Coluna quinzenal da jornalista Maria Fernanda Rodrigues com dicas de leitura

Opinião|Livros ajudam crianças a encarar o monstro atrás da porta e dentro delas; veja 4 obras sobre medo


Neste Dia das Crianças, uma seleção de livros para acompanhar os pequenos leitores e seus pais na compreensão de sentimentos e inseguranças - de ‘Onde Vivem os Monstros’ a ‘Se eu Abrir Esta Porta Agora...’

Por Maria Fernanda Rodrigues
Atualização:

Quantos mistérios se escondem ali do outro lado da porta? Ou será que é um fantasma que está lá? Ou um monstro, um ladrão, o abismo? E do lado de lá do sono e da escuridão?

Criança tem medo. Quase sempre, e é normal. Ouve barulho estranho no banheiro. Não quer ficar sozinha no quarto.

Há uma crescente literatura de autoajuda infantil por aí, com a promessa de mostrar aos pequenos como lidar com seus sentimentos. E há a boa e velha literatura com seus livros que sempre fizeram isso, mas de um outro jeito – espelhando o que as crianças sentem e ainda não sabem nomear, promovendo um encontro seguro e acompanhado com suas questões internas. Escrevo hoje sobre quatro títulos.

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Ilustrações do livro Onde Vivem os Monstros, clássico de Maurice Sendak, que volta às livrarias pela Companhia das Letrinhas. Foto: Maurice Sendak/Companhia das Letrinhas

O primeiro não é tão profundo assim, mas é divertido. Tem um Monstro no Seu Livro (Caminho Suave, 2023) foi escrito por Tom Fletcher, vocalista e guitarrista da banda McFly, e tem ilustrações de Greg Abbott. Diz na contracapa que se trata de um livro interativo para ler antes de dormir. Mas é interativo demais para um momento que é pra ser calmo.

O leitor é convidado a chacoalhar, inclinar, virar o livro – e a gritar, e depois a gritar ainda mais alto para espantar o monstrinho. E, por experiência própria, uma dica: se você tem um gato que não perde a hora da história, é melhor tirá-lo de perto. O susto é garantido. A brincadeira termina com o autor dizendo que é melhor que o monstro continue morando no livro, e não no quarto do leitor.

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O segundo, também para crianças pequenas, é o quase clássico do holandês Max Velthuijs. O Sapo Está Com Medo (Martins; em sebos). Sem conseguir dormir com medo dos barulhos que ouve, o sapo atravessa a floresta escura para pedir ajuda à pata, que diz que fantasmas não existem. Deitam juntos, e ouvem um novo barulho. A história vai seguindo assim até a manhã seguinte e um diálogo sutil sobre o tema.

Alexandre Rampazo dedica Se eu Abrir Esta Porta Agora... (Sesi, 2018) à sua mãe, “por deixar a luz sempre acesa”. Trata-se de um livro com duas possibilidades de leitura e que vai se desdobrando a partir desta inquietação do garoto, que dá título à obra. O que tem do lado de lá – da porta do armário, da porta de casa? Um monstro que vai puxar seu pé, ficar com seus brinquedos, roubar seus pais? Um novo amigo?

Ilustração de Alexandre Rampazo para seu livro Se eu abrir esta porta agora Foto: Alexandre Rampazo/Reprodução de ilustraç
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Por fim, o clássico dos clássicos: Onde Vivem os Monstros (1963), de Maurice Sendak, que acaba de voltar às livrarias pela Companhia das Letrinhas. Aqui, não são os monstros que dão medo, mas as emoções. Max é mandado para quarto depois de responder “olha que eu te como” para a mãe que o chamou de monstro – ele estava brincando mais energicamente com sua fantasia de lobo.

No seu quarto, nasce uma floresta e ele parte em busca do lugar onde vivem os monstros, onde ele pode ser rei, extravasar suas emoções e brincar como quiser. Max é só um menino buscando seu lugar e lidando com seus sentimentos – com a expressão da raiva, da pressão, da solidão e do medo. Leitura recomendada – e nada assustadora – para crianças de todas as idades. Para as maiores, vale também o filme (disponível para aluguel no streaming).

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Quantos mistérios se escondem ali do outro lado da porta? Ou será que é um fantasma que está lá? Ou um monstro, um ladrão, o abismo? E do lado de lá do sono e da escuridão?

Criança tem medo. Quase sempre, e é normal. Ouve barulho estranho no banheiro. Não quer ficar sozinha no quarto.

Há uma crescente literatura de autoajuda infantil por aí, com a promessa de mostrar aos pequenos como lidar com seus sentimentos. E há a boa e velha literatura com seus livros que sempre fizeram isso, mas de um outro jeito – espelhando o que as crianças sentem e ainda não sabem nomear, promovendo um encontro seguro e acompanhado com suas questões internas. Escrevo hoje sobre quatro títulos.

Ilustrações do livro Onde Vivem os Monstros, clássico de Maurice Sendak, que volta às livrarias pela Companhia das Letrinhas. Foto: Maurice Sendak/Companhia das Letrinhas

O primeiro não é tão profundo assim, mas é divertido. Tem um Monstro no Seu Livro (Caminho Suave, 2023) foi escrito por Tom Fletcher, vocalista e guitarrista da banda McFly, e tem ilustrações de Greg Abbott. Diz na contracapa que se trata de um livro interativo para ler antes de dormir. Mas é interativo demais para um momento que é pra ser calmo.

O leitor é convidado a chacoalhar, inclinar, virar o livro – e a gritar, e depois a gritar ainda mais alto para espantar o monstrinho. E, por experiência própria, uma dica: se você tem um gato que não perde a hora da história, é melhor tirá-lo de perto. O susto é garantido. A brincadeira termina com o autor dizendo que é melhor que o monstro continue morando no livro, e não no quarto do leitor.

O segundo, também para crianças pequenas, é o quase clássico do holandês Max Velthuijs. O Sapo Está Com Medo (Martins; em sebos). Sem conseguir dormir com medo dos barulhos que ouve, o sapo atravessa a floresta escura para pedir ajuda à pata, que diz que fantasmas não existem. Deitam juntos, e ouvem um novo barulho. A história vai seguindo assim até a manhã seguinte e um diálogo sutil sobre o tema.

Alexandre Rampazo dedica Se eu Abrir Esta Porta Agora... (Sesi, 2018) à sua mãe, “por deixar a luz sempre acesa”. Trata-se de um livro com duas possibilidades de leitura e que vai se desdobrando a partir desta inquietação do garoto, que dá título à obra. O que tem do lado de lá – da porta do armário, da porta de casa? Um monstro que vai puxar seu pé, ficar com seus brinquedos, roubar seus pais? Um novo amigo?

Ilustração de Alexandre Rampazo para seu livro Se eu abrir esta porta agora Foto: Alexandre Rampazo/Reprodução de ilustraç

Por fim, o clássico dos clássicos: Onde Vivem os Monstros (1963), de Maurice Sendak, que acaba de voltar às livrarias pela Companhia das Letrinhas. Aqui, não são os monstros que dão medo, mas as emoções. Max é mandado para quarto depois de responder “olha que eu te como” para a mãe que o chamou de monstro – ele estava brincando mais energicamente com sua fantasia de lobo.

No seu quarto, nasce uma floresta e ele parte em busca do lugar onde vivem os monstros, onde ele pode ser rei, extravasar suas emoções e brincar como quiser. Max é só um menino buscando seu lugar e lidando com seus sentimentos – com a expressão da raiva, da pressão, da solidão e do medo. Leitura recomendada – e nada assustadora – para crianças de todas as idades. Para as maiores, vale também o filme (disponível para aluguel no streaming).

Quantos mistérios se escondem ali do outro lado da porta? Ou será que é um fantasma que está lá? Ou um monstro, um ladrão, o abismo? E do lado de lá do sono e da escuridão?

Criança tem medo. Quase sempre, e é normal. Ouve barulho estranho no banheiro. Não quer ficar sozinha no quarto.

Há uma crescente literatura de autoajuda infantil por aí, com a promessa de mostrar aos pequenos como lidar com seus sentimentos. E há a boa e velha literatura com seus livros que sempre fizeram isso, mas de um outro jeito – espelhando o que as crianças sentem e ainda não sabem nomear, promovendo um encontro seguro e acompanhado com suas questões internas. Escrevo hoje sobre quatro títulos.

Ilustrações do livro Onde Vivem os Monstros, clássico de Maurice Sendak, que volta às livrarias pela Companhia das Letrinhas. Foto: Maurice Sendak/Companhia das Letrinhas

O primeiro não é tão profundo assim, mas é divertido. Tem um Monstro no Seu Livro (Caminho Suave, 2023) foi escrito por Tom Fletcher, vocalista e guitarrista da banda McFly, e tem ilustrações de Greg Abbott. Diz na contracapa que se trata de um livro interativo para ler antes de dormir. Mas é interativo demais para um momento que é pra ser calmo.

O leitor é convidado a chacoalhar, inclinar, virar o livro – e a gritar, e depois a gritar ainda mais alto para espantar o monstrinho. E, por experiência própria, uma dica: se você tem um gato que não perde a hora da história, é melhor tirá-lo de perto. O susto é garantido. A brincadeira termina com o autor dizendo que é melhor que o monstro continue morando no livro, e não no quarto do leitor.

O segundo, também para crianças pequenas, é o quase clássico do holandês Max Velthuijs. O Sapo Está Com Medo (Martins; em sebos). Sem conseguir dormir com medo dos barulhos que ouve, o sapo atravessa a floresta escura para pedir ajuda à pata, que diz que fantasmas não existem. Deitam juntos, e ouvem um novo barulho. A história vai seguindo assim até a manhã seguinte e um diálogo sutil sobre o tema.

Alexandre Rampazo dedica Se eu Abrir Esta Porta Agora... (Sesi, 2018) à sua mãe, “por deixar a luz sempre acesa”. Trata-se de um livro com duas possibilidades de leitura e que vai se desdobrando a partir desta inquietação do garoto, que dá título à obra. O que tem do lado de lá – da porta do armário, da porta de casa? Um monstro que vai puxar seu pé, ficar com seus brinquedos, roubar seus pais? Um novo amigo?

Ilustração de Alexandre Rampazo para seu livro Se eu abrir esta porta agora Foto: Alexandre Rampazo/Reprodução de ilustraç

Por fim, o clássico dos clássicos: Onde Vivem os Monstros (1963), de Maurice Sendak, que acaba de voltar às livrarias pela Companhia das Letrinhas. Aqui, não são os monstros que dão medo, mas as emoções. Max é mandado para quarto depois de responder “olha que eu te como” para a mãe que o chamou de monstro – ele estava brincando mais energicamente com sua fantasia de lobo.

No seu quarto, nasce uma floresta e ele parte em busca do lugar onde vivem os monstros, onde ele pode ser rei, extravasar suas emoções e brincar como quiser. Max é só um menino buscando seu lugar e lidando com seus sentimentos – com a expressão da raiva, da pressão, da solidão e do medo. Leitura recomendada – e nada assustadora – para crianças de todas as idades. Para as maiores, vale também o filme (disponível para aluguel no streaming).

Opinião por Maria Fernanda Rodrigues

Editora de Cultura e jornalista especializada em literatura e mercado editorial

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