, marca posição firme na programação da 14.ª Flip. A conferência de abertura será com Armando Freitas Filho, “amigo de Ana Cristina Cesar e poeta central daquela que talvez seja a última geração da poesia brasileira a se afirmar em diferentes frentes”, segundo o curador Paulo Werneck, sobre a geração de 1970. Mas ele também ressaltou a cena carioca contemporânea, representada na Festa por nomes como Laura Liuzzi e Ramon Nunes Mello e reforçada por Leonardo Fróes. “Os livros de poesia são quase sempre os mais vendidos na Flip, é um caminho sem riscos”, comparou o curador. A escolha da homenageada também reforçou o compromisso que Werneck diz ter assumido de melhorar o índice de presença feminina na Flip “e na cultura em geral”. Este ano são 17 mulheres contra 11 no ano passado e 9 no anterior. Não há, porém, nenhum escritor negro na programação oficial do evento. “Foram feitos convites, e eu gostaria muito que a vontade do curador fosse suficiente”, justificou Werneck, citando Mano Brown, Elza Soares e a francesa Marie NDiaye, que não puderam agendar suas participações. Sobre a ausência de mesas francamente políticas em um momento de grave crise institucional, ele comentou que a programação começa a ser montada logo após a Flip anterior e que acredita que a discussão vai estar presente de qualquer forma. “Eu poderia ter chamado o Temer para reforçar o time de poetas de Brasília”, brincou.

Confira a programação completa:

Quarta-Feira, 29 de junho

Sessão de abertura ’Em Tecnicolor’, 19h

Armando Freitas Filho e Walter Carvalho

“Manter a linha da cordilheira sem o desmaio da planície’ 88 minutos, 19h45 

Walter Carvalho

Sarau, 21h45

Autores selecionados entre todas as programações da Flip

Quinta-Feira, 30 de junho

Mesa 1 - A teus pés, 10h

Annita Costa Malufe

Laura Liuzzi

Marília Garcia

Mesa 2 - Cidades refletidas, 12h

Francesco Careri

Lúcia Leitão

Mesa 3 - Os olhos da rua, 15h

Caco Barcellos

Misha Glenny

Mesa 4 - Histórias naturais, 17h15

Álvaro Enrigue

Marcílio França Castro

Mesa 5 - Matéria cinzenta, 19h30

Henry Marsh

Suzana Herculano-Houzel

Mesa 6 - Na pior em Nova York e Edimburgo, 21h30

Bill Clegg

Irvine Welsh

Sexta-feira, 1 de julho

Mesa 7 - Breviário do Brasil, 10h

Benjamin Moser

Kenneth Maxwell

Mesa 8 - A história da minha morte, 12h

J.P. Cuenca

Valeria Luiselli

Mesa 9 - O show do eu, 15h

Christian Dunker

Paula Sibilia

Mesa 10 - Encontro com 

Karl Ove Knausgård, 17h15

Mesa 11 - Mesa a confirmar, 19h30

Mesa 12 - Sexografias, 21h30

Gabriela Wiener

Juliana Frank

Sábado, 2 de julho

Mesa 13 - Encontro com

Leonardo Froés, 10h

Mesa 14 - De Clarice a Ana C, 12h

Benjamin Moser

Heloisa Buarque de Hollanda

Mesa 15 - Encontro da arte com a ciência, 15h

Arthur Japin

Guto Lacaz

Mesa 16 - Encontro com

Svetlana Aleksiévitch, 17h15

Mesa 17 - O falcão e a fênix, 19h30

Helen Macdonald

Maria Esther Maciel

Mesa 18 - O palco é a página, 21h30

Kate Tempest

Ramon Nunes Mello

Domingo, 3 de julho

Mesa 19 - Síria mon amour, 10h

Abud Said

Patrícia Campos Mello

Mesa 20 - Mixórdia de temáticas, 12h

Ricardo Araújo Pereira

Tati Bernardi

Mesa 21 - Sessão de encerramento: Luvas de pelica, 14h

Sérgio Alcides

Vilma Arêas

Mesa 22 - Livro de cabeceira, 16h

PONTOS DE VENDA DE INGRESSOSwww.ticketsforfun.com.br Telefone: (11) 3576 1480 (segunda a sexta, das 11h às 17h) Pontos de venda (sem taxa de conveniência) SP – Citibank Hall: Av Nações Unidas, 17.955 RJ – Metropolitan: Av Ayrton Senna, 3.000 Paraty – Paraty Tours: Av Roberto Silveira, 11 (apenas para moradores de Paraty).

A Festa Literária Internacional de Paraty anunciou nesta terça-feira, 3, a sua programação completa (veja abaixo) – a 14.ª Flip ocorre entre os dias 29 de junho e 3 de julho no litoral fluminense. Os ingressos começam a ser vendidos no dia 3 de junho, custam R$ 50 e podem ser adquiridos na web (ticketsforfun.com.br), por telefone ou em pontos de venda em São Paulo, Rio e Paraty.

Neste ano, não ocorrerá o tradicional show de abertura (que, em 2015, já havia sido um evento menor dentro da programação) – tudo por causa de ajustes necessários ao orçamento, de acordo com o diretor-geral da Casa Azul, entidade que organiza a Flip, Mauro Munhoz. A Flip pode captar R$ 7,6 milhões (R$ 6,3 milhões via Lei Rouanet e R$ 1,3 milhões via lei de isenção do ICMS do Rio), dos quais R$ 5,5 milhões já estão levantados.

A projeção de Munhoz é que o orçamento feche em cerca de R$ 6,8 milhões, o que seria o menor montante, em valores atualizados, desde que a Flip começou a divulgar o total utilizado na Festa, em 2006. Segundo Munhoz, isso prejudica mais as “ações de permanência” em Paraty do que necessariamente o evento deste ano. As ações envolvem projetos de médio prazo com educadores locais e de construção de uma biblioteca-parque na cidade, por exemplo. “A Flip não é um evento, é um processo e também sofre pelas lacunas das políticas públicas”, criticou Munhoz.

Crise. Se as dificuldades continuarem, projetos de médio prazo podem ser prejudicados Foto: Felipe Rau|Estadão

A programação da Flipinha, parte do evento destinada à programação infantil, foi deslocada para a Casa de Cultura de Paraty – antes ela ocorria em uma tenda montada na Praça da Matriz, que não vai mais existir. Uma parceria com a Prefeitura para a utilização da nova Unidade de Pronto-Atendimento da cidade, entregue em fevereiro, vai possibilitar a economia da contratação de uma ambulância especial. “Mantemos a Festa com a mesma escala, mas é preciso aprofundar a economicidade, fazer mais com menos”, explicou Munhoz.

Após a mesa de abertura, às 19h da quarta-feira (29/6), intitulada Em Tecnicolor, com Armando Freitas Filho e o cineasta Walter Carvalho, será exibido o filme Manter a Linha da Cordilheira Sem o Desmaio da Planície, que Carvalho fez sobre o poeta e estreou no último festival É Tudo Verdade. Um sarau de “autores selecionados entre todas as programações da Flip” está programado a seguir.

No total, são 39 autores (22 homens e 17 mulheres) convidados divididos em 23 mesas.

Entre os nomes confirmados na terça, 3, está o norueguês Karl Ove Knausgård, sensação da literatura contemporânea na Europa com a série Minha Luta (a Companhia das Letras publica o quarto volume em junho). Knausgård cancelou sua participação na Festa por duas vezes anteriormente.

O escocês Irvine Welsh, autor de Trainspotting, e o norte-americano Bill Clegg também devem fazer uma das mesas mais populares deste ano, intitulada Na Pior em Nova York e Edimburgo – ambos fazem uma literatura que mantém relação íntima com as drogas e com o sexo, temas caros à curadoria da Flip nos últimos anos.

Outro painel reúne dois jornalistas que escreveram sobre o narcotráfico: Caco Barcellos, que lançou recentemente um volume sobre os 10 anos do programa Profissão Repórter, pela editora Planeta, e o inglês Misha Glenny, cujo livro mais recente, publicado no Reino Unido em 2015, conta a história de Nem, o ex-líder do tráfico na Rocinha.

Mesas sobre arquitetura (com o italiano Francesco Careri e Lúcia Leitão) e sobre ciência (com o neurocirurgião inglês Henry Marsh e a neurocientista brasileira Suzana Herculano-Houzel), que ganharam espaço na programação dos últimos anos, também foram anunciadas pela organização.

Outros nomes anteriormente confirmados para a 14.ª Flip são a Prêmio Nobel de Literatura Svetlana Aleksiévitch, o brasilianista e editor Benjamin Moser e o poeta sírio Abud Said.

A 14.ª Flip tem curadoria de Paulo Werneck, é organizada pela Casa Azul e conta com leis de incentivo à cultura do Governo do Rio, da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, e do Ministério da Cultura, e com patrocínios de Itaú, BNDES e Petrobras – a organização afirma que ainda há espaço para outros incentivadores.Temas políticos devem aparecer nas discussões mesmo sem nenhuma mesa exclusivamente dedicada ao tema A poesia, principal força motriz do trabalho de Ana Cristina César (1952-1983), homenageada deste ano da Flip, marca posição firme na programação da 14.ª Flip. A conferência de abertura será com Armando Freitas Filho, “amigo de Ana Cristina Cesar e poeta central daquela que talvez seja a última geração da poesia brasileira a se afirmar em diferentes frentes”, segundo o curador Paulo Werneck, sobre a geração de 1970. Mas ele também ressaltou a cena carioca contemporânea, representada na Festa por nomes como Laura Liuzzi e Ramon Nunes Mello e reforçada por Leonardo Fróes. “Os livros de poesia são quase sempre os mais vendidos na Flip, é um caminho sem riscos”, comparou o curador. A escolha da homenageada também reforçou o compromisso que Werneck diz ter assumido de melhorar o índice de presença feminina na Flip “e na cultura em geral”. Este ano são 17 mulheres contra 11 no ano passado e 9 no anterior. Não há, porém, nenhum escritor negro na programação oficial do evento. “Foram feitos convites, e eu gostaria muito que a vontade do curador fosse suficiente”, justificou Werneck, citando Mano Brown, Elza Soares e a francesa Marie NDiaye, que não puderam agendar suas participações. Sobre a ausência de mesas francamente políticas em um momento de grave crise institucional, ele comentou que a programação começa a ser montada logo após a Flip anterior e que acredita que a discussão vai estar presente de qualquer forma. “Eu poderia ter chamado o Temer para reforçar o time de poetas de Brasília”, brincou.

Confira a programação completa:

Quarta-Feira, 29 de junho

Sessão de abertura ’Em Tecnicolor’, 19h

Armando Freitas Filho e Walter Carvalho

“Manter a linha da cordilheira sem o desmaio da planície’ 88 minutos, 19h45 

Walter Carvalho

Sarau, 21h45

Autores selecionados entre todas as programações da Flip

Quinta-Feira, 30 de junho

Mesa 1 - A teus pés, 10h

Annita Costa Malufe

Laura Liuzzi

Marília Garcia

Mesa 2 - Cidades refletidas, 12h

Francesco Careri

Lúcia Leitão

Mesa 3 - Os olhos da rua, 15h

Caco Barcellos

Misha Glenny

Mesa 4 - Histórias naturais, 17h15

Álvaro Enrigue

Marcílio França Castro

Mesa 5 - Matéria cinzenta, 19h30

Henry Marsh

Suzana Herculano-Houzel

Mesa 6 - Na pior em Nova York e Edimburgo, 21h30

Bill Clegg

Irvine Welsh

Sexta-feira, 1 de julho

Mesa 7 - Breviário do Brasil, 10h

Benjamin Moser

Kenneth Maxwell

Mesa 8 - A história da minha morte, 12h

J.P. Cuenca

Valeria Luiselli

Mesa 9 - O show do eu, 15h

Christian Dunker

Paula Sibilia

Mesa 10 - Encontro com 

Karl Ove Knausgård, 17h15

Mesa 11 - Mesa a confirmar, 19h30

Mesa 12 - Sexografias, 21h30

Gabriela Wiener

Juliana Frank

Sábado, 2 de julho

Mesa 13 - Encontro com

Leonardo Froés, 10h

Mesa 14 - De Clarice a Ana C, 12h

Benjamin Moser

Heloisa Buarque de Hollanda

Mesa 15 - Encontro da arte com a ciência, 15h

Arthur Japin

Guto Lacaz

Mesa 16 - Encontro com

Svetlana Aleksiévitch, 17h15

Mesa 17 - O falcão e a fênix, 19h30

Helen Macdonald

Maria Esther Maciel

Mesa 18 - O palco é a página, 21h30

Kate Tempest

Ramon Nunes Mello

Domingo, 3 de julho

Mesa 19 - Síria mon amour, 10h

Abud Said

Patrícia Campos Mello

Mesa 20 - Mixórdia de temáticas, 12h

Ricardo Araújo Pereira

Tati Bernardi

Mesa 21 - Sessão de encerramento: Luvas de pelica, 14h

Sérgio Alcides

Vilma Arêas

Mesa 22 - Livro de cabeceira, 16h

PONTOS DE VENDA DE INGRESSOSwww.ticketsforfun.com.br Telefone: (11) 3576 1480 (segunda a sexta, das 11h às 17h) Pontos de venda (sem taxa de conveniência) SP – Citibank Hall: Av Nações Unidas, 17.955 RJ – Metropolitan: Av Ayrton Senna, 3.000 Paraty – Paraty Tours: Av Roberto Silveira, 11 (apenas para moradores de Paraty).

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