Coluna quinzenal da jornalista Maria Fernanda Rodrigues com dicas de leitura

Opinião|Quando a casa se desfaz


Primeiro romance de Tatiana Lazzorotto, 'Quando as Árvores Morrem' retrata o luto de uma filha que volta para a casa da infância para o enterro do pai

Por Maria Fernanda Rodrigues

No começo de Quando as Árvores Morrem, a narradora relembra uma história do passado vivida em uma de suas voltas para casa – uma casa, ela diz, “que nunca mais será casa depois de um de nós ter partido”. 

Lembro de um poema de José Luiz Peixoto, Na hora de pôr a mesa, que está em A Criança em Ruínas (Dublinense) – sobre uma família de cinco, que se manterá dessa forma, com cinco pratos (em algum momento imaginários) à mesa, enquanto um deles estiver vivo. 

Baseado em fatos reais, 'Quando as Árvores Morrem' é a estreia de Tatiana Lazzarotto no romance Foto: Pixabay/Brenkee
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O romance de estreia de Tatiana Lazzarotto é sobre casas e famílias, árvores e raízes, mortes e recomeços, memórias e despedidas – de pessoas, de lugares, da infância. Quando as Árvores Morrem é um luto. Um livro sobre um pai que é um mundo – que se desfaz de repente.

O alerta no início diz que esta é uma obra de ficção com alguns episódios e personagens baseados em fatos reais. Foi escrito na pandemia, pouco tempo depois de a autora perder seu pai, e acompanha essa narradora, que volta para a cidade de sua infância para o enterro deste pai que morreu repentina e precocemente.

Uma cena contada com raiva pela personagem me comove. Uma fila de crianças aparece no velório. Cada uma com um envelope na mão – que são depositados numa lata de biscoito. Elas não têm altura para ver dentro do caixão – nem idade –, mas a imagem no quadro ao lado confirma: o Papai Noel morreu. A um mês do Natal.

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Sim, o pai da narradora, e da autora, foi um conhecido Papai Noel que ganhou a vida como o bom velhinho no sul do País. Vestiu tanto o personagem que, na frente da casa que ele enfeitava sem discrição no fim do ano, havia uma caixa de correspondência para receber o pedido das crianças. Ele também ganhou um selo especial dos Correios e até conseguiu registrar a marca e se tornar o Papai Noel do Brasil.

Acompanhamos os dias que se seguem ao enterro intercalados com as memórias carinhosas que a filha guarda deste homem, que ela nos apresenta em toda sua alegria, sonhos, projetos e esperança de que o novo ano seria, enfim, o ano deles. Um homem que se equilibrava e desequilibrava financeiramente. Que deixa um segredo. Que foi o alicerce desta família de cinco agora às voltas com toda uma vida que se vai para debaixo da terra, com as caixas de mudança e doação, com a casa e a árvore que os abrigou.

Quando as Árvores Morrem é uma longa despedida. Uma filha juntando os cacos, preservando uma boa imagem de seu pai e tentando se entender com sua nova condição de órfã, de adulta. 

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Quando as Árvores Morrem

Autora: Tatiana Lazzarotto Editora: Claraboia (164 pág.; R$ 49,90)

No começo de Quando as Árvores Morrem, a narradora relembra uma história do passado vivida em uma de suas voltas para casa – uma casa, ela diz, “que nunca mais será casa depois de um de nós ter partido”. 

Lembro de um poema de José Luiz Peixoto, Na hora de pôr a mesa, que está em A Criança em Ruínas (Dublinense) – sobre uma família de cinco, que se manterá dessa forma, com cinco pratos (em algum momento imaginários) à mesa, enquanto um deles estiver vivo. 

Baseado em fatos reais, 'Quando as Árvores Morrem' é a estreia de Tatiana Lazzarotto no romance Foto: Pixabay/Brenkee

O romance de estreia de Tatiana Lazzarotto é sobre casas e famílias, árvores e raízes, mortes e recomeços, memórias e despedidas – de pessoas, de lugares, da infância. Quando as Árvores Morrem é um luto. Um livro sobre um pai que é um mundo – que se desfaz de repente.

O alerta no início diz que esta é uma obra de ficção com alguns episódios e personagens baseados em fatos reais. Foi escrito na pandemia, pouco tempo depois de a autora perder seu pai, e acompanha essa narradora, que volta para a cidade de sua infância para o enterro deste pai que morreu repentina e precocemente.

Uma cena contada com raiva pela personagem me comove. Uma fila de crianças aparece no velório. Cada uma com um envelope na mão – que são depositados numa lata de biscoito. Elas não têm altura para ver dentro do caixão – nem idade –, mas a imagem no quadro ao lado confirma: o Papai Noel morreu. A um mês do Natal.

Sim, o pai da narradora, e da autora, foi um conhecido Papai Noel que ganhou a vida como o bom velhinho no sul do País. Vestiu tanto o personagem que, na frente da casa que ele enfeitava sem discrição no fim do ano, havia uma caixa de correspondência para receber o pedido das crianças. Ele também ganhou um selo especial dos Correios e até conseguiu registrar a marca e se tornar o Papai Noel do Brasil.

Acompanhamos os dias que se seguem ao enterro intercalados com as memórias carinhosas que a filha guarda deste homem, que ela nos apresenta em toda sua alegria, sonhos, projetos e esperança de que o novo ano seria, enfim, o ano deles. Um homem que se equilibrava e desequilibrava financeiramente. Que deixa um segredo. Que foi o alicerce desta família de cinco agora às voltas com toda uma vida que se vai para debaixo da terra, com as caixas de mudança e doação, com a casa e a árvore que os abrigou.

Quando as Árvores Morrem é uma longa despedida. Uma filha juntando os cacos, preservando uma boa imagem de seu pai e tentando se entender com sua nova condição de órfã, de adulta. 

Quando as Árvores Morrem

Autora: Tatiana Lazzarotto Editora: Claraboia (164 pág.; R$ 49,90)

No começo de Quando as Árvores Morrem, a narradora relembra uma história do passado vivida em uma de suas voltas para casa – uma casa, ela diz, “que nunca mais será casa depois de um de nós ter partido”. 

Lembro de um poema de José Luiz Peixoto, Na hora de pôr a mesa, que está em A Criança em Ruínas (Dublinense) – sobre uma família de cinco, que se manterá dessa forma, com cinco pratos (em algum momento imaginários) à mesa, enquanto um deles estiver vivo. 

Baseado em fatos reais, 'Quando as Árvores Morrem' é a estreia de Tatiana Lazzarotto no romance Foto: Pixabay/Brenkee

O romance de estreia de Tatiana Lazzarotto é sobre casas e famílias, árvores e raízes, mortes e recomeços, memórias e despedidas – de pessoas, de lugares, da infância. Quando as Árvores Morrem é um luto. Um livro sobre um pai que é um mundo – que se desfaz de repente.

O alerta no início diz que esta é uma obra de ficção com alguns episódios e personagens baseados em fatos reais. Foi escrito na pandemia, pouco tempo depois de a autora perder seu pai, e acompanha essa narradora, que volta para a cidade de sua infância para o enterro deste pai que morreu repentina e precocemente.

Uma cena contada com raiva pela personagem me comove. Uma fila de crianças aparece no velório. Cada uma com um envelope na mão – que são depositados numa lata de biscoito. Elas não têm altura para ver dentro do caixão – nem idade –, mas a imagem no quadro ao lado confirma: o Papai Noel morreu. A um mês do Natal.

Sim, o pai da narradora, e da autora, foi um conhecido Papai Noel que ganhou a vida como o bom velhinho no sul do País. Vestiu tanto o personagem que, na frente da casa que ele enfeitava sem discrição no fim do ano, havia uma caixa de correspondência para receber o pedido das crianças. Ele também ganhou um selo especial dos Correios e até conseguiu registrar a marca e se tornar o Papai Noel do Brasil.

Acompanhamos os dias que se seguem ao enterro intercalados com as memórias carinhosas que a filha guarda deste homem, que ela nos apresenta em toda sua alegria, sonhos, projetos e esperança de que o novo ano seria, enfim, o ano deles. Um homem que se equilibrava e desequilibrava financeiramente. Que deixa um segredo. Que foi o alicerce desta família de cinco agora às voltas com toda uma vida que se vai para debaixo da terra, com as caixas de mudança e doação, com a casa e a árvore que os abrigou.

Quando as Árvores Morrem é uma longa despedida. Uma filha juntando os cacos, preservando uma boa imagem de seu pai e tentando se entender com sua nova condição de órfã, de adulta. 

Quando as Árvores Morrem

Autora: Tatiana Lazzarotto Editora: Claraboia (164 pág.; R$ 49,90)

No começo de Quando as Árvores Morrem, a narradora relembra uma história do passado vivida em uma de suas voltas para casa – uma casa, ela diz, “que nunca mais será casa depois de um de nós ter partido”. 

Lembro de um poema de José Luiz Peixoto, Na hora de pôr a mesa, que está em A Criança em Ruínas (Dublinense) – sobre uma família de cinco, que se manterá dessa forma, com cinco pratos (em algum momento imaginários) à mesa, enquanto um deles estiver vivo. 

Baseado em fatos reais, 'Quando as Árvores Morrem' é a estreia de Tatiana Lazzarotto no romance Foto: Pixabay/Brenkee

O romance de estreia de Tatiana Lazzarotto é sobre casas e famílias, árvores e raízes, mortes e recomeços, memórias e despedidas – de pessoas, de lugares, da infância. Quando as Árvores Morrem é um luto. Um livro sobre um pai que é um mundo – que se desfaz de repente.

O alerta no início diz que esta é uma obra de ficção com alguns episódios e personagens baseados em fatos reais. Foi escrito na pandemia, pouco tempo depois de a autora perder seu pai, e acompanha essa narradora, que volta para a cidade de sua infância para o enterro deste pai que morreu repentina e precocemente.

Uma cena contada com raiva pela personagem me comove. Uma fila de crianças aparece no velório. Cada uma com um envelope na mão – que são depositados numa lata de biscoito. Elas não têm altura para ver dentro do caixão – nem idade –, mas a imagem no quadro ao lado confirma: o Papai Noel morreu. A um mês do Natal.

Sim, o pai da narradora, e da autora, foi um conhecido Papai Noel que ganhou a vida como o bom velhinho no sul do País. Vestiu tanto o personagem que, na frente da casa que ele enfeitava sem discrição no fim do ano, havia uma caixa de correspondência para receber o pedido das crianças. Ele também ganhou um selo especial dos Correios e até conseguiu registrar a marca e se tornar o Papai Noel do Brasil.

Acompanhamos os dias que se seguem ao enterro intercalados com as memórias carinhosas que a filha guarda deste homem, que ela nos apresenta em toda sua alegria, sonhos, projetos e esperança de que o novo ano seria, enfim, o ano deles. Um homem que se equilibrava e desequilibrava financeiramente. Que deixa um segredo. Que foi o alicerce desta família de cinco agora às voltas com toda uma vida que se vai para debaixo da terra, com as caixas de mudança e doação, com a casa e a árvore que os abrigou.

Quando as Árvores Morrem é uma longa despedida. Uma filha juntando os cacos, preservando uma boa imagem de seu pai e tentando se entender com sua nova condição de órfã, de adulta. 

Quando as Árvores Morrem

Autora: Tatiana Lazzarotto Editora: Claraboia (164 pág.; R$ 49,90)

Opinião por Maria Fernanda Rodrigues

Editora de Cultura e jornalista especializada em literatura e mercado editorial

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