Cinema, cultura & afins

Opinião|Bernadette: Catherine Deneuve posa de primeira-dama


Por Luiz Zanin Oricchio
 

Um tanto caricato este retrato de Bernadette Chirac, (Catherine Deneuve), dirigido por Léa Domenach. Segue a trajetória da mulher-bibelô, colocada em segundo plano pelo marido, o político francês Jacques Chirac, quando ela resolve brilhar por conta própria.

Chirac (Michel Vuillermoz) parece um pateta e não o político ardiloso que governou a França. Claro, o filme é feito para mostrar o protagonismo feminino, mas será que para tal precisa fazer do homem uma caricatura de si mesmo? Não é apenas com Chirac. Os conflitos do casal com Nicolas Sarkozy (interpretado por um ator que em nada se parece com o original) são mais risíveis que críticos.

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Denys Podalydès tem um papel mais sóbrio (e por isso melhor) como o mentor intelectual da ascensão de Mme. Chirac ao estrelato. É alguém que domina os meandros do poder e sabe que hoje a política é, em boa parte, uma arte da mídia. Já era naquele tempo, anterior a redes sociais e influencers. Sabe que alçar aquela grã-fina ao gosto popular passa por ações de caridade - o modelo é a princesa Diana, morta havia pouco num acidente de carro em Paris. Quanto a Deneuve, bem, é sempre um prazer vê-la em cena. Mesmo em papeis ingratos, como este.

O filme tenta, digamos, inovar, e escapar a uma biografia política mais convencional. É meio pop. Há uma espécie de coro grego que, cantando, comenta a ação. Quer dizer, é um coral, não um coro. Mas até que passa, como recurso de distanciamento, a nos lembrar que estamos no registro da farsa e da comédia.

Mas o pior, talvez, seja o visual tipo ilha da fantasia, algo que lembra o de Barbie, aquele reposicionamento de marca da boneca da Mattel, sucesso global, inclusive aqui.

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Enfim, nada que lembre o melhor cinema político francês, além de ser uma comédia que comete o pior pecado do gênero - falha em fazer rir.

Estreia esta semana.

 

Um tanto caricato este retrato de Bernadette Chirac, (Catherine Deneuve), dirigido por Léa Domenach. Segue a trajetória da mulher-bibelô, colocada em segundo plano pelo marido, o político francês Jacques Chirac, quando ela resolve brilhar por conta própria.

Chirac (Michel Vuillermoz) parece um pateta e não o político ardiloso que governou a França. Claro, o filme é feito para mostrar o protagonismo feminino, mas será que para tal precisa fazer do homem uma caricatura de si mesmo? Não é apenas com Chirac. Os conflitos do casal com Nicolas Sarkozy (interpretado por um ator que em nada se parece com o original) são mais risíveis que críticos.

Denys Podalydès tem um papel mais sóbrio (e por isso melhor) como o mentor intelectual da ascensão de Mme. Chirac ao estrelato. É alguém que domina os meandros do poder e sabe que hoje a política é, em boa parte, uma arte da mídia. Já era naquele tempo, anterior a redes sociais e influencers. Sabe que alçar aquela grã-fina ao gosto popular passa por ações de caridade - o modelo é a princesa Diana, morta havia pouco num acidente de carro em Paris. Quanto a Deneuve, bem, é sempre um prazer vê-la em cena. Mesmo em papeis ingratos, como este.

O filme tenta, digamos, inovar, e escapar a uma biografia política mais convencional. É meio pop. Há uma espécie de coro grego que, cantando, comenta a ação. Quer dizer, é um coral, não um coro. Mas até que passa, como recurso de distanciamento, a nos lembrar que estamos no registro da farsa e da comédia.

Mas o pior, talvez, seja o visual tipo ilha da fantasia, algo que lembra o de Barbie, aquele reposicionamento de marca da boneca da Mattel, sucesso global, inclusive aqui.

Enfim, nada que lembre o melhor cinema político francês, além de ser uma comédia que comete o pior pecado do gênero - falha em fazer rir.

Estreia esta semana.

 

Um tanto caricato este retrato de Bernadette Chirac, (Catherine Deneuve), dirigido por Léa Domenach. Segue a trajetória da mulher-bibelô, colocada em segundo plano pelo marido, o político francês Jacques Chirac, quando ela resolve brilhar por conta própria.

Chirac (Michel Vuillermoz) parece um pateta e não o político ardiloso que governou a França. Claro, o filme é feito para mostrar o protagonismo feminino, mas será que para tal precisa fazer do homem uma caricatura de si mesmo? Não é apenas com Chirac. Os conflitos do casal com Nicolas Sarkozy (interpretado por um ator que em nada se parece com o original) são mais risíveis que críticos.

Denys Podalydès tem um papel mais sóbrio (e por isso melhor) como o mentor intelectual da ascensão de Mme. Chirac ao estrelato. É alguém que domina os meandros do poder e sabe que hoje a política é, em boa parte, uma arte da mídia. Já era naquele tempo, anterior a redes sociais e influencers. Sabe que alçar aquela grã-fina ao gosto popular passa por ações de caridade - o modelo é a princesa Diana, morta havia pouco num acidente de carro em Paris. Quanto a Deneuve, bem, é sempre um prazer vê-la em cena. Mesmo em papeis ingratos, como este.

O filme tenta, digamos, inovar, e escapar a uma biografia política mais convencional. É meio pop. Há uma espécie de coro grego que, cantando, comenta a ação. Quer dizer, é um coral, não um coro. Mas até que passa, como recurso de distanciamento, a nos lembrar que estamos no registro da farsa e da comédia.

Mas o pior, talvez, seja o visual tipo ilha da fantasia, algo que lembra o de Barbie, aquele reposicionamento de marca da boneca da Mattel, sucesso global, inclusive aqui.

Enfim, nada que lembre o melhor cinema político francês, além de ser uma comédia que comete o pior pecado do gênero - falha em fazer rir.

Estreia esta semana.

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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