O que faz de uma livraria uma livraria excepcional? O que ela precisa ter para entrar naquelas listas de lugares que precisamos conhecer antes de morrer?
Quando a jornalista e roteirista americana Elizabeth Stamp se propôs a escrever o livro 150 Bookstores You Need to Visit Before You Die, publicado este ano pela belga Lannoo Publishers e infelizmente ainda inédito em português, ela partiu de um lista e se perguntou, basicamente, se aqueles eram lugares aos quais ela gostaria de ir. Mas logo achou o critério simplório. Afinal, ela sempre adorou ir a livrarias e diz que elas são espaços mágicos. Então, claro que gostaria de conhecer cada uma delas. Teve de pensar em outros pontos, e as 150 que selecionou, no fim das contas, são locais que se destacam, entre outras coisas, por sua arquitetura, pelo acervo especializado ou pelo impacto em sua comunidade.
Há uma brasileira na lista: a Travessa de Ipanema. Elizabeth escreve que apesar de a rede ter crescido, ela mantém sua presença numa vizinhança elegante desde 2002. Ela descreve a loja como “adorável” e diz que a decoração lhe dá um “ar vintage”.
Se você costuma viajar, e é adepto do turismo literário, vai encontrar endereços tradicionais como a El Ateneo, em Buenos Aires, a Shakespeare and Company, em Paris, e a Lello, no Porto. E provavelmente não vai encontrar aquela livraria que é especial para você. Nenhuma lista é unânime.
Mas é interessante ver esse “mapa” de livrarias que, por motivos variados, fazem a diferença – aqui, no Quênia, em Cuba, na Islândia, no Irã, no Japão, em Israel, na Austrália ou na Itália.
Em Veneza, a Libreria Acqua Alta se destaca por ser tomada por livros – guardados até em banheira e em gôndola. Só é preciso cuidar para não se distrair e cair no canal.
De Zurique, na Suíça, conhecemos a Never Stop Reading, que funciona numa construção que já foi um açougue – as paredes foram preservadas. Numa área rural da China, chama a atenção a arquitetura da Yanjiyou Capsule Bookstore, que conta até com um hotel.
A obra dedica uma página a cada loja, e ilustra com uma foto. Há negócios tradicionais e novidades, como a Cheche Books, uma livraria independente, pan-africana e feminista inaugurada em pleno 2020, em Nairóbi, com o propósito de tornar mais acessíveis os livros de autores da diáspora africana.
Mesmo que a gente não vá nunca visitar esses lugares, fica o convite para um passeio por eles pelas páginas do livro. Mas fica, sobretudo, o apelo pela valorização das livrarias independentes e de rua - para que elas continuem existindo.
150 Bookstores You Need to Visit Before You Die
- Autora: Elizabeth Stamp
- Editora: Lannoo Publishers (256 págs.; R$ 278, importado; é possível ler um trecho em inglês)