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Opinião|O que Está por Vir


Toda a família - pai, mãe e filhos - reúne-se diante do túmulo de Chateaubriand, em Saint Malo, na Bretanha, norte da França. Há na tumba uma inscrição. A placa pede silêncio, para que se ouça apenas o mar e o vento, como queria o escritor ao desejar ser enterrado na ponta daquela ilha batida pelas ondas, em sua terra natal.

Por Luiz Zanin Oricchio

Como se vê, não se trata de uma família banal, embora as crianças brinquem e logo peçam para ir embora dali, "para não dormirem" com Chateaubriand. Pai e mãe são professores de Filosofia. Intelectuais, muito bem sucedidos, como se verá adiante. Ambos na meia-idade. Ela é Nathalie, vivida por Isabelle Huppert, em mais um grande desempenho no ano após seu incrível papel em Elle, de Paul Verhoeven. Aqui, atua sob a direção sensível de Mia Hansen-Love em O Que Está por Vir (L'Avenir).

Não sabemos do futuro e, quando tudo tem aparência tranquila, vem a tempestade. Ou quando tudo parece um inferno, encontra-se a paz. Dessa incerteza, e nela, vivemos, constatação que chega a ser acaciana. É o tema do filme. Tema eterno, ninguém há de negar, e sempre atual, por mais que a incerteza da vida tenha sido tratada em filmes, livros e conversas de bar por gerações seguidas.

Uma sinopse não faz justiça ao encanto desse filme que, se também é uma história de superação, em nada se parece com esses piedosos contos de fadas de Hollywood, que adora o tema, mas não gosta de expor suas arestas. Nathalie irá enfrentar mesmo muitas dificuldades mas, ao encará-las, se comporta como um ser humano normal, bem equipado culturalmente, porém tão frágil e tão forte como qualquer um de nós pode ser nas mesmas circunstâncias.

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A vida pode ser dura para as pessoas e, como estudiosa da Filosofia, Nathalie sabe melhor que ninguém que importam menos as cartas distribuídas pelo destino que a maneira de jogar de quem as recebe. De qualquer forma, ela não poderia prever a sucessão de encrencas por vir, em plena maturidade. Elas dizem respeito ao marido, Heinz (André Marcon), sua mãe depressiva Yvette (Edith Scob), os filhos, e um aluno tanto rebelde como sedutor, Fabien (Roman Kolinka).

Na verdade, não interessa tanto o que se conta, mas como se conta, e o que fica ao lado, nas margens, como a paisagem que se vê na viagem, da janela de um carro ou de um trem. Detalhes soltos, às vezes muito significativos. Com uma câmera de movimentos refinados, a diretora enquadra uma Isabelle Huppert sempre luminosa e capaz de reações surpreendentes. Há um solo fantástico, entre outros: apenas um instante quando, no interior de um ônibus, ela vê pelo vidro o marido acompanhado na rua, e passa do choro à gargalhada, sem transição. Sim, pois uma cena pode ser dramática e ridícula ao mesmo tempo, e tanto diretora como atriz exploram esses contrastes, contradições e suas nuances. Isso significa saber entender a vida.

No final, o que se vê é uma história terna e realista, relato de uma vida que de repente parece sem saída e sem sentido, e, quando menos se espera, encontra um jeito de se ressignificar, como dizem os filósofos. Ou seja, de descobrir novos sentidos e motivações, apenas mudando a forma de olhar e a perspectiva sobre as coisas. Sem qualquer pieguice ou concessão romântica, o filme nos conduz por esse terno e, para os homens, sempre misterioso mundo feminino - aqui tão bem interpretado por essa grande atriz.

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O que Está por Vir é um filme simples, e muito bem pensado. Um trabalho de detalhes, diálogos sutis e bem estruturados, sob direção de alguém que parece pouco preocupada em impressionar e se exibir. É uma história de libertação, porém sem as mistificações de hábito. A narrativa flui. E Isabelle Huppert, bem, ela é uma luz.

Como se vê, não se trata de uma família banal, embora as crianças brinquem e logo peçam para ir embora dali, "para não dormirem" com Chateaubriand. Pai e mãe são professores de Filosofia. Intelectuais, muito bem sucedidos, como se verá adiante. Ambos na meia-idade. Ela é Nathalie, vivida por Isabelle Huppert, em mais um grande desempenho no ano após seu incrível papel em Elle, de Paul Verhoeven. Aqui, atua sob a direção sensível de Mia Hansen-Love em O Que Está por Vir (L'Avenir).

Não sabemos do futuro e, quando tudo tem aparência tranquila, vem a tempestade. Ou quando tudo parece um inferno, encontra-se a paz. Dessa incerteza, e nela, vivemos, constatação que chega a ser acaciana. É o tema do filme. Tema eterno, ninguém há de negar, e sempre atual, por mais que a incerteza da vida tenha sido tratada em filmes, livros e conversas de bar por gerações seguidas.

Uma sinopse não faz justiça ao encanto desse filme que, se também é uma história de superação, em nada se parece com esses piedosos contos de fadas de Hollywood, que adora o tema, mas não gosta de expor suas arestas. Nathalie irá enfrentar mesmo muitas dificuldades mas, ao encará-las, se comporta como um ser humano normal, bem equipado culturalmente, porém tão frágil e tão forte como qualquer um de nós pode ser nas mesmas circunstâncias.

A vida pode ser dura para as pessoas e, como estudiosa da Filosofia, Nathalie sabe melhor que ninguém que importam menos as cartas distribuídas pelo destino que a maneira de jogar de quem as recebe. De qualquer forma, ela não poderia prever a sucessão de encrencas por vir, em plena maturidade. Elas dizem respeito ao marido, Heinz (André Marcon), sua mãe depressiva Yvette (Edith Scob), os filhos, e um aluno tanto rebelde como sedutor, Fabien (Roman Kolinka).

Na verdade, não interessa tanto o que se conta, mas como se conta, e o que fica ao lado, nas margens, como a paisagem que se vê na viagem, da janela de um carro ou de um trem. Detalhes soltos, às vezes muito significativos. Com uma câmera de movimentos refinados, a diretora enquadra uma Isabelle Huppert sempre luminosa e capaz de reações surpreendentes. Há um solo fantástico, entre outros: apenas um instante quando, no interior de um ônibus, ela vê pelo vidro o marido acompanhado na rua, e passa do choro à gargalhada, sem transição. Sim, pois uma cena pode ser dramática e ridícula ao mesmo tempo, e tanto diretora como atriz exploram esses contrastes, contradições e suas nuances. Isso significa saber entender a vida.

No final, o que se vê é uma história terna e realista, relato de uma vida que de repente parece sem saída e sem sentido, e, quando menos se espera, encontra um jeito de se ressignificar, como dizem os filósofos. Ou seja, de descobrir novos sentidos e motivações, apenas mudando a forma de olhar e a perspectiva sobre as coisas. Sem qualquer pieguice ou concessão romântica, o filme nos conduz por esse terno e, para os homens, sempre misterioso mundo feminino - aqui tão bem interpretado por essa grande atriz.

O que Está por Vir é um filme simples, e muito bem pensado. Um trabalho de detalhes, diálogos sutis e bem estruturados, sob direção de alguém que parece pouco preocupada em impressionar e se exibir. É uma história de libertação, porém sem as mistificações de hábito. A narrativa flui. E Isabelle Huppert, bem, ela é uma luz.

Como se vê, não se trata de uma família banal, embora as crianças brinquem e logo peçam para ir embora dali, "para não dormirem" com Chateaubriand. Pai e mãe são professores de Filosofia. Intelectuais, muito bem sucedidos, como se verá adiante. Ambos na meia-idade. Ela é Nathalie, vivida por Isabelle Huppert, em mais um grande desempenho no ano após seu incrível papel em Elle, de Paul Verhoeven. Aqui, atua sob a direção sensível de Mia Hansen-Love em O Que Está por Vir (L'Avenir).

Não sabemos do futuro e, quando tudo tem aparência tranquila, vem a tempestade. Ou quando tudo parece um inferno, encontra-se a paz. Dessa incerteza, e nela, vivemos, constatação que chega a ser acaciana. É o tema do filme. Tema eterno, ninguém há de negar, e sempre atual, por mais que a incerteza da vida tenha sido tratada em filmes, livros e conversas de bar por gerações seguidas.

Uma sinopse não faz justiça ao encanto desse filme que, se também é uma história de superação, em nada se parece com esses piedosos contos de fadas de Hollywood, que adora o tema, mas não gosta de expor suas arestas. Nathalie irá enfrentar mesmo muitas dificuldades mas, ao encará-las, se comporta como um ser humano normal, bem equipado culturalmente, porém tão frágil e tão forte como qualquer um de nós pode ser nas mesmas circunstâncias.

A vida pode ser dura para as pessoas e, como estudiosa da Filosofia, Nathalie sabe melhor que ninguém que importam menos as cartas distribuídas pelo destino que a maneira de jogar de quem as recebe. De qualquer forma, ela não poderia prever a sucessão de encrencas por vir, em plena maturidade. Elas dizem respeito ao marido, Heinz (André Marcon), sua mãe depressiva Yvette (Edith Scob), os filhos, e um aluno tanto rebelde como sedutor, Fabien (Roman Kolinka).

Na verdade, não interessa tanto o que se conta, mas como se conta, e o que fica ao lado, nas margens, como a paisagem que se vê na viagem, da janela de um carro ou de um trem. Detalhes soltos, às vezes muito significativos. Com uma câmera de movimentos refinados, a diretora enquadra uma Isabelle Huppert sempre luminosa e capaz de reações surpreendentes. Há um solo fantástico, entre outros: apenas um instante quando, no interior de um ônibus, ela vê pelo vidro o marido acompanhado na rua, e passa do choro à gargalhada, sem transição. Sim, pois uma cena pode ser dramática e ridícula ao mesmo tempo, e tanto diretora como atriz exploram esses contrastes, contradições e suas nuances. Isso significa saber entender a vida.

No final, o que se vê é uma história terna e realista, relato de uma vida que de repente parece sem saída e sem sentido, e, quando menos se espera, encontra um jeito de se ressignificar, como dizem os filósofos. Ou seja, de descobrir novos sentidos e motivações, apenas mudando a forma de olhar e a perspectiva sobre as coisas. Sem qualquer pieguice ou concessão romântica, o filme nos conduz por esse terno e, para os homens, sempre misterioso mundo feminino - aqui tão bem interpretado por essa grande atriz.

O que Está por Vir é um filme simples, e muito bem pensado. Um trabalho de detalhes, diálogos sutis e bem estruturados, sob direção de alguém que parece pouco preocupada em impressionar e se exibir. É uma história de libertação, porém sem as mistificações de hábito. A narrativa flui. E Isabelle Huppert, bem, ela é uma luz.

Como se vê, não se trata de uma família banal, embora as crianças brinquem e logo peçam para ir embora dali, "para não dormirem" com Chateaubriand. Pai e mãe são professores de Filosofia. Intelectuais, muito bem sucedidos, como se verá adiante. Ambos na meia-idade. Ela é Nathalie, vivida por Isabelle Huppert, em mais um grande desempenho no ano após seu incrível papel em Elle, de Paul Verhoeven. Aqui, atua sob a direção sensível de Mia Hansen-Love em O Que Está por Vir (L'Avenir).

Não sabemos do futuro e, quando tudo tem aparência tranquila, vem a tempestade. Ou quando tudo parece um inferno, encontra-se a paz. Dessa incerteza, e nela, vivemos, constatação que chega a ser acaciana. É o tema do filme. Tema eterno, ninguém há de negar, e sempre atual, por mais que a incerteza da vida tenha sido tratada em filmes, livros e conversas de bar por gerações seguidas.

Uma sinopse não faz justiça ao encanto desse filme que, se também é uma história de superação, em nada se parece com esses piedosos contos de fadas de Hollywood, que adora o tema, mas não gosta de expor suas arestas. Nathalie irá enfrentar mesmo muitas dificuldades mas, ao encará-las, se comporta como um ser humano normal, bem equipado culturalmente, porém tão frágil e tão forte como qualquer um de nós pode ser nas mesmas circunstâncias.

A vida pode ser dura para as pessoas e, como estudiosa da Filosofia, Nathalie sabe melhor que ninguém que importam menos as cartas distribuídas pelo destino que a maneira de jogar de quem as recebe. De qualquer forma, ela não poderia prever a sucessão de encrencas por vir, em plena maturidade. Elas dizem respeito ao marido, Heinz (André Marcon), sua mãe depressiva Yvette (Edith Scob), os filhos, e um aluno tanto rebelde como sedutor, Fabien (Roman Kolinka).

Na verdade, não interessa tanto o que se conta, mas como se conta, e o que fica ao lado, nas margens, como a paisagem que se vê na viagem, da janela de um carro ou de um trem. Detalhes soltos, às vezes muito significativos. Com uma câmera de movimentos refinados, a diretora enquadra uma Isabelle Huppert sempre luminosa e capaz de reações surpreendentes. Há um solo fantástico, entre outros: apenas um instante quando, no interior de um ônibus, ela vê pelo vidro o marido acompanhado na rua, e passa do choro à gargalhada, sem transição. Sim, pois uma cena pode ser dramática e ridícula ao mesmo tempo, e tanto diretora como atriz exploram esses contrastes, contradições e suas nuances. Isso significa saber entender a vida.

No final, o que se vê é uma história terna e realista, relato de uma vida que de repente parece sem saída e sem sentido, e, quando menos se espera, encontra um jeito de se ressignificar, como dizem os filósofos. Ou seja, de descobrir novos sentidos e motivações, apenas mudando a forma de olhar e a perspectiva sobre as coisas. Sem qualquer pieguice ou concessão romântica, o filme nos conduz por esse terno e, para os homens, sempre misterioso mundo feminino - aqui tão bem interpretado por essa grande atriz.

O que Está por Vir é um filme simples, e muito bem pensado. Um trabalho de detalhes, diálogos sutis e bem estruturados, sob direção de alguém que parece pouco preocupada em impressionar e se exibir. É uma história de libertação, porém sem as mistificações de hábito. A narrativa flui. E Isabelle Huppert, bem, ela é uma luz.

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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