Coluna quinzenal da jornalista Maria Fernanda Rodrigues com dicas de leitura

Opinião|Um livro por semana: Encontro com a ausência ('João Maria Matilde')


Romance de Marcela Dantés conta a história de brasileira que nunca soube nada do seu pai até descobrir que ele acaba de morrer em Portugal

Por Maria Fernanda Rodrigues

Você cresce sem um pai, sem saber nada sobre ele, inventando histórias e também motivos para aquela ausência até que um dia para de pensar nisso. E então o telefone toca. Você ouve uma língua estranha e ao mesmo tempo familiar. Não entende nada até que entende tudo: houve sim um pai, e ele está morto. Mais um abandono. Agora, aos 38 anos. 

'João Maria Matilde' começou a ser escrito durante residência literária em Óbidos Foto: Johnny Joka/Pixabay

É assim que começa João Maria Matilde, segundo romance da escritora mineira Marcela Dantés (1986), que chega às livrarias em maio pelo selo Autêntica Contemporânea. Um livro bonito e triste que começou a ser escrito durante uma residência literária no Festival de Óbidos, em Portugal.

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Quem nos conta esta história é a própria Matilde, uma tradutora que vive no Brasil e se vê, de repente, às voltas com uma viagem a Portugal, país desse seu novo pai, João Maria, para a leitura do testamento. O namorado diz que não vale o esforço. Que ela vai remexer em coisas complicadas e vai voltar de lá com um faqueiro de prata. Ela sabe que tem que ir, que vai doer, que ela vai chorar. Vai não pela herança, mas porque está prestes a conhecer, enfim, uma história que sempre lhe foi negada pela mãe – uma mãe que agora, mesmo que quisesse, já não poderia voltar atrás e dar um sentido a tudo isso, à existência de Matilde. Beatriz ainda vive, mas, com seu olhar perdido e sua angústia, está presa a um passado em que Matilde não existe ainda e a uma poltrona numa casa de repouso, sofrendo as consequências de um Alzheimer precoce e devastador.

Matilde canta uma última música para a mãe e vai. Vai sem saber quando volta, culpada porque sente que está traindo a mãe que silenciou esse passado. Mas por quê? Quem foi esse homem? O que ele fez? Que herança é essa que ele deixou? Como a vida teria sido se as coisas tivessem tomado outro rumo? Como a vida será dali em diante? Ao buscar essas respostas, a personagem acaba mergulhando em um mundo que ela conhece bem, que tenta contornar desde muito jovem: a ansiedade e o pânico.

No quarto de hotel “tão clichê quanto uma filha em busca de um pai”, ela vive momentos de muita angústia sem saber, às vezes, o que daquilo é real. 

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Fora dali, numa cidade cercada por uma muralha que guardou parte importante de sua vida, desamparada, ela vive esse luto e essa ausência, digere histórias de amor e trauma, se confronta com heranças muito maiores do que um faqueiro – genéticas principalmente –, e se reconhecendo num pai que ela nunca viu, conhecendo o afeto por meio de estranhos, talvez encontre um sentido e seu lugar. 

João Maria Matilde Autora: Marcela Dantés Editora: Autêntica Contemporânea (160 págs.; lançamento previsto para maio)

Você cresce sem um pai, sem saber nada sobre ele, inventando histórias e também motivos para aquela ausência até que um dia para de pensar nisso. E então o telefone toca. Você ouve uma língua estranha e ao mesmo tempo familiar. Não entende nada até que entende tudo: houve sim um pai, e ele está morto. Mais um abandono. Agora, aos 38 anos. 

'João Maria Matilde' começou a ser escrito durante residência literária em Óbidos Foto: Johnny Joka/Pixabay

É assim que começa João Maria Matilde, segundo romance da escritora mineira Marcela Dantés (1986), que chega às livrarias em maio pelo selo Autêntica Contemporânea. Um livro bonito e triste que começou a ser escrito durante uma residência literária no Festival de Óbidos, em Portugal.

Quem nos conta esta história é a própria Matilde, uma tradutora que vive no Brasil e se vê, de repente, às voltas com uma viagem a Portugal, país desse seu novo pai, João Maria, para a leitura do testamento. O namorado diz que não vale o esforço. Que ela vai remexer em coisas complicadas e vai voltar de lá com um faqueiro de prata. Ela sabe que tem que ir, que vai doer, que ela vai chorar. Vai não pela herança, mas porque está prestes a conhecer, enfim, uma história que sempre lhe foi negada pela mãe – uma mãe que agora, mesmo que quisesse, já não poderia voltar atrás e dar um sentido a tudo isso, à existência de Matilde. Beatriz ainda vive, mas, com seu olhar perdido e sua angústia, está presa a um passado em que Matilde não existe ainda e a uma poltrona numa casa de repouso, sofrendo as consequências de um Alzheimer precoce e devastador.

Matilde canta uma última música para a mãe e vai. Vai sem saber quando volta, culpada porque sente que está traindo a mãe que silenciou esse passado. Mas por quê? Quem foi esse homem? O que ele fez? Que herança é essa que ele deixou? Como a vida teria sido se as coisas tivessem tomado outro rumo? Como a vida será dali em diante? Ao buscar essas respostas, a personagem acaba mergulhando em um mundo que ela conhece bem, que tenta contornar desde muito jovem: a ansiedade e o pânico.

No quarto de hotel “tão clichê quanto uma filha em busca de um pai”, ela vive momentos de muita angústia sem saber, às vezes, o que daquilo é real. 

Fora dali, numa cidade cercada por uma muralha que guardou parte importante de sua vida, desamparada, ela vive esse luto e essa ausência, digere histórias de amor e trauma, se confronta com heranças muito maiores do que um faqueiro – genéticas principalmente –, e se reconhecendo num pai que ela nunca viu, conhecendo o afeto por meio de estranhos, talvez encontre um sentido e seu lugar. 

João Maria Matilde Autora: Marcela Dantés Editora: Autêntica Contemporânea (160 págs.; lançamento previsto para maio)

Você cresce sem um pai, sem saber nada sobre ele, inventando histórias e também motivos para aquela ausência até que um dia para de pensar nisso. E então o telefone toca. Você ouve uma língua estranha e ao mesmo tempo familiar. Não entende nada até que entende tudo: houve sim um pai, e ele está morto. Mais um abandono. Agora, aos 38 anos. 

'João Maria Matilde' começou a ser escrito durante residência literária em Óbidos Foto: Johnny Joka/Pixabay

É assim que começa João Maria Matilde, segundo romance da escritora mineira Marcela Dantés (1986), que chega às livrarias em maio pelo selo Autêntica Contemporânea. Um livro bonito e triste que começou a ser escrito durante uma residência literária no Festival de Óbidos, em Portugal.

Quem nos conta esta história é a própria Matilde, uma tradutora que vive no Brasil e se vê, de repente, às voltas com uma viagem a Portugal, país desse seu novo pai, João Maria, para a leitura do testamento. O namorado diz que não vale o esforço. Que ela vai remexer em coisas complicadas e vai voltar de lá com um faqueiro de prata. Ela sabe que tem que ir, que vai doer, que ela vai chorar. Vai não pela herança, mas porque está prestes a conhecer, enfim, uma história que sempre lhe foi negada pela mãe – uma mãe que agora, mesmo que quisesse, já não poderia voltar atrás e dar um sentido a tudo isso, à existência de Matilde. Beatriz ainda vive, mas, com seu olhar perdido e sua angústia, está presa a um passado em que Matilde não existe ainda e a uma poltrona numa casa de repouso, sofrendo as consequências de um Alzheimer precoce e devastador.

Matilde canta uma última música para a mãe e vai. Vai sem saber quando volta, culpada porque sente que está traindo a mãe que silenciou esse passado. Mas por quê? Quem foi esse homem? O que ele fez? Que herança é essa que ele deixou? Como a vida teria sido se as coisas tivessem tomado outro rumo? Como a vida será dali em diante? Ao buscar essas respostas, a personagem acaba mergulhando em um mundo que ela conhece bem, que tenta contornar desde muito jovem: a ansiedade e o pânico.

No quarto de hotel “tão clichê quanto uma filha em busca de um pai”, ela vive momentos de muita angústia sem saber, às vezes, o que daquilo é real. 

Fora dali, numa cidade cercada por uma muralha que guardou parte importante de sua vida, desamparada, ela vive esse luto e essa ausência, digere histórias de amor e trauma, se confronta com heranças muito maiores do que um faqueiro – genéticas principalmente –, e se reconhecendo num pai que ela nunca viu, conhecendo o afeto por meio de estranhos, talvez encontre um sentido e seu lugar. 

João Maria Matilde Autora: Marcela Dantés Editora: Autêntica Contemporânea (160 págs.; lançamento previsto para maio)

Você cresce sem um pai, sem saber nada sobre ele, inventando histórias e também motivos para aquela ausência até que um dia para de pensar nisso. E então o telefone toca. Você ouve uma língua estranha e ao mesmo tempo familiar. Não entende nada até que entende tudo: houve sim um pai, e ele está morto. Mais um abandono. Agora, aos 38 anos. 

'João Maria Matilde' começou a ser escrito durante residência literária em Óbidos Foto: Johnny Joka/Pixabay

É assim que começa João Maria Matilde, segundo romance da escritora mineira Marcela Dantés (1986), que chega às livrarias em maio pelo selo Autêntica Contemporânea. Um livro bonito e triste que começou a ser escrito durante uma residência literária no Festival de Óbidos, em Portugal.

Quem nos conta esta história é a própria Matilde, uma tradutora que vive no Brasil e se vê, de repente, às voltas com uma viagem a Portugal, país desse seu novo pai, João Maria, para a leitura do testamento. O namorado diz que não vale o esforço. Que ela vai remexer em coisas complicadas e vai voltar de lá com um faqueiro de prata. Ela sabe que tem que ir, que vai doer, que ela vai chorar. Vai não pela herança, mas porque está prestes a conhecer, enfim, uma história que sempre lhe foi negada pela mãe – uma mãe que agora, mesmo que quisesse, já não poderia voltar atrás e dar um sentido a tudo isso, à existência de Matilde. Beatriz ainda vive, mas, com seu olhar perdido e sua angústia, está presa a um passado em que Matilde não existe ainda e a uma poltrona numa casa de repouso, sofrendo as consequências de um Alzheimer precoce e devastador.

Matilde canta uma última música para a mãe e vai. Vai sem saber quando volta, culpada porque sente que está traindo a mãe que silenciou esse passado. Mas por quê? Quem foi esse homem? O que ele fez? Que herança é essa que ele deixou? Como a vida teria sido se as coisas tivessem tomado outro rumo? Como a vida será dali em diante? Ao buscar essas respostas, a personagem acaba mergulhando em um mundo que ela conhece bem, que tenta contornar desde muito jovem: a ansiedade e o pânico.

No quarto de hotel “tão clichê quanto uma filha em busca de um pai”, ela vive momentos de muita angústia sem saber, às vezes, o que daquilo é real. 

Fora dali, numa cidade cercada por uma muralha que guardou parte importante de sua vida, desamparada, ela vive esse luto e essa ausência, digere histórias de amor e trauma, se confronta com heranças muito maiores do que um faqueiro – genéticas principalmente –, e se reconhecendo num pai que ela nunca viu, conhecendo o afeto por meio de estranhos, talvez encontre um sentido e seu lugar. 

João Maria Matilde Autora: Marcela Dantés Editora: Autêntica Contemporânea (160 págs.; lançamento previsto para maio)

Você cresce sem um pai, sem saber nada sobre ele, inventando histórias e também motivos para aquela ausência até que um dia para de pensar nisso. E então o telefone toca. Você ouve uma língua estranha e ao mesmo tempo familiar. Não entende nada até que entende tudo: houve sim um pai, e ele está morto. Mais um abandono. Agora, aos 38 anos. 

'João Maria Matilde' começou a ser escrito durante residência literária em Óbidos Foto: Johnny Joka/Pixabay

É assim que começa João Maria Matilde, segundo romance da escritora mineira Marcela Dantés (1986), que chega às livrarias em maio pelo selo Autêntica Contemporânea. Um livro bonito e triste que começou a ser escrito durante uma residência literária no Festival de Óbidos, em Portugal.

Quem nos conta esta história é a própria Matilde, uma tradutora que vive no Brasil e se vê, de repente, às voltas com uma viagem a Portugal, país desse seu novo pai, João Maria, para a leitura do testamento. O namorado diz que não vale o esforço. Que ela vai remexer em coisas complicadas e vai voltar de lá com um faqueiro de prata. Ela sabe que tem que ir, que vai doer, que ela vai chorar. Vai não pela herança, mas porque está prestes a conhecer, enfim, uma história que sempre lhe foi negada pela mãe – uma mãe que agora, mesmo que quisesse, já não poderia voltar atrás e dar um sentido a tudo isso, à existência de Matilde. Beatriz ainda vive, mas, com seu olhar perdido e sua angústia, está presa a um passado em que Matilde não existe ainda e a uma poltrona numa casa de repouso, sofrendo as consequências de um Alzheimer precoce e devastador.

Matilde canta uma última música para a mãe e vai. Vai sem saber quando volta, culpada porque sente que está traindo a mãe que silenciou esse passado. Mas por quê? Quem foi esse homem? O que ele fez? Que herança é essa que ele deixou? Como a vida teria sido se as coisas tivessem tomado outro rumo? Como a vida será dali em diante? Ao buscar essas respostas, a personagem acaba mergulhando em um mundo que ela conhece bem, que tenta contornar desde muito jovem: a ansiedade e o pânico.

No quarto de hotel “tão clichê quanto uma filha em busca de um pai”, ela vive momentos de muita angústia sem saber, às vezes, o que daquilo é real. 

Fora dali, numa cidade cercada por uma muralha que guardou parte importante de sua vida, desamparada, ela vive esse luto e essa ausência, digere histórias de amor e trauma, se confronta com heranças muito maiores do que um faqueiro – genéticas principalmente –, e se reconhecendo num pai que ela nunca viu, conhecendo o afeto por meio de estranhos, talvez encontre um sentido e seu lugar. 

João Maria Matilde Autora: Marcela Dantés Editora: Autêntica Contemporânea (160 págs.; lançamento previsto para maio)

Opinião por Maria Fernanda Rodrigues

Editora de Cultura e jornalista especializada em literatura e mercado editorial

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