Pelo jardim que conduziu os visitantes para dentro da última edição da SP-Arte, mais importante feira de arte e design da América Latina, que ocorreu no mês passado, algumas imponentes esculturas já anunciavam as belezas e confrontos que estavam por vir. Entre nomes consagrados como Mario Cravo Júnior e Francisco Brennand, três jovens talentos fizeram os olhos de colecionadores e compradores brilharem: Amorí, Rizza e Verena Smit. Em comum, elas apresentam produções consistentes, inusitadas e com pesquisas voltadas a multidisciplinaridade, que reforça o papel cada vez mais amplo de mulheres na nova geração artística.
As formas tridimensionais são exploradas de maneiras distintas e, com isso complementares. A pernambucana Amorí, por exemplo, desenvolve seus trabalhos utilizando pintura em tecido, aquarela, barro, látex, metais, ataduras e linhas. Desta forma, ela explora a fluidez e o movimento, em obras impulsionadas pelos atravessamentos do seu corpo. A relação próxima com a moda levou Amorí a desenvolver interessantes esculturas de vestir, assim como fez o pioneiro Hélio Oiticica com seus parangolés. “A interação entre obra e espectador me interessa muito”, conta ela. “Gosto também da maneira como a peça se transforma em cada exposição, isso faz com que esteja viva.”
A produção da chamada arte viva permeia igualmente as criações das paulistanas Rizza e Verena. Na primeira, uma das matérias-primas utilizadas em suas esculturas é o espelho, que nos permite transformar a obra a cada novo espaço em que é colocada. “Ela acaba por refletir o seu entorno, potencializando a energia que a cerca”, completa a artista. Outro ponto importante para Rizza é sua relação com a geometria sagrada. “Se repararmos bem, há um padrão em tudo o que está no universo, das colmeias das abelhas à estrutura das galáxias. A obra Hexagonal, exposta tanto na SP-Arte como no QG Fhits traz este DNA”, explica.
No caso de Verena, seu ponto de partida é a palavra. É através da escrita que ela brinca com suas inúmeras interpretações, desenvolvendo jogos que ressignificam a comunicação em distintos suportes artísticos. Cineasta e fotógrafa de formação, ela traz estas referências também como maneiras de trabalhar a língua, como podemos ver no neon Irradiar Felicidade, exposto no estande da Galeria Karla Osorio, na SP-Arte. Nele, a palavra irradiar se transformava em adiar, mostrando o duplo sentido explorado com frequência por Verena. “A palavra é a forma primordial de comunicação. É através dela que conecto o público à arte.”
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