Coluna quinzenal da jornalista Luciana Garbin que traz foco para as questões femininas na sociedade atual

Opinião|‘Rainha Cleópatra’ conta história bem mais interessante que a da clássica sedutora de chefes romanos


Série da Netflix suscita reflexão sobre distorção da imagem de mulheres poderosas

Por Luciana Garbin
Atualização:

Pelo que uma mulher que dominou parte do mundo antigo, foi a mais poderosa de seu tempo, apaziguou e enriqueceu seu país, falava sete idiomas e era conhecida pelas habilidades diplomáticas e de estrategista militar deve ser lembrada? A série da Netflix Rainha Cleópatra causou polêmica por escalar a atriz negra Adele James como protagonista, mas deveria chamar mesmo a atenção pela releitura que faz da imagem da mais famosa egípcia da história.

Classificada como docudrama – por mesclar comentários de estudiosos e encenações de atores –, a série faz parte do especial Rainhas Africanas, que resgata histórias de monarcas lendárias que acabaram apagadas na história mundial ou marcadas por visões estereotipadas. Cleópatra se encaixa no segundo grupo.

A herança da última faraó do Egito tem sido tema de estudos acadêmicos, mas acabou imortalizada mesmo por obras artísticas famosas, de William Shakespeare a Hollywood. Em várias delas, sua beleza exótica, seus romances famosos com os comandantes romanos Júlio César e Marco Antônio e seu suposto interesse por ocultismo e bruxaria foram exaustivamente explorados e acabaram ofuscando atributos intelectuais.

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Adele James como Cleópatra em série da Netflix Foto: Netflix

Feitos políticos de Cleópatra foram mais expressivos do que os de muitos monarcas. Ainda assim ela ficou estigmatizada mais como uma femme fatale sedutora que passava o dia se embelezando e se adornando com ouro do que como uma rainha inteligente e de formação erudita que usou todos os recursos disponíveis em benefício do país, montou um exército para retomar o poder e não tinha medo da batalha.

Mãe de quatro filhos – um com Júlio César e três com Marco Antônio –, Cleópatra foi, segundo historiadores, alvo de uma das primeiras campanhas negativas de imagem. Algo como os atuais linchamentos morais inflamados por fake news. Otaviano, o comandante romano que tomou o Egito, teria propositalmente incentivado sua difamação. Até para que servisse de exemplo a quem o desafiasse. E o fato de ser contra uma mulher facilitou a propagação de fofocas sobre sua vida sexual por exemplo. Um enredo que se repetiria ao longo dos séculos com outras mulheres que conseguiram furar o manto da invisibilidade.

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Bombardeada por críticos, a série da Netflix tem um mérito: ajudar nessa reflexão. Mais do que urgente, a discussão de distorções históricas de imagens femininas ajuda a pôr em xeque estereótipos que ainda hoje pesam sobre mulheres que disputam espaços de poder. Sobretudo no campo político.

Pelo que uma mulher que dominou parte do mundo antigo, foi a mais poderosa de seu tempo, apaziguou e enriqueceu seu país, falava sete idiomas e era conhecida pelas habilidades diplomáticas e de estrategista militar deve ser lembrada? A série da Netflix Rainha Cleópatra causou polêmica por escalar a atriz negra Adele James como protagonista, mas deveria chamar mesmo a atenção pela releitura que faz da imagem da mais famosa egípcia da história.

Classificada como docudrama – por mesclar comentários de estudiosos e encenações de atores –, a série faz parte do especial Rainhas Africanas, que resgata histórias de monarcas lendárias que acabaram apagadas na história mundial ou marcadas por visões estereotipadas. Cleópatra se encaixa no segundo grupo.

A herança da última faraó do Egito tem sido tema de estudos acadêmicos, mas acabou imortalizada mesmo por obras artísticas famosas, de William Shakespeare a Hollywood. Em várias delas, sua beleza exótica, seus romances famosos com os comandantes romanos Júlio César e Marco Antônio e seu suposto interesse por ocultismo e bruxaria foram exaustivamente explorados e acabaram ofuscando atributos intelectuais.

Adele James como Cleópatra em série da Netflix Foto: Netflix

Feitos políticos de Cleópatra foram mais expressivos do que os de muitos monarcas. Ainda assim ela ficou estigmatizada mais como uma femme fatale sedutora que passava o dia se embelezando e se adornando com ouro do que como uma rainha inteligente e de formação erudita que usou todos os recursos disponíveis em benefício do país, montou um exército para retomar o poder e não tinha medo da batalha.

Mãe de quatro filhos – um com Júlio César e três com Marco Antônio –, Cleópatra foi, segundo historiadores, alvo de uma das primeiras campanhas negativas de imagem. Algo como os atuais linchamentos morais inflamados por fake news. Otaviano, o comandante romano que tomou o Egito, teria propositalmente incentivado sua difamação. Até para que servisse de exemplo a quem o desafiasse. E o fato de ser contra uma mulher facilitou a propagação de fofocas sobre sua vida sexual por exemplo. Um enredo que se repetiria ao longo dos séculos com outras mulheres que conseguiram furar o manto da invisibilidade.

Bombardeada por críticos, a série da Netflix tem um mérito: ajudar nessa reflexão. Mais do que urgente, a discussão de distorções históricas de imagens femininas ajuda a pôr em xeque estereótipos que ainda hoje pesam sobre mulheres que disputam espaços de poder. Sobretudo no campo político.

Pelo que uma mulher que dominou parte do mundo antigo, foi a mais poderosa de seu tempo, apaziguou e enriqueceu seu país, falava sete idiomas e era conhecida pelas habilidades diplomáticas e de estrategista militar deve ser lembrada? A série da Netflix Rainha Cleópatra causou polêmica por escalar a atriz negra Adele James como protagonista, mas deveria chamar mesmo a atenção pela releitura que faz da imagem da mais famosa egípcia da história.

Classificada como docudrama – por mesclar comentários de estudiosos e encenações de atores –, a série faz parte do especial Rainhas Africanas, que resgata histórias de monarcas lendárias que acabaram apagadas na história mundial ou marcadas por visões estereotipadas. Cleópatra se encaixa no segundo grupo.

A herança da última faraó do Egito tem sido tema de estudos acadêmicos, mas acabou imortalizada mesmo por obras artísticas famosas, de William Shakespeare a Hollywood. Em várias delas, sua beleza exótica, seus romances famosos com os comandantes romanos Júlio César e Marco Antônio e seu suposto interesse por ocultismo e bruxaria foram exaustivamente explorados e acabaram ofuscando atributos intelectuais.

Adele James como Cleópatra em série da Netflix Foto: Netflix

Feitos políticos de Cleópatra foram mais expressivos do que os de muitos monarcas. Ainda assim ela ficou estigmatizada mais como uma femme fatale sedutora que passava o dia se embelezando e se adornando com ouro do que como uma rainha inteligente e de formação erudita que usou todos os recursos disponíveis em benefício do país, montou um exército para retomar o poder e não tinha medo da batalha.

Mãe de quatro filhos – um com Júlio César e três com Marco Antônio –, Cleópatra foi, segundo historiadores, alvo de uma das primeiras campanhas negativas de imagem. Algo como os atuais linchamentos morais inflamados por fake news. Otaviano, o comandante romano que tomou o Egito, teria propositalmente incentivado sua difamação. Até para que servisse de exemplo a quem o desafiasse. E o fato de ser contra uma mulher facilitou a propagação de fofocas sobre sua vida sexual por exemplo. Um enredo que se repetiria ao longo dos séculos com outras mulheres que conseguiram furar o manto da invisibilidade.

Bombardeada por críticos, a série da Netflix tem um mérito: ajudar nessa reflexão. Mais do que urgente, a discussão de distorções históricas de imagens femininas ajuda a pôr em xeque estereótipos que ainda hoje pesam sobre mulheres que disputam espaços de poder. Sobretudo no campo político.

Pelo que uma mulher que dominou parte do mundo antigo, foi a mais poderosa de seu tempo, apaziguou e enriqueceu seu país, falava sete idiomas e era conhecida pelas habilidades diplomáticas e de estrategista militar deve ser lembrada? A série da Netflix Rainha Cleópatra causou polêmica por escalar a atriz negra Adele James como protagonista, mas deveria chamar mesmo a atenção pela releitura que faz da imagem da mais famosa egípcia da história.

Classificada como docudrama – por mesclar comentários de estudiosos e encenações de atores –, a série faz parte do especial Rainhas Africanas, que resgata histórias de monarcas lendárias que acabaram apagadas na história mundial ou marcadas por visões estereotipadas. Cleópatra se encaixa no segundo grupo.

A herança da última faraó do Egito tem sido tema de estudos acadêmicos, mas acabou imortalizada mesmo por obras artísticas famosas, de William Shakespeare a Hollywood. Em várias delas, sua beleza exótica, seus romances famosos com os comandantes romanos Júlio César e Marco Antônio e seu suposto interesse por ocultismo e bruxaria foram exaustivamente explorados e acabaram ofuscando atributos intelectuais.

Adele James como Cleópatra em série da Netflix Foto: Netflix

Feitos políticos de Cleópatra foram mais expressivos do que os de muitos monarcas. Ainda assim ela ficou estigmatizada mais como uma femme fatale sedutora que passava o dia se embelezando e se adornando com ouro do que como uma rainha inteligente e de formação erudita que usou todos os recursos disponíveis em benefício do país, montou um exército para retomar o poder e não tinha medo da batalha.

Mãe de quatro filhos – um com Júlio César e três com Marco Antônio –, Cleópatra foi, segundo historiadores, alvo de uma das primeiras campanhas negativas de imagem. Algo como os atuais linchamentos morais inflamados por fake news. Otaviano, o comandante romano que tomou o Egito, teria propositalmente incentivado sua difamação. Até para que servisse de exemplo a quem o desafiasse. E o fato de ser contra uma mulher facilitou a propagação de fofocas sobre sua vida sexual por exemplo. Um enredo que se repetiria ao longo dos séculos com outras mulheres que conseguiram furar o manto da invisibilidade.

Bombardeada por críticos, a série da Netflix tem um mérito: ajudar nessa reflexão. Mais do que urgente, a discussão de distorções históricas de imagens femininas ajuda a pôr em xeque estereótipos que ainda hoje pesam sobre mulheres que disputam espaços de poder. Sobretudo no campo político.

Opinião por Luciana Garbin

Editora executiva no ‘Estadão’, professora na FAAP e mãe de gêmeos

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