O verdadeiro Pantanal


Novo livro do fotógrafo João Farkas traz uma natureza idílica, em cenas que se misturam em profusão de cores

Por Alice Ferraz

Uma das fotos que abre este texto e que também foi escolhida como capa da publicação Pantanal (R$ 150; Edições Sesc São Paulo), de João Farkas, se transformou, infelizmente, em um símbolo da região em 2020.

A imagem viralizou pelas mídias sociais e causou dor a cada olhar. O que causa certo espanto é que essa foto não foi tirada em 2020 e, sim, em 2019, quando o fotógrafo completava cinco anos de intensa vivência e exploração daquilo que ele define como “o acachapante espetáculo da natureza”. Farkas concedeu uma entrevista exclusiva ao Estadão, em que contou sobre seu novo livro e sua motivação e paixão para produzi-lo.

Tudo começou em 2014, quando João Farkas foi convidado por Roberto Klabin para conhecer a região. A provocação vinha de um extremo conhecedor da vida pantaneira, pioneiro no turismo de observação da fauna local e um dos maiores defensores do ecossistema. O empresário é proprietário da fazenda Estância Caiman, ambientalista, fundador da SOS Mata Atlântica e SOS Pantanal e insistia em trazer o olhar de Farkas para realizar um livro que denunciasse a destruição que já acontecia.

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Paisagens: imagemde incêndio viralizou pelas redes sociais; paraíso pantaneiro registrado pelas lentes de Farkas antes das chamas de 2020 Foto: João Farkas

Farkas, que até então não tinha as paisagens como a personagem principal de sua objetiva, aceitou conhecer a região e assim nasceu uma nova paixão. “Entendi naquele momento que eu e o Brasil todo temos uma cegueira cognitiva para com o Pantanal. Estamos destruindo aquilo que nem sequer conhecemos”, explica.

Nesse ponto a imagem que Farkas gostaria de documentar ainda não estava clara até que encontrou Teresa Cristina Ralston Bracher, fazendeira, defensora da preservação do Pantanal e fundadora do Instituto Acai Pantanal, que promove ações educativas integradas à preservação do bioma. “Nasceu então o desejo imenso de celebrar e mostrar imagens espetaculares que são muito mais representativas da região do que as que tínhamos até então no nosso imaginário coletivo sobre o Pantanal”, diz Farkas. As cerca de 80 fotografias distribuídas em 60 páginas do novo livro do fotógrafo desnudam a alma pantaneira. Trazem uma natureza idílica, em cenas que se misturam em uma profusão de cores inesperadas. É como se um “novo” Pantanal, desconhecido da nossa memória afetiva, se descortinasse a cada foto.

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O questionamento que vem a mente é, por que não tivemos até hoje essa visão sobre a região? Por que a nossa Floresta Amazônica foi tão bem retratada e um ecossistema tão fundamental foi deixado de lado? Farkas explica: “O Pantanal é sui generis. Tem uma amplidão e uma horizontalidade radicais. Lá, as coisas estão muito próximas ou muito longe do ponto de vista do fotógrafo. É desafiador conseguir, então, desvendar a complexidade do Pantanal em imagens que possam realizar essa tradução.

Foi isso que acabou me levando a uma visão aérea, muitas vezes dramática, quando a composição se torna interessante, sem a onipresença do horizonte. Lá de cima, há ainda uma questão única: é um local onde ‘terra e água’ se misturam e se fecundam, como bem disse Manoel de Barros, o grande poeta pantaneiro”.

Da fantástica florada dos ipês às florestas de buritis, João Farkas nos conduz por um caminho que nos leva ao desejo de vivenciar esse lugar cheio de vida, cores e beleza abundante. Conhecer, pertencer para, talvez assim, sentirmos a necessidade de cuidar e proteger o que é nosso.

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O poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu um livro dedicado ao Pantanal em que compara sua força e beleza ao primeiro dia da criação do mundo, e diz: “Não são miragens de um mundo perdido no tempo ou no sonho. Não é a terra fora da terra. É o aqui e agora de um Brasil que é teu e desconheces”.

Uma das fotos que abre este texto e que também foi escolhida como capa da publicação Pantanal (R$ 150; Edições Sesc São Paulo), de João Farkas, se transformou, infelizmente, em um símbolo da região em 2020.

A imagem viralizou pelas mídias sociais e causou dor a cada olhar. O que causa certo espanto é que essa foto não foi tirada em 2020 e, sim, em 2019, quando o fotógrafo completava cinco anos de intensa vivência e exploração daquilo que ele define como “o acachapante espetáculo da natureza”. Farkas concedeu uma entrevista exclusiva ao Estadão, em que contou sobre seu novo livro e sua motivação e paixão para produzi-lo.

Tudo começou em 2014, quando João Farkas foi convidado por Roberto Klabin para conhecer a região. A provocação vinha de um extremo conhecedor da vida pantaneira, pioneiro no turismo de observação da fauna local e um dos maiores defensores do ecossistema. O empresário é proprietário da fazenda Estância Caiman, ambientalista, fundador da SOS Mata Atlântica e SOS Pantanal e insistia em trazer o olhar de Farkas para realizar um livro que denunciasse a destruição que já acontecia.

Paisagens: imagemde incêndio viralizou pelas redes sociais; paraíso pantaneiro registrado pelas lentes de Farkas antes das chamas de 2020 Foto: João Farkas

Farkas, que até então não tinha as paisagens como a personagem principal de sua objetiva, aceitou conhecer a região e assim nasceu uma nova paixão. “Entendi naquele momento que eu e o Brasil todo temos uma cegueira cognitiva para com o Pantanal. Estamos destruindo aquilo que nem sequer conhecemos”, explica.

Nesse ponto a imagem que Farkas gostaria de documentar ainda não estava clara até que encontrou Teresa Cristina Ralston Bracher, fazendeira, defensora da preservação do Pantanal e fundadora do Instituto Acai Pantanal, que promove ações educativas integradas à preservação do bioma. “Nasceu então o desejo imenso de celebrar e mostrar imagens espetaculares que são muito mais representativas da região do que as que tínhamos até então no nosso imaginário coletivo sobre o Pantanal”, diz Farkas. As cerca de 80 fotografias distribuídas em 60 páginas do novo livro do fotógrafo desnudam a alma pantaneira. Trazem uma natureza idílica, em cenas que se misturam em uma profusão de cores inesperadas. É como se um “novo” Pantanal, desconhecido da nossa memória afetiva, se descortinasse a cada foto.

O questionamento que vem a mente é, por que não tivemos até hoje essa visão sobre a região? Por que a nossa Floresta Amazônica foi tão bem retratada e um ecossistema tão fundamental foi deixado de lado? Farkas explica: “O Pantanal é sui generis. Tem uma amplidão e uma horizontalidade radicais. Lá, as coisas estão muito próximas ou muito longe do ponto de vista do fotógrafo. É desafiador conseguir, então, desvendar a complexidade do Pantanal em imagens que possam realizar essa tradução.

Foi isso que acabou me levando a uma visão aérea, muitas vezes dramática, quando a composição se torna interessante, sem a onipresença do horizonte. Lá de cima, há ainda uma questão única: é um local onde ‘terra e água’ se misturam e se fecundam, como bem disse Manoel de Barros, o grande poeta pantaneiro”.

Da fantástica florada dos ipês às florestas de buritis, João Farkas nos conduz por um caminho que nos leva ao desejo de vivenciar esse lugar cheio de vida, cores e beleza abundante. Conhecer, pertencer para, talvez assim, sentirmos a necessidade de cuidar e proteger o que é nosso.

O poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu um livro dedicado ao Pantanal em que compara sua força e beleza ao primeiro dia da criação do mundo, e diz: “Não são miragens de um mundo perdido no tempo ou no sonho. Não é a terra fora da terra. É o aqui e agora de um Brasil que é teu e desconheces”.

Uma das fotos que abre este texto e que também foi escolhida como capa da publicação Pantanal (R$ 150; Edições Sesc São Paulo), de João Farkas, se transformou, infelizmente, em um símbolo da região em 2020.

A imagem viralizou pelas mídias sociais e causou dor a cada olhar. O que causa certo espanto é que essa foto não foi tirada em 2020 e, sim, em 2019, quando o fotógrafo completava cinco anos de intensa vivência e exploração daquilo que ele define como “o acachapante espetáculo da natureza”. Farkas concedeu uma entrevista exclusiva ao Estadão, em que contou sobre seu novo livro e sua motivação e paixão para produzi-lo.

Tudo começou em 2014, quando João Farkas foi convidado por Roberto Klabin para conhecer a região. A provocação vinha de um extremo conhecedor da vida pantaneira, pioneiro no turismo de observação da fauna local e um dos maiores defensores do ecossistema. O empresário é proprietário da fazenda Estância Caiman, ambientalista, fundador da SOS Mata Atlântica e SOS Pantanal e insistia em trazer o olhar de Farkas para realizar um livro que denunciasse a destruição que já acontecia.

Paisagens: imagemde incêndio viralizou pelas redes sociais; paraíso pantaneiro registrado pelas lentes de Farkas antes das chamas de 2020 Foto: João Farkas

Farkas, que até então não tinha as paisagens como a personagem principal de sua objetiva, aceitou conhecer a região e assim nasceu uma nova paixão. “Entendi naquele momento que eu e o Brasil todo temos uma cegueira cognitiva para com o Pantanal. Estamos destruindo aquilo que nem sequer conhecemos”, explica.

Nesse ponto a imagem que Farkas gostaria de documentar ainda não estava clara até que encontrou Teresa Cristina Ralston Bracher, fazendeira, defensora da preservação do Pantanal e fundadora do Instituto Acai Pantanal, que promove ações educativas integradas à preservação do bioma. “Nasceu então o desejo imenso de celebrar e mostrar imagens espetaculares que são muito mais representativas da região do que as que tínhamos até então no nosso imaginário coletivo sobre o Pantanal”, diz Farkas. As cerca de 80 fotografias distribuídas em 60 páginas do novo livro do fotógrafo desnudam a alma pantaneira. Trazem uma natureza idílica, em cenas que se misturam em uma profusão de cores inesperadas. É como se um “novo” Pantanal, desconhecido da nossa memória afetiva, se descortinasse a cada foto.

O questionamento que vem a mente é, por que não tivemos até hoje essa visão sobre a região? Por que a nossa Floresta Amazônica foi tão bem retratada e um ecossistema tão fundamental foi deixado de lado? Farkas explica: “O Pantanal é sui generis. Tem uma amplidão e uma horizontalidade radicais. Lá, as coisas estão muito próximas ou muito longe do ponto de vista do fotógrafo. É desafiador conseguir, então, desvendar a complexidade do Pantanal em imagens que possam realizar essa tradução.

Foi isso que acabou me levando a uma visão aérea, muitas vezes dramática, quando a composição se torna interessante, sem a onipresença do horizonte. Lá de cima, há ainda uma questão única: é um local onde ‘terra e água’ se misturam e se fecundam, como bem disse Manoel de Barros, o grande poeta pantaneiro”.

Da fantástica florada dos ipês às florestas de buritis, João Farkas nos conduz por um caminho que nos leva ao desejo de vivenciar esse lugar cheio de vida, cores e beleza abundante. Conhecer, pertencer para, talvez assim, sentirmos a necessidade de cuidar e proteger o que é nosso.

O poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu um livro dedicado ao Pantanal em que compara sua força e beleza ao primeiro dia da criação do mundo, e diz: “Não são miragens de um mundo perdido no tempo ou no sonho. Não é a terra fora da terra. É o aqui e agora de um Brasil que é teu e desconheces”.

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