Pequenas neuroses contemporâneas

Opinião|Celebridades entram na mira de ambientalistas por causa de suas pegadas de carbono


O europeu que realmente está preocupado com o planeta trocou o avião pelo trem ou busão. Nós, como os americanos, nem trouxemos o debate para o balcão

Por Marcelo Rubens Paiva
Atualização:

Você sabe o valor do seu rastro de carbono? Se viaja de avião, saiba que algumas companhias aéreas informam na passagem o quanto se gasta para atravessar os sete mares, de norte a sul. Uma amiga convidou um advogado francês para um congresso no Brasil. Pagariam passagem executiva num voo direto. Ouviu uma resposta inusitada:

– Não posso, já atingi o limite do meu rastro de carbono.

Viagens de avião são grandes responsáveis pela pegada de carbono de celebridades e pessoas mais ricas, alguns resolveram o problema comprando rastros de carbono, outros vendendo seus aviões. Foto: Epitácio Pessoa/Estadão/Arquivo
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A invenção de Santos Dumont, que detratores americanos creditam a dois irmãos que fabricavam bicicletas, é hoje uma grande inimiga (ou responsável) da crise climática (que antes falávamos “aquecimento global”).

O europeu que realmente está preocupado com o planeta trocou o avião pelo trem ou busão. Nós, como os americanos, nem trouxemos o debate para o balcão. Ao contrário: aqui se fazem acordos para baratear passagens aéreas. Também, o País que tinha mais de 38 mil quilômetros de ferrovias em 1960 estatizou a malha ferroviária, dando um fim nela.

Nas cidades da Europa, bicicleta é o principal modal hoje, e o carro, se não puder abrir mão dele, tem de ser pequeno, ou os impostos sobem como uma punição. Nos EUA, o modal preferido é a caminhonete. No Brasil, temos fetiche pelo SUV, o transporte público é insuficiente e poucos podem ir de bike ao trabalho.

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Um 4 x 4 e os SUVs emitem mais gases do que um carro comum, pois são mais pesados (logo, consomem mais) e poluem mais; crossover, sucesso de vendas, transporta apenas um passageiro; no cálculo emissão por passageiro, comparado a um avião, o fetiche torna-se um problemão.

A Airbus saiu na frente e anunciou que desenvolve avião movido a hidrogênio líquido. A empresa afirma que já existem 63 aeroportos, em dez países, que são capazes de abastecer as novidades com o hidrogênio produzido por energia renovável (solar e eólica), cujos eletrodos separam a água.

Ao mesmo tempo, celebridades estão na mira de ambientalistas. Aplicativos detectam as estripulias aéreas e viagens nababescas de seus jatinhos, como o TheAirTraffic, criado por um estudante de 21 anos, que calcula o rastro de carbono deles. Taylor Swift foi pega gastando demais e saiu em defesa própria anunciando que compra fundos de crédito de carbono. Elon Musk teve sua cota divulgada e, como sempre, não deu bola. Zuckerberg cancelou o Face e o Insta do camarada que espiona Taylor.

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Outros estão na mira do radar. Bernard Arnault, atual homem mais rico do planeta, CEO da LVMH (Louis Vuitton, Christian Dior), já vendeu o seu. Preocupado com o planeta? Que nada. Aluga aviões em nome da privacidade. Eu ando de Chrysler Tower Country. Uma van! Onde se compra fundo de carbono.

Você sabe o valor do seu rastro de carbono? Se viaja de avião, saiba que algumas companhias aéreas informam na passagem o quanto se gasta para atravessar os sete mares, de norte a sul. Uma amiga convidou um advogado francês para um congresso no Brasil. Pagariam passagem executiva num voo direto. Ouviu uma resposta inusitada:

– Não posso, já atingi o limite do meu rastro de carbono.

Viagens de avião são grandes responsáveis pela pegada de carbono de celebridades e pessoas mais ricas, alguns resolveram o problema comprando rastros de carbono, outros vendendo seus aviões. Foto: Epitácio Pessoa/Estadão/Arquivo

A invenção de Santos Dumont, que detratores americanos creditam a dois irmãos que fabricavam bicicletas, é hoje uma grande inimiga (ou responsável) da crise climática (que antes falávamos “aquecimento global”).

O europeu que realmente está preocupado com o planeta trocou o avião pelo trem ou busão. Nós, como os americanos, nem trouxemos o debate para o balcão. Ao contrário: aqui se fazem acordos para baratear passagens aéreas. Também, o País que tinha mais de 38 mil quilômetros de ferrovias em 1960 estatizou a malha ferroviária, dando um fim nela.

Nas cidades da Europa, bicicleta é o principal modal hoje, e o carro, se não puder abrir mão dele, tem de ser pequeno, ou os impostos sobem como uma punição. Nos EUA, o modal preferido é a caminhonete. No Brasil, temos fetiche pelo SUV, o transporte público é insuficiente e poucos podem ir de bike ao trabalho.

Um 4 x 4 e os SUVs emitem mais gases do que um carro comum, pois são mais pesados (logo, consomem mais) e poluem mais; crossover, sucesso de vendas, transporta apenas um passageiro; no cálculo emissão por passageiro, comparado a um avião, o fetiche torna-se um problemão.

A Airbus saiu na frente e anunciou que desenvolve avião movido a hidrogênio líquido. A empresa afirma que já existem 63 aeroportos, em dez países, que são capazes de abastecer as novidades com o hidrogênio produzido por energia renovável (solar e eólica), cujos eletrodos separam a água.

Ao mesmo tempo, celebridades estão na mira de ambientalistas. Aplicativos detectam as estripulias aéreas e viagens nababescas de seus jatinhos, como o TheAirTraffic, criado por um estudante de 21 anos, que calcula o rastro de carbono deles. Taylor Swift foi pega gastando demais e saiu em defesa própria anunciando que compra fundos de crédito de carbono. Elon Musk teve sua cota divulgada e, como sempre, não deu bola. Zuckerberg cancelou o Face e o Insta do camarada que espiona Taylor.

Outros estão na mira do radar. Bernard Arnault, atual homem mais rico do planeta, CEO da LVMH (Louis Vuitton, Christian Dior), já vendeu o seu. Preocupado com o planeta? Que nada. Aluga aviões em nome da privacidade. Eu ando de Chrysler Tower Country. Uma van! Onde se compra fundo de carbono.

Você sabe o valor do seu rastro de carbono? Se viaja de avião, saiba que algumas companhias aéreas informam na passagem o quanto se gasta para atravessar os sete mares, de norte a sul. Uma amiga convidou um advogado francês para um congresso no Brasil. Pagariam passagem executiva num voo direto. Ouviu uma resposta inusitada:

– Não posso, já atingi o limite do meu rastro de carbono.

Viagens de avião são grandes responsáveis pela pegada de carbono de celebridades e pessoas mais ricas, alguns resolveram o problema comprando rastros de carbono, outros vendendo seus aviões. Foto: Epitácio Pessoa/Estadão/Arquivo

A invenção de Santos Dumont, que detratores americanos creditam a dois irmãos que fabricavam bicicletas, é hoje uma grande inimiga (ou responsável) da crise climática (que antes falávamos “aquecimento global”).

O europeu que realmente está preocupado com o planeta trocou o avião pelo trem ou busão. Nós, como os americanos, nem trouxemos o debate para o balcão. Ao contrário: aqui se fazem acordos para baratear passagens aéreas. Também, o País que tinha mais de 38 mil quilômetros de ferrovias em 1960 estatizou a malha ferroviária, dando um fim nela.

Nas cidades da Europa, bicicleta é o principal modal hoje, e o carro, se não puder abrir mão dele, tem de ser pequeno, ou os impostos sobem como uma punição. Nos EUA, o modal preferido é a caminhonete. No Brasil, temos fetiche pelo SUV, o transporte público é insuficiente e poucos podem ir de bike ao trabalho.

Um 4 x 4 e os SUVs emitem mais gases do que um carro comum, pois são mais pesados (logo, consomem mais) e poluem mais; crossover, sucesso de vendas, transporta apenas um passageiro; no cálculo emissão por passageiro, comparado a um avião, o fetiche torna-se um problemão.

A Airbus saiu na frente e anunciou que desenvolve avião movido a hidrogênio líquido. A empresa afirma que já existem 63 aeroportos, em dez países, que são capazes de abastecer as novidades com o hidrogênio produzido por energia renovável (solar e eólica), cujos eletrodos separam a água.

Ao mesmo tempo, celebridades estão na mira de ambientalistas. Aplicativos detectam as estripulias aéreas e viagens nababescas de seus jatinhos, como o TheAirTraffic, criado por um estudante de 21 anos, que calcula o rastro de carbono deles. Taylor Swift foi pega gastando demais e saiu em defesa própria anunciando que compra fundos de crédito de carbono. Elon Musk teve sua cota divulgada e, como sempre, não deu bola. Zuckerberg cancelou o Face e o Insta do camarada que espiona Taylor.

Outros estão na mira do radar. Bernard Arnault, atual homem mais rico do planeta, CEO da LVMH (Louis Vuitton, Christian Dior), já vendeu o seu. Preocupado com o planeta? Que nada. Aluga aviões em nome da privacidade. Eu ando de Chrysler Tower Country. Uma van! Onde se compra fundo de carbono.

Você sabe o valor do seu rastro de carbono? Se viaja de avião, saiba que algumas companhias aéreas informam na passagem o quanto se gasta para atravessar os sete mares, de norte a sul. Uma amiga convidou um advogado francês para um congresso no Brasil. Pagariam passagem executiva num voo direto. Ouviu uma resposta inusitada:

– Não posso, já atingi o limite do meu rastro de carbono.

Viagens de avião são grandes responsáveis pela pegada de carbono de celebridades e pessoas mais ricas, alguns resolveram o problema comprando rastros de carbono, outros vendendo seus aviões. Foto: Epitácio Pessoa/Estadão/Arquivo

A invenção de Santos Dumont, que detratores americanos creditam a dois irmãos que fabricavam bicicletas, é hoje uma grande inimiga (ou responsável) da crise climática (que antes falávamos “aquecimento global”).

O europeu que realmente está preocupado com o planeta trocou o avião pelo trem ou busão. Nós, como os americanos, nem trouxemos o debate para o balcão. Ao contrário: aqui se fazem acordos para baratear passagens aéreas. Também, o País que tinha mais de 38 mil quilômetros de ferrovias em 1960 estatizou a malha ferroviária, dando um fim nela.

Nas cidades da Europa, bicicleta é o principal modal hoje, e o carro, se não puder abrir mão dele, tem de ser pequeno, ou os impostos sobem como uma punição. Nos EUA, o modal preferido é a caminhonete. No Brasil, temos fetiche pelo SUV, o transporte público é insuficiente e poucos podem ir de bike ao trabalho.

Um 4 x 4 e os SUVs emitem mais gases do que um carro comum, pois são mais pesados (logo, consomem mais) e poluem mais; crossover, sucesso de vendas, transporta apenas um passageiro; no cálculo emissão por passageiro, comparado a um avião, o fetiche torna-se um problemão.

A Airbus saiu na frente e anunciou que desenvolve avião movido a hidrogênio líquido. A empresa afirma que já existem 63 aeroportos, em dez países, que são capazes de abastecer as novidades com o hidrogênio produzido por energia renovável (solar e eólica), cujos eletrodos separam a água.

Ao mesmo tempo, celebridades estão na mira de ambientalistas. Aplicativos detectam as estripulias aéreas e viagens nababescas de seus jatinhos, como o TheAirTraffic, criado por um estudante de 21 anos, que calcula o rastro de carbono deles. Taylor Swift foi pega gastando demais e saiu em defesa própria anunciando que compra fundos de crédito de carbono. Elon Musk teve sua cota divulgada e, como sempre, não deu bola. Zuckerberg cancelou o Face e o Insta do camarada que espiona Taylor.

Outros estão na mira do radar. Bernard Arnault, atual homem mais rico do planeta, CEO da LVMH (Louis Vuitton, Christian Dior), já vendeu o seu. Preocupado com o planeta? Que nada. Aluga aviões em nome da privacidade. Eu ando de Chrysler Tower Country. Uma van! Onde se compra fundo de carbono.

Opinião por Marcelo Rubens Paiva

É escritor, dramaturgo e autor de 'Feliz Ano Velho', entre outros

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