Pequenas neuroses contemporâneas

Opinião|Há 40 anos nascia o Opinião


Por Marcelo Rubens Paiva

 

 

 

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Exatamente no dia 6 de novembro de 1972, há 40 anos, foi para as bancas o jornal OPINIÃO, em formato tabloide, quase sem anúncios, cria do jornalista e empresário FERNANDO GASPARIAN.

Enquanto o PASQUIM, quando conseguia ir para as bancas, satirizava a ditadura brasileira, as transformações de um País conservador, o contraste entre o Brasil urbano e agrário, o OPINIÃO abriu colunas para discutir os rumos do regime autoritário.

Fez o pessoal do CEBRAP arregaçar as mangas e escrever numa linguagem jornalística.

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Empregou uma geração de repórteres que já atuava desde a revista REALIDADE.

Imprimiu um novo modelo de imprensa que priorizava furar o bloqueio da censura, a chamada "imprensa alternativa" ou "nanica", fundamental para a ruptura do regime e a queda dele anos depois.

Era lido e passava de mão em mão.

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Nasceram dele O MOVIMENTO [1975], EM TEMPO [1977], BEIJO [1978].

O OPINIÃO, que saía semanalmente, conseguiu a façanha de representar os jornais LE MONDE e THE GUARDIAN no Brasil.

No primeiro ano, sua tiragem chegou perto da revista Veja. Escreviam nele, entre outros:

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Raimundo Pereira, Antonio Candido, Antonio Callado, Fernando Henrique Cardoso, Francisco Weffort, Paul Singer, Darcy Ribeiro, Celso Furtado, Otto Maria Carpeaux, Hélio Jaguaribe, Paulo Francis, Lauro de Oliveira Lima, Jean-Claude Bernadet, Millôr Fernandes, Oscar Niemeyer, Júlio Cesar Montenegro, Marcos Gomes, Antonio Carlos Ferreira, Bernardo Kucinski.

Raimundo Pereira, seu editor chefe, e que depois fundou O MOVIMENTO, disse em entrevista a Carlos Azevedo:

"Opinião, até o número 24, foi de 28 mil pra perto de 38 mil exemplares vendidos. Veja estava vendendo pouco mais de 40 mil nas bancas, e Visão, nas bancas, vendia perto de 10 mil. A redação do Opinião chegou a ser uma das maiores do País, em termos de esforços mobilizados a favor dela. Fora do País, era um negócio maior ainda: tinha o Robert Kennedy mandando entrevistas, tinha essas grandes publicações estrangeiras cedendo direitos pro Opinião só porque o Opinião resistia à censura."

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A maior parte dos textos era censurada [vinha com uma tarja preta].

O boneco do jornal tinha que ser enviado a Brasília, de onde vinha a ordem do que deveria ser censurado.

No penúltimo número, em abril de 1977, numa rebelião contra a ditadura, o jornal anunciou que o próximo não seria mais enviado a Brasília para avaliação da censura e iria para as bancas como foi editado.

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O regime o recolheu nas bancas. Foi seu último número.

Foi por causa do Opinião que os militares tiveram de reconhecer que havia censura prévia no País; o advogado Adauto Lucio Cardoso ganhou o processo que Gasparian moveu contra o Governo na época.

Parabéns aos sobreviventes, obrigado por resistirem, e um brinde aos que se foram, heróis que lutaram contra uma ditadura nada branda.

Especialmente ao meu segundo pai, FERNANDO GASPARIAN.

 

 

 

Exatamente no dia 6 de novembro de 1972, há 40 anos, foi para as bancas o jornal OPINIÃO, em formato tabloide, quase sem anúncios, cria do jornalista e empresário FERNANDO GASPARIAN.

Enquanto o PASQUIM, quando conseguia ir para as bancas, satirizava a ditadura brasileira, as transformações de um País conservador, o contraste entre o Brasil urbano e agrário, o OPINIÃO abriu colunas para discutir os rumos do regime autoritário.

Fez o pessoal do CEBRAP arregaçar as mangas e escrever numa linguagem jornalística.

Empregou uma geração de repórteres que já atuava desde a revista REALIDADE.

Imprimiu um novo modelo de imprensa que priorizava furar o bloqueio da censura, a chamada "imprensa alternativa" ou "nanica", fundamental para a ruptura do regime e a queda dele anos depois.

Era lido e passava de mão em mão.

Nasceram dele O MOVIMENTO [1975], EM TEMPO [1977], BEIJO [1978].

O OPINIÃO, que saía semanalmente, conseguiu a façanha de representar os jornais LE MONDE e THE GUARDIAN no Brasil.

No primeiro ano, sua tiragem chegou perto da revista Veja. Escreviam nele, entre outros:

Raimundo Pereira, Antonio Candido, Antonio Callado, Fernando Henrique Cardoso, Francisco Weffort, Paul Singer, Darcy Ribeiro, Celso Furtado, Otto Maria Carpeaux, Hélio Jaguaribe, Paulo Francis, Lauro de Oliveira Lima, Jean-Claude Bernadet, Millôr Fernandes, Oscar Niemeyer, Júlio Cesar Montenegro, Marcos Gomes, Antonio Carlos Ferreira, Bernardo Kucinski.

Raimundo Pereira, seu editor chefe, e que depois fundou O MOVIMENTO, disse em entrevista a Carlos Azevedo:

"Opinião, até o número 24, foi de 28 mil pra perto de 38 mil exemplares vendidos. Veja estava vendendo pouco mais de 40 mil nas bancas, e Visão, nas bancas, vendia perto de 10 mil. A redação do Opinião chegou a ser uma das maiores do País, em termos de esforços mobilizados a favor dela. Fora do País, era um negócio maior ainda: tinha o Robert Kennedy mandando entrevistas, tinha essas grandes publicações estrangeiras cedendo direitos pro Opinião só porque o Opinião resistia à censura."

A maior parte dos textos era censurada [vinha com uma tarja preta].

O boneco do jornal tinha que ser enviado a Brasília, de onde vinha a ordem do que deveria ser censurado.

No penúltimo número, em abril de 1977, numa rebelião contra a ditadura, o jornal anunciou que o próximo não seria mais enviado a Brasília para avaliação da censura e iria para as bancas como foi editado.

O regime o recolheu nas bancas. Foi seu último número.

Foi por causa do Opinião que os militares tiveram de reconhecer que havia censura prévia no País; o advogado Adauto Lucio Cardoso ganhou o processo que Gasparian moveu contra o Governo na época.

Parabéns aos sobreviventes, obrigado por resistirem, e um brinde aos que se foram, heróis que lutaram contra uma ditadura nada branda.

Especialmente ao meu segundo pai, FERNANDO GASPARIAN.

 

 

 

Exatamente no dia 6 de novembro de 1972, há 40 anos, foi para as bancas o jornal OPINIÃO, em formato tabloide, quase sem anúncios, cria do jornalista e empresário FERNANDO GASPARIAN.

Enquanto o PASQUIM, quando conseguia ir para as bancas, satirizava a ditadura brasileira, as transformações de um País conservador, o contraste entre o Brasil urbano e agrário, o OPINIÃO abriu colunas para discutir os rumos do regime autoritário.

Fez o pessoal do CEBRAP arregaçar as mangas e escrever numa linguagem jornalística.

Empregou uma geração de repórteres que já atuava desde a revista REALIDADE.

Imprimiu um novo modelo de imprensa que priorizava furar o bloqueio da censura, a chamada "imprensa alternativa" ou "nanica", fundamental para a ruptura do regime e a queda dele anos depois.

Era lido e passava de mão em mão.

Nasceram dele O MOVIMENTO [1975], EM TEMPO [1977], BEIJO [1978].

O OPINIÃO, que saía semanalmente, conseguiu a façanha de representar os jornais LE MONDE e THE GUARDIAN no Brasil.

No primeiro ano, sua tiragem chegou perto da revista Veja. Escreviam nele, entre outros:

Raimundo Pereira, Antonio Candido, Antonio Callado, Fernando Henrique Cardoso, Francisco Weffort, Paul Singer, Darcy Ribeiro, Celso Furtado, Otto Maria Carpeaux, Hélio Jaguaribe, Paulo Francis, Lauro de Oliveira Lima, Jean-Claude Bernadet, Millôr Fernandes, Oscar Niemeyer, Júlio Cesar Montenegro, Marcos Gomes, Antonio Carlos Ferreira, Bernardo Kucinski.

Raimundo Pereira, seu editor chefe, e que depois fundou O MOVIMENTO, disse em entrevista a Carlos Azevedo:

"Opinião, até o número 24, foi de 28 mil pra perto de 38 mil exemplares vendidos. Veja estava vendendo pouco mais de 40 mil nas bancas, e Visão, nas bancas, vendia perto de 10 mil. A redação do Opinião chegou a ser uma das maiores do País, em termos de esforços mobilizados a favor dela. Fora do País, era um negócio maior ainda: tinha o Robert Kennedy mandando entrevistas, tinha essas grandes publicações estrangeiras cedendo direitos pro Opinião só porque o Opinião resistia à censura."

A maior parte dos textos era censurada [vinha com uma tarja preta].

O boneco do jornal tinha que ser enviado a Brasília, de onde vinha a ordem do que deveria ser censurado.

No penúltimo número, em abril de 1977, numa rebelião contra a ditadura, o jornal anunciou que o próximo não seria mais enviado a Brasília para avaliação da censura e iria para as bancas como foi editado.

O regime o recolheu nas bancas. Foi seu último número.

Foi por causa do Opinião que os militares tiveram de reconhecer que havia censura prévia no País; o advogado Adauto Lucio Cardoso ganhou o processo que Gasparian moveu contra o Governo na época.

Parabéns aos sobreviventes, obrigado por resistirem, e um brinde aos que se foram, heróis que lutaram contra uma ditadura nada branda.

Especialmente ao meu segundo pai, FERNANDO GASPARIAN.

Opinião por Marcelo Rubens Paiva

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