Estudante apaixonada pelas artes plásticas, a jovem idealista Luciana Brito teve como evolução natural de sua jornada a abertura de sua primeira galera em 1997.
Em mais de 20 anos, a paulista, com seu faro natural para descobrir novos talentos e a habilidade para apresentá-los ao mercado, tornou-se uma das protagonistas da cena artística nacional, contribuindo para a consolidação e a profissionalização do mercado de arte no Brasil.
“O galerista é um educador que deve contribuir para refinar o entendimento do que é arte para seu público”, explica Luciana em nossa conversa na casa-galeria que desde 2015 é sede da Luciana Brito Galeria em São Paulo.
A sede da galeria em uma residência com arquitetura modernista de Rino Levi e jardins de Burle Marx conta sobre a essência da transformação proposta por Luciana, que fez de sua galeria a primeira a ocupar uma casa tombada para esse fim.
“O espaço é um símbolo do conceito e programa da galeria que sempre representou artistas que ultrapassam os limites da arte, ampliando sua visão para a arquitetura e o paisagismo, como Geraldo de Barros, Waldemar Cordeiro, Caio Reisewitz e Regina Silveira”, explica ainda.
DIÁLOGO. “A ideia de uma galeria que pudesse ocupar uma casa modernista que é patrimônio cultural de São Paulo me parecia um caminho natural pela minha formação e vontade do diálogo entre as artes. Mantive o projeto original me preocupando como o trabalho de restauro, mantendo os jardins domésticos criados por Burle Marx e também as cores originais”, completa.
Esta semana Luciana desafia mais um conceito que normalmente separa arte e design em um movimento audacioso. Agora, sua galeria passa a representa no Brasil um dos principais nomes do design do mercado nacional e internacional, os irmãos Campana, apresentando suas lendárias criações sob status de obras de arte.
POLIFONIA. Abertura até 21 de janeiro, a exposição Polifonia, que será inaugurada neste sábado, dia 5, nos Jardins, dá início a uma nova parceria e traz mais histórias sobre o Brasil, como diz Humberto Campana. “Somos contadores de histórias. A ideia é dar alma aos objetos e sempre contar uma história que tem de ser sobre o nosso país.”
Na exposição, Fernando e Humberto, pioneiros na reutilização e ressignificação de materiais, transformam uma coleção de objetos em obras de arte, de acordo com a curadora de design contemporâneo Maria Cristina Didero. A mostra, que explora cada ambiente da casa, apresenta um diverso número de criações do artistas, do sofá dourado Cratera à série de mesas em Cobogó, passando pelo vaso Cocar de quase dois metros e as mesinhas de terracota.
As obras dos Campanas, mais uma vez, apresentam uma variedade que permite entender toda a sua carreira, pluralidade de materiais, processos e técnicas.