Coluna quinzenal da jornalista Maria Fernanda Rodrigues com dicas de leitura

Opinião|Um livro, uma viagem rumo às mais nostálgicas temporadas de férias na praia: infância e memória


‘Castelos de Areia’, de Márcia Leite e Odilon Moraes, é um livro para crianças de todas as idades, e para adultos saudosos

Por Maria Fernanda Rodrigues
Atualização:

Muito do que aprendi sobre literatura para a infância foi nas entrevistas que fiz com Márcia Leite, com os excelentes livros que ela publicou pela Pulo do Gato, a editora que ela fundou e da qual está se despedindo agora, e, mais recentemente, com um livro lindo que ela escreveu: Castelos de Areia. Comentei brevemente sobre ele meses atrás – na coluna sobre A Vida Descalço, de Alan Pauls. Volto à obra agora, releio, me emociono de novo.

É um livro para criança. Para aquela nossa criança perdida no tempo, esquecida no passado. Márcia lembra e escreve. E Odilon Moraes ouve, recria suas próprias memórias e traduz em imagens esta história que volta ao passado para reviver as “temporadas salgadas” da infância.

“Descer a serra”, escreve a autora paulistana em sua apresentação, “era uma experiência extraordinária que não cabia nos livros de geografia: atravessar túneis em curvas, que perfuravam as montanhas, permanecer um tempo do percurso com os ouvidos tampados devido à mudança de altitude e festejar quando se avistava, à distância, lá embaixo, os braços de mar que, se não nos abraçavam, indicavam que estávamos chegando”. Foi ao escrever este livro que Márcia percebeu como as férias em família na praia tinham sido importantes para sua constituição.

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Em Castelos de Areia acompanhamos a menina naqueles dias quentes de verão, em brincadeiras com a prima mais velha, seguindo os passos da tia e da avó nas caminhadas com água nas canelas, observando os adultos conversando e se refrescando em suas cadeiras na beirinha do mar, o tio pescando.

Ilustração de Odilon Moraes para 'Castelos de Areia', de Márcia Leite Foto: Ôzé

Depois, sob protesto das crianças, a volta para o apartamento alugado, os chinelos queimando o pé, a fila do banho, o almoço – que, nas férias, “era diferente de comida de verdade”. O cochilo dos adultos, a volta à praia para um sorvete e mais brincadeiras no fim da tarde. As noites de baralho, mosquito e ócio. E isso tudo de novo e de novo até o último dia feliz de férias. “Subíamos a serra calados, mas ainda unidos. Trazíamos lembranças, conchas e marcas de sol na pele.”

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As temporadas de verão se repetiriam para aquela família ano após ano. Até não se repetirem mais. “Porque as pessoas, assim como as ondas, arrebentam e viram espuma”. E segue: “Quem não virou ainda se lembra dos nossos dias de banho de mar e dos castelos de areia. E sorri por dentro. E por fora.”

'Castelos de Areia' mostra família que desce a serra todos os anos para passar as férias na praia Foto: Ôzé

Um livro sensível. Alegre e triste, como a vida. Um convite para revisitarmos nossas memórias mais doces da infância, preservá-las e cultivá-las. E um alerta para cuidarmos das crianças – dessa infância que é a base de tudo e que um dia será memória.

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Castelos de Areia

  • Autora: Márcia Leite
  • Ilustrador: Odilon Moraes
  • Editora: Ôzé (48 págs.; R$ 62)

Muito do que aprendi sobre literatura para a infância foi nas entrevistas que fiz com Márcia Leite, com os excelentes livros que ela publicou pela Pulo do Gato, a editora que ela fundou e da qual está se despedindo agora, e, mais recentemente, com um livro lindo que ela escreveu: Castelos de Areia. Comentei brevemente sobre ele meses atrás – na coluna sobre A Vida Descalço, de Alan Pauls. Volto à obra agora, releio, me emociono de novo.

É um livro para criança. Para aquela nossa criança perdida no tempo, esquecida no passado. Márcia lembra e escreve. E Odilon Moraes ouve, recria suas próprias memórias e traduz em imagens esta história que volta ao passado para reviver as “temporadas salgadas” da infância.

“Descer a serra”, escreve a autora paulistana em sua apresentação, “era uma experiência extraordinária que não cabia nos livros de geografia: atravessar túneis em curvas, que perfuravam as montanhas, permanecer um tempo do percurso com os ouvidos tampados devido à mudança de altitude e festejar quando se avistava, à distância, lá embaixo, os braços de mar que, se não nos abraçavam, indicavam que estávamos chegando”. Foi ao escrever este livro que Márcia percebeu como as férias em família na praia tinham sido importantes para sua constituição.

Em Castelos de Areia acompanhamos a menina naqueles dias quentes de verão, em brincadeiras com a prima mais velha, seguindo os passos da tia e da avó nas caminhadas com água nas canelas, observando os adultos conversando e se refrescando em suas cadeiras na beirinha do mar, o tio pescando.

Ilustração de Odilon Moraes para 'Castelos de Areia', de Márcia Leite Foto: Ôzé

Depois, sob protesto das crianças, a volta para o apartamento alugado, os chinelos queimando o pé, a fila do banho, o almoço – que, nas férias, “era diferente de comida de verdade”. O cochilo dos adultos, a volta à praia para um sorvete e mais brincadeiras no fim da tarde. As noites de baralho, mosquito e ócio. E isso tudo de novo e de novo até o último dia feliz de férias. “Subíamos a serra calados, mas ainda unidos. Trazíamos lembranças, conchas e marcas de sol na pele.”

As temporadas de verão se repetiriam para aquela família ano após ano. Até não se repetirem mais. “Porque as pessoas, assim como as ondas, arrebentam e viram espuma”. E segue: “Quem não virou ainda se lembra dos nossos dias de banho de mar e dos castelos de areia. E sorri por dentro. E por fora.”

'Castelos de Areia' mostra família que desce a serra todos os anos para passar as férias na praia Foto: Ôzé

Um livro sensível. Alegre e triste, como a vida. Um convite para revisitarmos nossas memórias mais doces da infância, preservá-las e cultivá-las. E um alerta para cuidarmos das crianças – dessa infância que é a base de tudo e que um dia será memória.

Castelos de Areia

  • Autora: Márcia Leite
  • Ilustrador: Odilon Moraes
  • Editora: Ôzé (48 págs.; R$ 62)

Muito do que aprendi sobre literatura para a infância foi nas entrevistas que fiz com Márcia Leite, com os excelentes livros que ela publicou pela Pulo do Gato, a editora que ela fundou e da qual está se despedindo agora, e, mais recentemente, com um livro lindo que ela escreveu: Castelos de Areia. Comentei brevemente sobre ele meses atrás – na coluna sobre A Vida Descalço, de Alan Pauls. Volto à obra agora, releio, me emociono de novo.

É um livro para criança. Para aquela nossa criança perdida no tempo, esquecida no passado. Márcia lembra e escreve. E Odilon Moraes ouve, recria suas próprias memórias e traduz em imagens esta história que volta ao passado para reviver as “temporadas salgadas” da infância.

“Descer a serra”, escreve a autora paulistana em sua apresentação, “era uma experiência extraordinária que não cabia nos livros de geografia: atravessar túneis em curvas, que perfuravam as montanhas, permanecer um tempo do percurso com os ouvidos tampados devido à mudança de altitude e festejar quando se avistava, à distância, lá embaixo, os braços de mar que, se não nos abraçavam, indicavam que estávamos chegando”. Foi ao escrever este livro que Márcia percebeu como as férias em família na praia tinham sido importantes para sua constituição.

Em Castelos de Areia acompanhamos a menina naqueles dias quentes de verão, em brincadeiras com a prima mais velha, seguindo os passos da tia e da avó nas caminhadas com água nas canelas, observando os adultos conversando e se refrescando em suas cadeiras na beirinha do mar, o tio pescando.

Ilustração de Odilon Moraes para 'Castelos de Areia', de Márcia Leite Foto: Ôzé

Depois, sob protesto das crianças, a volta para o apartamento alugado, os chinelos queimando o pé, a fila do banho, o almoço – que, nas férias, “era diferente de comida de verdade”. O cochilo dos adultos, a volta à praia para um sorvete e mais brincadeiras no fim da tarde. As noites de baralho, mosquito e ócio. E isso tudo de novo e de novo até o último dia feliz de férias. “Subíamos a serra calados, mas ainda unidos. Trazíamos lembranças, conchas e marcas de sol na pele.”

As temporadas de verão se repetiriam para aquela família ano após ano. Até não se repetirem mais. “Porque as pessoas, assim como as ondas, arrebentam e viram espuma”. E segue: “Quem não virou ainda se lembra dos nossos dias de banho de mar e dos castelos de areia. E sorri por dentro. E por fora.”

'Castelos de Areia' mostra família que desce a serra todos os anos para passar as férias na praia Foto: Ôzé

Um livro sensível. Alegre e triste, como a vida. Um convite para revisitarmos nossas memórias mais doces da infância, preservá-las e cultivá-las. E um alerta para cuidarmos das crianças – dessa infância que é a base de tudo e que um dia será memória.

Castelos de Areia

  • Autora: Márcia Leite
  • Ilustrador: Odilon Moraes
  • Editora: Ôzé (48 págs.; R$ 62)

Muito do que aprendi sobre literatura para a infância foi nas entrevistas que fiz com Márcia Leite, com os excelentes livros que ela publicou pela Pulo do Gato, a editora que ela fundou e da qual está se despedindo agora, e, mais recentemente, com um livro lindo que ela escreveu: Castelos de Areia. Comentei brevemente sobre ele meses atrás – na coluna sobre A Vida Descalço, de Alan Pauls. Volto à obra agora, releio, me emociono de novo.

É um livro para criança. Para aquela nossa criança perdida no tempo, esquecida no passado. Márcia lembra e escreve. E Odilon Moraes ouve, recria suas próprias memórias e traduz em imagens esta história que volta ao passado para reviver as “temporadas salgadas” da infância.

“Descer a serra”, escreve a autora paulistana em sua apresentação, “era uma experiência extraordinária que não cabia nos livros de geografia: atravessar túneis em curvas, que perfuravam as montanhas, permanecer um tempo do percurso com os ouvidos tampados devido à mudança de altitude e festejar quando se avistava, à distância, lá embaixo, os braços de mar que, se não nos abraçavam, indicavam que estávamos chegando”. Foi ao escrever este livro que Márcia percebeu como as férias em família na praia tinham sido importantes para sua constituição.

Em Castelos de Areia acompanhamos a menina naqueles dias quentes de verão, em brincadeiras com a prima mais velha, seguindo os passos da tia e da avó nas caminhadas com água nas canelas, observando os adultos conversando e se refrescando em suas cadeiras na beirinha do mar, o tio pescando.

Ilustração de Odilon Moraes para 'Castelos de Areia', de Márcia Leite Foto: Ôzé

Depois, sob protesto das crianças, a volta para o apartamento alugado, os chinelos queimando o pé, a fila do banho, o almoço – que, nas férias, “era diferente de comida de verdade”. O cochilo dos adultos, a volta à praia para um sorvete e mais brincadeiras no fim da tarde. As noites de baralho, mosquito e ócio. E isso tudo de novo e de novo até o último dia feliz de férias. “Subíamos a serra calados, mas ainda unidos. Trazíamos lembranças, conchas e marcas de sol na pele.”

As temporadas de verão se repetiriam para aquela família ano após ano. Até não se repetirem mais. “Porque as pessoas, assim como as ondas, arrebentam e viram espuma”. E segue: “Quem não virou ainda se lembra dos nossos dias de banho de mar e dos castelos de areia. E sorri por dentro. E por fora.”

'Castelos de Areia' mostra família que desce a serra todos os anos para passar as férias na praia Foto: Ôzé

Um livro sensível. Alegre e triste, como a vida. Um convite para revisitarmos nossas memórias mais doces da infância, preservá-las e cultivá-las. E um alerta para cuidarmos das crianças – dessa infância que é a base de tudo e que um dia será memória.

Castelos de Areia

  • Autora: Márcia Leite
  • Ilustrador: Odilon Moraes
  • Editora: Ôzé (48 págs.; R$ 62)
Opinião por Maria Fernanda Rodrigues

Editora de Cultura e jornalista especializada em literatura e mercado editorial

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