Coluna semanal da jornalista Maria Fernanda Rodrigues com dicas de leitura

Opinião|Ler o mundo com uma criança


Uma reflexão a partir da leitura de ‘A Sopa de Pedra Mole’; e como a literatura nos ajuda a entender o mundo lá fora

Por Maria Fernanda Rodrigues
Atualização:

Se você também tem ou já teve uma criança pequena em casa sabe como é importante o momento da leitura antes que ela aceite se entregar ao assustador mundo do sono – e dos sonhos e dos monstros. Um, dois, três livros. Um longo e dois curtos. Só mais um. Só mais uma vez. Os mesmos de ontem, e da outra noite. Um novo, talvez. A escolha é da criança.

É um momento de encontro, de relaxamento. Não tem mais a voz de comando do adulto; o cansaço fica do lado de lá da porta. Mas isso não quer dizer que o mundo externo está distante, que as angústias somem. E a escolha do livro acaba dizendo muito sobre o que nos aflige, sobre o que vemos e sentimos e não compreendemos totalmente.

A Sopa de Pedra Mole é um dos livros da semana em casa. Trata-se de um conto popular europeu, adaptado neste volume pelo camaronês Alain Serge Dzotap e ilustrado pela suíça Irène Schoch. Começa assim: “Era a época da fome. Leuk estava magro. Fazia semanas que ele viajava pela savana e dias que não tinha nada para mastigar”.

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Ilustração do livro A Sopa de Pedra Mole Foto: Irène Schoch/Reprodução

Ele chega, então, a uma aldeia e decide bater à primeira porta. Era a casa de Buki, uma hiena irritada que logo dá a bronca: “Não sabe que é proibido fazer visitas na época da fome?” Esperto, ele diz que só queria pedir seu caldeirão emprestado para preparar uma sopa de pedra mole. Curiosa, ela cede. A mistura de água com pedra não tinha gosto de nada, ela comenta, e ele ‘lembra’ que na receita ia também pasta de amendoim. Ela tem amendoim e, juntos, preparam a pasta.

Outros moradores vão chegando e pedindo para experimentar a sopa que estava sendo feita embaixo da Árvore da Conversa. Cada um dá um palpite, e volta depois com um novo ingrediente. Sempre um pouquinho. Vira uma festa. No final, Leuk guarda discretamente suas pedrinhas. A hiena diz que a sopa estava uma delícia e que eles deveriam prepará-la diariamente. Todos concordam.

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Capa da livro de Alain Serge Dzotap, com ilustrações de Irène Schoch Foto: V&R/Reprodução

Não interrompo a leitura, não tento explicar. Só leio, desde a epígrafe: “A gente precisa aprender a compartilhar o que não tem”. Outro dia perguntei para o meu filho por que ele tinha gostado tanto da história, e ele só sorriu e respondeu que não queria responder.

Mas ele observa o mundo e participa, de alguma forma, da nossa tentativa de oferecer alguma ajuda. E agora que aprendeu a ler lê os cartazes enquanto o semáforo não abre. Essa é uma história em construção, mas que ilustra a ideia de que a literatura nos ajuda a compreender melhor a vida e a nós mesmos, nos prepara para o mundo e possibilita início de diálogos. Que ela pode nos tornar mais empáticos e, tomara, solidários.

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A Sopa de Pedra Mole

Autor: Alain Serge Dzotap

Editora: V&R (32 págs.; R$ 54,90)

Se você também tem ou já teve uma criança pequena em casa sabe como é importante o momento da leitura antes que ela aceite se entregar ao assustador mundo do sono – e dos sonhos e dos monstros. Um, dois, três livros. Um longo e dois curtos. Só mais um. Só mais uma vez. Os mesmos de ontem, e da outra noite. Um novo, talvez. A escolha é da criança.

É um momento de encontro, de relaxamento. Não tem mais a voz de comando do adulto; o cansaço fica do lado de lá da porta. Mas isso não quer dizer que o mundo externo está distante, que as angústias somem. E a escolha do livro acaba dizendo muito sobre o que nos aflige, sobre o que vemos e sentimos e não compreendemos totalmente.

A Sopa de Pedra Mole é um dos livros da semana em casa. Trata-se de um conto popular europeu, adaptado neste volume pelo camaronês Alain Serge Dzotap e ilustrado pela suíça Irène Schoch. Começa assim: “Era a época da fome. Leuk estava magro. Fazia semanas que ele viajava pela savana e dias que não tinha nada para mastigar”.

Ilustração do livro A Sopa de Pedra Mole Foto: Irène Schoch/Reprodução

Ele chega, então, a uma aldeia e decide bater à primeira porta. Era a casa de Buki, uma hiena irritada que logo dá a bronca: “Não sabe que é proibido fazer visitas na época da fome?” Esperto, ele diz que só queria pedir seu caldeirão emprestado para preparar uma sopa de pedra mole. Curiosa, ela cede. A mistura de água com pedra não tinha gosto de nada, ela comenta, e ele ‘lembra’ que na receita ia também pasta de amendoim. Ela tem amendoim e, juntos, preparam a pasta.

Outros moradores vão chegando e pedindo para experimentar a sopa que estava sendo feita embaixo da Árvore da Conversa. Cada um dá um palpite, e volta depois com um novo ingrediente. Sempre um pouquinho. Vira uma festa. No final, Leuk guarda discretamente suas pedrinhas. A hiena diz que a sopa estava uma delícia e que eles deveriam prepará-la diariamente. Todos concordam.

Capa da livro de Alain Serge Dzotap, com ilustrações de Irène Schoch Foto: V&R/Reprodução

Não interrompo a leitura, não tento explicar. Só leio, desde a epígrafe: “A gente precisa aprender a compartilhar o que não tem”. Outro dia perguntei para o meu filho por que ele tinha gostado tanto da história, e ele só sorriu e respondeu que não queria responder.

Mas ele observa o mundo e participa, de alguma forma, da nossa tentativa de oferecer alguma ajuda. E agora que aprendeu a ler lê os cartazes enquanto o semáforo não abre. Essa é uma história em construção, mas que ilustra a ideia de que a literatura nos ajuda a compreender melhor a vida e a nós mesmos, nos prepara para o mundo e possibilita início de diálogos. Que ela pode nos tornar mais empáticos e, tomara, solidários.

A Sopa de Pedra Mole

Autor: Alain Serge Dzotap

Editora: V&R (32 págs.; R$ 54,90)

Se você também tem ou já teve uma criança pequena em casa sabe como é importante o momento da leitura antes que ela aceite se entregar ao assustador mundo do sono – e dos sonhos e dos monstros. Um, dois, três livros. Um longo e dois curtos. Só mais um. Só mais uma vez. Os mesmos de ontem, e da outra noite. Um novo, talvez. A escolha é da criança.

É um momento de encontro, de relaxamento. Não tem mais a voz de comando do adulto; o cansaço fica do lado de lá da porta. Mas isso não quer dizer que o mundo externo está distante, que as angústias somem. E a escolha do livro acaba dizendo muito sobre o que nos aflige, sobre o que vemos e sentimos e não compreendemos totalmente.

A Sopa de Pedra Mole é um dos livros da semana em casa. Trata-se de um conto popular europeu, adaptado neste volume pelo camaronês Alain Serge Dzotap e ilustrado pela suíça Irène Schoch. Começa assim: “Era a época da fome. Leuk estava magro. Fazia semanas que ele viajava pela savana e dias que não tinha nada para mastigar”.

Ilustração do livro A Sopa de Pedra Mole Foto: Irène Schoch/Reprodução

Ele chega, então, a uma aldeia e decide bater à primeira porta. Era a casa de Buki, uma hiena irritada que logo dá a bronca: “Não sabe que é proibido fazer visitas na época da fome?” Esperto, ele diz que só queria pedir seu caldeirão emprestado para preparar uma sopa de pedra mole. Curiosa, ela cede. A mistura de água com pedra não tinha gosto de nada, ela comenta, e ele ‘lembra’ que na receita ia também pasta de amendoim. Ela tem amendoim e, juntos, preparam a pasta.

Outros moradores vão chegando e pedindo para experimentar a sopa que estava sendo feita embaixo da Árvore da Conversa. Cada um dá um palpite, e volta depois com um novo ingrediente. Sempre um pouquinho. Vira uma festa. No final, Leuk guarda discretamente suas pedrinhas. A hiena diz que a sopa estava uma delícia e que eles deveriam prepará-la diariamente. Todos concordam.

Capa da livro de Alain Serge Dzotap, com ilustrações de Irène Schoch Foto: V&R/Reprodução

Não interrompo a leitura, não tento explicar. Só leio, desde a epígrafe: “A gente precisa aprender a compartilhar o que não tem”. Outro dia perguntei para o meu filho por que ele tinha gostado tanto da história, e ele só sorriu e respondeu que não queria responder.

Mas ele observa o mundo e participa, de alguma forma, da nossa tentativa de oferecer alguma ajuda. E agora que aprendeu a ler lê os cartazes enquanto o semáforo não abre. Essa é uma história em construção, mas que ilustra a ideia de que a literatura nos ajuda a compreender melhor a vida e a nós mesmos, nos prepara para o mundo e possibilita início de diálogos. Que ela pode nos tornar mais empáticos e, tomara, solidários.

A Sopa de Pedra Mole

Autor: Alain Serge Dzotap

Editora: V&R (32 págs.; R$ 54,90)

Se você também tem ou já teve uma criança pequena em casa sabe como é importante o momento da leitura antes que ela aceite se entregar ao assustador mundo do sono – e dos sonhos e dos monstros. Um, dois, três livros. Um longo e dois curtos. Só mais um. Só mais uma vez. Os mesmos de ontem, e da outra noite. Um novo, talvez. A escolha é da criança.

É um momento de encontro, de relaxamento. Não tem mais a voz de comando do adulto; o cansaço fica do lado de lá da porta. Mas isso não quer dizer que o mundo externo está distante, que as angústias somem. E a escolha do livro acaba dizendo muito sobre o que nos aflige, sobre o que vemos e sentimos e não compreendemos totalmente.

A Sopa de Pedra Mole é um dos livros da semana em casa. Trata-se de um conto popular europeu, adaptado neste volume pelo camaronês Alain Serge Dzotap e ilustrado pela suíça Irène Schoch. Começa assim: “Era a época da fome. Leuk estava magro. Fazia semanas que ele viajava pela savana e dias que não tinha nada para mastigar”.

Ilustração do livro A Sopa de Pedra Mole Foto: Irène Schoch/Reprodução

Ele chega, então, a uma aldeia e decide bater à primeira porta. Era a casa de Buki, uma hiena irritada que logo dá a bronca: “Não sabe que é proibido fazer visitas na época da fome?” Esperto, ele diz que só queria pedir seu caldeirão emprestado para preparar uma sopa de pedra mole. Curiosa, ela cede. A mistura de água com pedra não tinha gosto de nada, ela comenta, e ele ‘lembra’ que na receita ia também pasta de amendoim. Ela tem amendoim e, juntos, preparam a pasta.

Outros moradores vão chegando e pedindo para experimentar a sopa que estava sendo feita embaixo da Árvore da Conversa. Cada um dá um palpite, e volta depois com um novo ingrediente. Sempre um pouquinho. Vira uma festa. No final, Leuk guarda discretamente suas pedrinhas. A hiena diz que a sopa estava uma delícia e que eles deveriam prepará-la diariamente. Todos concordam.

Capa da livro de Alain Serge Dzotap, com ilustrações de Irène Schoch Foto: V&R/Reprodução

Não interrompo a leitura, não tento explicar. Só leio, desde a epígrafe: “A gente precisa aprender a compartilhar o que não tem”. Outro dia perguntei para o meu filho por que ele tinha gostado tanto da história, e ele só sorriu e respondeu que não queria responder.

Mas ele observa o mundo e participa, de alguma forma, da nossa tentativa de oferecer alguma ajuda. E agora que aprendeu a ler lê os cartazes enquanto o semáforo não abre. Essa é uma história em construção, mas que ilustra a ideia de que a literatura nos ajuda a compreender melhor a vida e a nós mesmos, nos prepara para o mundo e possibilita início de diálogos. Que ela pode nos tornar mais empáticos e, tomara, solidários.

A Sopa de Pedra Mole

Autor: Alain Serge Dzotap

Editora: V&R (32 págs.; R$ 54,90)

Opinião por Maria Fernanda Rodrigues

Editora de Cultura e jornalista especializada em literatura e mercado editorial

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