Coluna quinzenal da jornalista Maria Fernanda Rodrigues com dicas de leitura

Opinião|A arte da escrita: Joan Didion investiga seu processo criativo em ‘Vou te Dizer o que Penso’


Último livro publicado em vida pela escritora americana traz 12 ensaios sobre temas variados, mas, sobretudo, sobre escrita e literatura

Por Maria Fernanda Rodrigues
Atualização:

Última obra publicada em vida por Joan Didion (1934-2021), lançada nos EUA no ano de sua morte e no Brasil no mês passado, Vou Te Dizer o Que Penso traz 12 ótimos ensaios até então inéditos em livro. Neles, a autora de O Ano do Pensamento Mágico e de Rastejando Até Belém mistura sua visão jornalística sobre os fatos que retrata, seu olhar particular acerca do mundo e da vida e histórias pessoais.

Os textos foram escritos entre 1968 e 2000 e tratam de temas como sua participação no encontro anual de sobreviventes de diferentes guerras, os Águias Gritantes, que confraternizam enquanto o filho de um deles está desaparecido no Vietnã e os dos outros brincam pelo salão. E também de Nancy Regan ou Martha Stewart e de jornalismo. Os mais interessantes abordam a arte da escrita – e o caminho que ela percorreu para transformar uma ideia, uma frase ou “uma imagem que brilha”, em boa literatura.

Em Por Que Escrevo, ela assume que tem este único “tema” – o ato de escrever – e fala da gênese de uma história e dos bastidores do processo. E investiga o que move um escritor. “Se eu tivesse sido abençoada com uma vida de acesso, ainda que limitado, à minha própria mente, não teria havido motivo para escrever. Escrevo exclusivamente para descobrir o que estou pensando, o que estou observando, o que vejo e o que isso significa. O que eu quero e o que eu temo”, lemos. Ela prossegue contando como surgiram alguns de seus livros, e, mesmo que você não conheça as obras, é muito interessante seguir esses passos. Didion finaliza esse texto de 1976 dizendo: “Vou contar a vocês uma coisa a respeito de por que escritores escrevem: seu eu soubesse a resposta para algumas dessas perguntas, eu nunca teria precisado escrever um romance”.

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Em Contar Histórias, de 1978, ela volta ao outono de 1954, aos seus 19 anos e às primeiras aulas de escrita que provocavam um misto de “animação aguda e pavor”. Passa por sua experiência com o conto e fala de um em particular, que lhe ensinou muito, foi recusado por todas as publicações mais respeitadas dos EUA (“negativo demais”, “não oferecemos aos leitores esse tipo de sentimento”) e sem o qual ela não teria escrito seu segundo romance.

Didion relembra o começo na faculdade, o trabalho na Vogue. Cita García Márquez e amigos. Escreve sobre livros inacabados e cartas publicados postumamente a despeito do desejo do autor – e aqui, em Últimas Palavras, evoca Hemingway. Um texto bonito sobre respeito. Um livro bonito sobre respeito aos processos internos a partir dos quais nascem respostas para as questões mais essenciais – e histórias.

Livro reúne, principalmente, textos do início da carreira de Joan Didion Foto: Jil lWellington/Pixabay/Banco de Imagens
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Vou te Dizer o que Penso

Autora: Joan Didion

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Trad. Mariana Delfini

Editora: HarperCollins Brasil (144 págs.; R$ 59,90; R$ 39,90 o e-book)

Última obra publicada em vida por Joan Didion (1934-2021), lançada nos EUA no ano de sua morte e no Brasil no mês passado, Vou Te Dizer o Que Penso traz 12 ótimos ensaios até então inéditos em livro. Neles, a autora de O Ano do Pensamento Mágico e de Rastejando Até Belém mistura sua visão jornalística sobre os fatos que retrata, seu olhar particular acerca do mundo e da vida e histórias pessoais.

Os textos foram escritos entre 1968 e 2000 e tratam de temas como sua participação no encontro anual de sobreviventes de diferentes guerras, os Águias Gritantes, que confraternizam enquanto o filho de um deles está desaparecido no Vietnã e os dos outros brincam pelo salão. E também de Nancy Regan ou Martha Stewart e de jornalismo. Os mais interessantes abordam a arte da escrita – e o caminho que ela percorreu para transformar uma ideia, uma frase ou “uma imagem que brilha”, em boa literatura.

Em Por Que Escrevo, ela assume que tem este único “tema” – o ato de escrever – e fala da gênese de uma história e dos bastidores do processo. E investiga o que move um escritor. “Se eu tivesse sido abençoada com uma vida de acesso, ainda que limitado, à minha própria mente, não teria havido motivo para escrever. Escrevo exclusivamente para descobrir o que estou pensando, o que estou observando, o que vejo e o que isso significa. O que eu quero e o que eu temo”, lemos. Ela prossegue contando como surgiram alguns de seus livros, e, mesmo que você não conheça as obras, é muito interessante seguir esses passos. Didion finaliza esse texto de 1976 dizendo: “Vou contar a vocês uma coisa a respeito de por que escritores escrevem: seu eu soubesse a resposta para algumas dessas perguntas, eu nunca teria precisado escrever um romance”.

Em Contar Histórias, de 1978, ela volta ao outono de 1954, aos seus 19 anos e às primeiras aulas de escrita que provocavam um misto de “animação aguda e pavor”. Passa por sua experiência com o conto e fala de um em particular, que lhe ensinou muito, foi recusado por todas as publicações mais respeitadas dos EUA (“negativo demais”, “não oferecemos aos leitores esse tipo de sentimento”) e sem o qual ela não teria escrito seu segundo romance.

Didion relembra o começo na faculdade, o trabalho na Vogue. Cita García Márquez e amigos. Escreve sobre livros inacabados e cartas publicados postumamente a despeito do desejo do autor – e aqui, em Últimas Palavras, evoca Hemingway. Um texto bonito sobre respeito. Um livro bonito sobre respeito aos processos internos a partir dos quais nascem respostas para as questões mais essenciais – e histórias.

Livro reúne, principalmente, textos do início da carreira de Joan Didion Foto: Jil lWellington/Pixabay/Banco de Imagens

Vou te Dizer o que Penso

Autora: Joan Didion

Trad. Mariana Delfini

Editora: HarperCollins Brasil (144 págs.; R$ 59,90; R$ 39,90 o e-book)

Última obra publicada em vida por Joan Didion (1934-2021), lançada nos EUA no ano de sua morte e no Brasil no mês passado, Vou Te Dizer o Que Penso traz 12 ótimos ensaios até então inéditos em livro. Neles, a autora de O Ano do Pensamento Mágico e de Rastejando Até Belém mistura sua visão jornalística sobre os fatos que retrata, seu olhar particular acerca do mundo e da vida e histórias pessoais.

Os textos foram escritos entre 1968 e 2000 e tratam de temas como sua participação no encontro anual de sobreviventes de diferentes guerras, os Águias Gritantes, que confraternizam enquanto o filho de um deles está desaparecido no Vietnã e os dos outros brincam pelo salão. E também de Nancy Regan ou Martha Stewart e de jornalismo. Os mais interessantes abordam a arte da escrita – e o caminho que ela percorreu para transformar uma ideia, uma frase ou “uma imagem que brilha”, em boa literatura.

Em Por Que Escrevo, ela assume que tem este único “tema” – o ato de escrever – e fala da gênese de uma história e dos bastidores do processo. E investiga o que move um escritor. “Se eu tivesse sido abençoada com uma vida de acesso, ainda que limitado, à minha própria mente, não teria havido motivo para escrever. Escrevo exclusivamente para descobrir o que estou pensando, o que estou observando, o que vejo e o que isso significa. O que eu quero e o que eu temo”, lemos. Ela prossegue contando como surgiram alguns de seus livros, e, mesmo que você não conheça as obras, é muito interessante seguir esses passos. Didion finaliza esse texto de 1976 dizendo: “Vou contar a vocês uma coisa a respeito de por que escritores escrevem: seu eu soubesse a resposta para algumas dessas perguntas, eu nunca teria precisado escrever um romance”.

Em Contar Histórias, de 1978, ela volta ao outono de 1954, aos seus 19 anos e às primeiras aulas de escrita que provocavam um misto de “animação aguda e pavor”. Passa por sua experiência com o conto e fala de um em particular, que lhe ensinou muito, foi recusado por todas as publicações mais respeitadas dos EUA (“negativo demais”, “não oferecemos aos leitores esse tipo de sentimento”) e sem o qual ela não teria escrito seu segundo romance.

Didion relembra o começo na faculdade, o trabalho na Vogue. Cita García Márquez e amigos. Escreve sobre livros inacabados e cartas publicados postumamente a despeito do desejo do autor – e aqui, em Últimas Palavras, evoca Hemingway. Um texto bonito sobre respeito. Um livro bonito sobre respeito aos processos internos a partir dos quais nascem respostas para as questões mais essenciais – e histórias.

Livro reúne, principalmente, textos do início da carreira de Joan Didion Foto: Jil lWellington/Pixabay/Banco de Imagens

Vou te Dizer o que Penso

Autora: Joan Didion

Trad. Mariana Delfini

Editora: HarperCollins Brasil (144 págs.; R$ 59,90; R$ 39,90 o e-book)

Última obra publicada em vida por Joan Didion (1934-2021), lançada nos EUA no ano de sua morte e no Brasil no mês passado, Vou Te Dizer o Que Penso traz 12 ótimos ensaios até então inéditos em livro. Neles, a autora de O Ano do Pensamento Mágico e de Rastejando Até Belém mistura sua visão jornalística sobre os fatos que retrata, seu olhar particular acerca do mundo e da vida e histórias pessoais.

Os textos foram escritos entre 1968 e 2000 e tratam de temas como sua participação no encontro anual de sobreviventes de diferentes guerras, os Águias Gritantes, que confraternizam enquanto o filho de um deles está desaparecido no Vietnã e os dos outros brincam pelo salão. E também de Nancy Regan ou Martha Stewart e de jornalismo. Os mais interessantes abordam a arte da escrita – e o caminho que ela percorreu para transformar uma ideia, uma frase ou “uma imagem que brilha”, em boa literatura.

Em Por Que Escrevo, ela assume que tem este único “tema” – o ato de escrever – e fala da gênese de uma história e dos bastidores do processo. E investiga o que move um escritor. “Se eu tivesse sido abençoada com uma vida de acesso, ainda que limitado, à minha própria mente, não teria havido motivo para escrever. Escrevo exclusivamente para descobrir o que estou pensando, o que estou observando, o que vejo e o que isso significa. O que eu quero e o que eu temo”, lemos. Ela prossegue contando como surgiram alguns de seus livros, e, mesmo que você não conheça as obras, é muito interessante seguir esses passos. Didion finaliza esse texto de 1976 dizendo: “Vou contar a vocês uma coisa a respeito de por que escritores escrevem: seu eu soubesse a resposta para algumas dessas perguntas, eu nunca teria precisado escrever um romance”.

Em Contar Histórias, de 1978, ela volta ao outono de 1954, aos seus 19 anos e às primeiras aulas de escrita que provocavam um misto de “animação aguda e pavor”. Passa por sua experiência com o conto e fala de um em particular, que lhe ensinou muito, foi recusado por todas as publicações mais respeitadas dos EUA (“negativo demais”, “não oferecemos aos leitores esse tipo de sentimento”) e sem o qual ela não teria escrito seu segundo romance.

Didion relembra o começo na faculdade, o trabalho na Vogue. Cita García Márquez e amigos. Escreve sobre livros inacabados e cartas publicados postumamente a despeito do desejo do autor – e aqui, em Últimas Palavras, evoca Hemingway. Um texto bonito sobre respeito. Um livro bonito sobre respeito aos processos internos a partir dos quais nascem respostas para as questões mais essenciais – e histórias.

Livro reúne, principalmente, textos do início da carreira de Joan Didion Foto: Jil lWellington/Pixabay/Banco de Imagens

Vou te Dizer o que Penso

Autora: Joan Didion

Trad. Mariana Delfini

Editora: HarperCollins Brasil (144 págs.; R$ 59,90; R$ 39,90 o e-book)

Última obra publicada em vida por Joan Didion (1934-2021), lançada nos EUA no ano de sua morte e no Brasil no mês passado, Vou Te Dizer o Que Penso traz 12 ótimos ensaios até então inéditos em livro. Neles, a autora de O Ano do Pensamento Mágico e de Rastejando Até Belém mistura sua visão jornalística sobre os fatos que retrata, seu olhar particular acerca do mundo e da vida e histórias pessoais.

Os textos foram escritos entre 1968 e 2000 e tratam de temas como sua participação no encontro anual de sobreviventes de diferentes guerras, os Águias Gritantes, que confraternizam enquanto o filho de um deles está desaparecido no Vietnã e os dos outros brincam pelo salão. E também de Nancy Regan ou Martha Stewart e de jornalismo. Os mais interessantes abordam a arte da escrita – e o caminho que ela percorreu para transformar uma ideia, uma frase ou “uma imagem que brilha”, em boa literatura.

Em Por Que Escrevo, ela assume que tem este único “tema” – o ato de escrever – e fala da gênese de uma história e dos bastidores do processo. E investiga o que move um escritor. “Se eu tivesse sido abençoada com uma vida de acesso, ainda que limitado, à minha própria mente, não teria havido motivo para escrever. Escrevo exclusivamente para descobrir o que estou pensando, o que estou observando, o que vejo e o que isso significa. O que eu quero e o que eu temo”, lemos. Ela prossegue contando como surgiram alguns de seus livros, e, mesmo que você não conheça as obras, é muito interessante seguir esses passos. Didion finaliza esse texto de 1976 dizendo: “Vou contar a vocês uma coisa a respeito de por que escritores escrevem: seu eu soubesse a resposta para algumas dessas perguntas, eu nunca teria precisado escrever um romance”.

Em Contar Histórias, de 1978, ela volta ao outono de 1954, aos seus 19 anos e às primeiras aulas de escrita que provocavam um misto de “animação aguda e pavor”. Passa por sua experiência com o conto e fala de um em particular, que lhe ensinou muito, foi recusado por todas as publicações mais respeitadas dos EUA (“negativo demais”, “não oferecemos aos leitores esse tipo de sentimento”) e sem o qual ela não teria escrito seu segundo romance.

Didion relembra o começo na faculdade, o trabalho na Vogue. Cita García Márquez e amigos. Escreve sobre livros inacabados e cartas publicados postumamente a despeito do desejo do autor – e aqui, em Últimas Palavras, evoca Hemingway. Um texto bonito sobre respeito. Um livro bonito sobre respeito aos processos internos a partir dos quais nascem respostas para as questões mais essenciais – e histórias.

Livro reúne, principalmente, textos do início da carreira de Joan Didion Foto: Jil lWellington/Pixabay/Banco de Imagens

Vou te Dizer o que Penso

Autora: Joan Didion

Trad. Mariana Delfini

Editora: HarperCollins Brasil (144 págs.; R$ 59,90; R$ 39,90 o e-book)

Opinião por Maria Fernanda Rodrigues

Editora de Cultura e jornalista especializada em literatura e mercado editorial

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