Morcego Negro, de Chaim Litewski e Cleisson Vidal reabre o misterioso caso de Paulo César Farias, o PC Farias, tesoureiro da campanha de Fernando Collor à presidência e homem forte do governo eleito. O filme estreou nos cinemas.
O caso de PC é enrolado como poucos. Sua atuação nos bastidores maneja milhões de dólares de procedência duvidosa e estende ramificações a diversos países, inclusive, provavelmente, com a Itália e sua onipresente máfia.
Processado, preso e depois libertado sob condicional, PC foi encontrado morto ao lado da namorada em sua casa de praia em Maceió.
Até hoje há hipóteses diferentes sobre essas mortes. Crime passional seguido de suicídio ou queima de arquivo? Ninguém sabe responder com precisão, embora não faltem hipóteses.
A narrativa é trepidante e segue a fórmula do "true crime", subgênero de sucesso no streaming. Mas, como a história criminal de PC se desenrola nos bastidores do poder, Morcego Negro é, acima de tudo, comentário instrutivo sobre usos e costumes da política brasileira.
Chaim Litewski é autor de um documentário notável, Cidadão Boilesen, sobre os bastidores da ditadura e a articulação de parte do empresariado com os porões da tortura durante o regime dos generais (1964-1985).
Em Morcego Negro, embora mexa em assunto um pouco menos polêmico, Litewski mantém a pegada tensa e minuciosa que o aproxima do melhor jornalismo de investigação.