Livraria Cultura foi a meca de uma geração que preferia livros a celulares


Presença de autores relevantes e diversidade nas prateleiras atraia um público eclético, até de fora de São Paulo

Por Matheus Lopes Quirino
Atualização:

A Livraria Cultura fecha suas portas e deixa desamparada uma legião de jovens que viam nela um conforto, quase lar, no coração da cidade de São Paulo. Em seus pufes, no deck de madeira que caía pelo tapete aveludado cheio de losangos bicolores, debaixo das asas de um dragão de madeira, era comum haver trocas entre os frequentadores. Não só dicas de livros ou conversas sobre os grupos que ali se apresentavam no térreo da loja do Conjunto Nacional, mas todo tipo de interação sobre qualquer tema: arte, música, cinema, espiritualidade, política, quando não sobre a história do lugar.

Entre aquelas lombadas de livros, quantos olhares furtivos não se perseguiram, fazendo começar até uma história fora das páginas da literatura? A livraria também era um lugar propício para paquera. Afinal, estando os interesses alinhados, a união pelo amor aos livros tornava mais fácil o processo de, às vezes, se encaminhar para um café na própria livraria ou nas redondezas.

Funcionários da Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo, empacotam livros após pedido de falência da empresa Foto: Maria Fernanda Rodrigues / Estadão
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Bem frequentada, a Cultura vivia cheia a qualquer hora do dia, não só devido ao trânsito agitado da Av. Paulista, mas por causa da qualidade do que ali era vendido, principalmente nos pisos superiores.  Nas seções de música, os dvds e cds, muitos deles raros, tinham uma curadoria inteligente – começava em música pop (Elton John, Sting, Cher) e ia se sofisticando até chegar às trilhas sonoras dos filmes (como Burt Bacharach, que morreu nesta quinta-feira) para, depois, encerrar em uma prateleira com edições (às vezes numeradas) de clássicos da música erudita (Wagner, Schumann, Mahler).

Tinha para todos os gostos, de guias astrológicos orientais à bem cuidada seção de artes visuais, com livros gringos e edições de autores estrangeiros. Ali, era raro não engatar em uma conversa e sair enriquecido de conhecimento. Fosse com um vendedor (sim, alguns deles sabiam muito bem o que estavam vendendo) ou com outro frequentador, que, vez outra, acabava se revelando um verdadeiro especialista no assunto. E de praxe, podia-se encontrar ali intelectuais que moravam nas redondezas, passeando de papete, boné, agasalho esportivo. Gente como a gente.

Não raro, víamos ali intelectuais que moravam na redondeza passeando de papete, boné, agasalho esportivo

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Para quem não morava em São Paulo, conhecer a loja da livraria cultura se tornou um  ponto turístico. A escada do térreo para o primeiro andar, com o passar dos anos, virou ponto para selfies. Os degraus simulavam lombadas, com títulos clássicos da literatura, de Alexandre Dumas a Eça de Queiroz. Às vezes podia atrapalhar o trânsito dos pedestres, principalmente em noites de lançamento.

Se aquela livraria sempre foi palco para a diversidade, presente nas prateleiras do chão ao teto, nos últimos tempos, era tímida a presença de autores importantes, que passaram a fazer lançamentos nas pequenas livrarias, mais aconchegantes. Com a crise da Cultura, o reflexo ficou visível na estrutura física, cada vez massificada, como uma livraria que esqueceu o passado, terminando sua história sem o “felizes para sempre”.

A Livraria Cultura fecha suas portas e deixa desamparada uma legião de jovens que viam nela um conforto, quase lar, no coração da cidade de São Paulo. Em seus pufes, no deck de madeira que caía pelo tapete aveludado cheio de losangos bicolores, debaixo das asas de um dragão de madeira, era comum haver trocas entre os frequentadores. Não só dicas de livros ou conversas sobre os grupos que ali se apresentavam no térreo da loja do Conjunto Nacional, mas todo tipo de interação sobre qualquer tema: arte, música, cinema, espiritualidade, política, quando não sobre a história do lugar.

Entre aquelas lombadas de livros, quantos olhares furtivos não se perseguiram, fazendo começar até uma história fora das páginas da literatura? A livraria também era um lugar propício para paquera. Afinal, estando os interesses alinhados, a união pelo amor aos livros tornava mais fácil o processo de, às vezes, se encaminhar para um café na própria livraria ou nas redondezas.

Funcionários da Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo, empacotam livros após pedido de falência da empresa Foto: Maria Fernanda Rodrigues / Estadão

Bem frequentada, a Cultura vivia cheia a qualquer hora do dia, não só devido ao trânsito agitado da Av. Paulista, mas por causa da qualidade do que ali era vendido, principalmente nos pisos superiores.  Nas seções de música, os dvds e cds, muitos deles raros, tinham uma curadoria inteligente – começava em música pop (Elton John, Sting, Cher) e ia se sofisticando até chegar às trilhas sonoras dos filmes (como Burt Bacharach, que morreu nesta quinta-feira) para, depois, encerrar em uma prateleira com edições (às vezes numeradas) de clássicos da música erudita (Wagner, Schumann, Mahler).

Tinha para todos os gostos, de guias astrológicos orientais à bem cuidada seção de artes visuais, com livros gringos e edições de autores estrangeiros. Ali, era raro não engatar em uma conversa e sair enriquecido de conhecimento. Fosse com um vendedor (sim, alguns deles sabiam muito bem o que estavam vendendo) ou com outro frequentador, que, vez outra, acabava se revelando um verdadeiro especialista no assunto. E de praxe, podia-se encontrar ali intelectuais que moravam nas redondezas, passeando de papete, boné, agasalho esportivo. Gente como a gente.

Não raro, víamos ali intelectuais que moravam na redondeza passeando de papete, boné, agasalho esportivo

Para quem não morava em São Paulo, conhecer a loja da livraria cultura se tornou um  ponto turístico. A escada do térreo para o primeiro andar, com o passar dos anos, virou ponto para selfies. Os degraus simulavam lombadas, com títulos clássicos da literatura, de Alexandre Dumas a Eça de Queiroz. Às vezes podia atrapalhar o trânsito dos pedestres, principalmente em noites de lançamento.

Se aquela livraria sempre foi palco para a diversidade, presente nas prateleiras do chão ao teto, nos últimos tempos, era tímida a presença de autores importantes, que passaram a fazer lançamentos nas pequenas livrarias, mais aconchegantes. Com a crise da Cultura, o reflexo ficou visível na estrutura física, cada vez massificada, como uma livraria que esqueceu o passado, terminando sua história sem o “felizes para sempre”.

A Livraria Cultura fecha suas portas e deixa desamparada uma legião de jovens que viam nela um conforto, quase lar, no coração da cidade de São Paulo. Em seus pufes, no deck de madeira que caía pelo tapete aveludado cheio de losangos bicolores, debaixo das asas de um dragão de madeira, era comum haver trocas entre os frequentadores. Não só dicas de livros ou conversas sobre os grupos que ali se apresentavam no térreo da loja do Conjunto Nacional, mas todo tipo de interação sobre qualquer tema: arte, música, cinema, espiritualidade, política, quando não sobre a história do lugar.

Entre aquelas lombadas de livros, quantos olhares furtivos não se perseguiram, fazendo começar até uma história fora das páginas da literatura? A livraria também era um lugar propício para paquera. Afinal, estando os interesses alinhados, a união pelo amor aos livros tornava mais fácil o processo de, às vezes, se encaminhar para um café na própria livraria ou nas redondezas.

Funcionários da Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo, empacotam livros após pedido de falência da empresa Foto: Maria Fernanda Rodrigues / Estadão

Bem frequentada, a Cultura vivia cheia a qualquer hora do dia, não só devido ao trânsito agitado da Av. Paulista, mas por causa da qualidade do que ali era vendido, principalmente nos pisos superiores.  Nas seções de música, os dvds e cds, muitos deles raros, tinham uma curadoria inteligente – começava em música pop (Elton John, Sting, Cher) e ia se sofisticando até chegar às trilhas sonoras dos filmes (como Burt Bacharach, que morreu nesta quinta-feira) para, depois, encerrar em uma prateleira com edições (às vezes numeradas) de clássicos da música erudita (Wagner, Schumann, Mahler).

Tinha para todos os gostos, de guias astrológicos orientais à bem cuidada seção de artes visuais, com livros gringos e edições de autores estrangeiros. Ali, era raro não engatar em uma conversa e sair enriquecido de conhecimento. Fosse com um vendedor (sim, alguns deles sabiam muito bem o que estavam vendendo) ou com outro frequentador, que, vez outra, acabava se revelando um verdadeiro especialista no assunto. E de praxe, podia-se encontrar ali intelectuais que moravam nas redondezas, passeando de papete, boné, agasalho esportivo. Gente como a gente.

Não raro, víamos ali intelectuais que moravam na redondeza passeando de papete, boné, agasalho esportivo

Para quem não morava em São Paulo, conhecer a loja da livraria cultura se tornou um  ponto turístico. A escada do térreo para o primeiro andar, com o passar dos anos, virou ponto para selfies. Os degraus simulavam lombadas, com títulos clássicos da literatura, de Alexandre Dumas a Eça de Queiroz. Às vezes podia atrapalhar o trânsito dos pedestres, principalmente em noites de lançamento.

Se aquela livraria sempre foi palco para a diversidade, presente nas prateleiras do chão ao teto, nos últimos tempos, era tímida a presença de autores importantes, que passaram a fazer lançamentos nas pequenas livrarias, mais aconchegantes. Com a crise da Cultura, o reflexo ficou visível na estrutura física, cada vez massificada, como uma livraria que esqueceu o passado, terminando sua história sem o “felizes para sempre”.

A Livraria Cultura fecha suas portas e deixa desamparada uma legião de jovens que viam nela um conforto, quase lar, no coração da cidade de São Paulo. Em seus pufes, no deck de madeira que caía pelo tapete aveludado cheio de losangos bicolores, debaixo das asas de um dragão de madeira, era comum haver trocas entre os frequentadores. Não só dicas de livros ou conversas sobre os grupos que ali se apresentavam no térreo da loja do Conjunto Nacional, mas todo tipo de interação sobre qualquer tema: arte, música, cinema, espiritualidade, política, quando não sobre a história do lugar.

Entre aquelas lombadas de livros, quantos olhares furtivos não se perseguiram, fazendo começar até uma história fora das páginas da literatura? A livraria também era um lugar propício para paquera. Afinal, estando os interesses alinhados, a união pelo amor aos livros tornava mais fácil o processo de, às vezes, se encaminhar para um café na própria livraria ou nas redondezas.

Funcionários da Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo, empacotam livros após pedido de falência da empresa Foto: Maria Fernanda Rodrigues / Estadão

Bem frequentada, a Cultura vivia cheia a qualquer hora do dia, não só devido ao trânsito agitado da Av. Paulista, mas por causa da qualidade do que ali era vendido, principalmente nos pisos superiores.  Nas seções de música, os dvds e cds, muitos deles raros, tinham uma curadoria inteligente – começava em música pop (Elton John, Sting, Cher) e ia se sofisticando até chegar às trilhas sonoras dos filmes (como Burt Bacharach, que morreu nesta quinta-feira) para, depois, encerrar em uma prateleira com edições (às vezes numeradas) de clássicos da música erudita (Wagner, Schumann, Mahler).

Tinha para todos os gostos, de guias astrológicos orientais à bem cuidada seção de artes visuais, com livros gringos e edições de autores estrangeiros. Ali, era raro não engatar em uma conversa e sair enriquecido de conhecimento. Fosse com um vendedor (sim, alguns deles sabiam muito bem o que estavam vendendo) ou com outro frequentador, que, vez outra, acabava se revelando um verdadeiro especialista no assunto. E de praxe, podia-se encontrar ali intelectuais que moravam nas redondezas, passeando de papete, boné, agasalho esportivo. Gente como a gente.

Não raro, víamos ali intelectuais que moravam na redondeza passeando de papete, boné, agasalho esportivo

Para quem não morava em São Paulo, conhecer a loja da livraria cultura se tornou um  ponto turístico. A escada do térreo para o primeiro andar, com o passar dos anos, virou ponto para selfies. Os degraus simulavam lombadas, com títulos clássicos da literatura, de Alexandre Dumas a Eça de Queiroz. Às vezes podia atrapalhar o trânsito dos pedestres, principalmente em noites de lançamento.

Se aquela livraria sempre foi palco para a diversidade, presente nas prateleiras do chão ao teto, nos últimos tempos, era tímida a presença de autores importantes, que passaram a fazer lançamentos nas pequenas livrarias, mais aconchegantes. Com a crise da Cultura, o reflexo ficou visível na estrutura física, cada vez massificada, como uma livraria que esqueceu o passado, terminando sua história sem o “felizes para sempre”.

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