Há quem diga que Pinheiros seja o bairro mais antigo de São Paulo. Segundo a subprefeitura da região, sua origem data de 1562, quando povos indígenas se estabeleceram no lugar que hoje é conhecido como Largo da Batata.
Já em 1600, o chamado Caminho Pinheiros tornou-se um dos principais pontos da Vila São Paulo, pois funcionava como uma ligação com regiões mais distantes. Séculos depois, Pinheiros segue sendo um local de encontros, trocas e novas conexões. E, em 2022, o bairro se tornou um verdadeiro polo de criatividade nacional, principalmente a Mateus Grou.
Com uma concentração de lojas, restaurantes e cafés, a rua tem se tornado um dos símbolos da região – fórmula comum em polos culturais de grandes cidades no mundo. A famosa Via Monte Napoleone e suas lojas de luxo em Milão e New Bond Street, que pulsa com o espírito londrino, são ótimos exemplos. Ruas com poucos quarteirões que se tornaram uma síntese da área ao seu redor como um todo.
Na Mateus Grou, o que vemos fala muito sobre uma nova geração ultraconectada, que valoriza qualidade e design autoral e busca levar a vida com seriedade, sim, mas também com uma leveza que se torna palpável ao caminharmos pela rua. Aliás, andar por lá é a melhor forma de fazer novas descobertas.
A transformação vem acontecendo em ritmo acelerado há pouco mais de dois anos. Começou com a chegada de marcas como a Misci de Airon Martin – grife brasileira que se tornou uma das mais desejadas do momento – e foi tendo sua personalidade afirmada conforme outros estabelecimentos foram inaugurados.
DESTINOS. Um perfeito exemplo do que é a “cara” da Mateus Grou é o Dois Trópicos, que funciona como um mix de loja de plantas, arte brasileira, café de comida orgânica e espaço para prática de ioga. O destino, que é um dos destaques da rua, chama atenção por sua arquitetura rústica e extremamente sofisticada.
Assinada pelo escritório brasileiro MNMA Studio, o projeto do ambiente lança mão de formas orgânicas, abusa de cores neutras e cria um diálogo com a cultura brasileira. Por lá também estão as lojas de marcas nacionais como a Neriage, dos novos talentos Rafaela Caniello e Laura Cerqueira Leite e também a flagship de Isaac Silva com suas coloridas peças genderless.
Vale notar que o movimento gênero é forte nas araras de várias outras etiquetas com ponto de venda na rua, como a Reptilia, que traz volumes e formas marcantes para a sua moda e também a moderna Bastille, na qual as estampas e cores enchem os olhos. E para os amantes de acessórios artsy vale uma visita ao espaço de Luiza Dias.
No mesmo quarteirão também encontramos o Janela, espaço múltiplo que recebe festas, bailes de carnaval, exposições de arte e eventos como a Feira Rosenbaum – que reúne uma curadoria de marcas de design brasileiro, organizada por Cristiane Rosenbaum. Este último é um projeto que foi iniciado por Marcelo Rosenbaum há mais de uma década.
O arquiteto é conhecido por injetar uma brasilidade pulsante em seus projetos e com a feira dá espaço a designers independentes. Há pouco tempo, o projeto que antes era exclusivamente itinerante ganhou endereço fixo na Mateus Grou. Em uma lista de destinos que ainda seguem por diferentes vertentes, além de moda e design, vale falar também sobre o salão de beleza Cab, que se tornou um dos favoritos entre os jovens paulistanos modernos e até mesmo um supermercado que tem a cara de Pinheiros, o Quitanda.
Este com uma vasta seleção de frutas e verduras orgânicas e uma oferta de alimentos pré-preparados de ótima qualidade. Lugares que, apesar de muito diferentes entre si, contam uma mesma história e fazem da Rua Mateus Grou um dos destinos mais quentes do momento.