Uma geléia geral a partir do cinema

The Real Thing


Por Luiz Carlos Merten

Você deve se lembrar da cena de Diários de Motocicleta em que o jovem Ernesto Guevara e seu amigo Granado, em Cuzco, conversam com aquelas mulheres bolivianas, intermediados pelo guia. Eles falam de coca e ela lhes ensina como mastigá-la. Quem já foi ao altiplano peruano, ou à Bolívia, sabe como o chá de coca é importante naquela região. Além do valor cultural - as folhas de coca são consideradas sagradas -, existe o valor medicinal, a coca como reguladora da pressão arterial naquelas altitudes. Tudo isso pode ser lembrado a propósito de The Real Thing, documentário de Jim Sanders que terá duas exibições, hoje (17 horas no CineSesc) e amanhã (15 horas na Sala Cinamateca) no festival Cinema e Direitos Humanos. O subtítulo já dá uma idéia das intenções - Coca, Democracia e Rebelião na Bolívia. Em 2002, munido de uma câmera de vídeo, o diretor Jim Sanders viajou para a América do Sul, em busca de inspiração (e uma história para contar). Ele andou pela Venezuela e pelo Amazonas, indo parar em Porto Alegre, onde se realizava o Fórum Mundial Social (que eu cito pela segunda vez neste blog). Uma das minhas emoções, como gaúcho, foi conversar com jornalistas e críticos nos EUA, na Alemanha e na França e descobrir que todos conheciam, ou pelo menos sabiam da existência de Porto Alegre, por causa do Fórum que a cidade havia sediado. Portop alegre virou referência mundial como alternativa ao poderoso grupo G-8, das nações desenvolvidas. Foi em Porto que surgiu, ou se consolidou, a proposta de que 'um novo mundo é possível'. Sanders estava em Porto Alegre, esperava pela palestra de Noam Chomsky (que falou para 20 mil pessoas), quando encontrou o assunto que procurava. Ele ouviu a fala e ficou encantado com Leonilda Zurita, dirigente da Federação de Mulheres Camponesas da Bolívia. Ela veio ao Brasil em busca de apoio contra a guerra não declarada que os EUA moviam contra seu povo, em nome do combate ao tráfico iniciado por Bush pai, quando era presidente. Ignorando o valor cultural e medicinal da coca para bolivianos e peruanos, os EUA consideravam a mesma coisa o cultivo das mulheres bolivianas e as vastas plantações mantidas por traficantes na Colômbia. A 'guerra' incluía todo tipo de atrocidade e violência, incluindo tortura e morte. Jim Sanders fez seu filme, A Coisa Real, para levantar questões essenciais, verdadeiras, por trás da guerra da droga na América Latina. As coisas nunca são simples. O que a guerra da coca tem a ver com rebelião dos povos indígenas e com democracia num continente que os EUA, hegemônicos, insistem em tratar como quintal? Você pode até contestar, mas The Real Thing traz uma nova voz para o debate e propõe um enfoque, uma discussão como você nunca viu. Na verdade, vozes - Leonilda Zurita, Evo Morales, Noam Chomsky, Stanley Shrager (diretor da Narcotic Affairs Section na Bolívia) dão depoimentos muitas vezes contraditórios e sempre explosivos. Sanders toma partido em The Real Thing, mas cria um documentário coral porque o importante é a sua, a nossa tomada de posição.

Você deve se lembrar da cena de Diários de Motocicleta em que o jovem Ernesto Guevara e seu amigo Granado, em Cuzco, conversam com aquelas mulheres bolivianas, intermediados pelo guia. Eles falam de coca e ela lhes ensina como mastigá-la. Quem já foi ao altiplano peruano, ou à Bolívia, sabe como o chá de coca é importante naquela região. Além do valor cultural - as folhas de coca são consideradas sagradas -, existe o valor medicinal, a coca como reguladora da pressão arterial naquelas altitudes. Tudo isso pode ser lembrado a propósito de The Real Thing, documentário de Jim Sanders que terá duas exibições, hoje (17 horas no CineSesc) e amanhã (15 horas na Sala Cinamateca) no festival Cinema e Direitos Humanos. O subtítulo já dá uma idéia das intenções - Coca, Democracia e Rebelião na Bolívia. Em 2002, munido de uma câmera de vídeo, o diretor Jim Sanders viajou para a América do Sul, em busca de inspiração (e uma história para contar). Ele andou pela Venezuela e pelo Amazonas, indo parar em Porto Alegre, onde se realizava o Fórum Mundial Social (que eu cito pela segunda vez neste blog). Uma das minhas emoções, como gaúcho, foi conversar com jornalistas e críticos nos EUA, na Alemanha e na França e descobrir que todos conheciam, ou pelo menos sabiam da existência de Porto Alegre, por causa do Fórum que a cidade havia sediado. Portop alegre virou referência mundial como alternativa ao poderoso grupo G-8, das nações desenvolvidas. Foi em Porto que surgiu, ou se consolidou, a proposta de que 'um novo mundo é possível'. Sanders estava em Porto Alegre, esperava pela palestra de Noam Chomsky (que falou para 20 mil pessoas), quando encontrou o assunto que procurava. Ele ouviu a fala e ficou encantado com Leonilda Zurita, dirigente da Federação de Mulheres Camponesas da Bolívia. Ela veio ao Brasil em busca de apoio contra a guerra não declarada que os EUA moviam contra seu povo, em nome do combate ao tráfico iniciado por Bush pai, quando era presidente. Ignorando o valor cultural e medicinal da coca para bolivianos e peruanos, os EUA consideravam a mesma coisa o cultivo das mulheres bolivianas e as vastas plantações mantidas por traficantes na Colômbia. A 'guerra' incluía todo tipo de atrocidade e violência, incluindo tortura e morte. Jim Sanders fez seu filme, A Coisa Real, para levantar questões essenciais, verdadeiras, por trás da guerra da droga na América Latina. As coisas nunca são simples. O que a guerra da coca tem a ver com rebelião dos povos indígenas e com democracia num continente que os EUA, hegemônicos, insistem em tratar como quintal? Você pode até contestar, mas The Real Thing traz uma nova voz para o debate e propõe um enfoque, uma discussão como você nunca viu. Na verdade, vozes - Leonilda Zurita, Evo Morales, Noam Chomsky, Stanley Shrager (diretor da Narcotic Affairs Section na Bolívia) dão depoimentos muitas vezes contraditórios e sempre explosivos. Sanders toma partido em The Real Thing, mas cria um documentário coral porque o importante é a sua, a nossa tomada de posição.

Você deve se lembrar da cena de Diários de Motocicleta em que o jovem Ernesto Guevara e seu amigo Granado, em Cuzco, conversam com aquelas mulheres bolivianas, intermediados pelo guia. Eles falam de coca e ela lhes ensina como mastigá-la. Quem já foi ao altiplano peruano, ou à Bolívia, sabe como o chá de coca é importante naquela região. Além do valor cultural - as folhas de coca são consideradas sagradas -, existe o valor medicinal, a coca como reguladora da pressão arterial naquelas altitudes. Tudo isso pode ser lembrado a propósito de The Real Thing, documentário de Jim Sanders que terá duas exibições, hoje (17 horas no CineSesc) e amanhã (15 horas na Sala Cinamateca) no festival Cinema e Direitos Humanos. O subtítulo já dá uma idéia das intenções - Coca, Democracia e Rebelião na Bolívia. Em 2002, munido de uma câmera de vídeo, o diretor Jim Sanders viajou para a América do Sul, em busca de inspiração (e uma história para contar). Ele andou pela Venezuela e pelo Amazonas, indo parar em Porto Alegre, onde se realizava o Fórum Mundial Social (que eu cito pela segunda vez neste blog). Uma das minhas emoções, como gaúcho, foi conversar com jornalistas e críticos nos EUA, na Alemanha e na França e descobrir que todos conheciam, ou pelo menos sabiam da existência de Porto Alegre, por causa do Fórum que a cidade havia sediado. Portop alegre virou referência mundial como alternativa ao poderoso grupo G-8, das nações desenvolvidas. Foi em Porto que surgiu, ou se consolidou, a proposta de que 'um novo mundo é possível'. Sanders estava em Porto Alegre, esperava pela palestra de Noam Chomsky (que falou para 20 mil pessoas), quando encontrou o assunto que procurava. Ele ouviu a fala e ficou encantado com Leonilda Zurita, dirigente da Federação de Mulheres Camponesas da Bolívia. Ela veio ao Brasil em busca de apoio contra a guerra não declarada que os EUA moviam contra seu povo, em nome do combate ao tráfico iniciado por Bush pai, quando era presidente. Ignorando o valor cultural e medicinal da coca para bolivianos e peruanos, os EUA consideravam a mesma coisa o cultivo das mulheres bolivianas e as vastas plantações mantidas por traficantes na Colômbia. A 'guerra' incluía todo tipo de atrocidade e violência, incluindo tortura e morte. Jim Sanders fez seu filme, A Coisa Real, para levantar questões essenciais, verdadeiras, por trás da guerra da droga na América Latina. As coisas nunca são simples. O que a guerra da coca tem a ver com rebelião dos povos indígenas e com democracia num continente que os EUA, hegemônicos, insistem em tratar como quintal? Você pode até contestar, mas The Real Thing traz uma nova voz para o debate e propõe um enfoque, uma discussão como você nunca viu. Na verdade, vozes - Leonilda Zurita, Evo Morales, Noam Chomsky, Stanley Shrager (diretor da Narcotic Affairs Section na Bolívia) dão depoimentos muitas vezes contraditórios e sempre explosivos. Sanders toma partido em The Real Thing, mas cria um documentário coral porque o importante é a sua, a nossa tomada de posição.

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