Coluna quinzenal da jornalista Maria Fernanda Rodrigues com dicas de leitura

Opinião|Sonhando futuros sem guerra: a história de três meninas e sua luta por um Afeganistão melhor


‘Entre Sonhos e Dragões’, de Adriana Carranca, conta a saga de três meninas afegãs que, por meio da arte e do esporte, escrevem sua própria história

Por Maria Fernanda Rodrigues
Atualização:

Tem um provérbio afegão que diz: “Existe uma estrada até mesmo ao topo da montanha mais alta”. É com ele que Adriana Carranca abre seu novo livro para crianças, Entre Sonhos e Dragões. Para meninas e mulheres do Afeganistão, a montanha é sempre alta – e é para elas que a jornalista especializada em conflitos e direitos humanos, e autora de Malala, A Menina Que Queria Ir Para a Escola, dedica esta obra inspirada em personagens reais.

A história é ilustrada por uma artista que prefere não revelar sua identidade, filha de afegãos nascida no Irã, e se passa em um “reino muito distante, escondido nas profundezas de vales esculpidos entre montanhas gigantes, lagos azul-turquesa e desertos sem fim”, que viveu muitos anos em paz, isolado. Até os dragões chegarem.

Os meninos tiveram que lutar. As meninas foram aprisionadas em casa. O combate foi longo e violento, e os dragões foram derrotados. Mas os heróis, que se tornaram desumanos, começaram a brigar entre si. Jovens religiosos prometeram a paz, e se tornaram tirânicos. As meninas sofreram ainda mais: não podiam ser vistas, estudar nem fazer nada. Nesse contexto, os dragões voltam.

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'Entre Sonhos e Dragões', de Adriana Carranca, foi ilustrado por uma artista que, por segurança, prefere não se identificar Foto: N.N./Companhia das Letrinhas

Esse é o ponto de partida de Adriana, que empresta das lendas e contos populares afegãos a metáfora dos dragões – sempre confrontados por heroínas.

Aqui, eles são os “bombardeios massivos da força aérea soviética nos anos 1980 e, mais tarde, das forças americanas, que causaram a morte de milhares de civis”, ela explica em nota no final do livro. E eles são desafiados por três meninas: Meena, Shamsia e Sadaf. A autora as conheceu.

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Como as outras garotas do reino, elas cresceram ouvindo dos meninos que não eram capazes de aprender e fazer as mesmas coisas que eles. De suas mães e avós ouviam o oposto – e também histórias sobre guerreiras, rainhas e princesas indomáveis, sobre heroínas que derrotavam dragões. Essa passagem é bonita. Mostra que antes delas vieram outras que sonharam os mesmos e outros sonhos.

Sadaf queria pilotar aviões e lutar boxe. Shamsia sonhava cobrir as ruínas com arte. E Meena desejava que o som de seu violoncelo silenciasse o barulho das bombas. Elas partem para a ação, mas não ganham a guerra.

“Nas guerras não há vencedores – todos perdem! – e, quando acabam, nem sempre as histórias têm um final feliz”, lemos. Dragões vão e voltam. A paz nunca está garantida. E as meninas, que desafiaram esses seres e os homens, partem, sem nunca abandonar sua terra natal, para recomeçar longe, sem nunca esquecer o sonho. “Com elas”, escreve a autora, “está guardado o mais poderoso antídoto contra a guerra”.

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Livro de Adriana Carranca acaba de chegar às livrarias Foto: Companhia das Letrinhas

Entre Sonhos e Dragões

Autora: Adriana Carranca

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Ilustradora: N. N.

Editora: Companhia das Letrinhas (40 págs.; R$ 49,90)

Tem um provérbio afegão que diz: “Existe uma estrada até mesmo ao topo da montanha mais alta”. É com ele que Adriana Carranca abre seu novo livro para crianças, Entre Sonhos e Dragões. Para meninas e mulheres do Afeganistão, a montanha é sempre alta – e é para elas que a jornalista especializada em conflitos e direitos humanos, e autora de Malala, A Menina Que Queria Ir Para a Escola, dedica esta obra inspirada em personagens reais.

A história é ilustrada por uma artista que prefere não revelar sua identidade, filha de afegãos nascida no Irã, e se passa em um “reino muito distante, escondido nas profundezas de vales esculpidos entre montanhas gigantes, lagos azul-turquesa e desertos sem fim”, que viveu muitos anos em paz, isolado. Até os dragões chegarem.

Os meninos tiveram que lutar. As meninas foram aprisionadas em casa. O combate foi longo e violento, e os dragões foram derrotados. Mas os heróis, que se tornaram desumanos, começaram a brigar entre si. Jovens religiosos prometeram a paz, e se tornaram tirânicos. As meninas sofreram ainda mais: não podiam ser vistas, estudar nem fazer nada. Nesse contexto, os dragões voltam.

'Entre Sonhos e Dragões', de Adriana Carranca, foi ilustrado por uma artista que, por segurança, prefere não se identificar Foto: N.N./Companhia das Letrinhas

Esse é o ponto de partida de Adriana, que empresta das lendas e contos populares afegãos a metáfora dos dragões – sempre confrontados por heroínas.

Aqui, eles são os “bombardeios massivos da força aérea soviética nos anos 1980 e, mais tarde, das forças americanas, que causaram a morte de milhares de civis”, ela explica em nota no final do livro. E eles são desafiados por três meninas: Meena, Shamsia e Sadaf. A autora as conheceu.

Como as outras garotas do reino, elas cresceram ouvindo dos meninos que não eram capazes de aprender e fazer as mesmas coisas que eles. De suas mães e avós ouviam o oposto – e também histórias sobre guerreiras, rainhas e princesas indomáveis, sobre heroínas que derrotavam dragões. Essa passagem é bonita. Mostra que antes delas vieram outras que sonharam os mesmos e outros sonhos.

Sadaf queria pilotar aviões e lutar boxe. Shamsia sonhava cobrir as ruínas com arte. E Meena desejava que o som de seu violoncelo silenciasse o barulho das bombas. Elas partem para a ação, mas não ganham a guerra.

“Nas guerras não há vencedores – todos perdem! – e, quando acabam, nem sempre as histórias têm um final feliz”, lemos. Dragões vão e voltam. A paz nunca está garantida. E as meninas, que desafiaram esses seres e os homens, partem, sem nunca abandonar sua terra natal, para recomeçar longe, sem nunca esquecer o sonho. “Com elas”, escreve a autora, “está guardado o mais poderoso antídoto contra a guerra”.

Livro de Adriana Carranca acaba de chegar às livrarias Foto: Companhia das Letrinhas

Entre Sonhos e Dragões

Autora: Adriana Carranca

Ilustradora: N. N.

Editora: Companhia das Letrinhas (40 págs.; R$ 49,90)

Tem um provérbio afegão que diz: “Existe uma estrada até mesmo ao topo da montanha mais alta”. É com ele que Adriana Carranca abre seu novo livro para crianças, Entre Sonhos e Dragões. Para meninas e mulheres do Afeganistão, a montanha é sempre alta – e é para elas que a jornalista especializada em conflitos e direitos humanos, e autora de Malala, A Menina Que Queria Ir Para a Escola, dedica esta obra inspirada em personagens reais.

A história é ilustrada por uma artista que prefere não revelar sua identidade, filha de afegãos nascida no Irã, e se passa em um “reino muito distante, escondido nas profundezas de vales esculpidos entre montanhas gigantes, lagos azul-turquesa e desertos sem fim”, que viveu muitos anos em paz, isolado. Até os dragões chegarem.

Os meninos tiveram que lutar. As meninas foram aprisionadas em casa. O combate foi longo e violento, e os dragões foram derrotados. Mas os heróis, que se tornaram desumanos, começaram a brigar entre si. Jovens religiosos prometeram a paz, e se tornaram tirânicos. As meninas sofreram ainda mais: não podiam ser vistas, estudar nem fazer nada. Nesse contexto, os dragões voltam.

'Entre Sonhos e Dragões', de Adriana Carranca, foi ilustrado por uma artista que, por segurança, prefere não se identificar Foto: N.N./Companhia das Letrinhas

Esse é o ponto de partida de Adriana, que empresta das lendas e contos populares afegãos a metáfora dos dragões – sempre confrontados por heroínas.

Aqui, eles são os “bombardeios massivos da força aérea soviética nos anos 1980 e, mais tarde, das forças americanas, que causaram a morte de milhares de civis”, ela explica em nota no final do livro. E eles são desafiados por três meninas: Meena, Shamsia e Sadaf. A autora as conheceu.

Como as outras garotas do reino, elas cresceram ouvindo dos meninos que não eram capazes de aprender e fazer as mesmas coisas que eles. De suas mães e avós ouviam o oposto – e também histórias sobre guerreiras, rainhas e princesas indomáveis, sobre heroínas que derrotavam dragões. Essa passagem é bonita. Mostra que antes delas vieram outras que sonharam os mesmos e outros sonhos.

Sadaf queria pilotar aviões e lutar boxe. Shamsia sonhava cobrir as ruínas com arte. E Meena desejava que o som de seu violoncelo silenciasse o barulho das bombas. Elas partem para a ação, mas não ganham a guerra.

“Nas guerras não há vencedores – todos perdem! – e, quando acabam, nem sempre as histórias têm um final feliz”, lemos. Dragões vão e voltam. A paz nunca está garantida. E as meninas, que desafiaram esses seres e os homens, partem, sem nunca abandonar sua terra natal, para recomeçar longe, sem nunca esquecer o sonho. “Com elas”, escreve a autora, “está guardado o mais poderoso antídoto contra a guerra”.

Livro de Adriana Carranca acaba de chegar às livrarias Foto: Companhia das Letrinhas

Entre Sonhos e Dragões

Autora: Adriana Carranca

Ilustradora: N. N.

Editora: Companhia das Letrinhas (40 págs.; R$ 49,90)

Opinião por Maria Fernanda Rodrigues

Editora de Cultura e jornalista especializada em literatura e mercado editorial

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