Coluna quinzenal da jornalista Maria Fernanda Rodrigues com dicas de leitura

Opinião|A língua dos afetos: ‘O Filho Eterno’, um livro corajoso, emocionante e humano sobre tornar-se pai


Romance de Cristovão Tezza conta a construção da relação de um pai com o filho com síndrome de Down, história vivida pelo próprio escritor

Por Maria Fernanda Rodrigues
Atualização:

Leio o livro mais famoso de Cristovão Tezza agora, muitos anos depois do lançamento, em 2007, e de sua consagração em todos os prêmios literários de 2008. E depois de ter lido outros do autor. O Filho Eterno parece ser mesmo o grande livro de Tezza.

É preciso coragem para escrever o que o autor escreve neste romance. É ficção, e não é. “Ele expressa o que é abominável”, como Fabrício Carpinejar menciona em uma resenha publicada neste jornal anos atrás e reproduzida no final do livro, na fortuna crítica incluída nesta nova edição lançada nos 15 anos dos prêmios.

E o que ele escreve: a história de um jovem pai, aspirante a escritor, que vê a euforia do nascimento do primeiro filho, Felipe, como o primogênito do autor, se transformar em desespero, revolta, vergonha. O bebê tem síndrome de Down, como o Felipe de Tezza.

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O Filho Eterno retrata a relação de um pai com seu filho com síndrome de Down Foto: Carmen de Pokomandy/Pixabay/Banco de Imagens

Esta história remonta ao final de 1980, época em que se usavam termos como mongolismo e outros mais agressivos, e quando o diagnóstico era uma sentença de exclusão e prisão.

O homem, o narrador nos conta, tinha certeza de que seria um excelente pai, que faria de seu filho a arena de sua visão de mundo, que ele seria a prova definitiva de suas qualidades. “Uma criança é uma ideia de uma criança, e a ideia que ele tinha era muito boa”, lemos. E no entanto estava ele ali, raivoso, desejando a morte do garoto e sentindo-se incapaz de entender, aceitar e amar esta criança que nunca conseguiria desenvolver a linguagem, compreender uma metáfora e abstrair. “Se eu escrever um livro sobre ele, ou para ele, o pai pensa, ele jamais conseguirá lê-lo.”

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E levou mais de 20 anos para que o filho e a síndrome aparecessem na literatura do personagem e do autor. Reservado, ele relutou em falar sobre isso até com pessoas próximas. Mas ao transformar a vida em matéria de literatura, revela-se um autorretrato cruel, imperfeito, honesto. Humano. “O tempo presente é um tatear no escuro, o pai se desculpa”, já distante daquele começo.

Acompanhamos a construção dessa relação – o escritor tornando-se pai, o menino conquistando o lugar de filho.

Nesta jornada, ele revisita momentos-chave de sua trajetória e fala sobre suas inseguranças e a dificuldade de, ele também, amadurecer e evoluir. Fala sobre a arte como forma de expressão, para os dois. E sobre a compreensão de que a afetividade é o talento do filho, sua forma de comunicação. “Felipe abraça como alguém que se larga ao mundo de olhos fechados.” Todas as manhãs. Uma história aberta, feita de aprendizados diários, de angústia e sorrisos sinceros, sobre como chegar ao outro.

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Romance de Cristovão Tezza foi lançado em 2007 e ganha agora nova edição Foto: Editora R

O Filho Eterno

Autor: Cristovão Tezza

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Editora: Record (224 págs.; R$ 64,90; R$ 45,90 o e-book)

Leio o livro mais famoso de Cristovão Tezza agora, muitos anos depois do lançamento, em 2007, e de sua consagração em todos os prêmios literários de 2008. E depois de ter lido outros do autor. O Filho Eterno parece ser mesmo o grande livro de Tezza.

É preciso coragem para escrever o que o autor escreve neste romance. É ficção, e não é. “Ele expressa o que é abominável”, como Fabrício Carpinejar menciona em uma resenha publicada neste jornal anos atrás e reproduzida no final do livro, na fortuna crítica incluída nesta nova edição lançada nos 15 anos dos prêmios.

E o que ele escreve: a história de um jovem pai, aspirante a escritor, que vê a euforia do nascimento do primeiro filho, Felipe, como o primogênito do autor, se transformar em desespero, revolta, vergonha. O bebê tem síndrome de Down, como o Felipe de Tezza.

O Filho Eterno retrata a relação de um pai com seu filho com síndrome de Down Foto: Carmen de Pokomandy/Pixabay/Banco de Imagens

Esta história remonta ao final de 1980, época em que se usavam termos como mongolismo e outros mais agressivos, e quando o diagnóstico era uma sentença de exclusão e prisão.

O homem, o narrador nos conta, tinha certeza de que seria um excelente pai, que faria de seu filho a arena de sua visão de mundo, que ele seria a prova definitiva de suas qualidades. “Uma criança é uma ideia de uma criança, e a ideia que ele tinha era muito boa”, lemos. E no entanto estava ele ali, raivoso, desejando a morte do garoto e sentindo-se incapaz de entender, aceitar e amar esta criança que nunca conseguiria desenvolver a linguagem, compreender uma metáfora e abstrair. “Se eu escrever um livro sobre ele, ou para ele, o pai pensa, ele jamais conseguirá lê-lo.”

E levou mais de 20 anos para que o filho e a síndrome aparecessem na literatura do personagem e do autor. Reservado, ele relutou em falar sobre isso até com pessoas próximas. Mas ao transformar a vida em matéria de literatura, revela-se um autorretrato cruel, imperfeito, honesto. Humano. “O tempo presente é um tatear no escuro, o pai se desculpa”, já distante daquele começo.

Acompanhamos a construção dessa relação – o escritor tornando-se pai, o menino conquistando o lugar de filho.

Nesta jornada, ele revisita momentos-chave de sua trajetória e fala sobre suas inseguranças e a dificuldade de, ele também, amadurecer e evoluir. Fala sobre a arte como forma de expressão, para os dois. E sobre a compreensão de que a afetividade é o talento do filho, sua forma de comunicação. “Felipe abraça como alguém que se larga ao mundo de olhos fechados.” Todas as manhãs. Uma história aberta, feita de aprendizados diários, de angústia e sorrisos sinceros, sobre como chegar ao outro.

Romance de Cristovão Tezza foi lançado em 2007 e ganha agora nova edição Foto: Editora R

O Filho Eterno

Autor: Cristovão Tezza

Editora: Record (224 págs.; R$ 64,90; R$ 45,90 o e-book)

Leio o livro mais famoso de Cristovão Tezza agora, muitos anos depois do lançamento, em 2007, e de sua consagração em todos os prêmios literários de 2008. E depois de ter lido outros do autor. O Filho Eterno parece ser mesmo o grande livro de Tezza.

É preciso coragem para escrever o que o autor escreve neste romance. É ficção, e não é. “Ele expressa o que é abominável”, como Fabrício Carpinejar menciona em uma resenha publicada neste jornal anos atrás e reproduzida no final do livro, na fortuna crítica incluída nesta nova edição lançada nos 15 anos dos prêmios.

E o que ele escreve: a história de um jovem pai, aspirante a escritor, que vê a euforia do nascimento do primeiro filho, Felipe, como o primogênito do autor, se transformar em desespero, revolta, vergonha. O bebê tem síndrome de Down, como o Felipe de Tezza.

O Filho Eterno retrata a relação de um pai com seu filho com síndrome de Down Foto: Carmen de Pokomandy/Pixabay/Banco de Imagens

Esta história remonta ao final de 1980, época em que se usavam termos como mongolismo e outros mais agressivos, e quando o diagnóstico era uma sentença de exclusão e prisão.

O homem, o narrador nos conta, tinha certeza de que seria um excelente pai, que faria de seu filho a arena de sua visão de mundo, que ele seria a prova definitiva de suas qualidades. “Uma criança é uma ideia de uma criança, e a ideia que ele tinha era muito boa”, lemos. E no entanto estava ele ali, raivoso, desejando a morte do garoto e sentindo-se incapaz de entender, aceitar e amar esta criança que nunca conseguiria desenvolver a linguagem, compreender uma metáfora e abstrair. “Se eu escrever um livro sobre ele, ou para ele, o pai pensa, ele jamais conseguirá lê-lo.”

E levou mais de 20 anos para que o filho e a síndrome aparecessem na literatura do personagem e do autor. Reservado, ele relutou em falar sobre isso até com pessoas próximas. Mas ao transformar a vida em matéria de literatura, revela-se um autorretrato cruel, imperfeito, honesto. Humano. “O tempo presente é um tatear no escuro, o pai se desculpa”, já distante daquele começo.

Acompanhamos a construção dessa relação – o escritor tornando-se pai, o menino conquistando o lugar de filho.

Nesta jornada, ele revisita momentos-chave de sua trajetória e fala sobre suas inseguranças e a dificuldade de, ele também, amadurecer e evoluir. Fala sobre a arte como forma de expressão, para os dois. E sobre a compreensão de que a afetividade é o talento do filho, sua forma de comunicação. “Felipe abraça como alguém que se larga ao mundo de olhos fechados.” Todas as manhãs. Uma história aberta, feita de aprendizados diários, de angústia e sorrisos sinceros, sobre como chegar ao outro.

Romance de Cristovão Tezza foi lançado em 2007 e ganha agora nova edição Foto: Editora R

O Filho Eterno

Autor: Cristovão Tezza

Editora: Record (224 págs.; R$ 64,90; R$ 45,90 o e-book)

Leio o livro mais famoso de Cristovão Tezza agora, muitos anos depois do lançamento, em 2007, e de sua consagração em todos os prêmios literários de 2008. E depois de ter lido outros do autor. O Filho Eterno parece ser mesmo o grande livro de Tezza.

É preciso coragem para escrever o que o autor escreve neste romance. É ficção, e não é. “Ele expressa o que é abominável”, como Fabrício Carpinejar menciona em uma resenha publicada neste jornal anos atrás e reproduzida no final do livro, na fortuna crítica incluída nesta nova edição lançada nos 15 anos dos prêmios.

E o que ele escreve: a história de um jovem pai, aspirante a escritor, que vê a euforia do nascimento do primeiro filho, Felipe, como o primogênito do autor, se transformar em desespero, revolta, vergonha. O bebê tem síndrome de Down, como o Felipe de Tezza.

O Filho Eterno retrata a relação de um pai com seu filho com síndrome de Down Foto: Carmen de Pokomandy/Pixabay/Banco de Imagens

Esta história remonta ao final de 1980, época em que se usavam termos como mongolismo e outros mais agressivos, e quando o diagnóstico era uma sentença de exclusão e prisão.

O homem, o narrador nos conta, tinha certeza de que seria um excelente pai, que faria de seu filho a arena de sua visão de mundo, que ele seria a prova definitiva de suas qualidades. “Uma criança é uma ideia de uma criança, e a ideia que ele tinha era muito boa”, lemos. E no entanto estava ele ali, raivoso, desejando a morte do garoto e sentindo-se incapaz de entender, aceitar e amar esta criança que nunca conseguiria desenvolver a linguagem, compreender uma metáfora e abstrair. “Se eu escrever um livro sobre ele, ou para ele, o pai pensa, ele jamais conseguirá lê-lo.”

E levou mais de 20 anos para que o filho e a síndrome aparecessem na literatura do personagem e do autor. Reservado, ele relutou em falar sobre isso até com pessoas próximas. Mas ao transformar a vida em matéria de literatura, revela-se um autorretrato cruel, imperfeito, honesto. Humano. “O tempo presente é um tatear no escuro, o pai se desculpa”, já distante daquele começo.

Acompanhamos a construção dessa relação – o escritor tornando-se pai, o menino conquistando o lugar de filho.

Nesta jornada, ele revisita momentos-chave de sua trajetória e fala sobre suas inseguranças e a dificuldade de, ele também, amadurecer e evoluir. Fala sobre a arte como forma de expressão, para os dois. E sobre a compreensão de que a afetividade é o talento do filho, sua forma de comunicação. “Felipe abraça como alguém que se larga ao mundo de olhos fechados.” Todas as manhãs. Uma história aberta, feita de aprendizados diários, de angústia e sorrisos sinceros, sobre como chegar ao outro.

Romance de Cristovão Tezza foi lançado em 2007 e ganha agora nova edição Foto: Editora R

O Filho Eterno

Autor: Cristovão Tezza

Editora: Record (224 págs.; R$ 64,90; R$ 45,90 o e-book)

Opinião por Maria Fernanda Rodrigues

Editora de Cultura e jornalista especializada em literatura e mercado editorial

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