Coluna quinzenal da jornalista Luciana Garbin que traz foco para as questões femininas na sociedade atual

Opinião|O que ocorre hoje no Brasil é tema para Psicologia de Massas


É urgente que se vá além de caçoar de situações bizarras e se olhe para as fontes do radicalismo

Por Luciana Garbin
Atualização:

Os atos golpistas de 8 de janeiro me pegaram de férias, desconectada de redes sociais, minutos depois de um almoço. Uma mensagem no WhatsApp alertou para o que estava acontecendo.

- Você viu que invadiram o Congresso?

Ainda estava processando a informação quando os canais de televisão começaram a mostrar imagens de depredação e quebra-quebra. Mas o mais impactante para mim foi ver a excitação que tomou conta de algumas pessoas diante das cenas. Gente religiosa defendendo morte de ministro do Supremo Tribunal Federal, brados contra o comunismo - que eles não sabem bem o que é, mas veem como uma ameaça mais do que real -, xingamentos contra a imprensa e os jornalistas.

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Não fazia diferença ali eu jamais ter defendido que o Brasil vire a Nicarágua e trabalhar num jornal que denunciou os maiores escândalos das gestões petistas. Não acreditar nas teses delirantes com que tentavam justificar a destruição dos prédios do STF, do Congresso e do Planalto transforma automaticamente qualquer interlocutor que apele à razão num infiltrado que não quer o bem do País e precisa ser combatido.

Saí de lá com a certeza de que o que ocorre hoje no Brasil é mais do que um problema de divergências políticas. É um fenômeno social que precisa ser estudado à luz da Psicologia de Massas e - no caso das pessoas mais radicais - tem características que o aproximam de uma seita religiosa.

Bolsonaristas invadiram as sedes dos três Poderes em Brasília no dia 8 de janeiro em ato golpista.  Foto: Wilton Junior/Estadão
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O comportamento de seguidores que passam o dia inteiro sendo alimentados por fake news e acham patriótico depredar prédios públicos, cantar hino para pneu de caminhão e chamar extraterrestres para resgatar o País do apocalipse mostra o quanto eles estão vulneráveis ao fanatismo e à desinformação.

Desconexão da realidade e idolatria por um líder que veem imaculadamente sem defeitos não são novidade na história, mas ganharam proporção tal que extrapola totalmente o âmbito da Ciência Política. É urgente que a sociedade vá além de caçoar dessas situações bizarras e olhe com atenção para essas pessoas radicalizadas por grupos de WhatsApp, Facebook, Telegram e lives do TikTok.

Especialistas defendem que o primeiro passo nesses casos seria afastá-las das fontes que irradiam a desinformação e alimentam os comportamentos de seita. A questão é como ajudá-las nesse “detox do delírio”. Eu infelizmente ainda não descobri.

Os atos golpistas de 8 de janeiro me pegaram de férias, desconectada de redes sociais, minutos depois de um almoço. Uma mensagem no WhatsApp alertou para o que estava acontecendo.

- Você viu que invadiram o Congresso?

Ainda estava processando a informação quando os canais de televisão começaram a mostrar imagens de depredação e quebra-quebra. Mas o mais impactante para mim foi ver a excitação que tomou conta de algumas pessoas diante das cenas. Gente religiosa defendendo morte de ministro do Supremo Tribunal Federal, brados contra o comunismo - que eles não sabem bem o que é, mas veem como uma ameaça mais do que real -, xingamentos contra a imprensa e os jornalistas.

Não fazia diferença ali eu jamais ter defendido que o Brasil vire a Nicarágua e trabalhar num jornal que denunciou os maiores escândalos das gestões petistas. Não acreditar nas teses delirantes com que tentavam justificar a destruição dos prédios do STF, do Congresso e do Planalto transforma automaticamente qualquer interlocutor que apele à razão num infiltrado que não quer o bem do País e precisa ser combatido.

Saí de lá com a certeza de que o que ocorre hoje no Brasil é mais do que um problema de divergências políticas. É um fenômeno social que precisa ser estudado à luz da Psicologia de Massas e - no caso das pessoas mais radicais - tem características que o aproximam de uma seita religiosa.

Bolsonaristas invadiram as sedes dos três Poderes em Brasília no dia 8 de janeiro em ato golpista.  Foto: Wilton Junior/Estadão

O comportamento de seguidores que passam o dia inteiro sendo alimentados por fake news e acham patriótico depredar prédios públicos, cantar hino para pneu de caminhão e chamar extraterrestres para resgatar o País do apocalipse mostra o quanto eles estão vulneráveis ao fanatismo e à desinformação.

Desconexão da realidade e idolatria por um líder que veem imaculadamente sem defeitos não são novidade na história, mas ganharam proporção tal que extrapola totalmente o âmbito da Ciência Política. É urgente que a sociedade vá além de caçoar dessas situações bizarras e olhe com atenção para essas pessoas radicalizadas por grupos de WhatsApp, Facebook, Telegram e lives do TikTok.

Especialistas defendem que o primeiro passo nesses casos seria afastá-las das fontes que irradiam a desinformação e alimentam os comportamentos de seita. A questão é como ajudá-las nesse “detox do delírio”. Eu infelizmente ainda não descobri.

Os atos golpistas de 8 de janeiro me pegaram de férias, desconectada de redes sociais, minutos depois de um almoço. Uma mensagem no WhatsApp alertou para o que estava acontecendo.

- Você viu que invadiram o Congresso?

Ainda estava processando a informação quando os canais de televisão começaram a mostrar imagens de depredação e quebra-quebra. Mas o mais impactante para mim foi ver a excitação que tomou conta de algumas pessoas diante das cenas. Gente religiosa defendendo morte de ministro do Supremo Tribunal Federal, brados contra o comunismo - que eles não sabem bem o que é, mas veem como uma ameaça mais do que real -, xingamentos contra a imprensa e os jornalistas.

Não fazia diferença ali eu jamais ter defendido que o Brasil vire a Nicarágua e trabalhar num jornal que denunciou os maiores escândalos das gestões petistas. Não acreditar nas teses delirantes com que tentavam justificar a destruição dos prédios do STF, do Congresso e do Planalto transforma automaticamente qualquer interlocutor que apele à razão num infiltrado que não quer o bem do País e precisa ser combatido.

Saí de lá com a certeza de que o que ocorre hoje no Brasil é mais do que um problema de divergências políticas. É um fenômeno social que precisa ser estudado à luz da Psicologia de Massas e - no caso das pessoas mais radicais - tem características que o aproximam de uma seita religiosa.

Bolsonaristas invadiram as sedes dos três Poderes em Brasília no dia 8 de janeiro em ato golpista.  Foto: Wilton Junior/Estadão

O comportamento de seguidores que passam o dia inteiro sendo alimentados por fake news e acham patriótico depredar prédios públicos, cantar hino para pneu de caminhão e chamar extraterrestres para resgatar o País do apocalipse mostra o quanto eles estão vulneráveis ao fanatismo e à desinformação.

Desconexão da realidade e idolatria por um líder que veem imaculadamente sem defeitos não são novidade na história, mas ganharam proporção tal que extrapola totalmente o âmbito da Ciência Política. É urgente que a sociedade vá além de caçoar dessas situações bizarras e olhe com atenção para essas pessoas radicalizadas por grupos de WhatsApp, Facebook, Telegram e lives do TikTok.

Especialistas defendem que o primeiro passo nesses casos seria afastá-las das fontes que irradiam a desinformação e alimentam os comportamentos de seita. A questão é como ajudá-las nesse “detox do delírio”. Eu infelizmente ainda não descobri.

Opinião por Luciana Garbin

Editora executiva no ‘Estadão’, professora na FAAP e mãe de gêmeos

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