BEIRUTE - Pareceu uma eternidade enquanto o estilista de alta-costura Elie Saab lutava para garantir a segurança de seus 200 funcionários, incluindo seu filho, quando a enorme explosão deste mês sacudiu Beirute.
Como muitos libaneses em 4 de agosto, quando produtos químicos explodiram no porto, o estilista de 56 anos sentiu que a explosão estava à sua porta. “Eu vi meu filho coberto de sangue, não podia acreditar. Eu disse ok, ele está ferido, mas estava tudo bem, foram apenas cortes na cabeça e nos braços”, disse Saab.
“Mas foram 15 minutos que pareceram dois dias. Não apenas porque é uma coisa de pai e filho, é porque todos trabalhamos juntos como uma família sob o mesmo teto.”
A explosão matou 178 pessoas, feriu 6 mil e arrasou bairros inteiros.
Saab disse que seu escritório principal e sede foram seriamente danificados. Sua casa, a poucas centenas de metros do porto, foi destruída.
A explosão destruiu lojas e ateliês de pelo menos dois outros estilistas, Zuhair Murad e Rabih Keyrouz, ele próprio gravemente ferido.
Saab conhece bem a devastação. Ele começou seu trabalho em 1982, no auge da guerra civil do Líbano de 1975 a 1990. A explosão de 4 de agosto o fez lembrar do passado. “Era o mesmo cheiro, a mesma poeira, o vidro quebrado. Sinceramente, não queríamos reviver isso.”
A equipe da Saab planeja voltar aos escritórios a partir de 20 de agosto para cumprir o prazo para o desfile de setembro em Paris.
“Precisamos continuar... Não nos convém, como libaneses, desistir”, afirmou Saab. “Essa (reconstrução) é a parte factível. Mas a maior perda são as pessoas que você não pode trazer de volta.”