Cinema, cultura & afins

Opinião|Sobel e nós


Por Luiz Zanin Oricchio

Achei muito rica a discussão do post anterior e me permito tirar algumas conclusões. Existe um inegável sentimento de regozijo quando celebridades, ou pessoas bastante conhecidas como o rabino, pisam na bola. É como se algumas pessoas se satisfizessem ao constatar que todo mundo é igual e no fundo ninguém presta. Não digo que seja um sentimento generalizado, mas, pelo menos, ele é bastante difundido e, como tal, encontrou expressão neste blog sob a forma de piadinhas e ironias relacionadas a um fato catastrófico para o personagem em questão. Somos no fundo um pouco sádicos, não é? Em especial quando comentamos livremente, escondidos atrás de pseudônimos.

Entendo também que uma pessoa deva ser avaliada pela totalidade da sua história, e não por um ato isolado. Por isso contrapus ao rótulo "o rabino que furta gravatas" a atuação de Sobel durante a ditadura militar. Mas quem se satisfaz com o clichê recente entende que a contextualização de uma vida significa desculpar o furto em Palm Beach, o que não é o caso. Ou seja, o blog é condenado, pois estaria disposto a tirar o pão da boca de quem já se dispunha a julgar e condenar. Julgar e condenar moralmente os outros sendo hoje uma espécie de hobby nacional. A classe média brasileira sente-se um modelo único de operosidade e retidão moral, e julga com o afinco implacável de um Torquemada tropical.

Outros comentários trazem nas entrelinhas a marca de um também pouco disfarçado anti-semitismo. Confesso-me desiludido, ma non troppo. Amigos judeus me garantem que existe anti-semitismo no Brasil, mas eu relutava em acreditar, como reluto em acreditar quando amigos negros me dizem que existe racismo. Enfim, devemos nos prevenir quando falam da tal da "democracia racial" brasileira. Ela é mais uma aspiração da parte civilizada da população do que um fato comprovado e inquestionável.

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Por fim, e para falar de civilidade: ela existe, e comparece no blog sob a forma de pontos luminosos que brotam da escuridão. Toda nossa luta deve consistir em fazer avançar essa parcela de civilidade enquanto a barbárie recua. Pode soar quixotesco, mas é assim que entendo o trabalho cultural. Bom domingo a todos, sem distinções.

Achei muito rica a discussão do post anterior e me permito tirar algumas conclusões. Existe um inegável sentimento de regozijo quando celebridades, ou pessoas bastante conhecidas como o rabino, pisam na bola. É como se algumas pessoas se satisfizessem ao constatar que todo mundo é igual e no fundo ninguém presta. Não digo que seja um sentimento generalizado, mas, pelo menos, ele é bastante difundido e, como tal, encontrou expressão neste blog sob a forma de piadinhas e ironias relacionadas a um fato catastrófico para o personagem em questão. Somos no fundo um pouco sádicos, não é? Em especial quando comentamos livremente, escondidos atrás de pseudônimos.

Entendo também que uma pessoa deva ser avaliada pela totalidade da sua história, e não por um ato isolado. Por isso contrapus ao rótulo "o rabino que furta gravatas" a atuação de Sobel durante a ditadura militar. Mas quem se satisfaz com o clichê recente entende que a contextualização de uma vida significa desculpar o furto em Palm Beach, o que não é o caso. Ou seja, o blog é condenado, pois estaria disposto a tirar o pão da boca de quem já se dispunha a julgar e condenar. Julgar e condenar moralmente os outros sendo hoje uma espécie de hobby nacional. A classe média brasileira sente-se um modelo único de operosidade e retidão moral, e julga com o afinco implacável de um Torquemada tropical.

Outros comentários trazem nas entrelinhas a marca de um também pouco disfarçado anti-semitismo. Confesso-me desiludido, ma non troppo. Amigos judeus me garantem que existe anti-semitismo no Brasil, mas eu relutava em acreditar, como reluto em acreditar quando amigos negros me dizem que existe racismo. Enfim, devemos nos prevenir quando falam da tal da "democracia racial" brasileira. Ela é mais uma aspiração da parte civilizada da população do que um fato comprovado e inquestionável.

Por fim, e para falar de civilidade: ela existe, e comparece no blog sob a forma de pontos luminosos que brotam da escuridão. Toda nossa luta deve consistir em fazer avançar essa parcela de civilidade enquanto a barbárie recua. Pode soar quixotesco, mas é assim que entendo o trabalho cultural. Bom domingo a todos, sem distinções.

Achei muito rica a discussão do post anterior e me permito tirar algumas conclusões. Existe um inegável sentimento de regozijo quando celebridades, ou pessoas bastante conhecidas como o rabino, pisam na bola. É como se algumas pessoas se satisfizessem ao constatar que todo mundo é igual e no fundo ninguém presta. Não digo que seja um sentimento generalizado, mas, pelo menos, ele é bastante difundido e, como tal, encontrou expressão neste blog sob a forma de piadinhas e ironias relacionadas a um fato catastrófico para o personagem em questão. Somos no fundo um pouco sádicos, não é? Em especial quando comentamos livremente, escondidos atrás de pseudônimos.

Entendo também que uma pessoa deva ser avaliada pela totalidade da sua história, e não por um ato isolado. Por isso contrapus ao rótulo "o rabino que furta gravatas" a atuação de Sobel durante a ditadura militar. Mas quem se satisfaz com o clichê recente entende que a contextualização de uma vida significa desculpar o furto em Palm Beach, o que não é o caso. Ou seja, o blog é condenado, pois estaria disposto a tirar o pão da boca de quem já se dispunha a julgar e condenar. Julgar e condenar moralmente os outros sendo hoje uma espécie de hobby nacional. A classe média brasileira sente-se um modelo único de operosidade e retidão moral, e julga com o afinco implacável de um Torquemada tropical.

Outros comentários trazem nas entrelinhas a marca de um também pouco disfarçado anti-semitismo. Confesso-me desiludido, ma non troppo. Amigos judeus me garantem que existe anti-semitismo no Brasil, mas eu relutava em acreditar, como reluto em acreditar quando amigos negros me dizem que existe racismo. Enfim, devemos nos prevenir quando falam da tal da "democracia racial" brasileira. Ela é mais uma aspiração da parte civilizada da população do que um fato comprovado e inquestionável.

Por fim, e para falar de civilidade: ela existe, e comparece no blog sob a forma de pontos luminosos que brotam da escuridão. Toda nossa luta deve consistir em fazer avançar essa parcela de civilidade enquanto a barbárie recua. Pode soar quixotesco, mas é assim que entendo o trabalho cultural. Bom domingo a todos, sem distinções.

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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