Coluna quinzenal da jornalista Luciana Garbin que traz foco para as questões femininas na sociedade atual

Opinião|Celular aos 14 anos e rede social aos 16? Por que campanha que cresce no País e fora merece atenção


Movimentos como o brasileiro Desconecta e o americano Espere até o 8º também propõem que famílias que já deram smartphone a filhos crianças o troque por aparelho sem internet para amenizar extensa lista de prejuízos

Por Luciana Garbin
Atualização:

Não importa se é Natal, Dia das Crianças, aniversário. Todo ano eu ouço o mesmo pedido de presente dos meus filhos quando uma data dessas se aproxima. “Mamãe, me dá um celular? Todo mundo tem menos eu..” E a minha resposta tem sido sempre a mesma: só aos 13 anos. Nos últimos tempos, porém, alguns movimentos estão me fazendo repensar a decisão. Tanto no Brasil quanto fora crescem as mobilizações de pais e especialistas para retardar ainda mais a entrega de celular aos filhos.

Nos Estados Unidos, por exemplo, o movimento Wait until 8th (do inglês, Espere até o 8º) incentiva pais a assumir um compromisso com outras famílias de só entregar um smartphone ao filho no final do oitavo ano escolar. Segundo eles, 10 anos é hoje a idade média com que as crianças americanas ganham o primeiro smartphone e isso se deve sobretudo a um motivo: “pressão social irrealista”. De novo, o clássico “todo mundo tem, menos eu”.

Movimentos alertam para riscos de uma 'pressão social irrealista' que acaba antecipando a entrega de celular aos filhos Foto: Maria Vitkovska/Adobe Stock
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O site do movimento - que diz já ter conseguido a adesão de 58 mil pais - alerta que os smartphones são potencialmente perigosos para as crianças por uma lista extensa de motivos. Os mais assustadores se baseiam em pesquisas que, além de impactos na escola, mostram que a dependência do smartphone pode produzir respostas cerebrais semelhantes a álcool, drogas e jogo. “Smartphones são como máquinas caça-níqueis nos bolsos infantis constantemente persuadindo as crianças a usá-lo mais e mais”, afirma. “Esses dispositivos estão mudando rapidamente a infância das crianças. Brincar ao ar livre, passar tempo com amigos, ler livros e sair com a família estão sendo trocados por horas de bate-papo instantâneo, Instagram e atualização no YouTube. Pais sentem-se impotentes nessa difícil batalha e precisam de apoio.”

No Reino Unido, o Smartphone Free Childhood segue a mesma pegada. O curioso por lá é que autores muitos conhecidos têm apresentado essa mobilização como uma “revolução dos pais”. Já que as plataformas não parecem nem aí para consequências nos usuários e a regulação jurídica não acompanha a velocidade com que os dispositivos se desenvolvem, a ideia é que as famílias se unam e se fortaleçam para usar a tecnologia de modo mais equilibrado. “Uma revolução começou aqui no Reino Unido! Espero que, ao nos unir, possamos nos apoiar uns aos outros e dar prioridade à saúde e à felicidade dos nossos filhos na era digital”, escreveu o médico, autor de best-sellers e apresentador de TV britânico Rangan Chatterjee.

E em relação às famílias que já deram celular ao filho com menos idade? “Para esses também existe uma solução mais adequada e apropriada”, explica o Movimento Desconecta, mobilização apartidária e sem fins lucrativos que surgiu em São Paulo em abril e está se espalhando pelo País. “Primeiro, se o celular foi dado para comunicação entre a família, existem hoje no mercado opções de celulares sem conexão à internet. Segundo, o trabalho de conscientização também precisa ser feito e continuamente, mostrando os riscos a que essa criança está sendo exposta.”

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Criado por seis mães de São Paulo, o Desconecta também propõe só dar celular aos filhos aos 14 anos e permitir acesso a redes sociais aos 16. “Percebemos que o grande motivo de os pais estarem dando celular aos filhos mais cedo do que gostariam era porque todos os outros amigos tinham e a consequência do isolamento social poderia ser até mais prejudicial”, dizem, em nota. “Desta forma, resolvemos nos unir como comunidade e trabalhar em um grande acordo coletivo de juntos adiar esse acesso. O acordo será um documento digital que será disponibilizado a todas as comunidades escolares envolvidas no movimento ao longo do segundo semestre.”

Em posts no Instagram, o Desconecta destaca não ser contra a tecnologia, mas lembra que quando os smartphones e as redes sociais começaram a ser dados às crianças e aos adolescentes ainda não existiam pesquisas sobre todo o seu impacto. Agora que elas estão disponíveis, no entanto, é momento de os pais repensarem. “O fato é que hoje as evidências dos malefícios estão provadas e claramente expostas e devem conscientizar e encorajar famílias a agir da melhor forma, adiando o acesso a celulares e redes sociais.”

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Para quem ainda não está convencido, vale ver um outro post do movimento com fotos de crianças em situações socialmente impensáveis. “Criança bebendo? Criança fumando? Criança dirigindo? Ao longo do tempo aprendemos a restringir o álcool e o tabaco em determinadas faixas etárias. Os smartphones estão entre nós há apenas 15 anos e, agora que conhecemos seus efeitos, precisamos agir”, diz ele.

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Não importa se é Natal, Dia das Crianças, aniversário. Todo ano eu ouço o mesmo pedido de presente dos meus filhos quando uma data dessas se aproxima. “Mamãe, me dá um celular? Todo mundo tem menos eu..” E a minha resposta tem sido sempre a mesma: só aos 13 anos. Nos últimos tempos, porém, alguns movimentos estão me fazendo repensar a decisão. Tanto no Brasil quanto fora crescem as mobilizações de pais e especialistas para retardar ainda mais a entrega de celular aos filhos.

Nos Estados Unidos, por exemplo, o movimento Wait until 8th (do inglês, Espere até o 8º) incentiva pais a assumir um compromisso com outras famílias de só entregar um smartphone ao filho no final do oitavo ano escolar. Segundo eles, 10 anos é hoje a idade média com que as crianças americanas ganham o primeiro smartphone e isso se deve sobretudo a um motivo: “pressão social irrealista”. De novo, o clássico “todo mundo tem, menos eu”.

Movimentos alertam para riscos de uma 'pressão social irrealista' que acaba antecipando a entrega de celular aos filhos Foto: Maria Vitkovska/Adobe Stock

O site do movimento - que diz já ter conseguido a adesão de 58 mil pais - alerta que os smartphones são potencialmente perigosos para as crianças por uma lista extensa de motivos. Os mais assustadores se baseiam em pesquisas que, além de impactos na escola, mostram que a dependência do smartphone pode produzir respostas cerebrais semelhantes a álcool, drogas e jogo. “Smartphones são como máquinas caça-níqueis nos bolsos infantis constantemente persuadindo as crianças a usá-lo mais e mais”, afirma. “Esses dispositivos estão mudando rapidamente a infância das crianças. Brincar ao ar livre, passar tempo com amigos, ler livros e sair com a família estão sendo trocados por horas de bate-papo instantâneo, Instagram e atualização no YouTube. Pais sentem-se impotentes nessa difícil batalha e precisam de apoio.”

No Reino Unido, o Smartphone Free Childhood segue a mesma pegada. O curioso por lá é que autores muitos conhecidos têm apresentado essa mobilização como uma “revolução dos pais”. Já que as plataformas não parecem nem aí para consequências nos usuários e a regulação jurídica não acompanha a velocidade com que os dispositivos se desenvolvem, a ideia é que as famílias se unam e se fortaleçam para usar a tecnologia de modo mais equilibrado. “Uma revolução começou aqui no Reino Unido! Espero que, ao nos unir, possamos nos apoiar uns aos outros e dar prioridade à saúde e à felicidade dos nossos filhos na era digital”, escreveu o médico, autor de best-sellers e apresentador de TV britânico Rangan Chatterjee.

E em relação às famílias que já deram celular ao filho com menos idade? “Para esses também existe uma solução mais adequada e apropriada”, explica o Movimento Desconecta, mobilização apartidária e sem fins lucrativos que surgiu em São Paulo em abril e está se espalhando pelo País. “Primeiro, se o celular foi dado para comunicação entre a família, existem hoje no mercado opções de celulares sem conexão à internet. Segundo, o trabalho de conscientização também precisa ser feito e continuamente, mostrando os riscos a que essa criança está sendo exposta.”

Criado por seis mães de São Paulo, o Desconecta também propõe só dar celular aos filhos aos 14 anos e permitir acesso a redes sociais aos 16. “Percebemos que o grande motivo de os pais estarem dando celular aos filhos mais cedo do que gostariam era porque todos os outros amigos tinham e a consequência do isolamento social poderia ser até mais prejudicial”, dizem, em nota. “Desta forma, resolvemos nos unir como comunidade e trabalhar em um grande acordo coletivo de juntos adiar esse acesso. O acordo será um documento digital que será disponibilizado a todas as comunidades escolares envolvidas no movimento ao longo do segundo semestre.”

Em posts no Instagram, o Desconecta destaca não ser contra a tecnologia, mas lembra que quando os smartphones e as redes sociais começaram a ser dados às crianças e aos adolescentes ainda não existiam pesquisas sobre todo o seu impacto. Agora que elas estão disponíveis, no entanto, é momento de os pais repensarem. “O fato é que hoje as evidências dos malefícios estão provadas e claramente expostas e devem conscientizar e encorajar famílias a agir da melhor forma, adiando o acesso a celulares e redes sociais.”

Para quem ainda não está convencido, vale ver um outro post do movimento com fotos de crianças em situações socialmente impensáveis. “Criança bebendo? Criança fumando? Criança dirigindo? Ao longo do tempo aprendemos a restringir o álcool e o tabaco em determinadas faixas etárias. Os smartphones estão entre nós há apenas 15 anos e, agora que conhecemos seus efeitos, precisamos agir”, diz ele.

Não importa se é Natal, Dia das Crianças, aniversário. Todo ano eu ouço o mesmo pedido de presente dos meus filhos quando uma data dessas se aproxima. “Mamãe, me dá um celular? Todo mundo tem menos eu..” E a minha resposta tem sido sempre a mesma: só aos 13 anos. Nos últimos tempos, porém, alguns movimentos estão me fazendo repensar a decisão. Tanto no Brasil quanto fora crescem as mobilizações de pais e especialistas para retardar ainda mais a entrega de celular aos filhos.

Nos Estados Unidos, por exemplo, o movimento Wait until 8th (do inglês, Espere até o 8º) incentiva pais a assumir um compromisso com outras famílias de só entregar um smartphone ao filho no final do oitavo ano escolar. Segundo eles, 10 anos é hoje a idade média com que as crianças americanas ganham o primeiro smartphone e isso se deve sobretudo a um motivo: “pressão social irrealista”. De novo, o clássico “todo mundo tem, menos eu”.

Movimentos alertam para riscos de uma 'pressão social irrealista' que acaba antecipando a entrega de celular aos filhos Foto: Maria Vitkovska/Adobe Stock

O site do movimento - que diz já ter conseguido a adesão de 58 mil pais - alerta que os smartphones são potencialmente perigosos para as crianças por uma lista extensa de motivos. Os mais assustadores se baseiam em pesquisas que, além de impactos na escola, mostram que a dependência do smartphone pode produzir respostas cerebrais semelhantes a álcool, drogas e jogo. “Smartphones são como máquinas caça-níqueis nos bolsos infantis constantemente persuadindo as crianças a usá-lo mais e mais”, afirma. “Esses dispositivos estão mudando rapidamente a infância das crianças. Brincar ao ar livre, passar tempo com amigos, ler livros e sair com a família estão sendo trocados por horas de bate-papo instantâneo, Instagram e atualização no YouTube. Pais sentem-se impotentes nessa difícil batalha e precisam de apoio.”

No Reino Unido, o Smartphone Free Childhood segue a mesma pegada. O curioso por lá é que autores muitos conhecidos têm apresentado essa mobilização como uma “revolução dos pais”. Já que as plataformas não parecem nem aí para consequências nos usuários e a regulação jurídica não acompanha a velocidade com que os dispositivos se desenvolvem, a ideia é que as famílias se unam e se fortaleçam para usar a tecnologia de modo mais equilibrado. “Uma revolução começou aqui no Reino Unido! Espero que, ao nos unir, possamos nos apoiar uns aos outros e dar prioridade à saúde e à felicidade dos nossos filhos na era digital”, escreveu o médico, autor de best-sellers e apresentador de TV britânico Rangan Chatterjee.

E em relação às famílias que já deram celular ao filho com menos idade? “Para esses também existe uma solução mais adequada e apropriada”, explica o Movimento Desconecta, mobilização apartidária e sem fins lucrativos que surgiu em São Paulo em abril e está se espalhando pelo País. “Primeiro, se o celular foi dado para comunicação entre a família, existem hoje no mercado opções de celulares sem conexão à internet. Segundo, o trabalho de conscientização também precisa ser feito e continuamente, mostrando os riscos a que essa criança está sendo exposta.”

Criado por seis mães de São Paulo, o Desconecta também propõe só dar celular aos filhos aos 14 anos e permitir acesso a redes sociais aos 16. “Percebemos que o grande motivo de os pais estarem dando celular aos filhos mais cedo do que gostariam era porque todos os outros amigos tinham e a consequência do isolamento social poderia ser até mais prejudicial”, dizem, em nota. “Desta forma, resolvemos nos unir como comunidade e trabalhar em um grande acordo coletivo de juntos adiar esse acesso. O acordo será um documento digital que será disponibilizado a todas as comunidades escolares envolvidas no movimento ao longo do segundo semestre.”

Em posts no Instagram, o Desconecta destaca não ser contra a tecnologia, mas lembra que quando os smartphones e as redes sociais começaram a ser dados às crianças e aos adolescentes ainda não existiam pesquisas sobre todo o seu impacto. Agora que elas estão disponíveis, no entanto, é momento de os pais repensarem. “O fato é que hoje as evidências dos malefícios estão provadas e claramente expostas e devem conscientizar e encorajar famílias a agir da melhor forma, adiando o acesso a celulares e redes sociais.”

Para quem ainda não está convencido, vale ver um outro post do movimento com fotos de crianças em situações socialmente impensáveis. “Criança bebendo? Criança fumando? Criança dirigindo? Ao longo do tempo aprendemos a restringir o álcool e o tabaco em determinadas faixas etárias. Os smartphones estão entre nós há apenas 15 anos e, agora que conhecemos seus efeitos, precisamos agir”, diz ele.

Opinião por Luciana Garbin

Editora executiva no ‘Estadão’, professora na FAAP e mãe de gêmeos

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