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Opinião|Gramado 2024: 'Estômago 2', sofisticado mas meio indigesto


Por Luiz Zanin Oricchio

 

 

Diário crítico (3)

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GRAMADO - O Poderoso Chef: o subtítulo já indica o que vem a ser a continuação de Estômago, o famoso filme de Marcos Jorge em que Alecrim, o cozinheiro interpretado por João Miguel, torna-se figura importante na cadeia graças às suas receitas deliciosas. Agora, Alecrim terá de se haver com um chefão mafioso, preso com vários subordinados no Brasil, disputando o poder no cárcere com Etcetera, personagem de Paulo Miklos.

A alusão do título é clara: coprodução entre Brasil e Itália, o filme busca um encontro entre a bandidagem brasileira e mafiosos, tendo como pólo propulsor a gastronomia, que tem na Itália uma de suas Mecas. Faz um laço com o primeiro filme da franquia (pois é de franquia que se trata), em que o cozinheiro Raimundo Nonato, depois apelidado de Alecrim, dá uma aula aos companheiros de cárcere sobre o gorgonzola, o famoso queijo embolorado da Itália. Saborosíssimo, aliás.   

Na apresentação, o ator italiano radicado no Brasil Nicola Siri, intérprete do mafioso Benedetto Caroglio, bem que tentou animar a plateia. Mas o frio, próximo do zero, que existia fora do cinema, reverberava dentro dele. Se as intenções do filme eram cômicas, pode-se dizer que a plateia pouco riu, com exceção de uma ou outra situação. No final, aplaudiu, de forma protocolar. Tem sido assim, em Gramado, com entusiasmo raro como dias quentes na serra gaúcha. 

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Mas, enfim, a reação da plateia é uma coisa e o filme é outra. Marcos Jorge mantém uma estrutura complexa de narrativa. No primeiro Estômago, vemos Alecrim ganhando espaço na cadeia devido ao seu talento na cozinha; na narrativa paralela vai sendo contada a história de como chegou ali. No segundo, temos Alecrim ainda cumprindo pena, enquanto serve a novo senhor, Etcétera (Miklos) já que o anterior (Babu Santana) morreu de indigestão. Mas há a chegada de presos importantes, entre eles o capo Benedetto Caroglio (Nicola Siri), que começa a disputar o poder na prisão. A trama paralela mostra como esse siciliano foi parar numa cadeia brasileira. Mas, para dizer a verdade, as duas tramas não encaixam entre si, como duas engrenagens às quais faltassem alguns dentes e acabassem travando. 

O filme divide-se entre cenas italianas e brasileiras. A partilha entre idiomas é praticamente equânime - cerca de metade para cada um. Tudo isso num produto que almeja o mercado externo tanto como no interno. No Brasil, as partes italianas são legendadas. Na Itália, tudo será falado em idioma local. Como em outros países europeus, na Itália todos os filmes são dublados para o idioma local. 

Nota-se a presença de uma engenharia por trás do projeto, tanto do roteiro como da estrutura narrativa, passando pelo trabalho de interpretação com um elenco muito bom. É elogiável, em especial num cinema que acredita no espontaneísmo como fonte de criatividade. 

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No entanto, algo não funciona. A começar pela presença mais discreta de João Miguel, protagonista absoluto do primeiro Estômago. 

A ausência do ator na serra gaúcha gerou comentários. Teria ele ficado insatisfeito com o resultado final? Não se sabe. A ausência de explicações gerou toda a espécie de fofocas. Inquirida a respeito, a produtora Cláudia da Natividade limitou-se a dizer que João não tinha vindo por "motivo de força maior". E mais não disse. Então cada um explique como quiser. O fato é que, no segundo filme, João Miguel vira um coadjuvante de luxo. 

E talvez essa diminuição do papel seja responsável pela menor presença de humor na continuação da franquia. Não que Estômago 1 e 2 se proponham como comédias em estado puro (como se isto existisse). Mas o primeiro é muito mais puxado para o riso que o segundo. E isso se deve muito à capacidade cômica de João Miguel que, no segundo, além de ter o papel diminuído, ainda parece de freio de mão puxado em certas partes. Não parece à vontade, essa é a sensação que se tem. 

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De qualquer forma, há que se admirar a sofisticação de propósitos com que Marco Jorge concebe o filme - e que ele expõe muito bem em entrevistas e na coletiva de imprensa. O problema é que tal sofisticação não se traduz na mise-en-scène propriamente dita - e esta é que define o material cinematográfico visto na tela. 

Estômago 2 traz várias citações explícitas, sendo a de O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola, a mais óbvia. Mas há também o aprofundamento sobre a natureza da máfia, tirado da obra seminal de Roberto Saviano, que ganhou na Itália versão cinematográfica de Matteo Garrone, em Gomorra. O diretor ainda incorpora a referência a uma obra de Peter Greenaway tida como clássica - O Cozinheiro, o Ladrão, sua Mulher e o Amante. 

São referências consistentes e de peso, porém diluídas numa trama complexa, cheia de volteios internos, que não encontra a forma redonda que seduziria o espectador. Esperemos pela terceira parte da série. 

 

 

Diário crítico (3)

GRAMADO - O Poderoso Chef: o subtítulo já indica o que vem a ser a continuação de Estômago, o famoso filme de Marcos Jorge em que Alecrim, o cozinheiro interpretado por João Miguel, torna-se figura importante na cadeia graças às suas receitas deliciosas. Agora, Alecrim terá de se haver com um chefão mafioso, preso com vários subordinados no Brasil, disputando o poder no cárcere com Etcetera, personagem de Paulo Miklos.

A alusão do título é clara: coprodução entre Brasil e Itália, o filme busca um encontro entre a bandidagem brasileira e mafiosos, tendo como pólo propulsor a gastronomia, que tem na Itália uma de suas Mecas. Faz um laço com o primeiro filme da franquia (pois é de franquia que se trata), em que o cozinheiro Raimundo Nonato, depois apelidado de Alecrim, dá uma aula aos companheiros de cárcere sobre o gorgonzola, o famoso queijo embolorado da Itália. Saborosíssimo, aliás.   

Na apresentação, o ator italiano radicado no Brasil Nicola Siri, intérprete do mafioso Benedetto Caroglio, bem que tentou animar a plateia. Mas o frio, próximo do zero, que existia fora do cinema, reverberava dentro dele. Se as intenções do filme eram cômicas, pode-se dizer que a plateia pouco riu, com exceção de uma ou outra situação. No final, aplaudiu, de forma protocolar. Tem sido assim, em Gramado, com entusiasmo raro como dias quentes na serra gaúcha. 

Mas, enfim, a reação da plateia é uma coisa e o filme é outra. Marcos Jorge mantém uma estrutura complexa de narrativa. No primeiro Estômago, vemos Alecrim ganhando espaço na cadeia devido ao seu talento na cozinha; na narrativa paralela vai sendo contada a história de como chegou ali. No segundo, temos Alecrim ainda cumprindo pena, enquanto serve a novo senhor, Etcétera (Miklos) já que o anterior (Babu Santana) morreu de indigestão. Mas há a chegada de presos importantes, entre eles o capo Benedetto Caroglio (Nicola Siri), que começa a disputar o poder na prisão. A trama paralela mostra como esse siciliano foi parar numa cadeia brasileira. Mas, para dizer a verdade, as duas tramas não encaixam entre si, como duas engrenagens às quais faltassem alguns dentes e acabassem travando. 

O filme divide-se entre cenas italianas e brasileiras. A partilha entre idiomas é praticamente equânime - cerca de metade para cada um. Tudo isso num produto que almeja o mercado externo tanto como no interno. No Brasil, as partes italianas são legendadas. Na Itália, tudo será falado em idioma local. Como em outros países europeus, na Itália todos os filmes são dublados para o idioma local. 

Nota-se a presença de uma engenharia por trás do projeto, tanto do roteiro como da estrutura narrativa, passando pelo trabalho de interpretação com um elenco muito bom. É elogiável, em especial num cinema que acredita no espontaneísmo como fonte de criatividade. 

No entanto, algo não funciona. A começar pela presença mais discreta de João Miguel, protagonista absoluto do primeiro Estômago. 

A ausência do ator na serra gaúcha gerou comentários. Teria ele ficado insatisfeito com o resultado final? Não se sabe. A ausência de explicações gerou toda a espécie de fofocas. Inquirida a respeito, a produtora Cláudia da Natividade limitou-se a dizer que João não tinha vindo por "motivo de força maior". E mais não disse. Então cada um explique como quiser. O fato é que, no segundo filme, João Miguel vira um coadjuvante de luxo. 

E talvez essa diminuição do papel seja responsável pela menor presença de humor na continuação da franquia. Não que Estômago 1 e 2 se proponham como comédias em estado puro (como se isto existisse). Mas o primeiro é muito mais puxado para o riso que o segundo. E isso se deve muito à capacidade cômica de João Miguel que, no segundo, além de ter o papel diminuído, ainda parece de freio de mão puxado em certas partes. Não parece à vontade, essa é a sensação que se tem. 

De qualquer forma, há que se admirar a sofisticação de propósitos com que Marco Jorge concebe o filme - e que ele expõe muito bem em entrevistas e na coletiva de imprensa. O problema é que tal sofisticação não se traduz na mise-en-scène propriamente dita - e esta é que define o material cinematográfico visto na tela. 

Estômago 2 traz várias citações explícitas, sendo a de O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola, a mais óbvia. Mas há também o aprofundamento sobre a natureza da máfia, tirado da obra seminal de Roberto Saviano, que ganhou na Itália versão cinematográfica de Matteo Garrone, em Gomorra. O diretor ainda incorpora a referência a uma obra de Peter Greenaway tida como clássica - O Cozinheiro, o Ladrão, sua Mulher e o Amante. 

São referências consistentes e de peso, porém diluídas numa trama complexa, cheia de volteios internos, que não encontra a forma redonda que seduziria o espectador. Esperemos pela terceira parte da série. 

 

 

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GRAMADO - O Poderoso Chef: o subtítulo já indica o que vem a ser a continuação de Estômago, o famoso filme de Marcos Jorge em que Alecrim, o cozinheiro interpretado por João Miguel, torna-se figura importante na cadeia graças às suas receitas deliciosas. Agora, Alecrim terá de se haver com um chefão mafioso, preso com vários subordinados no Brasil, disputando o poder no cárcere com Etcetera, personagem de Paulo Miklos.

A alusão do título é clara: coprodução entre Brasil e Itália, o filme busca um encontro entre a bandidagem brasileira e mafiosos, tendo como pólo propulsor a gastronomia, que tem na Itália uma de suas Mecas. Faz um laço com o primeiro filme da franquia (pois é de franquia que se trata), em que o cozinheiro Raimundo Nonato, depois apelidado de Alecrim, dá uma aula aos companheiros de cárcere sobre o gorgonzola, o famoso queijo embolorado da Itália. Saborosíssimo, aliás.   

Na apresentação, o ator italiano radicado no Brasil Nicola Siri, intérprete do mafioso Benedetto Caroglio, bem que tentou animar a plateia. Mas o frio, próximo do zero, que existia fora do cinema, reverberava dentro dele. Se as intenções do filme eram cômicas, pode-se dizer que a plateia pouco riu, com exceção de uma ou outra situação. No final, aplaudiu, de forma protocolar. Tem sido assim, em Gramado, com entusiasmo raro como dias quentes na serra gaúcha. 

Mas, enfim, a reação da plateia é uma coisa e o filme é outra. Marcos Jorge mantém uma estrutura complexa de narrativa. No primeiro Estômago, vemos Alecrim ganhando espaço na cadeia devido ao seu talento na cozinha; na narrativa paralela vai sendo contada a história de como chegou ali. No segundo, temos Alecrim ainda cumprindo pena, enquanto serve a novo senhor, Etcétera (Miklos) já que o anterior (Babu Santana) morreu de indigestão. Mas há a chegada de presos importantes, entre eles o capo Benedetto Caroglio (Nicola Siri), que começa a disputar o poder na prisão. A trama paralela mostra como esse siciliano foi parar numa cadeia brasileira. Mas, para dizer a verdade, as duas tramas não encaixam entre si, como duas engrenagens às quais faltassem alguns dentes e acabassem travando. 

O filme divide-se entre cenas italianas e brasileiras. A partilha entre idiomas é praticamente equânime - cerca de metade para cada um. Tudo isso num produto que almeja o mercado externo tanto como no interno. No Brasil, as partes italianas são legendadas. Na Itália, tudo será falado em idioma local. Como em outros países europeus, na Itália todos os filmes são dublados para o idioma local. 

Nota-se a presença de uma engenharia por trás do projeto, tanto do roteiro como da estrutura narrativa, passando pelo trabalho de interpretação com um elenco muito bom. É elogiável, em especial num cinema que acredita no espontaneísmo como fonte de criatividade. 

No entanto, algo não funciona. A começar pela presença mais discreta de João Miguel, protagonista absoluto do primeiro Estômago. 

A ausência do ator na serra gaúcha gerou comentários. Teria ele ficado insatisfeito com o resultado final? Não se sabe. A ausência de explicações gerou toda a espécie de fofocas. Inquirida a respeito, a produtora Cláudia da Natividade limitou-se a dizer que João não tinha vindo por "motivo de força maior". E mais não disse. Então cada um explique como quiser. O fato é que, no segundo filme, João Miguel vira um coadjuvante de luxo. 

E talvez essa diminuição do papel seja responsável pela menor presença de humor na continuação da franquia. Não que Estômago 1 e 2 se proponham como comédias em estado puro (como se isto existisse). Mas o primeiro é muito mais puxado para o riso que o segundo. E isso se deve muito à capacidade cômica de João Miguel que, no segundo, além de ter o papel diminuído, ainda parece de freio de mão puxado em certas partes. Não parece à vontade, essa é a sensação que se tem. 

De qualquer forma, há que se admirar a sofisticação de propósitos com que Marco Jorge concebe o filme - e que ele expõe muito bem em entrevistas e na coletiva de imprensa. O problema é que tal sofisticação não se traduz na mise-en-scène propriamente dita - e esta é que define o material cinematográfico visto na tela. 

Estômago 2 traz várias citações explícitas, sendo a de O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola, a mais óbvia. Mas há também o aprofundamento sobre a natureza da máfia, tirado da obra seminal de Roberto Saviano, que ganhou na Itália versão cinematográfica de Matteo Garrone, em Gomorra. O diretor ainda incorpora a referência a uma obra de Peter Greenaway tida como clássica - O Cozinheiro, o Ladrão, sua Mulher e o Amante. 

São referências consistentes e de peso, porém diluídas numa trama complexa, cheia de volteios internos, que não encontra a forma redonda que seduziria o espectador. Esperemos pela terceira parte da série. 

 

 

Diário crítico (3)

GRAMADO - O Poderoso Chef: o subtítulo já indica o que vem a ser a continuação de Estômago, o famoso filme de Marcos Jorge em que Alecrim, o cozinheiro interpretado por João Miguel, torna-se figura importante na cadeia graças às suas receitas deliciosas. Agora, Alecrim terá de se haver com um chefão mafioso, preso com vários subordinados no Brasil, disputando o poder no cárcere com Etcetera, personagem de Paulo Miklos.

A alusão do título é clara: coprodução entre Brasil e Itália, o filme busca um encontro entre a bandidagem brasileira e mafiosos, tendo como pólo propulsor a gastronomia, que tem na Itália uma de suas Mecas. Faz um laço com o primeiro filme da franquia (pois é de franquia que se trata), em que o cozinheiro Raimundo Nonato, depois apelidado de Alecrim, dá uma aula aos companheiros de cárcere sobre o gorgonzola, o famoso queijo embolorado da Itália. Saborosíssimo, aliás.   

Na apresentação, o ator italiano radicado no Brasil Nicola Siri, intérprete do mafioso Benedetto Caroglio, bem que tentou animar a plateia. Mas o frio, próximo do zero, que existia fora do cinema, reverberava dentro dele. Se as intenções do filme eram cômicas, pode-se dizer que a plateia pouco riu, com exceção de uma ou outra situação. No final, aplaudiu, de forma protocolar. Tem sido assim, em Gramado, com entusiasmo raro como dias quentes na serra gaúcha. 

Mas, enfim, a reação da plateia é uma coisa e o filme é outra. Marcos Jorge mantém uma estrutura complexa de narrativa. No primeiro Estômago, vemos Alecrim ganhando espaço na cadeia devido ao seu talento na cozinha; na narrativa paralela vai sendo contada a história de como chegou ali. No segundo, temos Alecrim ainda cumprindo pena, enquanto serve a novo senhor, Etcétera (Miklos) já que o anterior (Babu Santana) morreu de indigestão. Mas há a chegada de presos importantes, entre eles o capo Benedetto Caroglio (Nicola Siri), que começa a disputar o poder na prisão. A trama paralela mostra como esse siciliano foi parar numa cadeia brasileira. Mas, para dizer a verdade, as duas tramas não encaixam entre si, como duas engrenagens às quais faltassem alguns dentes e acabassem travando. 

O filme divide-se entre cenas italianas e brasileiras. A partilha entre idiomas é praticamente equânime - cerca de metade para cada um. Tudo isso num produto que almeja o mercado externo tanto como no interno. No Brasil, as partes italianas são legendadas. Na Itália, tudo será falado em idioma local. Como em outros países europeus, na Itália todos os filmes são dublados para o idioma local. 

Nota-se a presença de uma engenharia por trás do projeto, tanto do roteiro como da estrutura narrativa, passando pelo trabalho de interpretação com um elenco muito bom. É elogiável, em especial num cinema que acredita no espontaneísmo como fonte de criatividade. 

No entanto, algo não funciona. A começar pela presença mais discreta de João Miguel, protagonista absoluto do primeiro Estômago. 

A ausência do ator na serra gaúcha gerou comentários. Teria ele ficado insatisfeito com o resultado final? Não se sabe. A ausência de explicações gerou toda a espécie de fofocas. Inquirida a respeito, a produtora Cláudia da Natividade limitou-se a dizer que João não tinha vindo por "motivo de força maior". E mais não disse. Então cada um explique como quiser. O fato é que, no segundo filme, João Miguel vira um coadjuvante de luxo. 

E talvez essa diminuição do papel seja responsável pela menor presença de humor na continuação da franquia. Não que Estômago 1 e 2 se proponham como comédias em estado puro (como se isto existisse). Mas o primeiro é muito mais puxado para o riso que o segundo. E isso se deve muito à capacidade cômica de João Miguel que, no segundo, além de ter o papel diminuído, ainda parece de freio de mão puxado em certas partes. Não parece à vontade, essa é a sensação que se tem. 

De qualquer forma, há que se admirar a sofisticação de propósitos com que Marco Jorge concebe o filme - e que ele expõe muito bem em entrevistas e na coletiva de imprensa. O problema é que tal sofisticação não se traduz na mise-en-scène propriamente dita - e esta é que define o material cinematográfico visto na tela. 

Estômago 2 traz várias citações explícitas, sendo a de O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola, a mais óbvia. Mas há também o aprofundamento sobre a natureza da máfia, tirado da obra seminal de Roberto Saviano, que ganhou na Itália versão cinematográfica de Matteo Garrone, em Gomorra. O diretor ainda incorpora a referência a uma obra de Peter Greenaway tida como clássica - O Cozinheiro, o Ladrão, sua Mulher e o Amante. 

São referências consistentes e de peso, porém diluídas numa trama complexa, cheia de volteios internos, que não encontra a forma redonda que seduziria o espectador. Esperemos pela terceira parte da série. 

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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