Cinema, cultura & afins

Opinião|Besouro Cordão de Ouro


Por Luiz Zanin Oricchio

Fui, na semana passada, assistir ao espetáculo Besouro Cordão de Ouro, direção de João das Neves (de O Último Carro). O tema em si já me atraía. Pratiquei um pouco de capoeira em tempos que o vento levou. Não cheguei a ser nenhuma sumidade, mas dei meus pulinhos. Freqüentei a academia de mestre Almir, que, por sua vez, era discípulo de Suassuna (não o Ariano). E vinham todos na linha direta de Bimba, Pastinha e outros mitos baianos. Eram tempos meio nacionalistas, e achávamos que mesmo a defesa pessoal teria de ser brasileira da gema, como era a capoeira. Víamos a capoeira como a luta-símbolo do oprimido contra o opressor. Bem, passemos.

Besouro ficou célebre por aqui através do refrão de Lapinha: "Quando eu morrer, me enterrem na Lapinha/Calça culote, paletó almofadinha", de Baden Powell e Paulo César Pinheiro. Tremendo samba, que usava esse refrão de domínio público e depois o desenvolvia em uma melodia fantástica e letra inspirada.

Baden se foi,Paulo César Pinheiro continuou com o que chama de sua "obsessão" por Besouro, de quem ouviu falar pela primeira vez no romance Mar Morto, de Jorge Amado. Acabou escrevendo a peça, que tem a direção musical de Luciana Rabello.

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Gostei imensamente. Você entra e está no velório de Besouro, morto à traição por um marido enciumado. O que se vê na peça é isso: as pessoas falando de Besouro, do mito. São muitas vozes, contando e cantando as façanhas, a valentia, o desejo de liberdade de quem cresceu na Bahia dos primeiros anos pós-Abolição. Waldemar, se chamava, e ninguém se lembra do sobrenome. Ficou assim: Besouro Cordão de Ouro, o maior capoeirista de todos os tempos. A peça dá voz ao mito e não a uma suposta realidade factual.

A encenação tem clima, muita música, mistério. E muito jogo de capoeira também. O "palco" em forma de arena é, na verdade,uma roda de capoeira, em torno da qual se distribui o público. Lembrei um pouco do velho e querido Teatro de Arena, tão forte em minha formação com peças como Zumbi e Tiradentes. Tudo o que é libertário me diz muito, porque vai contra o clima da época. A arte pode ser moderna mesmo quando vai contra a tendência dominante. Aliás, acho que só é moderna mesmo quando vai contra o seu tempo. Arte a favor já nasce morta.

A peça está no Sesc Pompéia, de sexta à domingo.

Fui, na semana passada, assistir ao espetáculo Besouro Cordão de Ouro, direção de João das Neves (de O Último Carro). O tema em si já me atraía. Pratiquei um pouco de capoeira em tempos que o vento levou. Não cheguei a ser nenhuma sumidade, mas dei meus pulinhos. Freqüentei a academia de mestre Almir, que, por sua vez, era discípulo de Suassuna (não o Ariano). E vinham todos na linha direta de Bimba, Pastinha e outros mitos baianos. Eram tempos meio nacionalistas, e achávamos que mesmo a defesa pessoal teria de ser brasileira da gema, como era a capoeira. Víamos a capoeira como a luta-símbolo do oprimido contra o opressor. Bem, passemos.

Besouro ficou célebre por aqui através do refrão de Lapinha: "Quando eu morrer, me enterrem na Lapinha/Calça culote, paletó almofadinha", de Baden Powell e Paulo César Pinheiro. Tremendo samba, que usava esse refrão de domínio público e depois o desenvolvia em uma melodia fantástica e letra inspirada.

Baden se foi,Paulo César Pinheiro continuou com o que chama de sua "obsessão" por Besouro, de quem ouviu falar pela primeira vez no romance Mar Morto, de Jorge Amado. Acabou escrevendo a peça, que tem a direção musical de Luciana Rabello.

Gostei imensamente. Você entra e está no velório de Besouro, morto à traição por um marido enciumado. O que se vê na peça é isso: as pessoas falando de Besouro, do mito. São muitas vozes, contando e cantando as façanhas, a valentia, o desejo de liberdade de quem cresceu na Bahia dos primeiros anos pós-Abolição. Waldemar, se chamava, e ninguém se lembra do sobrenome. Ficou assim: Besouro Cordão de Ouro, o maior capoeirista de todos os tempos. A peça dá voz ao mito e não a uma suposta realidade factual.

A encenação tem clima, muita música, mistério. E muito jogo de capoeira também. O "palco" em forma de arena é, na verdade,uma roda de capoeira, em torno da qual se distribui o público. Lembrei um pouco do velho e querido Teatro de Arena, tão forte em minha formação com peças como Zumbi e Tiradentes. Tudo o que é libertário me diz muito, porque vai contra o clima da época. A arte pode ser moderna mesmo quando vai contra a tendência dominante. Aliás, acho que só é moderna mesmo quando vai contra o seu tempo. Arte a favor já nasce morta.

A peça está no Sesc Pompéia, de sexta à domingo.

Fui, na semana passada, assistir ao espetáculo Besouro Cordão de Ouro, direção de João das Neves (de O Último Carro). O tema em si já me atraía. Pratiquei um pouco de capoeira em tempos que o vento levou. Não cheguei a ser nenhuma sumidade, mas dei meus pulinhos. Freqüentei a academia de mestre Almir, que, por sua vez, era discípulo de Suassuna (não o Ariano). E vinham todos na linha direta de Bimba, Pastinha e outros mitos baianos. Eram tempos meio nacionalistas, e achávamos que mesmo a defesa pessoal teria de ser brasileira da gema, como era a capoeira. Víamos a capoeira como a luta-símbolo do oprimido contra o opressor. Bem, passemos.

Besouro ficou célebre por aqui através do refrão de Lapinha: "Quando eu morrer, me enterrem na Lapinha/Calça culote, paletó almofadinha", de Baden Powell e Paulo César Pinheiro. Tremendo samba, que usava esse refrão de domínio público e depois o desenvolvia em uma melodia fantástica e letra inspirada.

Baden se foi,Paulo César Pinheiro continuou com o que chama de sua "obsessão" por Besouro, de quem ouviu falar pela primeira vez no romance Mar Morto, de Jorge Amado. Acabou escrevendo a peça, que tem a direção musical de Luciana Rabello.

Gostei imensamente. Você entra e está no velório de Besouro, morto à traição por um marido enciumado. O que se vê na peça é isso: as pessoas falando de Besouro, do mito. São muitas vozes, contando e cantando as façanhas, a valentia, o desejo de liberdade de quem cresceu na Bahia dos primeiros anos pós-Abolição. Waldemar, se chamava, e ninguém se lembra do sobrenome. Ficou assim: Besouro Cordão de Ouro, o maior capoeirista de todos os tempos. A peça dá voz ao mito e não a uma suposta realidade factual.

A encenação tem clima, muita música, mistério. E muito jogo de capoeira também. O "palco" em forma de arena é, na verdade,uma roda de capoeira, em torno da qual se distribui o público. Lembrei um pouco do velho e querido Teatro de Arena, tão forte em minha formação com peças como Zumbi e Tiradentes. Tudo o que é libertário me diz muito, porque vai contra o clima da época. A arte pode ser moderna mesmo quando vai contra a tendência dominante. Aliás, acho que só é moderna mesmo quando vai contra o seu tempo. Arte a favor já nasce morta.

A peça está no Sesc Pompéia, de sexta à domingo.

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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