Coluna quinzenal da jornalista Maria Fernanda Rodrigues com dicas de leitura

Opinião|Como contar uma história


No romance ‘Um Crime Bárbaro’, Ieda Magri revisita o assassinato de uma criança na zona rural de Santa Catarina, onde ela cresceu, e reflete sobre a escrita desta história

Por 1 Livro Por Semana
Atualização:

Em 1981, uma menina de 13 anos, vivendo em uma região rural de Santa Catarina, sai da escola e não chega em casa. A mãe, preparando o almoço, pressente que algo aconteceu à filha quando todos os bifes da frigideira ficam prontos – menos um, que permanece cru. Ela sai correndo em busca da garota. Nesse momento, alguém já a encontrou, morta, mutilada, com a saia cobrindo o rosto, os dedos longe do corpo, os dentes fora da boca. O assassinato de Soeli Volcato é o ponto de partida do novo romance de Ieda Magri: Um Crime Bárbaro.

Seria melhor contar essa história em primeira ou terceira pessoa?, questiona a narradora, que também é escritora e professora universitária.

Ieda escolhe manter a distância e começa narrando a história de Maria. Quando ela tinha quatro anos, o pai para o Fusca diante da “cena do crime”. Daquele dia, ela guarda a impressão, uma frase da mãe e a imagem de um facão sujo de sangue.

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Mas logo sua estratégia narrativa muda. Maria, o segundo nome da autora, desaparece e ela assume a palavra. “Seria melhor dizer que quando eu ainda era uma criança estive numa cena de crime com meus pais. Na minha lembrança, passamos por ela por acaso, quando íamos visitar nossos avós”, lemos.

Cerca de 40 anos depois daquele dia, a narradora recebe a notícia de uma outra morte, violenta, repentina, e lembranças esquecidas sobre esse crime de sua infância voltam com tudo.

Mas que lembranças são essas? O que uma menina de quatro anos retém num momento como esse? Do que é feita essa memória? O que ela sabe, o que viu e ouviu e o que de fato era real? Escrever sobre esse crime nunca solucionado se torna urgente, e ela parte rumo à sua terra natal para uma investigação particular. Sabe, e ouve isso de diversas pessoas, que não se deve remexer no passado.

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Como pode um crime abominável, que tirou violentamente a vida de uma criança e destruiu sua família e que chocou toda uma comunidade não ter sido investigado à exaustão? O que aconteceu? Por que mataram uma criança? O que se escondeu sobre o caso quando ele aconteceu, e o que se esqueceu sobre ele? Acompanhamos essa busca por respostas, por fragmentos de memórias e pela verdade por trás do que se fixou como verdade.

Enquanto reflete sobre como avançar, preservando a si e aos personagens reais, e como contar essa história – que ganha uma triste atualidade com a morte de uma menina de 11 anos em Minas, no fim de semana – Ieda vai contando. E Um Crime Bárbaro se torna, assim, um romance sobre a escrita e seus processos. Isso é interessante. E o resultado é bonito.

Capa do livro Um Crime Bárbaro Foto: Editora Autêntica
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Um Crime Bárbaro

Autora: Ieda Magri

Editora: Autêntica Contemporânea (160 págs.; R$ 54,90; R$ 38,90 o e-book)

Em 1981, uma menina de 13 anos, vivendo em uma região rural de Santa Catarina, sai da escola e não chega em casa. A mãe, preparando o almoço, pressente que algo aconteceu à filha quando todos os bifes da frigideira ficam prontos – menos um, que permanece cru. Ela sai correndo em busca da garota. Nesse momento, alguém já a encontrou, morta, mutilada, com a saia cobrindo o rosto, os dedos longe do corpo, os dentes fora da boca. O assassinato de Soeli Volcato é o ponto de partida do novo romance de Ieda Magri: Um Crime Bárbaro.

Seria melhor contar essa história em primeira ou terceira pessoa?, questiona a narradora, que também é escritora e professora universitária.

Ieda escolhe manter a distância e começa narrando a história de Maria. Quando ela tinha quatro anos, o pai para o Fusca diante da “cena do crime”. Daquele dia, ela guarda a impressão, uma frase da mãe e a imagem de um facão sujo de sangue.

Mas logo sua estratégia narrativa muda. Maria, o segundo nome da autora, desaparece e ela assume a palavra. “Seria melhor dizer que quando eu ainda era uma criança estive numa cena de crime com meus pais. Na minha lembrança, passamos por ela por acaso, quando íamos visitar nossos avós”, lemos.

Cerca de 40 anos depois daquele dia, a narradora recebe a notícia de uma outra morte, violenta, repentina, e lembranças esquecidas sobre esse crime de sua infância voltam com tudo.

Mas que lembranças são essas? O que uma menina de quatro anos retém num momento como esse? Do que é feita essa memória? O que ela sabe, o que viu e ouviu e o que de fato era real? Escrever sobre esse crime nunca solucionado se torna urgente, e ela parte rumo à sua terra natal para uma investigação particular. Sabe, e ouve isso de diversas pessoas, que não se deve remexer no passado.

Como pode um crime abominável, que tirou violentamente a vida de uma criança e destruiu sua família e que chocou toda uma comunidade não ter sido investigado à exaustão? O que aconteceu? Por que mataram uma criança? O que se escondeu sobre o caso quando ele aconteceu, e o que se esqueceu sobre ele? Acompanhamos essa busca por respostas, por fragmentos de memórias e pela verdade por trás do que se fixou como verdade.

Enquanto reflete sobre como avançar, preservando a si e aos personagens reais, e como contar essa história – que ganha uma triste atualidade com a morte de uma menina de 11 anos em Minas, no fim de semana – Ieda vai contando. E Um Crime Bárbaro se torna, assim, um romance sobre a escrita e seus processos. Isso é interessante. E o resultado é bonito.

Capa do livro Um Crime Bárbaro Foto: Editora Autêntica

Um Crime Bárbaro

Autora: Ieda Magri

Editora: Autêntica Contemporânea (160 págs.; R$ 54,90; R$ 38,90 o e-book)

Em 1981, uma menina de 13 anos, vivendo em uma região rural de Santa Catarina, sai da escola e não chega em casa. A mãe, preparando o almoço, pressente que algo aconteceu à filha quando todos os bifes da frigideira ficam prontos – menos um, que permanece cru. Ela sai correndo em busca da garota. Nesse momento, alguém já a encontrou, morta, mutilada, com a saia cobrindo o rosto, os dedos longe do corpo, os dentes fora da boca. O assassinato de Soeli Volcato é o ponto de partida do novo romance de Ieda Magri: Um Crime Bárbaro.

Seria melhor contar essa história em primeira ou terceira pessoa?, questiona a narradora, que também é escritora e professora universitária.

Ieda escolhe manter a distância e começa narrando a história de Maria. Quando ela tinha quatro anos, o pai para o Fusca diante da “cena do crime”. Daquele dia, ela guarda a impressão, uma frase da mãe e a imagem de um facão sujo de sangue.

Mas logo sua estratégia narrativa muda. Maria, o segundo nome da autora, desaparece e ela assume a palavra. “Seria melhor dizer que quando eu ainda era uma criança estive numa cena de crime com meus pais. Na minha lembrança, passamos por ela por acaso, quando íamos visitar nossos avós”, lemos.

Cerca de 40 anos depois daquele dia, a narradora recebe a notícia de uma outra morte, violenta, repentina, e lembranças esquecidas sobre esse crime de sua infância voltam com tudo.

Mas que lembranças são essas? O que uma menina de quatro anos retém num momento como esse? Do que é feita essa memória? O que ela sabe, o que viu e ouviu e o que de fato era real? Escrever sobre esse crime nunca solucionado se torna urgente, e ela parte rumo à sua terra natal para uma investigação particular. Sabe, e ouve isso de diversas pessoas, que não se deve remexer no passado.

Como pode um crime abominável, que tirou violentamente a vida de uma criança e destruiu sua família e que chocou toda uma comunidade não ter sido investigado à exaustão? O que aconteceu? Por que mataram uma criança? O que se escondeu sobre o caso quando ele aconteceu, e o que se esqueceu sobre ele? Acompanhamos essa busca por respostas, por fragmentos de memórias e pela verdade por trás do que se fixou como verdade.

Enquanto reflete sobre como avançar, preservando a si e aos personagens reais, e como contar essa história – que ganha uma triste atualidade com a morte de uma menina de 11 anos em Minas, no fim de semana – Ieda vai contando. E Um Crime Bárbaro se torna, assim, um romance sobre a escrita e seus processos. Isso é interessante. E o resultado é bonito.

Capa do livro Um Crime Bárbaro Foto: Editora Autêntica

Um Crime Bárbaro

Autora: Ieda Magri

Editora: Autêntica Contemporânea (160 págs.; R$ 54,90; R$ 38,90 o e-book)

Em 1981, uma menina de 13 anos, vivendo em uma região rural de Santa Catarina, sai da escola e não chega em casa. A mãe, preparando o almoço, pressente que algo aconteceu à filha quando todos os bifes da frigideira ficam prontos – menos um, que permanece cru. Ela sai correndo em busca da garota. Nesse momento, alguém já a encontrou, morta, mutilada, com a saia cobrindo o rosto, os dedos longe do corpo, os dentes fora da boca. O assassinato de Soeli Volcato é o ponto de partida do novo romance de Ieda Magri: Um Crime Bárbaro.

Seria melhor contar essa história em primeira ou terceira pessoa?, questiona a narradora, que também é escritora e professora universitária.

Ieda escolhe manter a distância e começa narrando a história de Maria. Quando ela tinha quatro anos, o pai para o Fusca diante da “cena do crime”. Daquele dia, ela guarda a impressão, uma frase da mãe e a imagem de um facão sujo de sangue.

Mas logo sua estratégia narrativa muda. Maria, o segundo nome da autora, desaparece e ela assume a palavra. “Seria melhor dizer que quando eu ainda era uma criança estive numa cena de crime com meus pais. Na minha lembrança, passamos por ela por acaso, quando íamos visitar nossos avós”, lemos.

Cerca de 40 anos depois daquele dia, a narradora recebe a notícia de uma outra morte, violenta, repentina, e lembranças esquecidas sobre esse crime de sua infância voltam com tudo.

Mas que lembranças são essas? O que uma menina de quatro anos retém num momento como esse? Do que é feita essa memória? O que ela sabe, o que viu e ouviu e o que de fato era real? Escrever sobre esse crime nunca solucionado se torna urgente, e ela parte rumo à sua terra natal para uma investigação particular. Sabe, e ouve isso de diversas pessoas, que não se deve remexer no passado.

Como pode um crime abominável, que tirou violentamente a vida de uma criança e destruiu sua família e que chocou toda uma comunidade não ter sido investigado à exaustão? O que aconteceu? Por que mataram uma criança? O que se escondeu sobre o caso quando ele aconteceu, e o que se esqueceu sobre ele? Acompanhamos essa busca por respostas, por fragmentos de memórias e pela verdade por trás do que se fixou como verdade.

Enquanto reflete sobre como avançar, preservando a si e aos personagens reais, e como contar essa história – que ganha uma triste atualidade com a morte de uma menina de 11 anos em Minas, no fim de semana – Ieda vai contando. E Um Crime Bárbaro se torna, assim, um romance sobre a escrita e seus processos. Isso é interessante. E o resultado é bonito.

Capa do livro Um Crime Bárbaro Foto: Editora Autêntica

Um Crime Bárbaro

Autora: Ieda Magri

Editora: Autêntica Contemporânea (160 págs.; R$ 54,90; R$ 38,90 o e-book)

Em 1981, uma menina de 13 anos, vivendo em uma região rural de Santa Catarina, sai da escola e não chega em casa. A mãe, preparando o almoço, pressente que algo aconteceu à filha quando todos os bifes da frigideira ficam prontos – menos um, que permanece cru. Ela sai correndo em busca da garota. Nesse momento, alguém já a encontrou, morta, mutilada, com a saia cobrindo o rosto, os dedos longe do corpo, os dentes fora da boca. O assassinato de Soeli Volcato é o ponto de partida do novo romance de Ieda Magri: Um Crime Bárbaro.

Seria melhor contar essa história em primeira ou terceira pessoa?, questiona a narradora, que também é escritora e professora universitária.

Ieda escolhe manter a distância e começa narrando a história de Maria. Quando ela tinha quatro anos, o pai para o Fusca diante da “cena do crime”. Daquele dia, ela guarda a impressão, uma frase da mãe e a imagem de um facão sujo de sangue.

Mas logo sua estratégia narrativa muda. Maria, o segundo nome da autora, desaparece e ela assume a palavra. “Seria melhor dizer que quando eu ainda era uma criança estive numa cena de crime com meus pais. Na minha lembrança, passamos por ela por acaso, quando íamos visitar nossos avós”, lemos.

Cerca de 40 anos depois daquele dia, a narradora recebe a notícia de uma outra morte, violenta, repentina, e lembranças esquecidas sobre esse crime de sua infância voltam com tudo.

Mas que lembranças são essas? O que uma menina de quatro anos retém num momento como esse? Do que é feita essa memória? O que ela sabe, o que viu e ouviu e o que de fato era real? Escrever sobre esse crime nunca solucionado se torna urgente, e ela parte rumo à sua terra natal para uma investigação particular. Sabe, e ouve isso de diversas pessoas, que não se deve remexer no passado.

Como pode um crime abominável, que tirou violentamente a vida de uma criança e destruiu sua família e que chocou toda uma comunidade não ter sido investigado à exaustão? O que aconteceu? Por que mataram uma criança? O que se escondeu sobre o caso quando ele aconteceu, e o que se esqueceu sobre ele? Acompanhamos essa busca por respostas, por fragmentos de memórias e pela verdade por trás do que se fixou como verdade.

Enquanto reflete sobre como avançar, preservando a si e aos personagens reais, e como contar essa história – que ganha uma triste atualidade com a morte de uma menina de 11 anos em Minas, no fim de semana – Ieda vai contando. E Um Crime Bárbaro se torna, assim, um romance sobre a escrita e seus processos. Isso é interessante. E o resultado é bonito.

Capa do livro Um Crime Bárbaro Foto: Editora Autêntica

Um Crime Bárbaro

Autora: Ieda Magri

Editora: Autêntica Contemporânea (160 págs.; R$ 54,90; R$ 38,90 o e-book)

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Maria Fernanda Rodrigues, jornalista especializada em literatura, dá dicas de leitura

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