A jornalista Luciana Garbin traz foco para as questões femininas na sociedade atual

Opinião|Ameaça de massacre na escola: como explicar isso às crianças?


Desafio que circula nas redes sociais incentiva alunos a pichar que haverá massacre no colégio

Por Luciana Garbin
Atualização:

Surgiu uma nova modalidade de inferno: as ameaças de que no colégio dos filhos ocorrerá um massacre no dia seguinte. Incentivadas por um desses desafios idiotas que circulam nas redes sociais, elas podem variar de tom, mas em geral tentam aterrorizar colegas, pais, professores. Às vezes até com desenhos de suásticas.

O maior objetivo desses alunos - geralmente adolescentes - é paralisar as aulas. E poder depois contar seu feito a contatos virtuais no TikTok, chat do game ou seja lá onde for.

A maioria dos colégios tem avisado a polícia e mantido as aulas, mas não são poucos os pais que, nesses dias de ameaça, têm deixado de mandar os filhos à escola. Acabando por atender, sem querer, quem ameaça.

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Como explicar que, no lugar aonde vão quase todo dia e costumam se sentir seguras, há outro aluno se dando ao trabalho de pichar em portas e paredes que promoverá um massacre? Foto: Pixabay

A tal pichação do massacre surgiu há algumas semanas no colégio dos meus filhos e suscitou uma conversa surreal com um deles, então com oito anos, que ouviu a história de amiguinhos:

- Mamãe, não tem problema a gente ir à escola, porque picharam que o massacre será às 11h30 e a gente estuda à tarde.

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Na inocência infantil, a salvação estava no horário.

No grupo das mães, porém, os comentários logo remeteram a massacres em colégios nos Estados Unidos. E por alguns dias a tragédia dos americanos pareceu se tornar um risco mais próximo. Potencializado por links de notícias sobre o assustador aumento de armas em circulação no Brasil nos últimos meses.

Para mim, o mais desafiador era pensar: como falar com as crianças sobre esse tipo de coisa? Como explicar que, no lugar aonde vão quase todo dia e costumam se sentir seguras, há um outro aluno se dando ao trabalho de pichar em portas e paredes que promoverá um massacre?

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Como escreveu Rosely Sayão em recente coluna no Estadão, a exposição a situações antigamente restritas ao mundo adulto trouxe às crianças noções de grande risco e perigo a elas mesmas e aos pais, o que pode afetar tanto sua saúde física quanto mental. Por isso é fundamental investir em educação socioemocional.

Imbuída dessa missão, conversei com os meus filhos sobre a situação e os sentimentos que ela suscitara. E estava começando a me sentir mais tranquila quando o telefone de casa tocou, interrompendo a conversa. Simulando choro, um homem do outro lado dizia que estava em poder de bandidos. Era, mais uma vez, alguém tentando dar o golpe do falso sequestro. Meu filho, que novamente tinha atendido a ligação, então gritou:

- Mamãe, é o ladrão de novo...

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Surgiu uma nova modalidade de inferno: as ameaças de que no colégio dos filhos ocorrerá um massacre no dia seguinte. Incentivadas por um desses desafios idiotas que circulam nas redes sociais, elas podem variar de tom, mas em geral tentam aterrorizar colegas, pais, professores. Às vezes até com desenhos de suásticas.

O maior objetivo desses alunos - geralmente adolescentes - é paralisar as aulas. E poder depois contar seu feito a contatos virtuais no TikTok, chat do game ou seja lá onde for.

A maioria dos colégios tem avisado a polícia e mantido as aulas, mas não são poucos os pais que, nesses dias de ameaça, têm deixado de mandar os filhos à escola. Acabando por atender, sem querer, quem ameaça.

Como explicar que, no lugar aonde vão quase todo dia e costumam se sentir seguras, há outro aluno se dando ao trabalho de pichar em portas e paredes que promoverá um massacre? Foto: Pixabay

A tal pichação do massacre surgiu há algumas semanas no colégio dos meus filhos e suscitou uma conversa surreal com um deles, então com oito anos, que ouviu a história de amiguinhos:

- Mamãe, não tem problema a gente ir à escola, porque picharam que o massacre será às 11h30 e a gente estuda à tarde.

Na inocência infantil, a salvação estava no horário.

No grupo das mães, porém, os comentários logo remeteram a massacres em colégios nos Estados Unidos. E por alguns dias a tragédia dos americanos pareceu se tornar um risco mais próximo. Potencializado por links de notícias sobre o assustador aumento de armas em circulação no Brasil nos últimos meses.

Para mim, o mais desafiador era pensar: como falar com as crianças sobre esse tipo de coisa? Como explicar que, no lugar aonde vão quase todo dia e costumam se sentir seguras, há um outro aluno se dando ao trabalho de pichar em portas e paredes que promoverá um massacre?

Como escreveu Rosely Sayão em recente coluna no Estadão, a exposição a situações antigamente restritas ao mundo adulto trouxe às crianças noções de grande risco e perigo a elas mesmas e aos pais, o que pode afetar tanto sua saúde física quanto mental. Por isso é fundamental investir em educação socioemocional.

Imbuída dessa missão, conversei com os meus filhos sobre a situação e os sentimentos que ela suscitara. E estava começando a me sentir mais tranquila quando o telefone de casa tocou, interrompendo a conversa. Simulando choro, um homem do outro lado dizia que estava em poder de bandidos. Era, mais uma vez, alguém tentando dar o golpe do falso sequestro. Meu filho, que novamente tinha atendido a ligação, então gritou:

- Mamãe, é o ladrão de novo...

Surgiu uma nova modalidade de inferno: as ameaças de que no colégio dos filhos ocorrerá um massacre no dia seguinte. Incentivadas por um desses desafios idiotas que circulam nas redes sociais, elas podem variar de tom, mas em geral tentam aterrorizar colegas, pais, professores. Às vezes até com desenhos de suásticas.

O maior objetivo desses alunos - geralmente adolescentes - é paralisar as aulas. E poder depois contar seu feito a contatos virtuais no TikTok, chat do game ou seja lá onde for.

A maioria dos colégios tem avisado a polícia e mantido as aulas, mas não são poucos os pais que, nesses dias de ameaça, têm deixado de mandar os filhos à escola. Acabando por atender, sem querer, quem ameaça.

Como explicar que, no lugar aonde vão quase todo dia e costumam se sentir seguras, há outro aluno se dando ao trabalho de pichar em portas e paredes que promoverá um massacre? Foto: Pixabay

A tal pichação do massacre surgiu há algumas semanas no colégio dos meus filhos e suscitou uma conversa surreal com um deles, então com oito anos, que ouviu a história de amiguinhos:

- Mamãe, não tem problema a gente ir à escola, porque picharam que o massacre será às 11h30 e a gente estuda à tarde.

Na inocência infantil, a salvação estava no horário.

No grupo das mães, porém, os comentários logo remeteram a massacres em colégios nos Estados Unidos. E por alguns dias a tragédia dos americanos pareceu se tornar um risco mais próximo. Potencializado por links de notícias sobre o assustador aumento de armas em circulação no Brasil nos últimos meses.

Para mim, o mais desafiador era pensar: como falar com as crianças sobre esse tipo de coisa? Como explicar que, no lugar aonde vão quase todo dia e costumam se sentir seguras, há um outro aluno se dando ao trabalho de pichar em portas e paredes que promoverá um massacre?

Como escreveu Rosely Sayão em recente coluna no Estadão, a exposição a situações antigamente restritas ao mundo adulto trouxe às crianças noções de grande risco e perigo a elas mesmas e aos pais, o que pode afetar tanto sua saúde física quanto mental. Por isso é fundamental investir em educação socioemocional.

Imbuída dessa missão, conversei com os meus filhos sobre a situação e os sentimentos que ela suscitara. E estava começando a me sentir mais tranquila quando o telefone de casa tocou, interrompendo a conversa. Simulando choro, um homem do outro lado dizia que estava em poder de bandidos. Era, mais uma vez, alguém tentando dar o golpe do falso sequestro. Meu filho, que novamente tinha atendido a ligação, então gritou:

- Mamãe, é o ladrão de novo...

Surgiu uma nova modalidade de inferno: as ameaças de que no colégio dos filhos ocorrerá um massacre no dia seguinte. Incentivadas por um desses desafios idiotas que circulam nas redes sociais, elas podem variar de tom, mas em geral tentam aterrorizar colegas, pais, professores. Às vezes até com desenhos de suásticas.

O maior objetivo desses alunos - geralmente adolescentes - é paralisar as aulas. E poder depois contar seu feito a contatos virtuais no TikTok, chat do game ou seja lá onde for.

A maioria dos colégios tem avisado a polícia e mantido as aulas, mas não são poucos os pais que, nesses dias de ameaça, têm deixado de mandar os filhos à escola. Acabando por atender, sem querer, quem ameaça.

Como explicar que, no lugar aonde vão quase todo dia e costumam se sentir seguras, há outro aluno se dando ao trabalho de pichar em portas e paredes que promoverá um massacre? Foto: Pixabay

A tal pichação do massacre surgiu há algumas semanas no colégio dos meus filhos e suscitou uma conversa surreal com um deles, então com oito anos, que ouviu a história de amiguinhos:

- Mamãe, não tem problema a gente ir à escola, porque picharam que o massacre será às 11h30 e a gente estuda à tarde.

Na inocência infantil, a salvação estava no horário.

No grupo das mães, porém, os comentários logo remeteram a massacres em colégios nos Estados Unidos. E por alguns dias a tragédia dos americanos pareceu se tornar um risco mais próximo. Potencializado por links de notícias sobre o assustador aumento de armas em circulação no Brasil nos últimos meses.

Para mim, o mais desafiador era pensar: como falar com as crianças sobre esse tipo de coisa? Como explicar que, no lugar aonde vão quase todo dia e costumam se sentir seguras, há um outro aluno se dando ao trabalho de pichar em portas e paredes que promoverá um massacre?

Como escreveu Rosely Sayão em recente coluna no Estadão, a exposição a situações antigamente restritas ao mundo adulto trouxe às crianças noções de grande risco e perigo a elas mesmas e aos pais, o que pode afetar tanto sua saúde física quanto mental. Por isso é fundamental investir em educação socioemocional.

Imbuída dessa missão, conversei com os meus filhos sobre a situação e os sentimentos que ela suscitara. E estava começando a me sentir mais tranquila quando o telefone de casa tocou, interrompendo a conversa. Simulando choro, um homem do outro lado dizia que estava em poder de bandidos. Era, mais uma vez, alguém tentando dar o golpe do falso sequestro. Meu filho, que novamente tinha atendido a ligação, então gritou:

- Mamãe, é o ladrão de novo...

Opinião por Luciana Garbin

Editora executiva no ‘Estadão’, professora na FAAP e mãe de gêmeos

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