Um ‘novo’ casal


Conviver com alguém que será bom exemplo, cuidadoso e boa companhia para morar e viajar nas férias com um filho faz parte do pacote e com ela não foi diferente

Por Alice Ferraz
Atualização:

Ele acordava feliz há três semanas e isso a irritava. Não era a felicidade de sempre e também não era tempo para essa felicidade toda. E ele nem disfarçava. Pela manhã, ela fingia ainda dormir e ele, depois de um delicado beijo em seu cabelo, andava para fora do quarto com um cuidado adquirido recentemente para não a acordar. Ela, então, abria um olho para ter certeza: sim, ele tinha ido. 

Quando se conheceram, ele tinha 24 anos e ela, divorciada e mais velha, já vinha com o chamado “brasilino”, piada machista que ouviu muitas vezes em tempos pré-internet para falar de mulheres que já tinham filhos. Sim, ela tinha um “brasilino” e, sim, ele era sua razão de viver. O improvável casal se formou contra todas as probabilidades e o filho teve papel fundamental na união. Mulheres com filhos que buscam novos companheiros têm normalmente ambições diferentes de solteiras sem filhos. 

Conviver com alguém que será bom exemplo, cuidadoso e boa companhia para morar e viajar nas férias com um filho faz parte do pacote e com ela não foi diferente. A escolha passou por minuciosa averiguação se ele seria o par ideal para conviver com o menino de nove anos. Aos 24, o pretendente, usando os mesmos tênis Nike Shox do filho, enfrentou seu primeiro encontro. “Não é igual, mãe, o dele está bem mais usado que o meu”, foi a primeira frase quando a mãe tentava uma conexão entre os dois, dizendo que os calçados eram os mesmos. 

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Pela manhã, ela fingia ainda dormir e ele, depois de um delicado beijo em seu cabelo, andava para fora do quarto com um cuidado adquirido recentemente para não a acordar Foto: Juliana Azevedo

O namorado era um homem jovem de alma leve, sem que traumas da vida já o tivessem feito construir muralhas. E, assim, sem roteiros preestabelecidos do que deveriam ser, os dois simplesmente se tornaram amigos. Serem corintianos ajudou bastante, mas a partir daí tudo foi aprendido. Do gosto pelo basquete, esporte desconhecido do menino até então, ao gosto pela leitura e as longas conversas sobre temas que começaram a compartilhar, a relação somava. O namorado se tornou marido e recebeu a mãe das mãos do filho que, apesar de católico, vestia uma quipá de veludo azul-marinho no dia da pequena cerimônia, em respeito à religião do noivo. 

A casa foi comprada para dar mais espaço ao filho, as viagens eram escolhidas para mostrar ao filho o mundo, os restaurantes para que ele aprendesse sobre sabores, os museus para aprender sobre arte e, assim, a vida tinha para ela o propósito principal das mães: fazer os filhos felizes. No dia a dia em casa, o menino era o centro das atenções e ela fazia questão de deixar claro que em qualquer disputa por espaço, o filho ganharia. Os dois homens se acomodaram em suas posições. O menino, por sua boa índole, não fazia uso de sua vantagem. O marido, por sua boa índole, não disputava o lugar do filho. 

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Seguiram, os três, por 15 anos juntos, até que três semanas atrás a alegria matinal exagerada começou a irritá-la. Não tinha mais como negar, o marido estava mais feliz e essa felicidade era fruto de uma despedida dolorosa para ela. O filho também escancaradamente feliz tinha batido as asas para desenhar sua própria história. Os dois tinham agora novos sonhos. Aos 50 anos, deitada numa cama cheia de cobertas em uma gelada manhã de maio em São Paulo, ela sabia que agora teria que ver o futuro como há muito tempo não olhava. Eles eram um casal. 

Ele acordava feliz há três semanas e isso a irritava. Não era a felicidade de sempre e também não era tempo para essa felicidade toda. E ele nem disfarçava. Pela manhã, ela fingia ainda dormir e ele, depois de um delicado beijo em seu cabelo, andava para fora do quarto com um cuidado adquirido recentemente para não a acordar. Ela, então, abria um olho para ter certeza: sim, ele tinha ido. 

Quando se conheceram, ele tinha 24 anos e ela, divorciada e mais velha, já vinha com o chamado “brasilino”, piada machista que ouviu muitas vezes em tempos pré-internet para falar de mulheres que já tinham filhos. Sim, ela tinha um “brasilino” e, sim, ele era sua razão de viver. O improvável casal se formou contra todas as probabilidades e o filho teve papel fundamental na união. Mulheres com filhos que buscam novos companheiros têm normalmente ambições diferentes de solteiras sem filhos. 

Conviver com alguém que será bom exemplo, cuidadoso e boa companhia para morar e viajar nas férias com um filho faz parte do pacote e com ela não foi diferente. A escolha passou por minuciosa averiguação se ele seria o par ideal para conviver com o menino de nove anos. Aos 24, o pretendente, usando os mesmos tênis Nike Shox do filho, enfrentou seu primeiro encontro. “Não é igual, mãe, o dele está bem mais usado que o meu”, foi a primeira frase quando a mãe tentava uma conexão entre os dois, dizendo que os calçados eram os mesmos. 

Pela manhã, ela fingia ainda dormir e ele, depois de um delicado beijo em seu cabelo, andava para fora do quarto com um cuidado adquirido recentemente para não a acordar Foto: Juliana Azevedo

O namorado era um homem jovem de alma leve, sem que traumas da vida já o tivessem feito construir muralhas. E, assim, sem roteiros preestabelecidos do que deveriam ser, os dois simplesmente se tornaram amigos. Serem corintianos ajudou bastante, mas a partir daí tudo foi aprendido. Do gosto pelo basquete, esporte desconhecido do menino até então, ao gosto pela leitura e as longas conversas sobre temas que começaram a compartilhar, a relação somava. O namorado se tornou marido e recebeu a mãe das mãos do filho que, apesar de católico, vestia uma quipá de veludo azul-marinho no dia da pequena cerimônia, em respeito à religião do noivo. 

A casa foi comprada para dar mais espaço ao filho, as viagens eram escolhidas para mostrar ao filho o mundo, os restaurantes para que ele aprendesse sobre sabores, os museus para aprender sobre arte e, assim, a vida tinha para ela o propósito principal das mães: fazer os filhos felizes. No dia a dia em casa, o menino era o centro das atenções e ela fazia questão de deixar claro que em qualquer disputa por espaço, o filho ganharia. Os dois homens se acomodaram em suas posições. O menino, por sua boa índole, não fazia uso de sua vantagem. O marido, por sua boa índole, não disputava o lugar do filho. 

Seguiram, os três, por 15 anos juntos, até que três semanas atrás a alegria matinal exagerada começou a irritá-la. Não tinha mais como negar, o marido estava mais feliz e essa felicidade era fruto de uma despedida dolorosa para ela. O filho também escancaradamente feliz tinha batido as asas para desenhar sua própria história. Os dois tinham agora novos sonhos. Aos 50 anos, deitada numa cama cheia de cobertas em uma gelada manhã de maio em São Paulo, ela sabia que agora teria que ver o futuro como há muito tempo não olhava. Eles eram um casal. 

Ele acordava feliz há três semanas e isso a irritava. Não era a felicidade de sempre e também não era tempo para essa felicidade toda. E ele nem disfarçava. Pela manhã, ela fingia ainda dormir e ele, depois de um delicado beijo em seu cabelo, andava para fora do quarto com um cuidado adquirido recentemente para não a acordar. Ela, então, abria um olho para ter certeza: sim, ele tinha ido. 

Quando se conheceram, ele tinha 24 anos e ela, divorciada e mais velha, já vinha com o chamado “brasilino”, piada machista que ouviu muitas vezes em tempos pré-internet para falar de mulheres que já tinham filhos. Sim, ela tinha um “brasilino” e, sim, ele era sua razão de viver. O improvável casal se formou contra todas as probabilidades e o filho teve papel fundamental na união. Mulheres com filhos que buscam novos companheiros têm normalmente ambições diferentes de solteiras sem filhos. 

Conviver com alguém que será bom exemplo, cuidadoso e boa companhia para morar e viajar nas férias com um filho faz parte do pacote e com ela não foi diferente. A escolha passou por minuciosa averiguação se ele seria o par ideal para conviver com o menino de nove anos. Aos 24, o pretendente, usando os mesmos tênis Nike Shox do filho, enfrentou seu primeiro encontro. “Não é igual, mãe, o dele está bem mais usado que o meu”, foi a primeira frase quando a mãe tentava uma conexão entre os dois, dizendo que os calçados eram os mesmos. 

Pela manhã, ela fingia ainda dormir e ele, depois de um delicado beijo em seu cabelo, andava para fora do quarto com um cuidado adquirido recentemente para não a acordar Foto: Juliana Azevedo

O namorado era um homem jovem de alma leve, sem que traumas da vida já o tivessem feito construir muralhas. E, assim, sem roteiros preestabelecidos do que deveriam ser, os dois simplesmente se tornaram amigos. Serem corintianos ajudou bastante, mas a partir daí tudo foi aprendido. Do gosto pelo basquete, esporte desconhecido do menino até então, ao gosto pela leitura e as longas conversas sobre temas que começaram a compartilhar, a relação somava. O namorado se tornou marido e recebeu a mãe das mãos do filho que, apesar de católico, vestia uma quipá de veludo azul-marinho no dia da pequena cerimônia, em respeito à religião do noivo. 

A casa foi comprada para dar mais espaço ao filho, as viagens eram escolhidas para mostrar ao filho o mundo, os restaurantes para que ele aprendesse sobre sabores, os museus para aprender sobre arte e, assim, a vida tinha para ela o propósito principal das mães: fazer os filhos felizes. No dia a dia em casa, o menino era o centro das atenções e ela fazia questão de deixar claro que em qualquer disputa por espaço, o filho ganharia. Os dois homens se acomodaram em suas posições. O menino, por sua boa índole, não fazia uso de sua vantagem. O marido, por sua boa índole, não disputava o lugar do filho. 

Seguiram, os três, por 15 anos juntos, até que três semanas atrás a alegria matinal exagerada começou a irritá-la. Não tinha mais como negar, o marido estava mais feliz e essa felicidade era fruto de uma despedida dolorosa para ela. O filho também escancaradamente feliz tinha batido as asas para desenhar sua própria história. Os dois tinham agora novos sonhos. Aos 50 anos, deitada numa cama cheia de cobertas em uma gelada manhã de maio em São Paulo, ela sabia que agora teria que ver o futuro como há muito tempo não olhava. Eles eram um casal. 

Ele acordava feliz há três semanas e isso a irritava. Não era a felicidade de sempre e também não era tempo para essa felicidade toda. E ele nem disfarçava. Pela manhã, ela fingia ainda dormir e ele, depois de um delicado beijo em seu cabelo, andava para fora do quarto com um cuidado adquirido recentemente para não a acordar. Ela, então, abria um olho para ter certeza: sim, ele tinha ido. 

Quando se conheceram, ele tinha 24 anos e ela, divorciada e mais velha, já vinha com o chamado “brasilino”, piada machista que ouviu muitas vezes em tempos pré-internet para falar de mulheres que já tinham filhos. Sim, ela tinha um “brasilino” e, sim, ele era sua razão de viver. O improvável casal se formou contra todas as probabilidades e o filho teve papel fundamental na união. Mulheres com filhos que buscam novos companheiros têm normalmente ambições diferentes de solteiras sem filhos. 

Conviver com alguém que será bom exemplo, cuidadoso e boa companhia para morar e viajar nas férias com um filho faz parte do pacote e com ela não foi diferente. A escolha passou por minuciosa averiguação se ele seria o par ideal para conviver com o menino de nove anos. Aos 24, o pretendente, usando os mesmos tênis Nike Shox do filho, enfrentou seu primeiro encontro. “Não é igual, mãe, o dele está bem mais usado que o meu”, foi a primeira frase quando a mãe tentava uma conexão entre os dois, dizendo que os calçados eram os mesmos. 

Pela manhã, ela fingia ainda dormir e ele, depois de um delicado beijo em seu cabelo, andava para fora do quarto com um cuidado adquirido recentemente para não a acordar Foto: Juliana Azevedo

O namorado era um homem jovem de alma leve, sem que traumas da vida já o tivessem feito construir muralhas. E, assim, sem roteiros preestabelecidos do que deveriam ser, os dois simplesmente se tornaram amigos. Serem corintianos ajudou bastante, mas a partir daí tudo foi aprendido. Do gosto pelo basquete, esporte desconhecido do menino até então, ao gosto pela leitura e as longas conversas sobre temas que começaram a compartilhar, a relação somava. O namorado se tornou marido e recebeu a mãe das mãos do filho que, apesar de católico, vestia uma quipá de veludo azul-marinho no dia da pequena cerimônia, em respeito à religião do noivo. 

A casa foi comprada para dar mais espaço ao filho, as viagens eram escolhidas para mostrar ao filho o mundo, os restaurantes para que ele aprendesse sobre sabores, os museus para aprender sobre arte e, assim, a vida tinha para ela o propósito principal das mães: fazer os filhos felizes. No dia a dia em casa, o menino era o centro das atenções e ela fazia questão de deixar claro que em qualquer disputa por espaço, o filho ganharia. Os dois homens se acomodaram em suas posições. O menino, por sua boa índole, não fazia uso de sua vantagem. O marido, por sua boa índole, não disputava o lugar do filho. 

Seguiram, os três, por 15 anos juntos, até que três semanas atrás a alegria matinal exagerada começou a irritá-la. Não tinha mais como negar, o marido estava mais feliz e essa felicidade era fruto de uma despedida dolorosa para ela. O filho também escancaradamente feliz tinha batido as asas para desenhar sua própria história. Os dois tinham agora novos sonhos. Aos 50 anos, deitada numa cama cheia de cobertas em uma gelada manhã de maio em São Paulo, ela sabia que agora teria que ver o futuro como há muito tempo não olhava. Eles eram um casal. 

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