Cinema, cultura & afins

Opinião|'Tire Cinco Cartas' mescla comédia, romance e espiritualismo


Por Luiz Zanin Oricchio
 

Tire cinco cartas, do diretor Diego Freitas, tenta livrar a cara do cinema brasileiro nesta sua fase agônica (menos de 1% dos ingressos vendidos no país). É uma comédia e, como se sabe, as comédias costumam ser as maiores bilheterias do cinema nacional. Ou costumavam ser, antes da pandemia. Com a morte de Paulo Gustavo (de Covid), responsável por imensas bilheterias com sua personagem de dona Hermínia, inspirada na mãe, o cinema de grande público ficou órfão. 

Mais: parece que boa parte do público se desacostumou de ir ao cinema. Este se tornou, de uns anos prá cá, um entretenimento caro (se pensarmos em termos de entretenimento). A popularização do streaming durante a crise sanitária da Covid fez o resto do serviço. 

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Enfim, Tire Cinco Cartas tenta restabelecer esse filão a partir de uma história que, em princípio, pode ser interessante. Lilia Cabral interpreta Fátima, a taróloga picareta que vive no Rio de Janeiro ao lado do marido (Stepan Nercessian), um cover de Sidney Magal. Ela é maranhense e foi viver no Rio tentando realizar o sonho de ser cantora. Não rolou. Encontrou nas cartas um modo de sobreviver. Mas vai voltar a São Luis atrás de uma herança. Reencontra uma meia irmã com a qual tem um relacionamento conturbado. E um acidente de percurso irá mudar seu destino. 

Aliás, dois. Um tem a ver com o encontro fortuito com uma dupla de assaltantes de pedras preciosas (Joias estão em alta na atividade criminal do país). O outro, é algo que se passa com o marido. Mas, deixemos de spoilers. 

O filme tem algumas qualidades. Não é gritado, como a maioria das comédias nacionais, o que já é um adianto. Faz uma imersão interessante nas classes populares da capital maranhense e revela seus laços de afeto. Ri com elas e não delas. É debochado na medida, porém não evita um certo número de clichês. Desdobra-se na tentativa de encontrar seu público pela multiplicidade de caminhos. É como um daqueles antibióticos de largo espectro, que tentam combater as bactérias por atacado. 

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Aqui, além de debochar um pouco das relações familiares, investe em fantasias românticas-espiritualistas de tipo Ghost e Dona Flor e seus Dois Maridos, mas sem o excesso de romantismo de um e nem a veia corrosiva do outro. Ambos foram grandes sucessos de público, em outro tempo. De romantismo light, desbocado na medida, Tire Cinco Cartas acaba sendo um pouco conservador no desfecho, por certo de olho no conservadorismo estrutural do povo brasileiro, que aceita mudanças desde que não pisem em seu jardim, como dizia um personagem de André Gide. 

Tanto ecletismo e vontade de agradar às vezes perde o foco e cansa. Falta brilho e invenção para ser de fato uma comédia eficaz. Falta ousadia, no fundo, mas essa é mercadoria rara nesta época dominada pelo politicamente correto. E o medo de desagradar algum grupo, que irá retaliar nas redes sociais, cancelar, esculachar e etc? 

No entanto, há Lilia Cabral, que enche a tela com seu talento e beleza. A interpretação dela é quase cool, sem deixar de ser divertida. Vale o filme. Agora, se essa opção pela mistura de gêneros vai conseguir romper a indiferença do público, é outra questão. A bilheteria do fim de semana responderá. 

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Tire cinco cartas, do diretor Diego Freitas, tenta livrar a cara do cinema brasileiro nesta sua fase agônica (menos de 1% dos ingressos vendidos no país). É uma comédia e, como se sabe, as comédias costumam ser as maiores bilheterias do cinema nacional. Ou costumavam ser, antes da pandemia. Com a morte de Paulo Gustavo (de Covid), responsável por imensas bilheterias com sua personagem de dona Hermínia, inspirada na mãe, o cinema de grande público ficou órfão. 

Mais: parece que boa parte do público se desacostumou de ir ao cinema. Este se tornou, de uns anos prá cá, um entretenimento caro (se pensarmos em termos de entretenimento). A popularização do streaming durante a crise sanitária da Covid fez o resto do serviço. 

Enfim, Tire Cinco Cartas tenta restabelecer esse filão a partir de uma história que, em princípio, pode ser interessante. Lilia Cabral interpreta Fátima, a taróloga picareta que vive no Rio de Janeiro ao lado do marido (Stepan Nercessian), um cover de Sidney Magal. Ela é maranhense e foi viver no Rio tentando realizar o sonho de ser cantora. Não rolou. Encontrou nas cartas um modo de sobreviver. Mas vai voltar a São Luis atrás de uma herança. Reencontra uma meia irmã com a qual tem um relacionamento conturbado. E um acidente de percurso irá mudar seu destino. 

Aliás, dois. Um tem a ver com o encontro fortuito com uma dupla de assaltantes de pedras preciosas (Joias estão em alta na atividade criminal do país). O outro, é algo que se passa com o marido. Mas, deixemos de spoilers. 

O filme tem algumas qualidades. Não é gritado, como a maioria das comédias nacionais, o que já é um adianto. Faz uma imersão interessante nas classes populares da capital maranhense e revela seus laços de afeto. Ri com elas e não delas. É debochado na medida, porém não evita um certo número de clichês. Desdobra-se na tentativa de encontrar seu público pela multiplicidade de caminhos. É como um daqueles antibióticos de largo espectro, que tentam combater as bactérias por atacado. 

Aqui, além de debochar um pouco das relações familiares, investe em fantasias românticas-espiritualistas de tipo Ghost e Dona Flor e seus Dois Maridos, mas sem o excesso de romantismo de um e nem a veia corrosiva do outro. Ambos foram grandes sucessos de público, em outro tempo. De romantismo light, desbocado na medida, Tire Cinco Cartas acaba sendo um pouco conservador no desfecho, por certo de olho no conservadorismo estrutural do povo brasileiro, que aceita mudanças desde que não pisem em seu jardim, como dizia um personagem de André Gide. 

Tanto ecletismo e vontade de agradar às vezes perde o foco e cansa. Falta brilho e invenção para ser de fato uma comédia eficaz. Falta ousadia, no fundo, mas essa é mercadoria rara nesta época dominada pelo politicamente correto. E o medo de desagradar algum grupo, que irá retaliar nas redes sociais, cancelar, esculachar e etc? 

No entanto, há Lilia Cabral, que enche a tela com seu talento e beleza. A interpretação dela é quase cool, sem deixar de ser divertida. Vale o filme. Agora, se essa opção pela mistura de gêneros vai conseguir romper a indiferença do público, é outra questão. A bilheteria do fim de semana responderá. 

 

 

Tire cinco cartas, do diretor Diego Freitas, tenta livrar a cara do cinema brasileiro nesta sua fase agônica (menos de 1% dos ingressos vendidos no país). É uma comédia e, como se sabe, as comédias costumam ser as maiores bilheterias do cinema nacional. Ou costumavam ser, antes da pandemia. Com a morte de Paulo Gustavo (de Covid), responsável por imensas bilheterias com sua personagem de dona Hermínia, inspirada na mãe, o cinema de grande público ficou órfão. 

Mais: parece que boa parte do público se desacostumou de ir ao cinema. Este se tornou, de uns anos prá cá, um entretenimento caro (se pensarmos em termos de entretenimento). A popularização do streaming durante a crise sanitária da Covid fez o resto do serviço. 

Enfim, Tire Cinco Cartas tenta restabelecer esse filão a partir de uma história que, em princípio, pode ser interessante. Lilia Cabral interpreta Fátima, a taróloga picareta que vive no Rio de Janeiro ao lado do marido (Stepan Nercessian), um cover de Sidney Magal. Ela é maranhense e foi viver no Rio tentando realizar o sonho de ser cantora. Não rolou. Encontrou nas cartas um modo de sobreviver. Mas vai voltar a São Luis atrás de uma herança. Reencontra uma meia irmã com a qual tem um relacionamento conturbado. E um acidente de percurso irá mudar seu destino. 

Aliás, dois. Um tem a ver com o encontro fortuito com uma dupla de assaltantes de pedras preciosas (Joias estão em alta na atividade criminal do país). O outro, é algo que se passa com o marido. Mas, deixemos de spoilers. 

O filme tem algumas qualidades. Não é gritado, como a maioria das comédias nacionais, o que já é um adianto. Faz uma imersão interessante nas classes populares da capital maranhense e revela seus laços de afeto. Ri com elas e não delas. É debochado na medida, porém não evita um certo número de clichês. Desdobra-se na tentativa de encontrar seu público pela multiplicidade de caminhos. É como um daqueles antibióticos de largo espectro, que tentam combater as bactérias por atacado. 

Aqui, além de debochar um pouco das relações familiares, investe em fantasias românticas-espiritualistas de tipo Ghost e Dona Flor e seus Dois Maridos, mas sem o excesso de romantismo de um e nem a veia corrosiva do outro. Ambos foram grandes sucessos de público, em outro tempo. De romantismo light, desbocado na medida, Tire Cinco Cartas acaba sendo um pouco conservador no desfecho, por certo de olho no conservadorismo estrutural do povo brasileiro, que aceita mudanças desde que não pisem em seu jardim, como dizia um personagem de André Gide. 

Tanto ecletismo e vontade de agradar às vezes perde o foco e cansa. Falta brilho e invenção para ser de fato uma comédia eficaz. Falta ousadia, no fundo, mas essa é mercadoria rara nesta época dominada pelo politicamente correto. E o medo de desagradar algum grupo, que irá retaliar nas redes sociais, cancelar, esculachar e etc? 

No entanto, há Lilia Cabral, que enche a tela com seu talento e beleza. A interpretação dela é quase cool, sem deixar de ser divertida. Vale o filme. Agora, se essa opção pela mistura de gêneros vai conseguir romper a indiferença do público, é outra questão. A bilheteria do fim de semana responderá. 

 

 

Tire cinco cartas, do diretor Diego Freitas, tenta livrar a cara do cinema brasileiro nesta sua fase agônica (menos de 1% dos ingressos vendidos no país). É uma comédia e, como se sabe, as comédias costumam ser as maiores bilheterias do cinema nacional. Ou costumavam ser, antes da pandemia. Com a morte de Paulo Gustavo (de Covid), responsável por imensas bilheterias com sua personagem de dona Hermínia, inspirada na mãe, o cinema de grande público ficou órfão. 

Mais: parece que boa parte do público se desacostumou de ir ao cinema. Este se tornou, de uns anos prá cá, um entretenimento caro (se pensarmos em termos de entretenimento). A popularização do streaming durante a crise sanitária da Covid fez o resto do serviço. 

Enfim, Tire Cinco Cartas tenta restabelecer esse filão a partir de uma história que, em princípio, pode ser interessante. Lilia Cabral interpreta Fátima, a taróloga picareta que vive no Rio de Janeiro ao lado do marido (Stepan Nercessian), um cover de Sidney Magal. Ela é maranhense e foi viver no Rio tentando realizar o sonho de ser cantora. Não rolou. Encontrou nas cartas um modo de sobreviver. Mas vai voltar a São Luis atrás de uma herança. Reencontra uma meia irmã com a qual tem um relacionamento conturbado. E um acidente de percurso irá mudar seu destino. 

Aliás, dois. Um tem a ver com o encontro fortuito com uma dupla de assaltantes de pedras preciosas (Joias estão em alta na atividade criminal do país). O outro, é algo que se passa com o marido. Mas, deixemos de spoilers. 

O filme tem algumas qualidades. Não é gritado, como a maioria das comédias nacionais, o que já é um adianto. Faz uma imersão interessante nas classes populares da capital maranhense e revela seus laços de afeto. Ri com elas e não delas. É debochado na medida, porém não evita um certo número de clichês. Desdobra-se na tentativa de encontrar seu público pela multiplicidade de caminhos. É como um daqueles antibióticos de largo espectro, que tentam combater as bactérias por atacado. 

Aqui, além de debochar um pouco das relações familiares, investe em fantasias românticas-espiritualistas de tipo Ghost e Dona Flor e seus Dois Maridos, mas sem o excesso de romantismo de um e nem a veia corrosiva do outro. Ambos foram grandes sucessos de público, em outro tempo. De romantismo light, desbocado na medida, Tire Cinco Cartas acaba sendo um pouco conservador no desfecho, por certo de olho no conservadorismo estrutural do povo brasileiro, que aceita mudanças desde que não pisem em seu jardim, como dizia um personagem de André Gide. 

Tanto ecletismo e vontade de agradar às vezes perde o foco e cansa. Falta brilho e invenção para ser de fato uma comédia eficaz. Falta ousadia, no fundo, mas essa é mercadoria rara nesta época dominada pelo politicamente correto. E o medo de desagradar algum grupo, que irá retaliar nas redes sociais, cancelar, esculachar e etc? 

No entanto, há Lilia Cabral, que enche a tela com seu talento e beleza. A interpretação dela é quase cool, sem deixar de ser divertida. Vale o filme. Agora, se essa opção pela mistura de gêneros vai conseguir romper a indiferença do público, é outra questão. A bilheteria do fim de semana responderá. 

 

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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