Coluna quinzenal da jornalista Luciana Garbin que traz foco para as questões femininas na sociedade atual

Opinião|Como não criar um filho racista


Refletir sobre os próprios preconceitos, conversar sobre diversidade e defender o direito de cada um a dignidade e respeito são dicas importantes

Por Luciana Garbin

Você já deve ter reparado. No mundo chamado Google, basta começar a digitar o que se está procurando e vão aparecendo os termos semelhantes que as pessoas mais têm buscado. Por isso uma pesquisa me surpreendeu dias atrás. Decidi procurar “como não criar um filho racista”. E, para meu espanto, o Google sugeriu de tudo enquanto escrevia, menos isso. Como não criar um filho narcisista, como não criar um filho machista, como não criar um filho mimado, como não ter filho. Mas nada sobre como não criar um filho racista. Faz sentido isso num país de racismo estrutural como o Brasil?

Persistir na pesquisa, porém, revelou conteúdos interessantes. Como Conversando com seus filhos e filhas sobre racismo: Dicas para iniciar e manter essa conversa importante. Publicado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o texto lembra que a forma de as crianças entenderem o mundo evolui à medida que crescem, mas nunca é tarde para falar com elas sobre igualdade, justiça e racismo.

Maneira com que as crianças entendem o mundo evolui à medida que crescem. Madhana Gopal/ Pixabay Foto: Madhana Gopal/ Pixabay
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Segundo o artigo, bebês já percebem diferenças físicas a partir dos 6 meses. E estudos mostram que, aos 5 anos, crianças podem indicar sinais de viés racial. “Meios de comunicação, instituições de ensino e toda a experiência social nas quais estão inseridas encontram-se imersas num racismo estrutural e, por isso, elas vão receber informações sobre lugares sociais a que supostamente estão ‘destinadas’ pessoas a partir da cor da pele”, diz o texto, listando a seguir dicas por faixa etária.

Quando, por curiosidade, uma criança menor de 5 anos apontar uma pessoa “diferente”, evite calá-la para que o tema não vire tabu.

Explore o que ela pensa sobre diferença e vá ‘corrigindo’ até que entenda que não é correto julgar ou comparar diferenças.”

Unicef

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Dos 6 aos 11 anos, crianças estão mais expostas a informações – na escola, TV, em redes sociais – e ansiosas por respostas. Conversar sobre racismo, diversidade e inclusão é uma boa nessa fase. Assim como explorar estereótipos e preconceitos, do tipo: Por que certas pessoas são retratadas como vilãs e outras não?.

Perguntar o que pensam, abordar novas perspectivas e encorajá-los a agir contra o racismo são sugestões para adolescentes. Além de explorar alimentos de outras culturas, ver filmes, apresentar escritores africanos. Por fim, o mais importante: seja exemplo. Para ajudar, você deve primeiro rever os próprios preconceitos. “Aproveite todas as oportunidades para desafiar o racismo, demonstrar gentileza, empatia e defender o direito de cada pessoa a dignidade e respeito.”

Você já deve ter reparado. No mundo chamado Google, basta começar a digitar o que se está procurando e vão aparecendo os termos semelhantes que as pessoas mais têm buscado. Por isso uma pesquisa me surpreendeu dias atrás. Decidi procurar “como não criar um filho racista”. E, para meu espanto, o Google sugeriu de tudo enquanto escrevia, menos isso. Como não criar um filho narcisista, como não criar um filho machista, como não criar um filho mimado, como não ter filho. Mas nada sobre como não criar um filho racista. Faz sentido isso num país de racismo estrutural como o Brasil?

Persistir na pesquisa, porém, revelou conteúdos interessantes. Como Conversando com seus filhos e filhas sobre racismo: Dicas para iniciar e manter essa conversa importante. Publicado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o texto lembra que a forma de as crianças entenderem o mundo evolui à medida que crescem, mas nunca é tarde para falar com elas sobre igualdade, justiça e racismo.

Maneira com que as crianças entendem o mundo evolui à medida que crescem. Madhana Gopal/ Pixabay Foto: Madhana Gopal/ Pixabay

Segundo o artigo, bebês já percebem diferenças físicas a partir dos 6 meses. E estudos mostram que, aos 5 anos, crianças podem indicar sinais de viés racial. “Meios de comunicação, instituições de ensino e toda a experiência social nas quais estão inseridas encontram-se imersas num racismo estrutural e, por isso, elas vão receber informações sobre lugares sociais a que supostamente estão ‘destinadas’ pessoas a partir da cor da pele”, diz o texto, listando a seguir dicas por faixa etária.

Quando, por curiosidade, uma criança menor de 5 anos apontar uma pessoa “diferente”, evite calá-la para que o tema não vire tabu.

Explore o que ela pensa sobre diferença e vá ‘corrigindo’ até que entenda que não é correto julgar ou comparar diferenças.”

Unicef

Dos 6 aos 11 anos, crianças estão mais expostas a informações – na escola, TV, em redes sociais – e ansiosas por respostas. Conversar sobre racismo, diversidade e inclusão é uma boa nessa fase. Assim como explorar estereótipos e preconceitos, do tipo: Por que certas pessoas são retratadas como vilãs e outras não?.

Perguntar o que pensam, abordar novas perspectivas e encorajá-los a agir contra o racismo são sugestões para adolescentes. Além de explorar alimentos de outras culturas, ver filmes, apresentar escritores africanos. Por fim, o mais importante: seja exemplo. Para ajudar, você deve primeiro rever os próprios preconceitos. “Aproveite todas as oportunidades para desafiar o racismo, demonstrar gentileza, empatia e defender o direito de cada pessoa a dignidade e respeito.”

Você já deve ter reparado. No mundo chamado Google, basta começar a digitar o que se está procurando e vão aparecendo os termos semelhantes que as pessoas mais têm buscado. Por isso uma pesquisa me surpreendeu dias atrás. Decidi procurar “como não criar um filho racista”. E, para meu espanto, o Google sugeriu de tudo enquanto escrevia, menos isso. Como não criar um filho narcisista, como não criar um filho machista, como não criar um filho mimado, como não ter filho. Mas nada sobre como não criar um filho racista. Faz sentido isso num país de racismo estrutural como o Brasil?

Persistir na pesquisa, porém, revelou conteúdos interessantes. Como Conversando com seus filhos e filhas sobre racismo: Dicas para iniciar e manter essa conversa importante. Publicado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o texto lembra que a forma de as crianças entenderem o mundo evolui à medida que crescem, mas nunca é tarde para falar com elas sobre igualdade, justiça e racismo.

Maneira com que as crianças entendem o mundo evolui à medida que crescem. Madhana Gopal/ Pixabay Foto: Madhana Gopal/ Pixabay

Segundo o artigo, bebês já percebem diferenças físicas a partir dos 6 meses. E estudos mostram que, aos 5 anos, crianças podem indicar sinais de viés racial. “Meios de comunicação, instituições de ensino e toda a experiência social nas quais estão inseridas encontram-se imersas num racismo estrutural e, por isso, elas vão receber informações sobre lugares sociais a que supostamente estão ‘destinadas’ pessoas a partir da cor da pele”, diz o texto, listando a seguir dicas por faixa etária.

Quando, por curiosidade, uma criança menor de 5 anos apontar uma pessoa “diferente”, evite calá-la para que o tema não vire tabu.

Explore o que ela pensa sobre diferença e vá ‘corrigindo’ até que entenda que não é correto julgar ou comparar diferenças.”

Unicef

Dos 6 aos 11 anos, crianças estão mais expostas a informações – na escola, TV, em redes sociais – e ansiosas por respostas. Conversar sobre racismo, diversidade e inclusão é uma boa nessa fase. Assim como explorar estereótipos e preconceitos, do tipo: Por que certas pessoas são retratadas como vilãs e outras não?.

Perguntar o que pensam, abordar novas perspectivas e encorajá-los a agir contra o racismo são sugestões para adolescentes. Além de explorar alimentos de outras culturas, ver filmes, apresentar escritores africanos. Por fim, o mais importante: seja exemplo. Para ajudar, você deve primeiro rever os próprios preconceitos. “Aproveite todas as oportunidades para desafiar o racismo, demonstrar gentileza, empatia e defender o direito de cada pessoa a dignidade e respeito.”

Opinião por Luciana Garbin

Editora executiva no ‘Estadão’, professora na FAAP e mãe de gêmeos

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