Chabrol sempre trabalhou muito. Já tinha vários filmes no currículo quando fez este Trágica Separação, em 1970. Basicamente, é a história de uma mãe, Hélène (Stéphane Audran) que protege seu filho do marido desequilibrado. Acontece que o rapaz vem de uma família rica, que deseja a guarda da criança e tudo fará para obtê-la. Tudo, mesmo.
Bem, Chabrol é um refinado observador dos estratos ditos superiores da sociedade. Sempre foi e esse gosto o acompanhou ao longo da vida - um dos seus últimos filmes é A Comédia do Poder (L'Ivresse du Pouvoir), exatamente sobre essa temática. Em Trágica Separação, Chabrol investiga essa concepção de que os meios não importam, e sim os fins, com a grande agudeza de percepção que sempre o caracterizou. Stéphane Audran, sua mulher, está soberba como a sofrida e corajosa Hélène.
(Caderno 2)