A Festa Literária Internacional de Paraty anunciou nesta terça-feira, 3, a sua programação completa (veja abaixo) – a 14.ª Flip ocorre entre os dias 29 de junho e 3 de julho no litoral fluminense. Os ingressos começam a ser vendidos no dia 3 de junho, custam R$ 50 e podem ser adquiridos na web (ticketsforfun.com.br), por telefone ou em pontos de venda em São Paulo, Rio e Paraty.
Neste ano, não ocorrerá o tradicional show de abertura (que, em 2015, já havia sido um evento menor dentro da programação) – tudo por causa de ajustes necessários ao orçamento, de acordo com o diretor-geral da Casa Azul, entidade que organiza a Flip, Mauro Munhoz. A Flip pode captar R$ 7,6 milhões (R$ 6,3 milhões via Lei Rouanet e R$ 1,3 milhões via lei de isenção do ICMS do Rio), dos quais R$ 5,5 milhões já estão levantados.
A projeção de Munhoz é que o orçamento feche em cerca de R$ 6,8 milhões, o que seria o menor montante, em valores atualizados, desde que a Flip começou a divulgar o total utilizado na Festa, em 2006. Segundo Munhoz, isso prejudica mais as “ações de permanência” em Paraty do que necessariamente o evento deste ano. As ações envolvem projetos de médio prazo com educadores locais e de construção de uma biblioteca-parque na cidade, por exemplo. “A Flip não é um evento, é um processo e também sofre pelas lacunas das políticas públicas”, criticou Munhoz.
A programação da Flipinha, parte do evento destinada à programação infantil, foi deslocada para a Casa de Cultura de Paraty – antes ela ocorria em uma tenda montada na Praça da Matriz, que não vai mais existir. Uma parceria com a Prefeitura para a utilização da nova Unidade de Pronto-Atendimento da cidade, entregue em fevereiro, vai possibilitar a economia da contratação de uma ambulância especial. “Mantemos a Festa com a mesma escala, mas é preciso aprofundar a economicidade, fazer mais com menos”, explicou Munhoz.
Após a mesa de abertura, às 19h da quarta-feira (29/6), intitulada Em Tecnicolor, com Armando Freitas Filho e o cineasta Walter Carvalho, será exibido o filme Manter a Linha da Cordilheira Sem o Desmaio da Planície, que Carvalho fez sobre o poeta e estreou no último festival É Tudo Verdade. Um sarau de “autores selecionados entre todas as programações da Flip” está programado a seguir.
No total, são 39 autores (22 homens e 17 mulheres) convidados divididos em 23 mesas.
Entre os nomes confirmados na terça, 3, está o norueguês Karl Ove Knausgård, sensação da literatura contemporânea na Europa com a série Minha Luta (a Companhia das Letras publica o quarto volume em junho). Knausgård cancelou sua participação na Festa por duas vezes anteriormente.
O escocês Irvine Welsh, autor de Trainspotting, e o norte-americano Bill Clegg também devem fazer uma das mesas mais populares deste ano, intitulada Na Pior em Nova York e Edimburgo – ambos fazem uma literatura que mantém relação íntima com as drogas e com o sexo, temas caros à curadoria da Flip nos últimos anos.
Outro painel reúne dois jornalistas que escreveram sobre o narcotráfico: Caco Barcellos, que lançou recentemente um volume sobre os 10 anos do programa Profissão Repórter, pela editora Planeta, e o inglês Misha Glenny, cujo livro mais recente, publicado no Reino Unido em 2015, conta a história de Nem, o ex-líder do tráfico na Rocinha.
Mesas sobre arquitetura (com o italiano Francesco Careri e Lúcia Leitão) e sobre ciência (com o neurocirurgião inglês Henry Marsh e a neurocientista brasileira Suzana Herculano-Houzel), que ganharam espaço na programação dos últimos anos, também foram anunciadas pela organização.
Outros nomes anteriormente confirmados para a 14.ª Flip são a Prêmio Nobel de Literatura Svetlana Aleksiévitch, o brasilianista e editor Benjamin Moser e o poeta sírio Abud Said.
A 14.ª Flip tem curadoria de Paulo Werneck, é organizada pela Casa Azul e conta com leis de incentivo à cultura do Governo do Rio, da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, e do Ministério da Cultura, e com patrocínios de Itaú, BNDES e Petrobras – a organização afirma que ainda há espaço para outros incentivadores.Temas políticos devem aparecer nas discussões mesmo sem nenhuma mesa exclusivamente dedicada ao tema A poesia, principal força motriz do trabalho de Ana Cristina César (1952-1983), homenageada deste ano da Flip, marca posição firme na programação da 14.ª Flip. A conferência de abertura será com Armando Freitas Filho, “amigo de Ana Cristina Cesar e poeta central daquela que talvez seja a última geração da poesia brasileira a se afirmar em diferentes frentes”, segundo o curador Paulo Werneck, sobre a geração de 1970. Mas ele também ressaltou a cena carioca contemporânea, representada na Festa por nomes como Laura Liuzzi e Ramon Nunes Mello e reforçada por Leonardo Fróes. “Os livros de poesia são quase sempre os mais vendidos na Flip, é um caminho sem riscos”, comparou o curador. A escolha da homenageada também reforçou o compromisso que Werneck diz ter assumido de melhorar o índice de presença feminina na Flip “e na cultura em geral”. Este ano são 17 mulheres contra 11 no ano passado e 9 no anterior. Não há, porém, nenhum escritor negro na programação oficial do evento. “Foram feitos convites, e eu gostaria muito que a vontade do curador fosse suficiente”, justificou Werneck, citando Mano Brown, Elza Soares e a francesa Marie NDiaye, que não puderam agendar suas participações. Sobre a ausência de mesas francamente políticas em um momento de grave crise institucional, ele comentou que a programação começa a ser montada logo após a Flip anterior e que acredita que a discussão vai estar presente de qualquer forma. “Eu poderia ter chamado o Temer para reforçar o time de poetas de Brasília”, brincou.
Confira a programação completa:
Quarta-Feira, 29 de junho
Sessão de abertura ’Em Tecnicolor’, 19h
Armando Freitas Filho e Walter Carvalho
“Manter a linha da cordilheira sem o desmaio da planície’ 88 minutos, 19h45
Walter Carvalho
Sarau, 21h45
Autores selecionados entre todas as programações da Flip
Quinta-Feira, 30 de junho
Mesa 1 - A teus pés, 10h
Annita Costa Malufe
Laura Liuzzi
Marília Garcia
Mesa 2 - Cidades refletidas, 12h
Francesco Careri
Lúcia Leitão
Mesa 3 - Os olhos da rua, 15h
Caco Barcellos
Misha Glenny
Mesa 4 - Histórias naturais, 17h15
Álvaro Enrigue
Marcílio França Castro
Mesa 5 - Matéria cinzenta, 19h30
Henry Marsh
Suzana Herculano-Houzel
Mesa 6 - Na pior em Nova York e Edimburgo, 21h30
Bill Clegg
Irvine Welsh
Sexta-feira, 1 de julho
Mesa 7 - Breviário do Brasil, 10h
Benjamin Moser
Kenneth Maxwell
Mesa 8 - A história da minha morte, 12h
J.P. Cuenca
Valeria Luiselli
Mesa 9 - O show do eu, 15h
Christian Dunker
Paula Sibilia
Mesa 10 - Encontro com
Karl Ove Knausgård, 17h15
Mesa 11 - Mesa a confirmar, 19h30
Mesa 12 - Sexografias, 21h30
Gabriela Wiener
Juliana Frank
Sábado, 2 de julho
Mesa 13 - Encontro com
Leonardo Froés, 10h
Mesa 14 - De Clarice a Ana C, 12h
Benjamin Moser
Heloisa Buarque de Hollanda
Mesa 15 - Encontro da arte com a ciência, 15h
Arthur Japin
Guto Lacaz
Mesa 16 - Encontro com
Svetlana Aleksiévitch, 17h15
Mesa 17 - O falcão e a fênix, 19h30
Helen Macdonald
Maria Esther Maciel
Mesa 18 - O palco é a página, 21h30
Kate Tempest
Ramon Nunes Mello
Domingo, 3 de julho
Mesa 19 - Síria mon amour, 10h
Abud Said
Patrícia Campos Mello
Mesa 20 - Mixórdia de temáticas, 12h
Ricardo Araújo Pereira
Tati Bernardi
Mesa 21 - Sessão de encerramento: Luvas de pelica, 14h
Sérgio Alcides
Vilma Arêas
Mesa 22 - Livro de cabeceira, 16h
PONTOS DE VENDA DE INGRESSOSwww.ticketsforfun.com.br Telefone: (11) 3576 1480 (segunda a sexta, das 11h às 17h) Pontos de venda (sem taxa de conveniência) SP – Citibank Hall: Av Nações Unidas, 17.955 RJ – Metropolitan: Av Ayrton Senna, 3.000 Paraty – Paraty Tours: Av Roberto Silveira, 11 (apenas para moradores de Paraty).