Cinema, cultura & afins

Opinião|Mostra 2017: Loveless, uma rara experiência cinematográfica


Andrey Zvyagintsev arma um drama impressionante com a história do casal separado que deve enfrentar o desaparecimento do filho único, um garoto de 12 anos

Por Luiz Zanin Oricchio
 Foto: Estadão

Foi talvez a sessão mais disputada da Mostra. Houve choro, briga e ranger de dentes na fila para disputa de um ingresso para a sessão única Loveless, do russo Andrey Zvyagintsev. Quem conseguiu assistir, acha que valeu a pena. É um filmaço.

Zvyagintsev arma um drama impressionante com a história do casal separado que deve enfrentar o desaparecimento do filho único, um garoto de 12 anos. O ex-casal Zhenya e Boris já refez sua vida com outros parceiros, quando o filho some de casa da mãe e não volta. Eles precisam conviver, mesmo com o ódio mútuo, para tentar encontrar a criança. Que, aliás, não era desejada pela mãe.

continua após a publicidade

O filme é perturbador. Entra na intimidade da classe média russa e sua maneira de vida no pós-comunismo. Olha para os meandros de uma sociedade em que o Estado já não faz questão de assistir aos cidadãos. (As buscas de crianças perdidas são feitas por uma ONG e não pela polícia, que não dispõe de meios e pouco se interessa por elas). Volta sua câmera para pessoas autocentradas e vazias, imersas em suas preocupações e carentes de alma. São seres humanos. Porém esvaziados de si mesmos.

Tudo é mostrado com uma dramaturgia que chamo de sólida e o pessoal dos Cahiers du Cinéma, que despreza Zvyagintsev, considera "pesada". O fato é que a revista, historicamente, despreza os chamados "grandes temas" e o russo gosta de refletir sobre seu país a partir de sua ferramenta cinematográfica. Estará errado?

O fato é que o filme fica com o espectador. Saímos do cinema sob o impacto de Loveless e a impressão permanece. É uma sensação subjetiva, sem dúvida. Olhando-se de maneira, digamos, objetiva, sente-se a carpintaria hábil, o roteiro madeira de lei, as interpretações contidas e intensas, a câmera que vai da natureza ao interior dos ambientes e flagra a frieza dos relacionamentos, o sofrimento da solidão, a falta de afeto. Não há caricaturas. Há o ser humano em sua necessidade de reconhecimento, que o outro insiste em não lhe proporcionar.

continua após a publicidade

Loveless (Sem Amor) é uma rara experiência cinematográfica.

 

 Foto: Estadão

Foi talvez a sessão mais disputada da Mostra. Houve choro, briga e ranger de dentes na fila para disputa de um ingresso para a sessão única Loveless, do russo Andrey Zvyagintsev. Quem conseguiu assistir, acha que valeu a pena. É um filmaço.

Zvyagintsev arma um drama impressionante com a história do casal separado que deve enfrentar o desaparecimento do filho único, um garoto de 12 anos. O ex-casal Zhenya e Boris já refez sua vida com outros parceiros, quando o filho some de casa da mãe e não volta. Eles precisam conviver, mesmo com o ódio mútuo, para tentar encontrar a criança. Que, aliás, não era desejada pela mãe.

O filme é perturbador. Entra na intimidade da classe média russa e sua maneira de vida no pós-comunismo. Olha para os meandros de uma sociedade em que o Estado já não faz questão de assistir aos cidadãos. (As buscas de crianças perdidas são feitas por uma ONG e não pela polícia, que não dispõe de meios e pouco se interessa por elas). Volta sua câmera para pessoas autocentradas e vazias, imersas em suas preocupações e carentes de alma. São seres humanos. Porém esvaziados de si mesmos.

Tudo é mostrado com uma dramaturgia que chamo de sólida e o pessoal dos Cahiers du Cinéma, que despreza Zvyagintsev, considera "pesada". O fato é que a revista, historicamente, despreza os chamados "grandes temas" e o russo gosta de refletir sobre seu país a partir de sua ferramenta cinematográfica. Estará errado?

O fato é que o filme fica com o espectador. Saímos do cinema sob o impacto de Loveless e a impressão permanece. É uma sensação subjetiva, sem dúvida. Olhando-se de maneira, digamos, objetiva, sente-se a carpintaria hábil, o roteiro madeira de lei, as interpretações contidas e intensas, a câmera que vai da natureza ao interior dos ambientes e flagra a frieza dos relacionamentos, o sofrimento da solidão, a falta de afeto. Não há caricaturas. Há o ser humano em sua necessidade de reconhecimento, que o outro insiste em não lhe proporcionar.

Loveless (Sem Amor) é uma rara experiência cinematográfica.

 

 Foto: Estadão

Foi talvez a sessão mais disputada da Mostra. Houve choro, briga e ranger de dentes na fila para disputa de um ingresso para a sessão única Loveless, do russo Andrey Zvyagintsev. Quem conseguiu assistir, acha que valeu a pena. É um filmaço.

Zvyagintsev arma um drama impressionante com a história do casal separado que deve enfrentar o desaparecimento do filho único, um garoto de 12 anos. O ex-casal Zhenya e Boris já refez sua vida com outros parceiros, quando o filho some de casa da mãe e não volta. Eles precisam conviver, mesmo com o ódio mútuo, para tentar encontrar a criança. Que, aliás, não era desejada pela mãe.

O filme é perturbador. Entra na intimidade da classe média russa e sua maneira de vida no pós-comunismo. Olha para os meandros de uma sociedade em que o Estado já não faz questão de assistir aos cidadãos. (As buscas de crianças perdidas são feitas por uma ONG e não pela polícia, que não dispõe de meios e pouco se interessa por elas). Volta sua câmera para pessoas autocentradas e vazias, imersas em suas preocupações e carentes de alma. São seres humanos. Porém esvaziados de si mesmos.

Tudo é mostrado com uma dramaturgia que chamo de sólida e o pessoal dos Cahiers du Cinéma, que despreza Zvyagintsev, considera "pesada". O fato é que a revista, historicamente, despreza os chamados "grandes temas" e o russo gosta de refletir sobre seu país a partir de sua ferramenta cinematográfica. Estará errado?

O fato é que o filme fica com o espectador. Saímos do cinema sob o impacto de Loveless e a impressão permanece. É uma sensação subjetiva, sem dúvida. Olhando-se de maneira, digamos, objetiva, sente-se a carpintaria hábil, o roteiro madeira de lei, as interpretações contidas e intensas, a câmera que vai da natureza ao interior dos ambientes e flagra a frieza dos relacionamentos, o sofrimento da solidão, a falta de afeto. Não há caricaturas. Há o ser humano em sua necessidade de reconhecimento, que o outro insiste em não lhe proporcionar.

Loveless (Sem Amor) é uma rara experiência cinematográfica.

 

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.